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Componentes Curriculares Teórico-Práticos, Carga Horária e Período

5.1 ANÁLISE DOS PLANOS DE ENSINO

5.1.1 Componentes Curriculares Teórico-Práticos, Carga Horária e Período

Diante do perfil estabelecido para os egressos e profissionais enfermeiros pelas DCNs/ENF, é imprescindível que as coordenações dos CGEs planejem de forma adequada a matriz curricular que atendam às reais necessidades da enfermagem como prática social.

O Quadro 8 apresenta a distribuição dos componentes curriculares teóricos e práticos dos CGEs que contemplam o ensino da atenção à hanseníase, relacionados à carga horária e ao período de oferta do ensino da atenção à hanseníase aos graduandos.

Quadro 8 - Componentes Curriculares teórico-práticos que contemplam o ensino da atenção à hanseníase em CGE relacionado à carga horária e ao período de oferta. João Pessoa/Campina Grande/Cajazeiras, Paraíba, Brasil, 2016.

CGE Componentes Curriculares Teoria / Prática Carga Horária Período de Oferta CGE1 Enfermagem na Atenção à

Saúde do Adulto e do Idoso I

Teoria/Prática 120 horas 5º

CGE2

Saúde Coletiva II Teoria 75 horas 3º Saúde Coletiva II Prática 45 horas 3º Saúde Coletiva III Teoria 60 horas 6º Saúde Coletiva III Prática 60 horas 6º Saúde do Adulto I Teoria 120 horas 7º CGE3 Enfermagem em Clínica II Teoria 60 horas 6º

CGE4 Processo de Cuidar em Saúde Coletiva II Teoria/Prática 120 horas 4º CGE5 Enfermagem em Doenças Transmissíveis Teoria/Prática 60 horas 8º

CGE6 Patologia e Processos Virais Teoria 60 horas 3º Fonte: Dados da Pesquisa (2016)

Verifica-se no Quadro 8 que, na maioria dos CGEs investigados, a hanseníase é abordada em apenas um componente curricular, durante todo processo de formação, sendo esse de base biológica e assistencial. Apenas os CGEs 2 e 4 contemplam a temática hanseníase em componentes curriculares de saúde coletiva. Interessante notar que o CGE 2 aborda a hanseníase em cinco componentes curriculares, sendo quatro desses em saúde coletiva.

Embora todos os componentes curriculares citados neste estudo sejam considerados relevantes no ensino da atenção à hanseníase, Carvalho e Ceccim (2012) referem que a saúde coletiva possibilita o cruzamento entre diferentes saberes e práticas, enfatiza a integralidade e a equidade na lógica do SUS; valoriza os aspectos sociais, a subjetividade e as ações de promoção da saúde e prevenção das doenças; estimula a convivência e o estabelecimento de laços entre a população e equipe de saúde; valoriza a atenção à saúde de forma organizada a partir da lógica de linhas do cuidado e não da doença; e luta pela superação do modelo biologicista hegemônico.

Observa-se entre os componentes curriculares que a atenção à hanseníase é ministrada de forma teórica e prática. A maioria dos CGEs abordam a teoria e a prática

em um mesmo componente curricular (CGEs 1, 4 e 5), enquanto que o CGE 2 acerca- se da temática em componentes curriculares isolados e os CGEs 3 e 6 abordam apenas de forma teórica.

Para Marques et al. (2012), o ensino teórico e prático concebe um valor relevante na formação acadêmica, além de tornar-se um fator marcante no desenvolvimento do discente, para que possa vivenciar atividades e realizar reflexões que servirão de base para o futuro profissional.

Valença (2013) destaca que a articulação entre a teoria e a prática devem acontecer ao longo do CGE e jamais pode se restringir a momentos isolados de aulas práticas vinculadas a algumas disciplinas, nem tampouco se concentrar apenas no estágio curricular supervisionado, pois nesse período o aluno já vivenciou a maior parte de sua formação, em suas potencialidades e fragilidades.

Em estudo realizado em um curso de fisioterapia no Estado de São Paulo, os acadêmicos referiram ser imprescindível durante a formação profissional a realização de aulas teóricas e práticas sobre hanseníase para garantir as ações mais integradoras e servir de experiência para favorecer o seu futuro cotidiano profissional. Os alunos requereram ainda que a teoria e a prática ocorressem de forma articulada, e reforçaram a necessidade de uma prática na qual eles pudessem vivenciar as situações reais (DIAS; CYRINO; LASTÓRIA, 2007).

