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Caracterização dos Docentes participantes da Pesquisa

5.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

5.2.1 Caracterização dos Docentes participantes da Pesquisa

Participaram do estudo 21 docentes, cujas características gerais e acadêmicas foram analisadas quanto ao sexo, faixa etária, pós-graduação, vínculo de trabalho, tempo de atuação profissional, tempo em que ensinava conteúdo relacionado à hanseníase, experiência na assistência ou gestão com hanseníase e capacitação/atualização em hanseníase, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1- Caracterização dos docentes participantes da pesquisa que ministram

componentes curriculares que contemplam a hanseníase em CGE. João Pessoa/Campina Grande/Cajazeiras, Paraíba, Brasil, 2016

Sexo Nº % Feminino Masculino 17 81,0 04 19,0 Faixa Etária Nº % 25 - 34 35 - 44 45 - 54 55 - 64 > 65 07 33,3 07 33,3 05 23,8 01 4,8 01 4,8 Formação Acadêmica Nº %

Enfermeira(o) Biólogo 20 95,2 01 4,8 Qualificação Acadêmica Nº % Especialização Mestrado Doutorado 08 38,1 07 33,3 06 28,6 Vínculo de Trabalho Nº % Efetivo (Estatutário) Temporário (Substituto) Contratado (CLT) 10 .47,7 07 33,3 04 19,0 Tempo de Atuação como Docente Nº %

6 meses - 5 anos 6 - 10 anos 11 -15 anos 16 - 20 anos >20 anos 07 33,3 06 28,5 02 9,5 02 9,5 04 19,0 Tempo em que Ensina conteúdo

relacionado à Hanseníase Nº % < ou = 5 anos 6 - 10 anos 11 - 15 anos 16 - 20 anos > 20 anos 11 52,4 07 33,3 01 4,8 00 0,0 02 9,5 Experiência da Assistência/Gestão com Hanseníase Nº % Não Sim 11 52,4 10 47,6 Capacitação/ Atualização em Hanseníase Nº % Não Sim 14 66,7 07 33,3 Total 21 100,0

Fonte: Dados da Pesquisa (2016)

A Tabela 1 mostra uma predominância do sexo feminino com 17 pessoas (81,0%). Essa predominância, tem sido comum em estudos realizados em diversas áreas de atuação da enfermagem, por ser uma profissão preferencialmente escolhida pelo público feminino, embora o número de enfermeiros venha crescendo nas últimas décadas.

Corroborando com o resultado deste estudo, um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Enfermagem (2011), sobre a caracterização dos enfermeiros do Brasil, evidenciou que 84,6% dos profissionais são do sexo feminino.

Quanto aos docentes com formação em enfermagem, nos estudos realizados por Terra, Secco e Robazzi (2011), em um município do interior de Minas Gerais; por Pereira, Santos e Silva (2010) em João Pessoa/PB e por Ferreira (2010) na cidade de São Paulo/SP, sobre o perfil dos docentes de CGE em universidades públicas e privadas, evidenciaram que a maioria dos docentes dos CGEs pertence ao sexo feminino.

Com relação à idade, verifica-se, na Tabela 1, que a maioria dos participantes deste estudo encontravam-se na faixa etária de 25 a 44 anos, correspondendo a um total de 14 (66,6,%) docentes. Esses resultados assemelham-se aos estudos desenvolvidos por Terra, Marzialep e Robazzi (2013) e Silva (2015) com docentes de CGE, que apresentam maior prevalência na faixa etária entre 25 e 40 anos de idade. Considerando a formação acadêmica dos entrevistados, a Tabela 1 evidencia que 20 (95,2%) dos docentes eram enfermeiros, e verifica-se na literatura que a maioria dos docentes do CGE são enfermeiros, como mostram os estudos de Mesquita (2012), Soares et al. (2011), Silva Nino (2010) e Santos, Cavalcante e Berardinelli (2010).

No que concerne à qualificação profissional, observa-se na Tabela 1 que a maioria dos docentes apresentava qualificação stricto sensu. Entre mestres e doutores, existia um total de 13 (61,9%) docentes. De acordo com Mesquita (2012), isso demonstra um grau elevado de instrução do corpo docente, que segue as orientações da LDB nº 9.394 de 1996, que exige que pelo menos um terço do corpo docente deverá ter a titulação em curso stricto sensu, e um terço em regime integral de trabalho.

