• Nenhum resultado encontrado

3.Variáveis do Estudo

5. Construção e descrição dos instrumentos

5.4. Polígrafo do Sono

Para a realização do estudo do sono (polissonografia) foi utilizado um polígrafo do sono, Modelo Alice 4, com 14 canais: 4 canais para o Electroencefalograma; 2 canais para o Electrooculograma; 2 canais para o Electromiograma, 2 canais para o Electrocardiograma; 1 canal para o Fluxo Aéreo; 1 canal para os Movimentos respiratórios; 1 canal para o Pulso e Saturação Arterial de 02; 1 canal para a posição do corpo.

ó.Procedimentos

Para a realização do recolha de dados contactámos em primeiro lugar o Director da Unidade de Estudos da Patologia do Sono. Posteriormente reunimos com a equipa médica da consulta do sono e com as três técnicas que realizaram os exames

do estudo do sono, com o objectivo de uniformizar os procedimentos metodológicos

relativos à aplicação dos instrumentos.

O consentimento dado pelos pacientes para participar no estudo foi obtido no contexto de uma breve entrevista, realizada antes da realização do estudo do sono (polissonografia). Para o efeito foram explicados os objectivos do estudo, dizendo aos pacientes que tinham apenas de preencher os questionários, uma vez que o exame que iriam realizar, fazia parte dos procedimentos normais da consulta do sono. Foram ainda informados que no caso de estarem interessados, poderiam ter conhecimento dos resultados globais, no final do estudo.

Para a realização da polissonografia os pacientes dormiram uma noite na Unidade de Estudo da Patologia do Sono do Hospital Geral e Central, que dispõe para o efeito de dois quartos de dormir, individuais, tipo suite, com uma cama, uma mesa de cabeceira para o paciente pousar os seus objectos e outra mesa de cabeceira onde está o polígrafo do sono e ainda um armário (tipo guarda-fatos). Os pacientes podiam trazer consigo objectos pessoais de higiene, o pijama, almofada, livros e aparelhos portáteis de música, mas com auscultadores. Tenta-se recriar, tanto quanto possível, o ambiente e o conforto de um quarto de dormir. Cada quarto está ainda equipado com uma câmara de vídeo, para permitir a vigilância do doente durante o sono. A vigilância tem por objectivo assegurar, não só o bem estar dos pacientes, como a qualidade técnica do registo das variáveis poligráficas do sono. Os pacientes com apneia do sono, têm geralmente um sono agitado, acompanhado de constantes mudanças de posição do corpo e movimentos bruscos das pernas e dos braços, o que contribui para que alguns eléctrodos possam descolar-se. A técnica, caso observe que algum eléctrodo foi descolado, tem que imediatamente o voltar a colocar.

Todos os pacientes foram monitorizados entre as 21 horas e as 22 horas. Foram também dadas instruções detalhadas dos procedimentos do exame, como os locais de colocação dos eléctrodos e que não era necessário rapar o cabelo, para a colocação dos eléctrodos na cabeça ou que no caso de necessidade de urinar, durante a noite, poderiam usar o urinol portátil que se encontrava dentro da mesa de cabeceira. Aos pacientes que se recusassem a usar o urinol foi dito que teriam que chamar a técnica, usando para o efeito uma campainha, que se encontrava junto à cabeceira da cama, dado que o polígrafo teria que ser transportado até á casa de banho. Para além do caracter informativo, as instruções e os esclarecimentos têm por objectivo, reduzir a ansiedade inicial, inerente ao exame. Os pacientes foram ainda, questionados sobre

os seus hábitos de sono (1er, ver televisão, ouvir musica, etc., antes de adormecerem), para permitir a cada paciente manter o seu ritual de adormecer. Perguntou-se ainda, qual a posição corporal que geralmente adoptavam para dormir, para que a colocação dos eléctrodos fosse feita no lado posto ao de dormir (por exemplo se o paciente refere que dorme deitado para o seu lado direito, a monitorização foi efectuada, sempre que possível, no lado esquerdo). Seguidamente, solicitámos aos pacientes para preencherem os questionários, enquanto a técnica procedia à preparação do material para a monitorização do exame e inseria os dados de identificação do paciente no computador. Após o preenchimento dos questionários, e que designámos de fase TO

da recolha dos dados, o paciente vestiu o pijama e sentou-se na cama, iniciando-se a

colocação dos eléctrodos, correspondentes a monitorização das variáveis psicofisiológicas e cardio-respiratórias, pela seguinte ordem:

