• Nenhum resultado encontrado

3. CONSTRUÇÃO METODOLÓGICA DA PESQUISA 1 O FIO CONDUTOR DA INVESTIGAÇÃO

3.4. PROJETANDO O ESTUDO DE CASO

Yin (2010) indica três componentes básicos do planejamento de um estudo de caso: questões de investigação, identificação das unidades de análise do estudo e a coleta e tratamento da informação.

A questão de investigação também enfatiza a importância do tipo de questões propostas para distinguir os estudos de caso de outras modalidades de pesquisa nas ciências sociais. A estratégia é geralmente usada quando as questões de interesse do estudo referem-se ao como e ao por que, e quando o foco se dirige a um fenômeno contemporâneo em um contexto natural (ALVES-MAZZOTTI, 2006).

Neste estudo a questão inicial de investigação formulada “Quais os limites e as possibilidades do PBL?” serve de ponto de partida para o planejamento do estudo de caso que suporta a recolha de informação empírica e o posterior tratamento da mesma.

As unidades de análise relacionam-se diretamente com o problema de identificação do caso em si. Yin (2010) distingue entre estudo de caso simples e estudo de casos múltiplos. Este autor apresenta três grandes justificativas para a escolha de um estudo de caso simples: o investigador acredita que as hipóteses apresentadas no quadro teórico serão confirmadas; o caso único escolhido ajuda o conhecimento e expansão da teoria que lhe está subjacente; o caso é único e reveste-se de especial interesse.

A alternativa de um desenho de estudo de casos múltiplos é de um modo geral, considerada mais robusta, uma vez que vários casos semelhantes podem ser mais persuasivos. Outra razão para a opção de um estudo de casos múltiplos, relaciona-se com a replicação. Assim, cada um dos casos de um desenho múltiplo deve ser selecionado ou por pretender ser uma replicação literal do fenômeno, conduzindo a resultados semelhantes, ou por pretender ser uma replicação teórica do fato em análise, produzindo resultados contrastantes teoricamente previsíveis (YIN, 2010).

Nesta pesquisa optou-se por um estudo de caso simples por dois fatores: o de acreditar que o mesmo pode confirmar as hipóteses da pesquisa descritas na introdução podendo, eventualmente, complementar o conhecimento sobre os aspectos conceituais

envolvidos, e o de ser uma oportunidade de interesse, dada a pouca existência de estudos sobre o tema.

Yin (2010) enumera três princípios da coleta de dados: acesso a múltiplas fontes (triangulação de dados), criação de uma base de dados do estudo de caso e manutenção do encadeamento das evidências. Na opinião do autor, estes devem ser os princípios observados quando se pretende maximizar um dos pontos fortes do método de estudo de caso, que é o de providenciar a oportunidade de utilização de diferentes fontes de coleta de informação. Importantes na construção da validade e na confiabilidade do estudo, estes princípios não pretendem circunscrever o trabalho do investigador, mas, antes, permitir que os mesmos reflitam uma preocupação com a qualidade da investigação.

A triangulação é uma abordagem que utiliza vários métodos descritos como a verificação das afirmações através da coleta de dados a partir de um determinado número de informantes e de fontes, permitindo a comparação e a confrontação subsequente de uma afirmação com outra. Esta técnica tem por objetivo abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo (TRIVIÑOS, 1987).

No caso particular de um estudo de caso, o acesso a várias fontes permite uma abrangência transversal do contexto histórico, de atitudes ou de comportamentos. O reforço de conclusões semelhantes provenientes de diferentes informantes permite inferir se o método se apresenta confiável. Por outro lado, a triangulação de múltiplas fontes permite verificar se o método se apresenta como válido, medindo aquilo que se pretende efetivamente. No caso particular de um estudo de caso, o acesso a várias fontes pode permitir uma abrangência transversal do contexto histórico, de atitudes ou de comportamentos. O reforço de conclusões semelhantes, provenientes de diferentes informantes permite não só inferir se de fato o método se apresenta confiável, como mais facilmente serve de guia para confirmar a correção deste por outros investigadores (YIN, 2010).

Neste trabalho, a triangulação de dados é feita no nível de coleta de informação (são analisadas as perspectivas dos alunos, tutores, coordenador do curso e observações).

Yin (2010) considera a triangulação de dados, bem como a utilização de diferentes métodos complementares ao estudo de caso, como uma forma de assegurar a validade do estudo, diminuindo o viés dos resultados. O Quadro 5 resume os diferentes métodos de coleta e análise de informações utilizadas.

Quadro 5 - Técnicas de coleta e análise de informações do presente estudo Técnicas Discentes Docentes e coordenador do curso Sessões tutoriais do 1º e 2º ano Técnicas de coleta de Informação Questionário e entrevista semi- Estruturada Entrevista semi- estruturada Técnica de Incidentes Críticos Observação Técnicas de análise de Informação Análise do conteúdo (Bardin) Análise do conteúdo (Bardin) Análise do conteúdo (Bardin) A coleta de dados iniciou somente após a aprovação no Comite de Ética e Pesquisa da ESTSP (Anexo B) após o aceite e a assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A). Os critérios de inclusão neste estudo foram os seguintes: os tutores e os alunos que assinassem o TCLE, e os alunos que estivessem regularmente matriculados no Curso de Fisioterapia da ESTSP poderiam participar. As técnicas de coleta e análise dos dados surgem como uma estrutura aberta, influenciada pelas escolhas sucessivas que foram sendo adotadas ao longo do presente trabalho. O próximo passo é descrever cada uma destas técnicas.