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3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização da Pesquisa

Para Richardson (2009), o que caracteriza um determinado processo de pesquisa não é nada além do seu método. Este método exige pensamento crítico, de modo que o conhecimento deve ser sempre submetido a reflexões e conexões necessárias que pretensamente possam inferir nas definições e projeções. Nestes termos, este trabalho tem como primeiro elemento metodológico o estabelecimento de um quadro teórico repleto de observações, capazes de fornecer embasamento para responder a formulação do problema da pesquisa mediante pesquisa bibliográfica e documental.

Para entender a inclusão no ensino superior, recorre-se à literatura especializada em políticas públicas, acessibilidade e políticas de Responsabilidade Social, voltadas a pessoas com deficiência, por meio de teses, dissertações, artigos, livros e da legislação. Isto porque, quando se fala em inclusão, precisa-se ter claro que essa discussão pressupõe “um processo espontâneo e subjetivo que envolve direta e pessoalmente o relacionamento entre seres humanos” (GLAT, 1998 apud OLIVEIRA, 2010, p. 109). Sendo essa discussão bastante nova, fazem-se necessários, ainda, estudos e pesquisas na área.

Especificamente sobre inclusão, o foco está na configuração dos problemas e de situações de existência dos sujeitos. No ponto de vista de Trivinos (1987), o pesquisador é o sujeito dotado de necessidades, motivos, desejos, porém nem sempre é consciente, recebendo influência das ações e atitudes, mudando seu ato, em assumir o novo papel de coletar e analisar dados, vencendo os obstáculos e propiciando resultados satisfatórios.

Para Minayo (1993), a metodologia pode ser compreendida como “o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. Assim, neste âmbito, o pensamento é inserido nas concepções teóricas, ou seja, num conjunto de técnicas que possibilitam a constituição desta realidade pelo pesquisador. Deste modo, a autora define metodologia como o conjunto de técnicas que “deve dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado e capaz de encaminhar os impasses teóricos para o desafio da prática”.

A estrutura do processo de pesquisa deste trabalho seguiu a proposta de Huhne (1992). Conforme o autor a pesquisa passa pelas seguintes fases: Escolha do Assunto; Pesquisa Bibliográfica; Pesquisa Não-Empírica; Pesquisa Empírica; Documentação; Crítica da Documentação; Redação e Construção.

Esta pesquisa, então, utiliza uma abordagem qualitativa instrumentalizada pela coleta de dados por meio de questionários e análise documental. O trabalho se assinala como um estudo multicaso34, também chamado de estudo de casos múltiplos. O multicaso e o estudo de caso único são métodos incluídos no âmbito do método do estudo de caso:

34

O termo multicaso neste estudo refere-se aos estudos comparativos (veja GEORGE, 1979; LIPHART, 1971). Haja vista que o mesmo estudo pode conter mais de um caso único.

uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente” e segundo Yin (2001,p.21), “ o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas do evento da vida real. O método envolve nas ideias a rigidez nos objetivos, a originalidade e conexões diretas. (TRIVINOS, 1987, p. 133).

Foi adotado o método estudo de caso, haja vista a possibilidade de investigar o fenômeno em seu contexto, como propõe Yin (2005). Assim sendo, esta estratégia de pesquisa permitiu a análise de determinadas características das instituições, como também da perspectiva dos sujeitos da pesquisa em relação à IES a que pertencem.

Para Yin (2001, p. 32) o estudo de caso é um dos meios de se fazer pesquisa em ciências sociais. É utilizado como forma de estabelecer um conhecimento sobre indivíduos, organizações, sociedade e fenômenos políticos. Segundo o autor, um estudo de caso é uma investigação empírica que “[...] investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

Após a coleta e tabulação dos dados, já na parte quantitativa do estudo, utilizou-se o SPSS v.15 para a realização da correlação entre as IES (UNI1 e UNI2), com seus respectivos pesquisados, e suas respostas dadas ao Questionário, que pode ser encontrado no Apêndice A. Respeitando a Escala de Likert proposta, foram encontrados e descritos os resultados da pesquisa nas vinte Tabelas contidas no 4.4 Concepção de categorias da política nas universidades e condição para acesso de alunos surdos.

Essa justificativa metodológica faz referência à característica descritiva deste trabalho. Esse tipo de pesquisa é capaz de descrever, observar, registrar e correlacionar fatos e fenômenos sem manipulá-los, como propõe Rampazzo (2002). Fatos como políticas institucionais, questões de acessibilidade e ações afirmativas de Responsabilidade Social podem ser analisados por meio deste método que, por fim, pode demonstrar o início de um processo vantajoso de mudanças nas políticas educacionais nas duas instituições pesquisadas.

Por se tratar de uma investigação qualitativa, esta pesquisa pode envolver segundo Godoy (1995), várias estratégias, tais como a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia. Na mesma perspectiva, esta investigação é de âmbito local e se caracteriza como de natureza exploratória, pois abrange a pesquisa bibliográfica e a busca documental. A

pesquisa ainda lança mão do paradigma interpretativista, ao buscar interpretar – ao descrever – as realidades e os objetos estudados.

Sabemos que a pesquisa qualitativa apresenta pelo menos a existência de três possibilidades oferecidas pela abordagem: a pesquisa documental, o estudo de caso e a etnografia (GODOY, 1995b, p. 21). Para este trabalho achou-se pertinente à aplicação de um estudo de caso múltiplo pela pretensão de uma análise profunda de uma unidade de estudo.

Na visão de Godoy (1995b, p. 25) o estudo de caso busca ao exame detalhado de um ambiente, de um sujeito ou de uma situação em particular. Amplamente usados em estudo de administração a estratégia de estudo de caso tem se tornado a modalidade preferida daqueles que procuram saber como e porque certos fenômenos acontecem ou dos que se dedicam a analisar eventos sobre os quais a possibilidade de controle é reduzida ou quando os fenômenos analisados são atuais e só fazem sentido dentro de um contexto específico.

A pesquisa teve como participantes 14 (quatorze) sujeitos pertencentes a duas universidades de Fortaleza. Nesta dissertação, cada instituição é considerada um caso, no qual os sujeitos pesquisados participam em diversos níveis de vinculação. Assim sendo, a pesquisa se caracteriza como estudo de caso. Para Santaella (2001 apud SOUZA, 2008, p. 74). “[...] o estudo de caso se volta para indivíduos, grupos ou situações particulares para se realizar uma indagação em profundidade que possa ser tomada como exemplar.”

Da pesquisa qualitativa se tem parte da obtenção de dados descritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação objeto do estudo. Frequentemente nesse tipo de pesquisa, o pesquisador procura entender os fenômenos segundo as perspectivas dos participantes da situação estudada e, a partir de então emite sua interpretação sobre os fenômenos estudados. E foi com base nessas premissas que se fez a realização deste trabalho. Para Oliveira (2002, p. 116) o método qualitativo não tem a pretensão de numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas, sendo assim não empregando dados estatísticos como centro do processo.