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Caracterização pessoal e académico profissional dos professores participantes no

PARTE II ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

CAPÍTULO 3 CONFIGURAÇÃO DO ESTUDO EMPÍRICO

3.12 Amostra do estudo

3.12.1 Caracterização da amostra obtida através do questionário

3.12.1.1 Caracterização pessoal e académico profissional dos professores participantes no

O primeiro bloco do questionário tinha como objetivo caracterizar a amostra e, nesse sentido, compreende dimensões como:

a) Género: No que se refere a este item, verificámos que 54,93% dos professores

inquiridos são do género feminino, correspondendo o género masculino aos restantes 45,07%, conforme se pode observar na Tabela 2.

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Tabela 2 Género dos professores inquiridos por questionário

Fa Fr

Feminino 306 54,93

Masculino 251 45,07

Total 557 100,00

Quanto ao género, continua a constatar-se a feminização do corpo docente, embora não de forma tão evidente mostrando-se implicação do género masculino.

b) Idade: Relativamente à idade dos professores da amostra, estamos perante uma

distribuição etária assimétrica (Tabela 3), dada a existência de outliers, isto é valores numericamente discrepantes do conjunto de dados recolhidos. A classe modal desta distribuição é a correspondente ao intervalo [36-40] anos, cuja representatividade ronda os 30,87% (172).

Tabela 3 Idade dos professores inquiridos por questionário

Fa Fr Fr acumulada 21-25 5 0,89 ,89 26-30 63 11,31 12,20 31-35 133 23,87 36,09 36-40 172 30,87 66,96 41-45 90 16,15 83,12 46-50 55 9,87 93,99 > 50 39 7,00 100,00 Total 557 100,00

Assim, trata-se de um corpo profissional, cuja média de idades é de 38,5 anos (± 7,0 anos).

c) Perfil académico: Outro item utilizado para descrever a amostra foi a caracterização do

seu perfil académico. Esta dimensão refere-se ao “sistema educativo”, hierarquicamente estruturado e cronologicamente classificado, desde a educação pré-escolar até ao ensino superior e estudos académicos de pós-graduação. Quer isto dizer que a aprendizagem é certificada sob responsabilidade de profissionais qualificados, correspondendo à aprendizagem no âmbito dos sistemas de educação e de formação.

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c1 ) Formação Inicial: Relativamente à formação inicial nem todos os professores são

licenciados no âmbito do grupo de recrutamento da EF, embora se constate que 98,19 % (547) possuem formação inicial nessa área (Tabela 4).

Tabela 4 Formação inicial dos professores inquiridos por questionário

Fa Fr

Ciências do Desporto e Educação Física 365 65,52

Dança 4 0,72

Educação Física 183 32,84

Educação Musical 2 0,35

Línguas e Literaturas Modernas 1 0,17

Educação Física Especial 1 0,17

Teatro 1 0,17

Total 557 100,00

A formação inicial predominante dos professores inquiridos é em Ciências do Desporto e Educação Física e Educação Física.

c2 ) Envolvimento em estudos de pós-graduação: Segundo a Tabela 5, a maioria dos

professores apenas possui licenciatura (65,17%), ao passo que os estudos de mestrado são referidos por 97 participantes, sendo que 9 referem-se à conclusão do segundo ciclo de Bolonha. Os estudos de pós-graduação são mencionados por 14,54% dos docentes (81) e 1,25% (7) fizeram estudos de doutoramento.

Tabela 5 Grau académico dos professores inquiridos por questionário

Fa Fr Fr

acumulada

Licenciatura 363 65,17 65,17

Pós-graduação 81 14,54 79,71

Mestrado 97 17,41 97,13

Mestrado (2.º Ciclo de Bolonha) 9 1,61 98,74

Doutoramento 7 1,25 100,00

Total 557 100,00

Consideramos que o envolvimento em estudos de pós-graduação é relativamente expressivo por referência ao conjunto de professores inquiridos, sendo os cursos de pós- graduação e de mestrado que contam com maiores frequências (187), talvez por terem um

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período de duração menor e, como tal, de menor investimento. Ainda assim, é de destacar a taxa de frequência de cursos de Doutoramento, não obstante o seu caráter residual que se situa nos 1,3% (7).

d) Percurso profissional: Em traços gerais, o percurso profissional diz respeito ao

conjunto de atividades desenvolvidas em função dos saberes e das competências exigidos para o desempenho de determinada profissão, bem como as diferenciadas funções, papéis e/ou cargos desempenhados nos contextos de trabalho.

Nesse sentido, qualquer abordagem ao percurso profissional de um conjunto de professores pressupõe, em nosso entendimento, considerar a situação profissional e o exercício de funções docentes, ou seja, o tempo de serviço.

d1 ) Situação profissional (vínculo de trabalho): Relativamente à situação profissional

(Tabela 6), a maioria dos professores inquiridos possui uma situação profissional estável: 62,11% pertencem aos quadros de nomeação definitiva e 6,28% aos quadros de zona pedagógica totalizando 68,39%. Porém, uma expressão considerável de professores, na ordem dos 30,87%, encontra-se em situação de contrato.

