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Caracterização da prestação do serviço no contexto do CAPS AD III – Primavera

CAPÍTULO 4: O CONTEXTO DE TRABALHO, SIGNIFICADO, POSSIBILIDADES

4.2 A construção das relações sociais e dinâmica do cotidiano de trabalho no CAPS

4.2.1 Caracterização da prestação do serviço no contexto do CAPS AD III – Primavera

O CAPS AD III, denominado Primavera, de Aracaju é o único CAPS referência para adultos no município, e é responsável pelo atendimento de toda a cidade. E está localizado na zona sul da cidade. Em relação ao bairro de origem, Silva et al. (2012) apontam que o CAPS AD recebe usuários das oito (08) regiões de saúde.

Em relação aos bairros dos quais são provenientes os usuários acolhidos no CAPS AD Primavera, destacamos o bairro Santa Maria com (10,73%) em 2009 e (10,16%) em 2010, como aquele que mais acessa o referido serviço, seguido do São Conrado (7,61%) em 2009 e (5,89%) em 2010 e Santos Dumont (7,61%) em 2009 e (8,33%) em 2010. [...] sendo que destacam-se como as regiões com maior demanda no ano de 2009: a 2ª (18,34%), a 1ª (9%), a 7ª (7,61%) e a 3ª (7,61%). No ano de 2010, continuamos a receber mais usuários na 2ª (16,05%), 1ª (10,11%) e 7ª (8,33%) regiões de saúde. Esses dados podem nos indicar concentrações nos territórios em que o uso de SPA está mais prevalente, mas também pode sugerir a facilidade de acesso, por exemplo, da 1ª e 2ª regiões uma vez que o CAPS AD Primavera está localizado na primeira e tem proximidade com a 2ª região (SILVA et al., 2012, p. 49).

Segundo a coordenação do CAPS AD Primavera Aracaju, em 2016, a demanda pelos serviços da instituição atingiu em média trezentos usuários (as) ativos, cadastrados no prontuário da instituição, acompanhados pela equipe e participando das atividades. A maioria

dos (as) usuários (as) declara o uso de múltiplas drogas, porém, segundo o que vem sendo observado pela equipe, a droga maior causadora de problemas sociais é o álcool, por possuir valor acessível e ser facilmente encontrado, principalmente por ser uma droga lícita.

[...] Ora, o álcool parece ser a droga de preferência inicial de um conjunto importante de indivíduos. Seus efeitos de tamponamento de angústias e depressões, aparentemente inofensivos, de início, com o tempo cobram um alto preço sentido nos efeitos de degradação corporal[...] (ROSA, 2011, p. 84).

Silva et al. (2012) sinalizam que os índices de outras pesquisas realizadas em CAPS AD revelam a incidência do álcool como droga de preferência entre os (as) usuários (as) que acessam os serviços AD, a exemplo da cidade de Blumenau/SC, onde o uso do álcool representa 44,37% entre os usuários, enquanto Londrina tem um índice de 46,1%.

O CEBRID constatou em levantamento realizado em 2005 que o álcool vem sendo consumido por cera de 74% da população brasileira – estima-se que os índices de dependência chegam a 12%. Gomes e Capponi (2011) retratam que apesar dos dados, praticamente não se dialoga sobre a redução do uso do álcool, nem mesmo como uma questão de saúde pública.

Com relação à faixa etária, a maior parte dos usuários insere-se entre os 25 e 45 anos de idade. Desse grupo, apenas 10% são do sexo feminino. O quantitativo de mulheres atendidas não tem aumentado em todas as verificações realizadas pela equipe, até mesmo a demanda que chega para o serviço é predominantemente masculina; é o que afirma a entrevistada “Barbie, 2016”.

Em 2012 uma pesquisa sobre a “caracterização do perfil dos usuários do CAPS AD primavera em Aracaju” identificou um aumento da demanda entre os anos de 2009 e 2010, de 34,01% para 56,18% entre o público do sexo masculino, e de 3,23% para 6,59% entre o sexo feminino; percebe-se que com o passar dos anos a presença de mulheres nesse espaço ainda permanece retraída.

Nesse sentido, Silva et al. (2012) apontam que no ano de 2010 foi criada uma estratégia focada exclusivamente para incluir e fortalecer a adesão feminina ao CAPS AD Primavera, no entanto, o referido grupo apresentou uma baixa frequência. Sobre essa questão, vários podem ser os fatores atribuídos à baixa adesão ao tratamento, entres eles “[...] o estigma e o preconceito com relação às mulheres que fazem uso abusivo de drogas e que buscam apoio num serviço que volta as suas ações predominantemente para um público masculino” (SILVA et al., 2012, p. 45).

A predominância do sexo masculino nos serviços especializados de tratamento em álcool e outras drogas, como os CAPS AD, pode indicar também que as implicações do uso de drogas são mais notórias em homens do que em mulheres, porém, isso não pode ser entendido como fator determinante que provoca a não adesão feminina nesses espaços. Esse dado será discutido com maiores elementos na apresentação por bloco temático.

Outra observação de Silva et al. (2012) é que entre os anos de 2009 e 2010 houve um aumento de 14,28% nas inserções de usuários (as) no CAPS AD, desses serão inseridos aqueles em que for verificado prejuízos no conjunto de sua vida social.

Neste sentido, o profissional de saúde precisa estar atualizado no tocante aos sistemas de diagnósticos, para deste modo não minimizar situações que apresentam maior gravidade e nem excessiva importância a quadros mais simples, nos quais o aspecto da dependência ainda não está instalado.

Dentre as ações desenvolvidas no CAPS estão: o atendimento inicial, realizado quando o (a) usuário (a) chega com demandas aos serviços, esse procedimento visa obter dados sobre a sua história de vida, e identificar se o caso em questão insere-se nos objetivos do CAPS; oficinas terapêuticas, que envolvem artes manuais e propostas de meditação; atividades esportivas, como oficina de futebol, natação; grupos de apoio, de saúde e de acolhimento. Este último com o objetivo de situar o usuário com o aprofundamento de informações para que entenda as expectativas da instituição em relação ao usuário, permitir que ele compreenda o que é a Redução de Danos; são realizadas assembleias de usuários (as); e o acolhimento noturno em situações de crise.

As atividades são executadas durante o dia. Durante a noite permanece apenas o acolhimento noturno; o acolhimento conta com seis vagas, quatro masculinas e duas femininos. Entre os profissionais que pernoitam constam um enfermeiro e dois técnicos.