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3. CONSTRUÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA 1 O FIO CONDUTOR DA INVESTIGAÇÃO

3.3. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

O avanço da ciência é evidente em todas as áreas do conhecimento e a Fisioterapia, inserida nesse contexto, tem buscado aprimoramento. Para isso este estudo tem se apropriado de referenciais teóricos e metodológicos capazes de produzir resultados que conduzam a mudanças e qualifiquem as ações em Fisioterapia.

Conforme Gil (1999), um conhecimento pode ser considerado científico quando se identificam as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua veracidade, ou seja, quando é possível determinar o método que possibilitou chegar ao conhecimento. O mesmo autor relata que o método é o caminho para se chegar a um determinado fim. E método científico é como um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir este conhecimento.

Nesta pesquisa, quanto à natureza das variáveis pesquisadas, optou-se por uma abordagem qualitativa através do estudo de caso. Apresentando o presente trabalho sob a forma de estudo de caso é importante realçar, detalhadamente, os seus vários aspectos. O estudo de caso vem sendo utilizado, há muitos anos, em várias áreas: sociologia, antropologia, sociologia, medicina, psicologia, direito e administração. Estas áreas adotam diferentes metodologias e os estudos de caso são usados não apenas como modalidade de pesquisa, mas também para fins de ensino e consultoria, com o objetivo de ilustrar uma argumentação, uma categoria ou uma condição. Na área das ciências sociais e jurídicas são usadas como recurso didático para debater um tema e estimular uma situação de ensino. Na área da saúde o uso do estudo de caso tem o objetivo de estudar um caso de diagnóstico, de tratamento ou de acompanhamento. Na área da educação aparece em manuais de metodologia de pesquisa com o intuito de realizar um estudo descritivo de uma escola, uma sala de aula ou um grupo de alunos (ANDRÉ, 2005).

O estudo de caso permite ir mais além do que a simples descrição do mesmo, levando o investigador a interessar-se pela interação dos fatores envolvidos através de uma recolha sistemática de dados. O estudo de caso, enquanto forma de pesquisa educacional sistemática, permite incrementar o conhecimento existente e habilitar futuros investigadores que trabalham em situações semelhantes à do estudo considerado. Sendo o método de estudo de caso um método inclusivo,

que abrange varias formas de coleta de dados, a sua concepção requer uma especial atenção no que se refere às técnicas utilizadas na coleta e análise dos dados. Tal significa que a estratégia de pesquisa não pode apenas centrar-se nem no planejamento do caso em si, nem nas técnicas utilizadas na escolha da amostra e sua análise. O estudo de caso consiste numa análise empírica que investiga um fenômeno contemporâneo do investigador, inserido num determinado contexto, sendo difícil a dissociação entre o fenômeno em estudo e o contexto em que o mesmo se integra (YIN, 2010).

Desta forma, Yin (2010) define o estudo de caso como um tipo de investigação preocupado com determinado fenômeno no seu contexto, motivo pelo qual envolve um vasto conjunto de variáveis resultantes de múltiplas fontes de informação de dados, que necessita de um planejamento coerente, não só do quadro teórico subjacente ao estudo, como das formas de coleta e analise dos dados.

Yin (2010) descreve três situações nas quais o estudo de caso é indicado. A primeira ocorre quando o caso em pauta é crítico para testar uma hipótese ou teoria previamente explicitada. A segunda razão que justifica a opção por um estudo de caso é o fato de ele ser extremo ou único. A terceira situação descrita é o caso revelador, que ocorre quando o pesquisador tem acesso a uma situação ou fenômeno até então inacessível à investigação científica. Neste estudo o estudo de caso é indicado por conhecer uma teoria.

As três principais características que delineiam o estudo de caso, para Yin (2010), são: os dados são obtidos num nível de profundidade que permite tanto caracterizar e explicar em detalhes aspectos singulares do estudo, como apontar diferenças e semelhanças com outros estudos de caso. A atitude do pesquisador é caracterizada pela busca de conhecimento e não de conclusões e verificações - o pesquisador tem a capacidade de integrar, reunir e interpretar inúmeros aspectos do objeto pesquisado.

Tal como qualquer outro método de investigação, o método de estudo de caso apresenta-se com vantagens e desvantagens. Inicialmente caracterizado como parente pobre dos métodos, a sua contínua utilização reforça o argumento de que, possivelmente, tal característica está errada, levando-nos a reconsiderar as vantagens e desvantagens do método. Yin (2010) cita três principais pontos: tempo, rigor e generalização. O tempo utilizado num estudo de caso é uma questão falsa, uma vez que se identificam certas técnicas de coleta de dados, como a etnografia ou a observação participativa que, normalmente, necessitam de longos períodos de análise. Quanto à preocupação com a

falta de rigor do método, o mesmo autor se defende relatando que o rigor deve ser exigido a qualquer investigador. Em sua opinião, o viés de um estudo pode existir em qualquer tipo de pesquisa e são possíveis várias formas de se resolver o problema. Quanto à generalização, o autor argumenta que se não se pode generalizar a partir de um único caso, também não se pode generalizar com base em um único experimento, pois as generalizações são, usualmente, baseadas em um conjunto de experimentos replicando o mesmo esquema em diferentes condições. Para Yin (2010), o mesmo raciocínio pode ser usado para os estudos de casos múltiplos e, nesse sentido, a lógica que rege o desenho da pesquisa não é a da amostragem, mas a da replicação. Assim, cada caso deve ser selecionado de acordo com uma das seguintes previsões: ou se espera encontrar resultados semelhantes nas diversas unidades investigadas (replicação propriamente dita) ou se espera resultados diferentes em razão de fatores previamente antecipados pelo pesquisador (―replicação teórica‖). Tal como os experimentos, os estudos de caso, portanto, não representam ―amostra‖ cujos resultados seriam generalizáveis para uma população (generalização estatística), o pesquisador não procura casos representativos de uma população para a qual pretende generalizar os resultados, mas a partir de um conjunto particular de resultados, ele pode gerar proposições teóricas que seriam aplicáveis a outros contextos.

A mesma opinião é manifestada por Rose (1993), quando afirma que a preocupação primeira de um investigador não é a da generalização de resultados. A ideia subjacente é a de que o estudo de caso depende do quadro teórico de referência, que o torna válido para a generalização e a expansão de uma teoria pré-definida. Tal isto significa que as inferências de um estudo de caso passam pela sua adequação à teoria subjacente e pelas condições contextuais do fenômeno em análise. A visão não é a da tipicidade da amostra escolhida, no sentido meramente estatístico, tal como a generalização não é a da extrapolação, com certo grau de confiança, nas conclusões obtidas na amostra para a população de onde a mesma foi retirada. Pelo contrário, num estudo de caso a representatividade é tratada em termos de lógica qualitativa do caso a ser tratado, selecionando-se este em função da sua consonância, em sentido lato, com o quadro teórico-conceptual definido, podendo mesmo a escolha incidir sobre uma situação atípica, mas de grande poder explicativo para a teoria subjacente.

Tendo já sido identificada a natureza de um estudo de caso como um tipo de investigação preocupado com determinado fenômeno no seu contexto, que envolve múltiplas fontes de informação de dados, parece-

nos evidente a necessidade de um planejamento cuidadoso e coerente do projeto que o estudo engloba (YIN, 2010). O passo seguinte será o de projetar o estudo de caso.