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6. Metodologia e ferramentas utilizadas

6.3. Descrição da região em estudo

6.3.2. Caracterização física

6.3.2.1. Relevo

O relevo na região em estudo é formado por um conjunto de altas plataformas onduladas cortadas por vales e bacias muito profundas, condicionando indiretamente a distribuição das plantas e a consequente progressão dos incêndios, nomeadamente através das seguintes características: a altitude, o declive e naturalmente a orientação das vertentes em relação ao Sol. A altitude tem nesta zona um papel muito importante, principalmente pela sua estreita relação com a temperatura e o vento. Na zona fronteiriça com a Galiza para sul é possivel individualizar as serras da Peneda, do Gerês, do Barroso, do Alvão e do Marão, esta última já adjacente ao vale do Douro (Pedrosa, 1992).

Pelo facto do distrito apresentar diversas zonas com características específicas de relevo, o autor nos parágrafos seguintes faz uma breve abordagem a cada uma delas, fazendo uma breve descrição daquelas que considera serem mais relevantes.

61 A Serra do Larouco com 1525 metros de altitude no seu ponto mais elevado fica situada no concelho de Montalegre. Esta serra que dá forma a um grande planalto granítico, faz parte do sistema montanhoso da Peneda-Gerês, constituindo o prolongamento de um acontecimento morfológico que se estende também às terras da Galiza (Espanha).

A Serra do Marão constitui um dos mais vigorosos elementos topográficos que se podem individualizar no grande alinhamento montanhoso que separa o Noroeste de Portugal dos planaltos transmontanos. Sendo a sexta maior elevação de Portugal Continental, atinge o seu ponto mais alto aos 1443 metros e fica situada na região de transição do Douro Litoral para o Alto Douro.

A noroeste entre os concelhos de Vila Real e Mondim de Basto podemos encontrar a Serra do Alvão que conta com uma altitude de 1238 m. Estas serras apresentam áreas de relevos ondulados a muito declivosos, áreas escarpadas com afloramentos rochosos dando origem a áreas de incultos. Verifica-se também a existência de pequenos vales com grande ocupação agrícola ou de planura aluvionar com aluviões e antigos terraços baixos.

A Serra da Padrela com 1146 m de altitude encontra-se localizada a norte do distrito, a Sul de Chaves, entre Valpaços e Vila Pouca de Aguiar. Apresenta áreas de relevo ondulado suave e encostas muito declivosas com afloramentos rochosos. As áreas escarpadas com afloramentos rochosos dão lugar a áreas de incultos. Existem também algumas explorações agrícolas nos baixos aluvionares em que os vales são encaixados com áreas planálticas.

Na zona do Tâmega é possível verificar-se que o relevo é bastante instável, apresentando altitudes que podem ir dos 300 aos 1000m, variando entre áreas de planícies, pequenas baixas aluvionares e áreas declivosas com afloramentos rochosos. As áreas correspondentes a baixas aluvionares com vales largos em forma de “V” de relevo plano, são normalmente aproveita- dos para terrenos agrícolas. As áreas com declives acentuados são por frequentemente apro- veitados para explorações florestais.

Na chamada Zona Alta ou Barroso a maior elevação verifica-se na aldeia de Pitões das Júnias a cerca de 1200 m de altitude, no Parque Nacional Peneda-Gerês concelho de Montalegre. Nesta zona podemos encontrar declives muito acentuados com áreas escarpadas e muitos afloramentos rochosos, onde predominam essencialmente os incultos. Em altitudes mais

62 baixas, podemos encontrar relevos ondulados onde são frequentes explorações agrícolas e florestais.

6.3.2.2. Geologia

O vale médio e baixo mesomediterrânico ou mesotemperado do rio Tâmega, consoante percorra territórios mediterrânicos ou eurosiberianos, rompe a continuidade espacial entre o Barroso (Subsector Geresiano-Queixense) e estas montanhas. (Costa et al., 1998)

Geologicamente, a área é caracterizada por uma zona de altitude elevada com uma larga bacia granítica, onde nasce o rio Olo e alguns dos seus afluentes, e uma zona mais baixa de xisto (Zona de Ermelo), onde o rio corre encaixado entre dobras de relevo (Carreira, 2010).