Em relação à carga horária, verifica-se no Quadro 8 que existe uma equiparação entre as cargas horárias na maioria dos componentes curriculares que ensinam a teoria e a prática de forma simultânea, isolada ou apenas teórica, ou seja, a relação é de 60 horas-aula para as aulas teóricas e 60 horas para as aulas práticas, com exceção do cursos de CGE 5, que apresenta o total de 60 horas-aula para o ensino teórico e prático em um mesmo componente curricular, e do CGE 2, em que a teoria corresponde a 75 horas-aula e a prática a 45 horas-aula.

Diante do número de horas-aula distribuídas entre os componentes curriculares, nota-se uma limitação nos planos de ensino em relação à carga horária disponível para abordar diversas doenças e problemas de saúde pública em pouco tempo de aula, seja teórica ou prática, a exemplo da hanseníase, que é considerada uma doença endêmica e negligenciada no Brasil, que precisa ser bem explorada de forma teórica e prática com vistas à formação do futuro enfermeiro. Além disso, verifica-se que nenhum plano de ensino especifica o número de horas-aula

ministradas sobre a atenção à hanseníase e demais temáticas dos componentes curriculares.

Nesse enfoque, Timóteo e Liberalino (2003) mencionam que alunos do ensino universitário queixam-se com frequência de que no processo de formação existe um maior número de aulas teóricas em relação às aulas práticas. Ainda revelam a inadequada utilização do tempo entre a carga horária teórica e a prática em determinadas temáticas ministradas pelos docentes.

Essas estruturas de ensino em que se observam os componentes curriculares densos ministrados em carga horária reduzida mostram uma fragmentação no processo de ensino-aprendizagem.

Diante dessas fragmentações no ensino, Villela (2017) enfatiza que o ideal seria que houvesse discussões e troca de experiência, de forma continuada, entre os docentes nos diversos componentes curriculares, para que o ensino se torne menos individualizado.

Constata-se ainda no Quadro 8 que o ensino da atenção à hanseníase ocorre na maioria dos CGEs em apenas um período do curso, como se verifica nos CGEs 1, 3, 4, 5 e 6, sendo abordado respectivamente no 3º, 4º, 5º, 6º e 8º períodos. Apenas no CGE 2, os graduandos têm a oportunidade de estudar a atenção à hanseníase no 3º, 6º e 7º períodos do curso.

Nota-se que o ensino da atenção à hanseníase encontra-se focado com maior frequência em componentes curriculares ofertados a partir do 5º período do curso. Isso mostra que os discentes percorrem por aulas teóricas e práticas no ciclo básico deixando de conhecer, discutir e refletir sobre aspectos importantes nos quais a enfermagem pode contribuir na prevenção da hanseníase. Da mesma forma inviabiliza que os discentes possam compreender precocemente a referida doença como problema de saúde pública.

Nesse contexto, Moraes e Costa (2016) descrevem que o ensino dos cursos da área da saúde deve ser estruturado atendendo às premissas gerais das DCNs e das políticas indutoras de formação em saúde, com vistas a formar um profissional de saúde com saber generalista, crítico, reflexivo, a atuar em equipe, com inserção discente em diferentes campos de atuação desde o início da graduação, visando à promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, recuperação e ao desenvolvimento das competências e habilidades requeridas para um profissional de saúde que responda às demandas da população e do sistema de saúde vigente.

Carácio et al. (2014), através de uma experiência realizada em uma IES pública localizada no interior do Estado de São Paulo, apontam que, ao abordarem os determinantes do processo saúde/doença desde o início da formação e ao inserir os estudantes precocemente no mundo do trabalho, possibilitam um melhor conhecimento e relacionamento com as situações do contexto social, demográfico, epidemiológico, crença e valores de cada comunidade e de cada família, corresponsabilizando-as pelo um cuidado integral. Isso possibilita uma construção diferente do ensino tradicional, em que o estudante recebe inicialmente orientações teóricas e posteriormente as aplica, na maioria das vezes direcionadas aos aspectos biológicos, sem que seja oportunizada a reflexão sobre o contexto em que o conhecimento é aplicado.

5.1.2 Componentes Curriculares Teórico-Práticos, Conteúdo Abordado e