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Caracterização dos serviços públicos e da localização do conjunto

CAPÍTULO 6 – O CONJUNTO HABITACIONAL BOA SORTE:

6.1. Caracterização do conjunto habitacional, das moradias e de seus moradores

6.1.3. Caracterização dos serviços públicos e da localização do conjunto

A prestação de serviços públicos foi avaliada a partir da opinião dos moradores, o que foi obtida através dos questionários e confirmada por observações desta pesquisadora. Foi solicitado que eles julgassem cada serviço classificando-os como

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“bom”, “regular”, “ruim” ou “inexistente”, sendo que as frequências das respostas foram agrupadas e estão dispostas no Gráfico 6.1. Algumas observações e comentários também foram registrados de forma a auxiliar na análise dos resultados.

Ao serem questionados quanto à avaliação do transporte público, 81,48% dos entrevistados informaram que não havia a prestação de tal serviço, contudo 18,51% dos moradores classificaram como sendo bom ou regular, pois entendem que o ônibus escolar da prefeitura atende a este item. Estes disseram que o mesmo conduz estudantes no período da manhã, da tarde e da noite e que se nesses horários solicitarem ao motorista, poderá ser permitido o uso do ônibus sem pagamento de tarifa. Foi apontado também que já houve a tentativa de implantar transporte coletivo para esta região, contudo não teve grande aceitação, uma vez que os moradores não estão habituados e também não têm condições financeiras para pagar por tal serviço. Já moradores, principalmente idosos, disseram que este faz muita falta e que às vezes são obrigados a pagar por serviço de táxi.

Quanto à telefonia pública, 52,16% dos entrevistados disseram fazer uso do orelhão classificaram o serviço como regular ou ruim, devido ao fato de haver somente um equipamento que atende ao conjunto habitacional e por outros motivos como defeitos frequentes e má localização. Uma moradora disse que o telefone público deveria estar localizado junto à praça, por ser iluminada, sendo que atualmente ele se encontra em um local escuro e afastado, o que prejudica seu uso durante à noite.

O serviço de abastecimento de água foi apontado como deficiente por 58,61% dos moradores, que na forma de desabafo declararam que: “Todo sábado falta água e é o

Gráfico 6.1: Resultado da avaliação dos moradores quanto à prestação de serviços públicos no conjunto habitacional.

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dia que eu mais preciso” (Maria do Carmo, 44 anos); “Sábado não cai água e domingo também não. A gente paga R$14,00, R$15,00 pra não ter água” (Francisca, 82 anos); “Essa água tá vindo uma água ruim.” (Maria, 63 anos). Dos entrevistados, 27,58% disseram que possuem duas caixas d’água ou que aumentaram a capacidade do seu reservatório para minimizar o transtorno em casa, nas tarefas domésticas e na higiene pessoal. Foi identificado que uma casa abriu um poço artesiano e que bombeia a água quando há falha no fornecimento público. Portanto, o conjunto apresenta problemas quanto ao transporte público, telefonia pública e abastecimento de água.

Na época do início da coleta de dados, a pavimentação das vias era de pedra fincada, o que foi apontado como negativo por 20,68% dos entrevistados. Durante as visitas as ruas foram asfaltadas e tal fato influenciou nas avaliações posteriores: “Bom porque asfaltou” (Maria do Carmo, 44 anos); “Antes era ruim pra andar por causa das pedras” (Patrícia, 32 anos).

Os demais serviços – limpeza das vias, fornecimento de energia elétrica, iluminação pública, drenagem de água pluvial, coleta de lixo e coleta de esgoto- foram considerados adequados pela população residente.

Os moradores também foram solicitados a classificar a distância do conjunto habitacional em relação a alguns locais que frequentam diariamente ou destinados a prestação de serviço à população. As respostas foram agrupadas e estão dispostas no Gráfico 6.2.

Pelas respostas foi possível constatar que a maior parte dos moradores classificou a distância do conjunto habitacional em relação aos lugares citados como

Gráfico 6.2: Resultado da avaliação dos moradores quanto à localização do conjunto habitacional em relação a alguns locais que fazem parte de seus cotidianos.