Na serra do Alvão são predominantes os xistos e os granitos, separados por afloramentos de quartzitos. Esta serra tem como principal referência o Parque Nacional do Alvão (PNA) que se instala sobre dois tipos básicos de substrato geológico: no Norte e Centro do Parque predomina o silícico-Resistência e Resiliência Ecológica, formado por um granito de duas micas, com frequentes e acentuados afloramentos rochosos e uma evidente tendência à criação de leptossóis úmbricos graníticos; a Sul na fronteira com a Serra do Marão, o substra- to geológico é predominantemente xistoso grauváquico, também com tendência à formação de leptossóis úmbricos xistosos. Esta divergência na constituição geológica proporciona uma evidente variação nas capacidades edáficas, mais limitativas na área silicícola e, por esta razão, no desenvolvimento e aparência da vegetação. Os solos mais profundos da área xistosa facilitam uma mais rápida geração de matos altos, bem como zonas de pastagem natural de maior qualidade que no Centro e Norte do Parque (Crespí et al., 2001).

Esta divergência na constituição geológica proporciona uma evidente variação nas capacida- des edáficas, mais limitativas na área silicícola e, por esta razão, no desenvolvimento e aparência da vegetação. Os solos mais profundos da área xistosa facilitam uma mais rápida geração de matos altos, bem como zonas de pastagem natural de maior qualidade que no Centro e Norte do Parque.

A área do PNA está inserida no centro do eixo Alvão-Marão que, desde uma perspectiva fitoclimatológica é uma das barreiras mais ocidentais da província cántabro-atlântica, forman-

63 do o que recentemente foi designado por superdistrito do Alvão-Marão (Crespí et al., 2001 in (Costa et al., 1998) que ocupa uma posição aparentemente intermédia entre o domínio ibérico- atlântico e o domínio ibérico-mediterrânico e, por conseguinte, caracterizado por uma acusada transição climatológica, a qual provoca transições florísticas igualmente intensas (Crespí et al., 2001)

Quanto à Zona Alta ou Barroso é composta ou por largas manchas xistentas ou graníticas, existindo na zona da localidade de Campanhó, uma pequena bolsa calcária, que é explorada para fins agrícola.

A Serra do Larouco pertencendo ao Maciço Antigo, apresenta-se como uma serra que dá forma a um grande planalto granítico de forma alongada. Esta serra constitui o prolongamento de um acontecimento morfológico que se estende também por terras de Espanha, perto do seu cume nasce o rio Cávado. Esta massa granítica distingue-se na vertente poente por manchas de xisto metamorfizado que dá origem a encostas abruptas.

6.3.2.3. Clima

Em termos gerais, a área em estudo apresenta um clima temperado atlântico de características mediterrânicas, com invernos chuvosos e frios, com frequente ocorrência de neve nas serras altas, opondo-se aos verões muito secos e quentes (Carreira, 2010).

Em termos específicos, no distrito de Vila Real o clima é sub-atlântico/continental e mediter- rânico (Rosário, 2004) e apresenta essencialmente dois domínios climáticos distintos, a Terra Quente e a Terra Fria. Do ponto de vista térmico a média anual para a primeira encontra-se entre os 14,0ºC a 15,0ºC e para a segunda entre os 12,0ºC e os 13,0ºC de média anual. Na zona de transição os valores médios anuais variam entre os 13,0ºC e os 14,0ºC (Estêvão, 2010).

A diversidade da distribuição da temperatura nesta região deve-se ao facto de estar na zona de transição entre a influência Atlântica e o clima Continental característico do interior da Península Ibérica (Rodrigues et al., 2010). A região é caracterizada pela alternância de um longo período chuvoso e frio, que regra geral se estende de Outubro a maio, com um período quente e seco que abrange apenas os meses de julho e agosto. Entre junho e setembro por

64 regra geral, dá-se um período de transição onde os meses são secos e com temperaturas amenas (Figura 13).

