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Políticas de Eliminação de Barreiras: geradores de campi sociais para surdos

2 CULTURA ORGANIZACIONAL E ACESSIBILIDADE

2.2 Políticas de Eliminação de Barreiras: geradores de campi sociais para surdos

A visão dos direitos humanos e do conceito de cidadania baseado no reconhecimento das diferenças e na participação dos sujeitos deriva de uma identificação nos mecanismos e processos de hierarquização que operam na regulação e produção das desigualdades. A luta do movimento pela inclusão se faz contra os processos normativos de distinção dos alunos, em razão de características intelectuais, físicas, culturais, sociais e linguísticas, que, mesmo diferentes, sempre estiveram a serviço de hierarquizações e separações estruturantes do modelo tradicional de educação escolar, que podem definir e manter diferentes formas de rejeição. Não se pode esquecer, no entanto, de que algumas situações pressupõem distinções que se expressam a favor dos estudantes, como é o caso dos surdos, que, por suas características linguísticas e culturais, demandam um atendimento específico nas instituições de ensino superior e classes bilíngues. Como orienta a Secretaria dos Direitos Humanos, contribui também para a criação de uma cultura universal dos direitos humanos direcionados (BRASIL, 2003, p. 11):

 ao fortalecimento do respeito aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano;

 ao pleno desenvolvimento da personalidade humana e senso de dignidade;

 à prática da tolerância, do respeito à diversidade de gênero e cultura, da amizade entre todas as nações, povos indígenas e grupos raciais, étnicos, religiosos e lingüísticos;

 à possibilidade de todas as pessoas participarem efetivamente de uma sociedade livre.

Também são discutidas as políticas de inclusão e as barreiras enfrentadas dos atos de sua efetivação, visto que as narrativas não saem dos textos escritos e verbais, pois, na prática, os surdos têm pouca expressividade. Para tanto, foi analisada a LDB junto à Constituição Federal, que garantem o direito que todas as pessoas tenham educação.

Com a compilação dos dados, pode-se perceber a relevância da inclusão nas IES, desde a chegada desta pessoa com deficiência, percorrendo desde o tipo de inclusão educacional que se almeja até a política de inclusão.

Por que uma análise desse tipo pode ser importante? Em primeiro lugar, porque, deste modo, se deixa pensar numa perspectiva voltada para um olhar sobre as diferenças, e, de outra parte, fomenta uma discussão sobre a tão falada inclusão no modelo atual do campo social de surdos universitários que estão nas IES. O esquema apresentado na figura inclina-se a tratar sobre o tema de maneira clara e coesa.

Figura 1 – Esquema de inclusão social das pessoas surdas

Tipo de Política Publica

Estrutura Operacional

Ciência e Tecnologia Empresarial Comunicação Visual Transportes

Acessibilidade, telefônica surda, telecomunicações, próteses etc.) Consciência, respeito, ética etc. Divulgação da LIBRAS, Seminário, Treinamento, aperfeiçoamento, e mídia Sinalização especial, adequação das vias

(dentro da IES)

Educação Saúde Ambientais Seguridade social

Habilitação e profissional, formação de

professores, livros em libras,data show etc.)

Médico, Psicólogo, Terapêutica Ocupacional fornecem atendimento na comunicação com pacientes surdos Visibilidade tecnológica, e Instalações apropriadas (Núcleo de Acessibilidade) Seguro acidente de trabalho, benefício assistencial em LIBRAS

Legislativa Assistencial social Gestor, Pesquisador, Professor, Técnico

Administrativo e Alunos sobre conhecimento acadêmico de surdos

Cotas, passe livre, isenção de impostos, Concurso em LIBRAS

Mundo dos direitos, educação cidadã, garantia

social

Produção cientifica, ação inclusiva, e acessibilidade acadêmica, ensino, pesquisa e

extensão da Instituição do Ensino Superior.

Organização Acadêmica Tecnologia Funcional ou Mobilização Combate Preconceito ou exclusão Movimento Social e Político Plano de Desenvolvimento Educacional

Inclusão universitária social das pessoas surdas

Universidade e Faculdade inclusiva Atividades Culturais e esportivas Acadêmica e Extensão

Informação política Direitos Humanos

Fonte: Elaborada pelo autor (2011).

A finalidade desta ilustração acima consiste em revelar que o conceito de deficiência no campo acadêmico possui barreiras e dificuldades, porém com possibilidade de ser reduzida por políticas públicas eficientes. A inclusão social tem grande importância dentro da política

pública, pois é nela que ajudará a melhoria das alterações e com fácil acesso do trabalho social acadêmico.