A LDB nº 9.394 de 1996 ainda reforça que a formação inicial do professor universitário, ou aquela que antecede o ingresso do profissional no magistério do ensino superior, deve ocorrer em nível de pós-graduação, preferencialmente em

programas de mestrado e doutorado, sendo entendida, nesse contexto, como preparação para o exercício de docência nesse nível de ensino (BRASIL, 1996). Além disso, Rocha e Fonseca (2012) destaca que o docente enfermeiro mestre e doutor irá contribuir para o crescimento da enfermagem no ensino, pesquisa e extensão.

Referente ao vínculo de trabalho entre os docentes, a Tabela 1 mostra que a maioria dos docentes, 10 (47,7%), tinha vínculo efetivo em IES públicas. Em outro estudo realizado com docentes de CGE por Terra, Secco e Robazzi (2011), verificou- se, com referência ao tipo de contrato de trabalho em IES, que 97,4% dos docentes da universidade pública eram concursados e 2,6% eram substitutos, enquanto que todos os da instituição privada tinham contrato com base na CLT.

Considerando o tempo em que atuavam como docentes em CGE, a maior parte dos entrevistados, sete (33,3%), respondeu que atuava entre 6 meses e 5 anos. Esse resultado apresenta divergência em relação a outros estudos realizados no Brasil, os quais evidenciam um maior percentual de docentes com mais de cinco anos de atuação na docência, como mostram os estudos realizados por Pereira, Santos e Silva (2010), Mesquita (2012) e Escalante et al. (2015).

Quanto ao tempo em que ministravam o conteúdo sobre a atenção à hanseníase, a Tabela 1 evidencia que 11 (52,4%) dos docentes ensinavam por um período menor ou igual a 5 anos. Ao investigar se os docentes tinham experiência na assistência ou gestão de saúde relacionada à hanseníase, 11 (52,4%) informaram não ter as referidas experiências.

Na concepção de Ferreira Junior (2008), o tempo de experiência profissional do docente é considerado um aspecto positivo, na medida em que teve oportunidade de vivenciar um tempo maior de experiências e desafios no desempenho de sua prática, mas é preciso reforçar que a experiência da prática do ensino não se concretiza apenas pelo tempo de atuação, pelo conhecimento técnico-científico e pela ação dos educadores e suas interações com os discentes e colegas, mas sim pela sua reflexão sobre a ação ou sobre a reflexão na ação.

Para Rodrigues (2012), um docente reflexivo é aquele que pensa constantemente sobre a sua prática, pensa e repensa os seus avanços e fragilidades, aproveitando a reflexão para ajustar estratégias e melhorar e/ou alterar o processo de ensino-aprendizagem.

Cabe destacar que, para atuar com hanseníase, ter experiência é imprescindível para o reconhecimento das lesões de pele, das reações hansênicas,

da habilidade para avaliar grau de incapacidade afetado e saber atuar na promoção da saúde física e mental.

Em se tratando da formação dos profissionais de saúde, Ceccim e Feuerwerker (2004) referem que cabe aos docentes, através de suas experiências práticas, refletir de forma permanente sobre a transformação de cada prática profissional e da própria organização do trabalho e se estruturar a partir da problematização do processo de trabalho e sua capacidade de dar acolhimento e cuidado às várias dimensões e necessidades de saúde das pessoas, dos coletivos e das populações. O docente deve extrapolar o domínio técnico-científico da profissão e se estender pelos aspectos estruturantes de relações e de práticas em todos os componentes de interesse ou relevância social, a fim de propiciar o desenvolvimento de competências nos discentes.

Ainda na Tabela 1, verifica-se que 14 (66,7%) dos docentes referiram não ter realizado capacitação e/ou treinamento em hanseníase. Ressalta-se que, para os participantes que tiveram capacitação e/ou treinamentos em hanseníase, eles foram realizados através das secretarias municipais e estaduais da saúde.

Para Rodrigues e Mendes Sobrinho (2008), o aperfeiçoamento e capacitação dos docentes tornam-se necessários, uma vez que os processos de ensinar e aprender são complexos e dinâmicos. Acredita-se que o crescimento e a qualidade de ensino, da assistência e da pesquisa estejam relacionados aos novos conhecimentos e experiências construídos em sua formação.

Vale ressaltar que, na área da saúde, não é possível pensar a mudança do modelo biomédico na formação dos futuros profissionais, sem que os docentes acompanhem as propostas do modelo de vigilância em saúde, e esse acompanhamento pode acontecer de forma mais ativa através das capacitações e atualizações advindas da integração ensino-serviço (PIZZINATO et al., 2012).

Para que aconteça essa integração ensino-serviço, é preciso maior aproximação das IES com os gestores e serviços de saúde no que se refere ao ensino, pesquisa e extensão.