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sendo média, pois gastam entre 15 a 30 minutos para se deslocarem a pé até os locais apontados, a maioria deles localizada no centro da cidade. Pessoas de idade disseram que têm dificuldades para se deslocarem e que por isso demoram mais nos trajetos.

Nas respostas houve destaque quanto ao local de trabalho, pois foi classificado por 58,83% dos moradores como longe, ou seja, que gastam mais de trinta minutos no trajeto, uma vez que estes trabalham na zona rural ou em outra cidade. Contudo eles ressaltam que para tal deslocamento utilizam bicicletas ou mesmo ônibus quando trabalham em outra cidade.

Os moradores também foram questionados a respeito de quais seriam as atividades de lazer que realizavam durante seu tempo livre. As respostas abertas foram agrupadas segundo atividades desempenhadas pelas “crianças”, “jovens” e “adultos”.

As atividades realizadas pela primeira categoria foram: brincar na praça andando de bicicleta ou jogando bola, brincar no quintal de casa, ver televisão, DVD ou ficar no computador. As atividades mais citadas como as realizadas pelos jovens foram: jogar futebol no ginásio poliesportivo da cidade; sair à noite para festas em danceterias, bares e restaurantes; namorar; conversar com os amigos; frequentar a igreja através de grupos de jovens; ver televisão; frequentar clubes de lazer. Já as atividades mais citadas como realizadas pelos adultos foram: ver televisão, ir à igreja; jogar futebol, baralho ou dominó aos finais de semana; frequentar bares e restaurantes; cuidar dos pais que são de idade ou dos filhos e netos ainda pequenos; visitar parentes em outras cidades; andar de bicicleta; conversar com os vizinhos na praça (Figura 6.2). Algumas destas atividades foram diretamente observadas por esta pesquisadora, como: um almoço de confraternização realizado na praça (Figura 6.3), a reunião de moradores em suas próprias casas, crianças brincando (Figura 6.4) ou adultos praticando jogos (Figura 6.5).

Figura 6.2: Praça como local de encontro dos moradores

Fonte: Acervo da autora

Figura 6.3: Almoço de confraternização na praça Fonte: Acervo da autora

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Essas situações demonstraram as relações de sociabilidade desenvolvidas no conjunto habitacional. Outro item abordado, através de entrevistas informais, foi acerca da socialização dos moradores quanto aos eventos realizados no bairro. Mais da metade dos moradores declararam que não acontecem atividades festivas na comunidade local. Contudo outros informaram que é comum a realização de novenas nas casas dos moradores, orações de evangélicos na praça, missa da Igreja Católica uma vez por mês nas casas dos moradores, bem como atendimento pela Pastoral da Criança, portanto atividades relacionadas com os cultos religiosos.

Os entrevistados disseram ainda que, em outros tempos havia união da comunidade local para realização de festas juninas, forró e campeonato de futebol. Contudo eles declararam: “[...] mas tem muito tempo que não tem nada” (Zilda, 46); “Antigamente tinha muito evento na praça de esporte, mas tudo era pago. Hoje a praça de esporte é ponto pra uso de drogas [...] num tem policiamento” (Natali, 25 anos); “[...] aqui tá precisando de um lazer pra curtir mais a vida, tinha o clube e a Praça de Esporte, mas daí quebraram tudo e hoje tá interditado” (Eva, 49 anos).

Questionados, se eles realizavam alguma atividade remunerada que fosse comum aos moradores, eles declararam inexistir qualquer tipo de trabalho similar, sendo que uma moradora informou quanto ao serviço de assistência social: “A moça da Caixa quis estimular uma cooperativa das mulheres, mas não deu em nada.” (Denice, 54 anos).

Também foi abordado acerca da socialização dos moradores em relação ao resto da cidade, obtendo-se como resposta que é comum frequentarem festas de carnaval, de aniversário da cidade e de final de ano, que são organizadas pela prefeitura municipal e

Figura 6.4: Reunião de crianças em casa para jogar vídeo game Fonte: Acervo da autora

Figura 6.5: Reunião de adultos em casa para jogar carteado

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acontecem na praça central da cidade. Também disseram que há eventos anuais como Festa do Peão, festa junina e Festa do Padroeiro da Igreja Católica.

6.2. As adequações inseridas na unidade habitacional a partir da experiência do