Belloni (2000) explica ser preciso que as instituições educacionais tenham consciência dos objetivos ou funções da avaliação institucional, ou seja, (i) estabelecer mecanismos de controle de qualidade do funcionamento e, principalmente, do produto das instituições, visando a melhores padrões de eficiência e eficácia; (ii) fornecer informações à própria instituição, ao sistema e à sociedade, com vários objetivos, entre os quais alocação de recursos humanos e financeiros, formulação de políticas e definição de prioridades e; (iii) institucionalizar um processo sistemático de reflexão e tomada de decisão com vistas à efetividade social do seu funcionamento, isto é, o cumprimento da missão científica e social da universidade.

O principal objetivo da autora acima é analisar o desempenho organizacional da instituição do ensino superior, como: a implementação da Responsabilidade Social para inclusão de alunos surdos na universidade, a alocação de recursos humanos para formação de gestores, técnicos e funcionários.

Levam em conta ações desenvolvidas pela IES com vistas à inclusão e assistência a setores ou grupos sociais discriminados; critérios adotados para portadores de deficiência especial; atividades em interação com o meio social; políticas institucionais de inclusão de estudantes em situações econômicas desfavorecidas; relações estabelecidas pela instituição com o setor público, com o setor produtivo e com o mercado de trabalho; ações que visem à promoção da cidadania e de atenção a setores sociais; políticas de formação de pesquisadores; entre outros itens muito importantes a serem considerados (BRASIL, 2004).

Assim, um projeto social organizado com a responsabilidade da escolha da inclusão dos alunos surdos na universidade tem como obrigatoriedade um intérprete caracterizado como técnico, para estar à frente como tradutor de alunos surdos quanto ao seu desempenho e aprendizagem. O trabalho dos intérpretes está vinculado a IES e disposto com o intuito de mediar a comunicação entre coordenação de cursos de graduação, mestrados e doutorados, bem como os professores e demais colaboradores recorrendo às leis e decretos que tratam da acessibilidade nas instâncias de ensino, pesquisa e extensão.

A sociedade está no ponto de vista, por meio do governo político, programando ações de responsabilidade universitária social para o avanço do quadro social da companhia política. A Constituição e demais políticas públicas devem cumprir ritualmente a formulação, estratégia praticada para que possa aperfeiçoar a sociedade.

O universo social de influencia politicamente a educação superior, que tem a necessidade de desempenhar a legislação focada por intermédio da paridade que obriga a lei para pessoa com deficiência, por meio do direito. Para tanto, a contribuição do ensino superior na área da educação em direitos humanos implica a consideração dos seguintes princípios:

• a universidade enquanto depositária e criadora de conhecimento é uma instituição

social com vocação republicana, diferenciada e autônoma, comprometida com a democracia e com a cidadania;

• o papel do ensino superior em uma sociedade pautada pela desigualdade e pela

exclusão da maioria da população deve ser o de garantir um compromisso cívico e ético de contribuir para a implementação de políticas públicas voltadas para as suas necessidades básicas;

• na área do ensino, as atividades acadêmicas devem estar voltadas para a formação

de uma cultura nacional baseada nos direitos humanos como tema transversal, criando programas interdisciplinares específicos nos cursos de graduação e de pós- graduação;

• ao nível da pesquisa, deve ser incentivada a criação de linhas interdisciplinares e

interinstitucionais relacionadas ao tema dos direitos humanos, com apoio dos organismos de fomento;

• no campo da extensão universitária, devem ser desenvolvidos programas para a

formação de professores de diferentes redes de ensino, assim como demais agentes de educação em direitos humanos em nível local, regional e nacional, de modo a configurar uma cultura educativa nesta área (BRASIL, 2003, p. 24).

A universidade é alvo de mudança, com o tempo os gestores têm que realizar PDI modificado para implantar nova estratégia da Responsabilidade Social, que deve ter qualidade interna e externa. E, de forma ampla, a empresa tem responsabilidade de declarar recursos estratégicos organizacionais da política inclusiva na IES.

Além do mais, deve-se coibir e inibir os tipos de eliminação preconceituosa e reconhecendo a paridade constitucional entre as pessoas. É uma atitude que faz parte de uma postura ética aceita como valor e prática nos negócios. Em consequência, os diversos valores da diversidade que esteja inserida por meio das organizações tanto quanto um objeto positivo de consistência social, riqueza de habilidade e capacidade.