a) primeiro as variáveis psicofisiológicas - a monitorização do electroencefalograma, foi realizada segundo o sistema 10/20. Procedeu-se á medição da cabeça com um compasso, para determinar as localizações dos eléctrodos, correspondentes a: C3/A2; C4/A1; 01/A2; 02/A1. Cada localização, foi desengordurada com álcool a 95°, afastando-se para o efeito o cabelo. Cada eléctrodo foi preenchido no seu interior com gel condutor e colado, através de uma gaze com 1 cm2, com colódio, que é uma cola que saí facilmente com éter ou acetona. Os eléctrodos eram em material metálico, com 1 cm de diâmetro e com um cabo de ligação, maleável, com cerca de 1,5 mm de diâmetro e com 150 cm de comprimento. Depois, procedeu-se à colocação dos eléctrodos do electromiograma. Um eléctrodo foi colocado, na região mentoniana ( no queixo) e outro na região tibial ( na parte da frente duma das pernas). Estes eléctrodos têm um diâmetro de 2 cm, são autocolantes e já vêm com gel condutor. Procedeu-se de imediato á colocação dos eléctrodos do oculograma, utilizaram-se os mesmos

eléctrodos do electromiograma e colando um na pálpebra superior e outro na inferior de cada um dos olhos. Os cabos de ligação destes eléctrodos autocolantes são iguais aos cabos de ligação do electroencefalograma. O electroencefalograma, o electromiograma e o oculograma, permitiram identificar: as várias fases do sono, relacionar as apneia (paragens respiratórias), com as fases do sono, identificar o tipo de apneias, avaliar a quantidade de sono reparador (fase IV do sono NREM) e ainda calcular o índice de apneia/hipopneia (IAH).

b) em seguida as variáveis cardio-respiratórias - o electrocardiograma, foi monitorizado, através da colocação de 2 eléctrodos, auto colantes, com gel condutor incluído e com um diâmetro de 2,5 cm. Um dos eléctrodos foi colado no peito, ao nível do 4o espaço interposta esquerdo e outro eléctrodo, foi colado na testa. Este

canal permitiu identificar alterações da frequência cardíaca, do ritmo cardíaco, bem como a detecção de episódios isquémicos (angina de peito). Para a avaliação do fluxo respiratório nasal e oral, foi colocada uma tira de plástico (termistor), autocolante. O termistor é feito de um material muito maleável com a forma do lábio superior e possui um sensor térmico incorporado, no seu interior, sendo colocado ao nível do lábio superior. Colocou-se depois, o sensor digital, no dedo indicador. O sensor foi fixado com uma tira tipo velcro. Seguidamente foram colocadas duas faixas de tecido esponjoso flexível e confortável, com 10 cm de largura, uma ao nível do peito e a outra ao nível da cintura. Estas tiras permitem medir os movimentos dos músculos toraco-abdominais e determinar a posição corporal. Finalmente foi colocado um pequeno microfone, (tipo mola), junto á gola do pijama, para permite registar os decibéis dos roncos durante o sono. Os fios dos eléctrodos colocados na cabeça e na face, foram presos, ao nível da nuca (tipo rabo de cavalo), para não incomodar o paciente durante o sono.

Concluída a monitorização, os pacientes foram aconselhados a prepararem-se para dormir, podendo para o efeito, 1er ou ouvir música, com auscultadores, até surgir o sono. O limite permitido para começar a dormir e apagar a luz, foi a meia noite, pois é necessário um registo de 7 horas, dado que os pacientes foram acordados todos às 7 horas da manhã do dia seguinte. Ao fim de 3 horas de sono, nos pacientes com índices patológicos de hipopneias/ apneias (mais de 20por hora), foi feito um teste com o CP AP. Colocou-se, para o efeito a máscara nasal no paciente, ajustando-se progressivamente as pressões do ar, até ter sido obtida uma redução para metade do número de apneias por hora, ou o seu desaparecimento. Às sete horas, do dia seguinte, os pacientes foram acordados, o polígrafo foi desligado e retiraram-se todos os eléctrodos. Os pacientes foram fazer a sua higiene diária e enquanto alguns pacientes quiseram ir de imediato embora, outros tomaram antes o pequeno almoço que lhe foi servido no quarto.

Três meses, após o tratamento com o CP AP (fase T3 da recolha de dados), e no contexto duma consulta de "follow-up", os pacientes preencheram novamente o questionário da qualidade de vida na apneia do sono, o qual que incluía mais um grupo, o Grupo V- sintomas relacionados com o tratamento (SRT) e o questionário SF-36.

Depois de termos apresentado a descrição dos procedimentos relativos à recolha dos dados, referiremos seguidamente os procedimentos referentes à sua codificação e transformação.