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De acordo com Richardson (1999, p. 70), em sentido genérico, o método em pesquisa refere-se à escolha de procedimentos sistemáticos para a abordagem, descrição e análise do fenômeno escolhido para investigação. Tendo em vista que

os procedimentos, como abordado por Köche (1997, p. 69), não são apresentados “como prescrições dogmáticas, mas como elementos que se somam à imaginação crítica ou a criatividade do investigador”.

Na literatura pertinente, encontra-se uma diversidade na classificação de pesquisas, dependendo do tipo da variável adotada pelo autor. Mattar (1999, p. 76) apresenta uma breve discussão e um quadro resumo referente aos tipos de pesquisa relacionados com seus autores, salientando que, pelo menos, sete diferentes variáveis são utilizadas na classificação. O autor, no entanto, adota a classificação que leva em consideração o objetivo e o grau em que o problema de pesquisa está cristalizado e a natureza do relacionamento entre as variáveis estudadas. Para Silva e Menezes (2001, p. 23) “uma mesma pesquisa pode se enquadrar, ao mesmo tempo, em diversas classificações, desde que obedeça aos requisitos inerentes a cada tipo”. Assim, com base nos autores supra-referidos, neste trabalho adota-se a classificação em relação às seguintes variáveis: aos objetivos, à forma de abordagem, à natureza e aos procedimentos adotados.

Em relação aos objetivos, a presente pesquisa, com base em Gonsalves (2001), caracteriza-se como descritiva, ao analisar e procurar compreender os fatos como eles se apresentam na realidade, sem manipulá-los, revelando a dinâmica própria e singular do fenômeno sob investigação. Ou ainda, parafraseando Oliveira (2002), por ser o procedimento mais adequado quando se procura aprofundar a compreensão sobre os diferentes fatores que influenciam determinado fenômeno. Para Lima (2004, p. 27), este tipo de pesquisa “se compromete a identificar quais [...] atitudes ou opiniões estão manifestos em uma determinada população”. Para Triviños (1987, p. 110), “pretende descrever ‘com exatidão’ os fatos e fenômenos de determinada realidade” e também o “estabelecimento das relações entre variáveis”, de acordo com Gil (2002, p.42).

Mas, ao mesmo tempo em que descreve um fenômeno, segundo Gil (2002, p. 41), “busca o desenvolvimento, o esclarecimento e a modificação de idéias para a formulação de novos conceitos posteriores” assim sendo, pode ser classificada, também, em função de seus objetivos, como exploratória. Para o autor citado, o desenvolvimento da mesma envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com

pessoas que vivenciam/vivenciaram o processo pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão.

Assim, considerando que para Gil (2002, p. 42) “as pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática”, entende-se que situar uma pesquisa na fronteira da exploratória e descritiva, não a desqualifica, ao contrário, atende às exigências científicas.

No que diz respeito à forma de abordagem, esta pesquisa pauta-se pela abordagem qualitativa15, que segundo Minayo (1994, p. 22) “aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas”, permitindo, ainda, ampliar as relações descobertas. Fundamenta-se, também, nas características da pesquisa qualitativa definidas por Godoy (1995, p. 60) e Oliveira (2002, p.115), a saber:

a) considera o ambiente como fonte direta dos dados; b) possui caráter descritivo;

c) o processo é o foco principal de abordagem;

d) a ênfase se encontra na interpretação do fenômeno.

Apesar da predominância da abordagem qualitativa, e entendendo como Goode e Hatt (1968, apud OLIVEIRA, 2002, p.116), que “a pesquisa moderna deve rejeitar como falsa dicotomia, a separação entre estudos qualitativos e quantitativos ou entre ponto de vista estatístico e não-estatístico”, não se descarta a adoção de sumarizações e agrupamentos estatísticos, como forma de interpretação do fenômeno, a partir de opiniões dos atores envolvidos no processo, sob forma numérica. Ou seja, esses agrupamentos seriam colocados em análise como forma de naturalização do objeto.

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Denominada de acordo com Creswell (1994, p. 4), como: “abordagem construtivista ou naturalística (LINCOLN; GUBA, 1985), abordagem interpretativa (SMITH, 1983), ou abordagem pós-positivista ou pós-moderna (QUANTZ, 1992). Iniciou como um contramovimento à tradição positivista do final do século XIX, por meio dos escritos de Dilthey, Weber e Kant (SMITH, 1983)”.

Dessa forma, corrobora-se com Abramovay e Castro (2004, p. 37) ao considerar que essas abordagens, embora distintas, são complementares e que sua combinação tem por finalidade realizar um mapeamento das características e das percepções dos sujeitos.

Diante do exposto, cabe registrar que por meio da pesquisa qualitativa, procurou-se analisar as motivações e o conteúdo das manifestações sociais de alunos, pais, professores, funcionários e direção, recorrendo, para tanto, a técnicas de entrevistas e observações in loco (participação em atividades coletivas: reuniões de professores, de pais, conselhos de classe, reuniões da equipe diretiva e observação de atividades coletivas interativas: atividades esportivas, jogos, festa junina, entre outros). E, a partir da pesquisa quantitativa, se desenvolveu a caracterização dos atores e o mapeamento do estabelecimento utilizando-se de questionários auto- aplicáveis e da análise documental.

Quanto à natureza, segundo Silva e Menezes (2005, p. 20), a pesquisa pode ser classificada em básica ou aplicada. Por se tratar de uma investigação original realizada com a finalidade de obter novos conhecimentos, mas dirigida, primordialmente, a um objetivo ou propósito prático e específico, a presente pesquisa classifica-se como aplicada.

E, finalmente, em relação aos procedimentos a serem adotados, segundo Köche (1997, p.135), estes dependem da natureza do problema investigado, de suas variáveis, de suas definições, das condições e competência do investigador, do estado da arte em que se encontra a área de conhecimento em que se insere o problema investigado, dos recursos financeiros e tempo disponível para construção da pesquisa. Assim, com base nos pressupostos do autor, foram adotados os seguintes procedimentos básicos: a pesquisa bibliográfica, para dar o embasamento necessário para o desenvolvimento da mesma, ou seja, desde a definição do problema e objetivos da pesquisa, até o momento da conclusão; a definição da metodologia, onde descreve-se o caminho percorrido para alcançar os objetivos propostos, ou seja, da elaboração, validação e aplicação dos instrumentos de coleta de dados (produção de dados) até a forma de análise dos mesmos, onde, vislumbra- se, na triangulação dos dados, a melhor forma de tecer a complexidade do objeto de estudo; e, por fim, a apresentação da pesquisa em forma de relatório.