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3.Variáveis do Estudo

8. Caracterização geral da amostra

De acordo com os critérios de inclusão apresentados anteriormente, foram inquiridos 61 pacientes. Destes, 3 foram excluídos por terem recusado o tratamento com CP AP (não se adaptaram à máscara nasal), 6 foram também excluídos por apresentarem fraca adesão ao tratamento (menos de três noites por semana) e 1 recusou responder aos questionários da fase T3 do estudo, restando 51 pacientes que

constituíram a amostra final do estudo, isto é, que foram submetidos aos dois momentos de recolha de dados, fase TO e fase T3.

Os dados da caracterização da amostra foram dispostos em quadros compostos de distribuição de frequências e, quando adequado, estas foram complementadas com as respectivas médias e o desvio padrão.

As principais características sócio-demográficas da amostra, estão apresentadas no Quadro 1. A amostra é constituída por 47 homens e 4 mulheres, sendo a representação dos homens (92,2%) bastante superior à das mulheres (7,8%). O ratio homens mulheres é aproximadamente de 11:1, sendo ligeiramente superior ao ratio referido na bibliografia consultada (Partinen,1992). A ausência de estudos epidemiológicos no nosso país, relativamente á prevalência e incidência desta doença na população portuguesa, não nos permite extrair qualquer conclusão destes valores.

A média de idades dos pacientes é de 56,1 (mínimo de 32 anos e máximo de 76 anos), sendo a média da idade do sexo feminino (58,5 anos) ligeiramente superior à média do sexo masculino (55,9 anos). Esta diferença de médias das idades entre os dois sexos, justifica-se pelo facto da apneia do sono, ser mais prevalente nas mulheres pós- menopausa. A média geral de idade da amostra é semelhante à média de idade da população estudadas nos Centros de Fisiopatologia do Sono Portugueses (Paiva, 1992; Moutinho, 1993) e na população do Centro onde realizámos o presente estudo.

No que se refere ao estado civil, a grande maioria dos pacientes (96,1%), referiu ser casado, não sendo nenhum paciente divorciado. Dos restantes 2, um é solteiro e outro é viúvo. Relativamente à coabitação a maioria dos pacientes habita com o cônjuge (49,0%), ou com o cônjuge e filhos (47,1%). Apenas um paciente referiu coabitar com filhos/outros familiares e um outro paciente referiu viver

sozinho. Quanto à escolaridade a maior parte dos pacientes (62,7%), não ultrapassa os 4 anos de escolaridade, tendo 25,5% referido ter a escolaridade obrigatória (9o ano).

Apenas 4 pacientes têm entre o 10° e 12°ano e somente 2 referiram ter como habilitações literárias o ensino superior. Este baixo nível de escolaridade reflectiu-se na distribuição dos pacientes pelas categorias profissionais consideradas.

Utilizámos a classificação de Sedas Nunes (1970), verificando que nenhum paciente pertence ao Nível I {grandes industriais e profissões de elevada competência técnica), e que apenas 6 pertencem ao Nível II {profissões liberais de competência média, comerciantes e industriais de pequenas empresas). O Nível III {operários especializados e semi-especializados, pequenos comerciantes e pequenos proprietários agrícolas) é representado pela maioria dos pacientes (51%), e nestes 8

ou seja cerca de 30% são motoristas profissionais. Na amostra do presente estudo a profissão onde se verifica maior incidência de apneia obstrutiva do sono é a de motorista, com uma representação de 15,7% no total das profissões da nossa amostra. O médico legista Pinto da Costa, numa entrevista publicada no Jornal "in O Comércio do Porto" de 6/7/2001, referiu que o risco de acidentes de viação é quatro vezes mais elevado nos indivíduos que sofrem de apneia obstrutiva do sono, e que os acidentes com mais vítimas mortais são provocados por condutores de veículos pesados. Daí a necessidade, segundo o Juiz Conselheiro Simas Santos, de "estabelecer critérios para distinguir com mais eficácia as patologias do sono e suas consequências, na atribuição da carta de condução ("in O Comércio do Porto" de 6/7/2001). Apesar de Portugal ser o país da Europa com maior sinistralidade rodoviária, a nossa legislação, ao contrário da maioria dos outros países europeus, não prevê a inibição de conduzir a quem sofre de apneia obstrutiva do sono e recusa ser tratado. Ainda em termos de profissão o segundo maior grupo (23,5%) pertence ao Nível IV {operários não especializados e