O direito de acesso, ingresso e permanência de pessoas com deficiência no sistema educacional escolar tem sido objeto de reflexões, principalmente nas últimas décadas. Hoje,

com os avanços relativos ao papel da educação na elaboração e exercício da cidadania de todas as pessoas e com a importância que se atribui à educação continuada, leva-se a discutir o papel das Universidades para garantir a presença e participação de pessoas com deficiência nos seus quadros docente, discente e de funcionários não docentes.

É preciso discutir sobre a educação de pessoas com deficiência numa perspectiva inclusiva, como integrante do sistema educacional brasileiro, dispõe-se a considerar seus valores e práticas em prol dessa inclusão. Em relação à permanência de pessoas com deficiência auditivas e ou surdez, a reclamação constante é a falta de tradutores de LIBRAS. As outras queixas são a falta de espaços adaptados; professores com cultura de aceitação; tentativa da maioria das universidades em restringir espaços para as pessoas com deficiência.

Atribuições constitucionais da universidade nas áreas de ensino, pesquisa e extensão delineiam sua missão de ordem educacional, social e institucional. A produção do conhecimento é o motor do desenvolvimento científico e tecnológico, e, também cabe à universidade um compromisso com o futuro da sociedade brasileira, tendo em vista a promoção do desenvolvimento, da justiça social, da democracia, da cidadania e da paz. (BRASIL 2003, p. 24).

Dentre outros objetivos acadêmicos este trabalho visa alcançar o conceito prático, ou seja: a implantação de políticas de atenção à pessoa com deficiência, garantindo à comunidade universitária os aspectos da vida universitária, com acessibilidade física e pedagógica, conscientização e sensibilização da comunidade. Em pesquisa realizada em Fortaleza pela Gestão Municipal da cidade, foi entendida a necessidade de criar e programar políticas públicas planejadas, articuladas e integradas para atender às necessidades e garantir os direitos das pessoas com deficiência – cerca de 290 mil fortalezenses. Efetivar a autonomia e a participação plena das pessoas com deficiência, em todos os aspectos da vida em sociedade, significa possibilitar a elas as mesmas condições de acesso. Dessa forma, as políticas públicas de direitos humanos para a população com deficiência passam pela garantia da acessibilidade. Um dos princípios gerais da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o direito à acessibilidade está garantido na legislação brasileira por meio do Decreto Federal nº 5.296. Assinado em 2004, o decreto estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida – pessoas idosas, grávidas e anãs, por exemplo.

Essa política está sendo criada com a participação efetiva dessa população. Em 2007, a prefeita de Fortaleza criou por decreto a Comissão de Políticas Públicas Municipais para Atenção às Pessoas com Deficiência (COMPEDEF), composta por 13 pessoas com deficiência (física, auditiva, visual e intelectual). A comissão tem o objetivo elaborar a Política Pública Municipal de Atenção às Pessoas com Deficiência (PADEF), que deve ser desenvolvida de forma transversal pelos diversos órgãos municipais. Hoje, a coordenação e o monitoramento dessa política são feitos pela Coordenadoria de Pessoas com Deficiência (COPEDEF), que integra a estrutura da Secretaria de Direitos Humanos de Fortaleza (SDH). Uma das ações a ser feita é a contratação de intérprete de Libras para os eventos públicos da gestão e assembleias do Orçamento Participativo (OP) e janela de interpretação em LIBRAS nos programas institucionais (cumprindo o Decreto nº. 5.296).

Em 2010, foi criada a Central Municipal de Intérpretes e Instrutores de LIBRAS (CEMIL) para atender à população, com, o intuito de garantir o atendimento de qualidade às pessoas surdas e com deficiência auditiva por meio de serviços de interpretação, bem como o ensino da Libras para profissionais dos órgãos públicos municipais e pessoas envolvidas na área de atenção à surdez: Garantir, por meio dos serviços de tradução e interpretação, a acessibilidade das pessoas surdas e com deficiência auditiva nas áreas de educação, saúde, trabalho e capacitação profissional, assistência social, cultura, esporte e lazer; elaborar e ministrar cursos da LIBRAS para profissionais dos órgãos públicos municipais e pessoas envolvidas na área de atenção à surdez, visando a garantir um atendimento de qualidade às pessoas surdas e com deficiência auditiva.

2.3 Responsabilidade Social como Instrumento de Inclusão: conceitos e