Figura 13. Diagrama termopluviométrico de Gaussen para Vila Real no ano hidrológico 2007/08. Dados da estação climatológica da UTAD (Salgado et al., 2010b).

Na figura é apresentado o ano hidrológico 2007/08 em que a precipitação anual foi de 798,6 mm e a temperatura média anual de 12,3 º C. Como mais chuvoso refere-se o período de Abril e Maio (Salgado et al., 2010). Este gráfico reflete de certa forma a precipitação e a temperatu- ra nesta região, apenas com pequenas diferenças de ano para ano.

6.3.2.4. Hidrografia

O distrito de Vila Real é banhado pelo curso inicial do rio Cávado e pelo seu afluente Raba- gão, nos quais se desenvolveram grandes empreendimentos hidroeléctricos, nomeadamente as barragens de Rabagão, Paradela, Pisões e Venda Nova. No distrito podemos ainda encontrar os rios Tâmega, Corgo, Pinhão e Tua, afluentes do Douro, que comportam as barragens hidro- eléctricas de Bagaúste e Valeira.

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6.3.2.5. Vegetação

No distrito de Vila Real nas paisagens de serra são típicas as pastagens de altitude, os tojais e urzais, a vegetação de turfeiras atlânticas com arnica (Arnica montana atlântica) e orvalhinha (Drosera rotundifolia), os prados e juncais de regadio (os lameiros). A floresta climácica é dominada por bosques de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) nas zonas de montanha, por sobreirais (Quercus suber) nas áreas planálticas e mais raramente por azinhais (Quercus rotundifolia) (Honrado 2003 cit Carreira, 2010). São característicos os giestais do Ulici latebracteati-Cytisetum striati e os tojais endémicos do Ulicetum latebracteatominoris, Erico umbellatae-Ulicetum latebracteati. Ocorrem ainda tojais do Ulici europaei-Ericetum cinereae e mais localmente urzais-tojais do Ulici minoris-Ericetum umbellatae (Costa et al., 1998).

Devido à destruição da floresta por ação do sobrepastoreio e dos IF, cada vez mais as serras são predominantemente ocupadas por matos. Grande parte da floresta primitiva tem vindo a desaparecer, sobretudo por ação humana, sendo substituída por floresta de produção de pinheiros-bravos (Pinus pinaster), por castanheiros (Castanea sativa) e pela cultura das vinhas (Carreira, 2010). Apesar de tudo nas serras ainda se vêm com alguma frequência carvalhais orófilos de carvalho-alvarinho (Quercus robur) com arando (Vaccinium myrtillus), nas áreas associadas a linhas de água ou zona húmida os bosquetes de vidoeiros (Betula celtiberica), os amiais (Alnus glutinosa), os choupais (Populus nigra) e os freixiais (Franxinus angustifolia) (Honrado, 2003 cit Carreira, 2010).

Existem também sistemas florestais e agro-florestais de grande importância socioeconómica, como o castanheiro (Castanea sativa), o pinheiro (Pinus pinaster) e o carvalho negral (Quer- cus pyrenaica). A cultura do milho e a produção da castanha são de grande importância em termos agrícolas. A exploração de granito sobretudo na Serra da Falperra, contribuiu para uma alteração profunda na paisagem (IGP, 2005).

Na serra do Alto Barroso por exemplo é possível verificar uma vegetação em altitude que é constituída principalmente por matos de urzes e giestas. Nas suas vertentes localizam-se campos de cultivo e algumas manchas de mata climática, constituída por exemplares de carvalho- alvarinho (Quercus robur) e carvalho-negral (Quercus pyrenaica). O vidoeiro, o pinheiro- silvestre e o castanheiro também marcam presença, esta última é uma espécie que diferencia a ocupação cultural da serra.

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