trabalhadores rurais), seguindo-se o grupo dos reformados (19,6%). Por fim verificámos que nenhum dos elementos da amostra pertence ao grupo dos estudantes e dos desempregados.

Relativamente aos acidentes de viação, 60,8% dos pacientes referiram nunca ter tido nenhum acidente. Dos 21 pacientes (39,3%) que referiram ter tido acidentes, 8 pacientes tiveram acidentes apenas uma vez, 5 pacientes tiveram 2 acidentes, 1 paciente teve 3 acidentes e 3 pacientes tiveram mais de 3 acidentes. Segundo a neurologista Teresa Paiva (2001), cerca de 40% das pessoas que sofrem de apneia do sono e que frequentam a sua consulta também tiveram acidentes de viação, mais que uma vez, ideia corroborada por M.Céu Brito (2002).

Quadro 1:

Características Sócio-Demográficas da amostra

VARIÁVEIS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS N %

SEXO

Masculino 47 92,2

Feminino 4 7,8

IDADE ( Média e Desvio Padrão) 51 56,1 (±10,6)

Sexo Masculino 47 55,9 (±10,7) Sexo Feminino 4 58,5 (±10,5) ESTADO CÍVIL Solteiros 1 2,0 Casados 49 96,1 Viúvos 1 2,0 Divorciados 0 0 COABITAÇÃO Cônjuge 25 49,0 Cônjuge e filhos 24 47,1 Filhos/Outros familiares 1 2,0 Sozinho 1 2,0 ESCOLARIDADE Ensino Básico 32 62,7

Ensino Secundário (9°ano) 13 25,5

Ensino Secundário (10° ao 12° ano) 4 7,8

Ensino Superior 2 3,9 CATEGORIA PROFISSIONAL Nível I 0 0 Nível n 6 11,8 Nível IH 26 51,0 Nível IV 12 23,5 Estudantes 0 0 Reformados 10 19,6 Desempregados 0 0 ACIDIDENTES DE VIAÇÃO Não 31 60,8% Sim 17 39,2% ACID.TRABALHO Não 41 80,4% Sim 10 19,% MUDOU DE EMPREGO Não 49 96,1% Sim 2 3,9%

As características clínicas da amostra estudada são apresentadas no Quadro 2 e Quadro 3.

Relativamente à comorbilidade anterior ao diagnóstico da apneia do sono, 35,5% dos pacientes referiram sofrer de insuficiência respiratória e 31,4% de hipertensão, enquanto 9,8% referiram sofrer respectivamente de diabetes, angina de peito e enfarte do miocárdio e apenas 3 (7,8%), sofriam de insuficiência renal. No que se refere à comorbilidade posterior ao diagnóstico da apneia obstrutiva do sono, a grande maioria dos pacientes (25,5%), referiram passar a sofrer de insuficiência respiratória, seguindo-se a hipertensão (11,8%). No que respeita às restantes patologias, 2 pacientes referiram passar a sofrer de diabetes, outros 2 de enfarte do miocárdio, 3 de insuficiência renal. Nenhum paciente referiu ter passado a sofrer de angina de peito. Verificámos então que a insuficiência respiratória e a hipertensão, são o tipo de patologias mais associadas á apneia obstrutiva do sono, nos pacientes que constituem a amostra do presente estudo.

Quadro 2.

Características Clínicas da amostra ( I )

VARIÁVEIS CLÍNICAS N(antes) % N(após) %

COMORBILIDADE