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O institucionalismo traz consigo alguns conceitos, no dizer de Baremblitt (1998, p. 66) “recursos teóricos”, que valem ser registrados para um melhor entendimento dos termos utilizados em Análise Institucional, assim, com base em Baremblitt (1998), Foucault (2002) e Lourau (1995) entende-se por:

Analisador: conceito que denota acontecimentos condensadores de forças sócio-políticas até então dispersas, facultando, em conseqüência, a reconstituição analítica de situações ou momentos. Ou seja, àquilo que permite revelar a estrutura da organização, provocá-la, forçá-la a falar. O analisador pode ser:

a) Espontâneo ou Natural: são analisadores de fato, produzidos espontaneamente pela própria vida histórico-social-libidinal e natural, como resultado de suas determinações e de sua margem de liberdade; b) Construído ou Artificial: são dispositivos inventados e implantados

pelos analistas institucionais para propiciar a explicitação dos conflitos e sua resolução;

Análise da Demanda: é a análise e deciframento que se faz do pedido de intervenção por parte de uma organização. É o primeiro e importante passo para que se comece a compreender institucionalmente a dinâmica desta organização. A demanda tem conotação especial para o Institucionalismo, particularmente a de que demanda não existe per se, ela é produzida, de modo que existe um

passo anterior à demanda que é a oferta. A análise da demanda deve estar, necessariamente, articulada com a análise da produção desta demanda, ou seja, a análise da oferta. Para compreender a demanda, é necessário antes, incluir a auto-análise, a compreensão de como a demanda foi gerada;

Análise da Oferta: é um exercício de auto-análise ao qual a organização analítica tem de se submeter para desvendar sua implicação no tocante à geração da demanda. A toda oferta de prestação de serviços subjaz a duvidosa mensagem que consiste na suposição de se saber e de se ter o que o outro precisa, por sua vez, não sabe que não tem e não entende o que é, porque é complexo, sutil, técnico;

Análise da Implicação: a implicação é definida como o processo que ocorre na organização de analistas institucionais, em sua equipe, como resultado de seu contato com a organização analisada, ou seja, o grau de envolvimento, sempre presente, do(s) analista(s) para com o objeto estudado. A análise da implicação é a compreensão da interação, da interpenetração das duas organizações (“cliente” e interventor), enfatizando na parte que cabe a interventora;

Auto-Análise: consiste em que as instituições, como protagonistas de seus problemas, de suas necessidades, de suas demandas, possam enunciar, compreender, adquirir ou readquirir um vocabulário próprio que lhes permita saber acerca de sua vida. Saber este, geralmente apagado, desqualificado e subordinado pelos saberes científico-disciplinários que estão, em boa medida, a serviço das entidades dominantes, como, também, operam como critérios de verdade e eficiência, que são imanentes aos valores de tais entidades;

Auto-Gestão: é, ao mesmo tempo, o processo e o resultado da organização independente que os coletivos se dão para gerenciar sua vida. As comunidades instituem-se, organizam-se e estabelecem maneiras livres e originais para gerenciar suas condições e modos de existência;

Campo de Análise: é o perímetro escolhido como objeto para aplicar o aparelho conceitual disponível, destinado a entender o campo de intervenção, ou seja, é o processo de compreensão dos determinantes desse campo, o que não implica

uma intervenção concreta. Quanto mais amplo o campo de análise, mais possibilidades existem de entendimento do campo de intervenção;

Campo de intervenção: é o recorte que delimitará o espaço dentro do qual se planejarão e executarão estratégias, logísticas, táticas e técnicas que deverão operar neste âmbito específico, para transformá-lo de acordo com as metas propostas. Está em estreita dependência do campo de análise, desde o qual será compreendido;

Equipamentos: conglomerados complexos, montagens de diversas materialidades, podem ser de grande porte (por exemplo, os instrumentos de comunicação de massa) ou de pequena dimensão (por exemplo, impressoras, relógios ponto etc.);

Estabelecimentos: lugar geográfico onde se materializa a instituição e se manifesta o jurídico;

Instituições: são árvores de composições lógicas que regulam as atividades humanas, indicando o que é proibido, o que é permitido e o que é indiferente fazer (podem ser leis, normas etc.);

Instituinte: movimento que gera a instituição, entendido como momentos de transformação institucional, forças que tendem a transformar as instituições, ou também aqueles que tendem a fundá-las quando ainda não existem. São as forças produtivas de códigos institucionais. É processo de produção;

Instituído: é o efeito da ação instituinte, quando este efeito é produzido pela primeira vez, diz-se que se fundou uma instituição. São as leis, as normas estabelecidas que regulam as atividades sociais. É o estado das coisas, é o produto;

Intervenção Institucional: ação transformadora praticada segundo uma ética e uma política, formalizada em uma teoria que aplica de acordo com certas regras metodológicas, uma série de recursos técnicos. Seu objetivo central é propiciar nos coletivos intervindos a ação do instituinte e, no seu limite, a implantação de processos de auto-análise e autogestão;

Organizações: são formas materiais nas quais as instituições se realizam. Por sua magnitude vão desde um grande complexo organizacional, como um Ministério, até um pequeno estabelecimento escolar. É o nível de materialização das instituições;

Poder: multiplicidade de correlações de forças imanentes ao domínio onde se exercem. O poder é positividade, é produção em ato, é a imanência da produtividade e, acima de tudo o poder está em estreita relação com o saber. Poder e saber se produzem e auto-reproduzem, estabelecem uma relação de mútua dependência e independência, produzindo um novo conceito, o poder- saber;

Subjetividade: espaço de encontro do indivíduo com o mundo social. São formas de pensar, de sentir e de perceber a si e ao mundo, produzidas por diferentes dispositivos sociais, culturais, políticos etc., existentes no mundo. É a forma como se reconhece;

Transversalidade: é conceito fundamental para explicar as dinâmicas institucionais. A instituição não está isolada, ela é atravessada pelas respectivas pertinências de seus membros a grupos, categorias e ideologias, pertinências estas que são diferentes daquelas da instituição. Processos e relações que produzem o instituinte, são composições inovadoras.