Tabela 6 Situação profissional (vínculo de trabalho) dos professores inquiridos por questionário

Fa Fr PQND 346 62,11 PQZP 35 6,28 Contratado 167 30,87 Substituição 4 0,72 Total 557 100,00

d2 ) Tempo de serviço: Pelos resultados sistematizados na Tabela 7, mais de metade dos

professores 52,06% (290) indicam que o seu tempo de serviço se enquadra no intervalo [6, 15] anos. Cerca de 17,41% dos docentes (97) tem entre 16 e 20 anos de serviço e aproximadamente 10,00% (54) tem entre 20 e 25 anos. Com mais de 25 anos de serviço apresentam-se 7,54% dos inquiridos (42). Por outro lado, existem professores com reduzido tempo de serviço, mediando entre 0 a 5 anos 13,28%, (74). Deste modo a média do tempo de serviço calculada é de 13,8 anos (± 7,4 anos).

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Tabela 7 Tempo de serviço (anos) dos professores inquiridos por questionário

Fa Fr Fr acumulada 0-5 74 13,28 13,28 6-10 126 22,62 35,90 11-15 164 29,44 65,35 16-20 97 17,41 82,76 21-25 54 9,69 92,46 > 25 42 7,54 100,00 Total 557 100,00

De modo geral, verifica-se pelo tempo de serviço que a maior parte dos professores se encontra num período de experiência alargada relativamente à sua atividade profissional. Ainda assim, e considerando o paradigma no qual se enquadra o presente estudo, relembra- se que o conhecimento profissional advém não apenas da experiência (prática), mas, sobretudo, da reflexão que lhe assiste, dos mecanismos de formação contínua e da disponibilidade para aprender ao longo da vida. Bolivar (2002) afirma que “o desenvolvimento de uma carreira é um processo que, embora pareça linear, apresenta avanços, recuos, descontinuidades ou mudanças imprevisíveis” (p. 52). Para o autor, as teorias do desenvolvimento dos adultos e do desenvolvimento profissional dos professores vêm empregando os ciclos de vida profissional como uma maneira de entender a evolução profissional e ainda o grau de compromisso ou implicação com a mudança e a inovação64.

d3 ) Âmbito/Ciclo de ensino: Os professores inquiridos exercem funções docentes em

vários ciclos de ensino, interessando-nos particularmente a docência no 3.º CEB. Pela observação dos dados sistematizados na Tabela 8, percebe-se que, previsivelmente, esse ciclo de ensino agrega o maior número de inquiridos (73,07%). Em alguns casos, a intervenção faz-se, concomitantemente, com incursões no 2.º CEB e no ensino secundário.

64 Huberman (1995) aponta 5 ciclos na vida profissional dos professores, atentando nos anos de experiência. O início da carreira (três

primeiros anos) é marcado pela entrada e pelos contactos iniciais com a profissão, caracterizando-se pela descoberta. Nesta fase, são explorados os contornos da profissão e são feitas as primeiras opções profissionais. A seguir, entre 4 e os 6 anos de exercício, vem a fase de estabilização, marcada pela consolidação das habilidades, pelo compromisso com as escolhas profissionais e pela autonomia e segurança no enfrentar das situações e na consolidação da prática pedagógica e da forma de ser professor. Esta fase é fundamental para a construção da identidade profissional. Entre 7 e 25 anos de experiência, o professor vive a fase de diversificação e experimentação, marcada pela busca de atualização e de melhores expetativas profissionais. Na luta contra a rotina e o tédio, procura novas experiências dentro e fora da sala de aula e alguns ficam atentos a novos desdobramentos da carreira e a cargos de ascensão profissional mais valorizados e mais bem remunerados do que a docência. Muitas vezes, o enfrentamento dos desafios, as condições de trabalho e o balanço do percurso profissional são marcados por incertezas e por momentos de crise, desencadeando a fase de questionamento ou de redelineamento.

