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CAPITULO 3 – PROPOSTA DE ATER COMO DIFERENCIAL PARA O TERRITÓRIO

4.5 DIMENSÃO TÉCNICA: AS NORMAS, AS TÉCNICAS E AS PRÁTICAS

4.5.2 As normas na vida extensionista

A priori, é importante dizer que a norma se refere ao conhecimento em aspecto padrão nas academias. Na formação dos conceitos estruturados nas áreas de conhecimento do plano curricular dos cursos das diversas áreas que compõem um grupo de integrador em um trabalho de ATER, necessariamente, precisa-se apresentar formação em pelo menos uma área de conhecimento, ponto para o enquadramento de um currículo para apresentar a uma constituição, para o ato legal de contratação

Quando se trata de profissionais das mais diversas áreas, estas se estendem de uma forma que inicia na trajetória das profissões que procuram atender o mercado, e que está diretamente ligada à formação. Os extensionistas não são diferentes, precisam de uma formação para atuarem no campo desse trabalho.

As instituições de ensino realizam um exercício de catequese enviesada e padronizada pelo conceito da inovação tecnológica na agricultura. Esta educação que suscita e difunde a inovação não produz somente “coisas”, ela produz também homens. Ela modifica as atitudes destes, suas relações, o nível de suas aspirações, e facilita sua adesão e sua participação na conjectura do moderno, condição fundamental para difusão tecnológica, em detrimento às exigências e às necessidades da produção e do trabalho familiar. (SILVA, 2013; p.159)

O autor continua dizendo que é "indispensável (equipe de ATER com conceitos integradores) para que possam perceber e interpretar as diferentes realidades agrárias e agrícolas do diverso tecido social da produção familiar" (SILVA, 2013; p. 159). Compreende-se que os trabalhos são diversos e que requerem para além da formação uma habilidade. O autor traz à

lembrança esse mundo plural, com realidades que exigem do trabalho do extensionista, um olhar específico para situações que diferem umas das outras. Na Chamada 006/2014, o corpo técnico deveria conter as seguintes formações:

Cada equipe será composta por um (a) Coordenador (a) de nível superior para um grupo de até 15 (quinze) técnicos (as) de campo, dos quais: a) Obrigatoriamente, no mínimo 80% dos técnicos de campo devem ter formação em Ciências Agrárias e afins; b) Os demais técnicos de campo devem ter formação em Ciências Sociais, Humanas e/ou Biológicas, preferencialmente com experiência em projetos com comunidades quilombolas e/ou outros povos e comunidades tradicionais; e, c) No mínimo, 01 (um) técnico com formação em Ciências Agrárias deverá atuar em cada município (CHAMADA 006/2014).

Essas formações, principalmente dos técnicos de campo em Ciências Agrárias, pertencem a essa área e estudam a melhoria, a preservação e o aumento produtivo dos recursos naturais, sendo um estudo multidisciplinar, o que, segundo Pimentel et al. (2008), é uma formação que contempla o Estágio de Vivência, o dia a dia das comunidades e a Residência Agrária, que prevê a alternância de Tempo Escola (TE) e Tempo Comunidade (TC), baseada nos princípios da Pedagogia da Alternância. Vale ressaltar que não basta conhecer somente as teorias, que não deixam de ser importantes, mas, por conseguinte, deve-se ter contato com as práticas, formando em ambas situações, teoria/prática.

Outra formação é a de Ciências Sociais, que trabalha na área de serviço social, no caso, o assistente social se prepara para desenvolver atividades coletivas e individuais. No coletivo, orienta sobre as políticas públicas nos aspectos de direitos a serem respeitados (orientação sobre benefícios sociais, educação etc.); e, no individual, realiza conversas que contribuem para que as pessoas possam se integrar na sociedade; esses são só alguns exemplos, dentro da gama de importância do assistente social. Para isso, cabe ter uma boa formação, principalmente de atender às especificidades de comunidades tradicionais. Santos e Lusa (2014) descrevem o trajeto histórico do trabalho de quem faz o Serviço Social e apresentam um novo momento, que traz como perspectiva o método histórico-crítico dialético, e se posicionam a favor da justiça social e da emancipação da classe trabalhadora. A principal perspectiva é entender o grupo social ao qual está atendendo e propor ações concretas de melhorias, principalmente sociais.

Nas Ciências Humanas e/ou Biológicas tem a presença do pedagogo (formação em pedagogia), que desenvolve atividades com as crianças, no momento formativo das ações coletivas na comunidade. Esse profissional também requer habilidades múltiplas, assim como quem é das humanas e biológicas, que precisam compreender a relação homem-natureza e a percepção sobre a afetividade do homem com o meio natural.

Por fim, chega-se a formação com curso técnico integrado ao ensino médio (técnico agrícola), que vem atuar em atividades de extensão, assistência técnica, associativismo, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica, entre outros (FINATA, 2015). O Agropecuário, técnicos de nível médio, são capazes de exercer atividades técnicas que lhes permitam participar de forma responsável, ativa, crítica e com criatividade na solução de problemas na área de produção e transformação vegetal e ou animal, e de conservação do meio ambiente (SITE IFPA GOIANO).

É um quadro funcional interdisciplinar, multidisciplinar, que busca corresponder às situações no campo de ação. Japiassu (1975) destaca a palavra “démarche”, que aborda os problemas do ponto de vista comum. A metodologia da interdisciplinaridade em ponto comum, outro reduzido ao horizonte do saber relevante ao espírito epistemológico. A interdisciplinaridade exige que o pesquisador seja curioso, trabalhe em equipe e tenha gosto pelo novo. Com os diversos tipos de metodologia já descritos, é interessante dizer que a pesquisa orientada pode ocorrer em forma de cooperação, que revela em nível de teoria e prática.

O conceito de transdisciplinaridade foi sendo forjado nos congressos que buscavam uma definição para essa nova forma de integração dos saberes. Nessa abordagem não pode haver especialistas transdisciplinares, mas apenas pesquisadores animados por uma atitude transdisciplinar. O desafio da transdisciplinaridade é gerar uma civilização, em escala global, que, por força de um diálogo intercultural, se abra para a singularidade de cada um, para a inteireza do ser. (SOUZA et al., s.d.)

O extensionista rural deve assumir a posição de educador/a não formal, colaborando na identificação de problemas e no planejamento da solução destes. Aqui também se destaca a importância do trabalho interdisciplinar, que pode ser desenvolvido, já que agora há a presença de vários saberes (SANTOS et al., 2016). Muitas das áreas de estudo sofreram alteração no plano de curso; mesmo assim, existe uma certa dificuldade em se formar um profissional interdisciplinar.