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Tabela 8 Âmbito/Ciclo de ensino dos professores inquiridos por questionário

Fa Fr

3.º CEB 407 73,07

2.º e 3.º CEB 49 8,79

2.º CEB com envolvimento no 3. CEB 41 7,36

3.º CEB e secundário 60 10,77

Total 557 100,00

a) Localização geográfica por Direção Regional de Educação: Esta variável

identifica a localização geográfica da escola, onde o professor leciona, o que também permite contextualizar as suas respostas. Constata-se na Tabela 9 que a maioria dos inquiridos pertence à DREN (48,47%) e a menor representação é da DREAL ( 3,59%) e da DREA (2,69%), o que pode dever-se ao facto de serem regiões mais despovoadas e, como tal, com menos estabelecimentos de ensino

Tabela 9 localização geográfica da escola segundo a Direção Regional de Educação onde o professor se encontrava a lecionar

b) Experiência pessoal em Dança adquirida no percurso de vida: Como já

tivemos oportunidade de referir, a experiência pessoal encontra-se imbricada na profissionalidade dos sujeitos. Esta natureza indissociável permite, em certa medida, compreender determinados comportamentos, atitudes e ações. Segundo a experiência como praticante de Dança, uma percentagem significativa (59,61%) de professores inquiridos refere nunca ter praticado Dança. Porém, 37,34% dos professores tiveram oportunidade de vivenciá-la (Tabela 10).

Fa Fr DRELVT 167 29,98 DREC 85 15,26 DREN 270 48,47 DREA 15 2,69 DREAL 20 3,59 Total 557 100,00

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Tabela 10 Professores inquiridos por questionário com prática de Dança

Fa Fr Não 332 59,61 Sim 208 37,34 Total 540 96,95 Omissos 17 3,05 Total 557 100,00

Dos respondentes (208) que afirmam ter praticado (e que ainda praticam) dança, pensámos ser interessante conhecer as respetivas modalidades (Tabela 11), sendo este um indicador que possibilita também compreender as práticas com os alunos, adquirindo sentido a máxima segundo a qual “só se ensina, o que se sabe”.

Tabela 11 Formas de Dança praticada pelos professores inquiridos por questionário

Observa-se que são as danças aeróbicas 23,56% (49), as danças sociais 16,83% (25) e as danças hip-hop/funk 13,94% (29) que reúnem maior representação. Com frequências menores encontram-se a Dança clássica, a Dança étnica, a Dança Moderna e Dança Criativa (educativa).

A Tabela 12 pretende ilustrar a experiência no ensino da dança (em anos) dos professores inquiridos, fazendo-o por referência às áreas disciplinares de EF (425), de EA (79) e de ARE do DE (138), lembrando que um professor de EF pode lecionar em mais do que uma área ( EF, EA e/ou ARE do DE).

Fa Fr Dança tradicional 18 8,65 Sociais 35 16,83 Clássica 8 3,85 Moderna 11 5,29 Hip-Hop-Funk 29 13,94 Aerobica 49 23,56 Contemporânea 10 4,81 Criativa 11 5,29 Jazz 15 7,21 Étnica 7 3,37 Omissos 15 7,21 Total 208 100,00

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Tabela 12 Experiência no ensino da Dança (em anos) dos professores de Educação Física, Educação Artística e Atividades Rítmicas e Expressivas do Desporto Escolar

EF EA ARE Até 1 ano Fa 43 20 20 Fr 10,12 25,32 14,49 2-5 Fa 116 23 41 Fr 27,29 29,11 29,71 6-10 Fa 61 12 23 Fr 14,35 15,19 16,67 > 10 anos Fa 64 2 7 Fr 15,06 2,53 5,07 Subtotal Fa 284 57 91 Fr 66,82 72,15 65,94 Omissos Fa 141 22 47 Fr 33,18 27,85 34,06 Total 425 79 138

Os dados mostram que, na área de EF, apenas 15,06 % dos professores referem dar aulas de Dança há mais de 10 anos. Este número aumenta para 27,29%, (116) quando se trata de experiência de ensino da Dança entre dois a cinco anos. Todavia 10,12%, (43) dos professores possuem menos de experiência no ensino da Dança (até 1 ano). Este resultado é coincidente com a alteração do Programa de Educação Física (Reajustamento) a partir de 2001, no qual se verificou o reforço da matéria alternativa de Dança, tendo sido a possível condição que impulsionou a prática de ensino da Dança nas aulas de EF.

Na área de EA, cerca de 1/4 dos professores também possui entre dois a cinco anos de experiência de ensino da Dança (29,11%), seguindo-se os professores que possuem até um ano de experiência (25,32%; 20), sendo escassos os que possuem mais de dez anos de serviço (2,53%; 2). Este resultado é também coincidente com a inclusão da Dança como disciplina autónoma de Educação Artística na matriz curricular do 3º CEB promovida pela reorganização curricular de 2001, pelo que são poucos os anos de experiência nesta área. No que respeita à área de ARE do DE, a maioria dos professores (29,71%; 41) também possui entre dois a cinco anos de experiência de ensino da Dança, sendo poucos os que contabilizam mais de dez anos (5,07%; 7).

Na presente amostra observa-se que a maioria dos professores inquiridos possui menos de 10 anos de ensino da Dança, sendo que 33,18%; 27,85% e 34,06% dos professores de EF, EA e ARE do DE respetivamente ficaram omissos, não respondendo a esta questão.

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