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“Cartografia no sentido lato da palavra não é apenas uma das ferramentas básicas do desenvolvimento econômico, mas é a primeira ferramenta a ser usada antes que outras ferramentas possam ser postas em trabalho (ONU, 2007 apud IBGE, 2007a).”

Para o IBGE (2007b, p. 1) o conceito de cartografia mais aceito na atualidade, é o da Associação Cartográfica Internacional (ACI), mais tarde refeito pela UNESCO, esse conceito é na verdade considerado por alguns técnicos como o mais completo.

A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou da análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos, bem como a sua utilização (IBGE, 2007b, p.1).

O Glossary Of Cartographic Terms-GCT, da Universidade do Texas (2007), define cartografia de forma abrangente. Em sua definição envolve todas as fases ideal para a produção de uma carta, destacando desde a operação de campo até a arte final em trabalho de gabinete.

A cartografia é uma ciência e arte de fazer mapas e quadros. O termo pode ser levado amplamente como incluindo todos os passos precisos para produzir um mapa: planejanejamento, fotografia aérea, inspeção de campo, fotogrametria, edição, separação de cor, e impressão multicoloridas. Porém, elaboração de um mapa tende a limitar uso de termo, às operações de acabamento do mapa no qual a edição de manuscrito, especialista em edição e chapas colorida preparada para impressão litográfica.

Para Archela (2007, p.2) a questão da definição de cartografia está relacionada com o preceito teórico e com as diversas formas de metodologia utilizadas para a sua elaboração:

Verificamos ao longo do tempo - principalmente nos últimos anos sob a influência de novos recursos tecnológicos - que o conceito passou a considerar a possibilidade de elaboração dos mapas e de outros documentos cartográficos, não somente na forma analógica, mas também digital. Isto deu origem à utilização de uma nova linguagem como computação gráfica, cartografia automatizada ou cartografia digital.

O IBGE (2007b) apresenta um quadro demonstrativo com as três classificações da cartografia, utilizada nos trabalhos de mapeamento no Brasil (QUADRO 03).

QUADRO 03 – Classificação Cartográfica

DIVI SÃO SUBDIVI SÃO OBJETIVO BÁSICO EXEMPLOS

Geral -Cadastral -Topográfica -Geográfica Conhecimento da superfície topográfica,

nos seus fatos

concretos, os acidentes geográficos naturais e as obras do homem.

Plantas de cidades; Cartas de

mapeamento sistemático;

Mapas de países; continentes; Mapas-múndi. Especial -Aeronáutica -Náutica -Metereológica -Turística -Geotérmica -Astronômica etc... Servir exclusivamente a um determinado fim; a uma técnica ou ciência.

Cartas aeronáuticas de vôo,

de aproximação de

aeroportos; Navegação

marítima; Mapas do tempo, previsão; Mapa da qualidade do subsolo para construção, proteção de encostas. Temática -de Notação -Estatística -de Síntese Expressar determinados conhecimentos particulares para uso geral

Mapa geológico, pedológico; Mapas da distribuição de chuvas, populações; Mapas

econômicos zonas

polarizadas.

Fonte: IBGE (2007)

Zimback (2007, p.2) enfatiza as duas cartografias, a topográfica e a temática, finalizando com a definição sintética de ambas, no entanto, ressalta em especial o mapa temático, com uma forma de veículo de comunicação. Neste conjunto, a autora argumenta que:

A cartografia topográfica trata de um produto cartográfico de forma geométrica e descritiva e a cartografia temática apresenta uma solução analítica ou aplicativo. De maneira geral, a cartografia temática preocupa-se com o planejamento, execução e impressão final, ou plotagem de mapas temáticos. Mapa temático representa certo número de conjunto especial resultante da classificação dos fenômenos que integram os objetivos de estudos de determinado ramo específico, fruto da divisão do trabalho cientifico. É um veículo de comunicação.

Tratando-se da base cartográfica, a mesma tem a qualidade de alicerçar cada uma das propriedades que definem um objeto nos mapas temáticos. Representando a superfície da Terra com exatidão ou parte dela, os trabalhos de mapeamento de base, tem como premissa a capacidade de promover aos usuários a sua utilização seja qual for sua atividade profissional, tendo uma comunicação gráfica acessível por longo tempo e outros.

Sobre esta temática, Martinelli (2006, p.28-29) também aponta as virtudes da base cartográfica, como plataforma de ancoragem dos dados da cartografia temática. Assim conclui que:

O outro domínio de pesquisa, praticamente paralelo, que completa o empreendimento de um mapa temático é o que se refere à base

cartográfica. Diz respeito diretamente à

cartografia topográfica que preparará um pano de fundo de referência adequada a acomodar o tema. Envolve aspectos específicos desta área científica, no que tange à escala, orientação, projeção, rede geográfica, meridiano central, seleção dos elementos planimétricos e altimétricos, pontuais, lineares, zonais, impondo, muitas vezes, generalizações.

Castro (2007, p.), afirma que: “o mapa-base, isto é, o mapa que servirá de suporte para a localização dos componentes do tema, [...], deve conter certas informações cartográficas básicas para atender de maneira plausível a esta solicitação”.

Para Glossary Of Cartographic Terms-GCT, no:

Mapa base pode ser colocado informações para propósitos de comparação ou correlação geográfica. O termo mapa básico foi aplicado a uma classe de mapas conhecida como mapas de esboço. Pode ser aplicado a mapas topográficos, que também são usados na construção de outros tipos de mapas pela adição de dados particulares (GCT, 2007).

Historicamente, o que proporcionou grande avanço na cartografia temática foi a expansão do imperialismo no século XIX. A ele é atribuído nesse caso os conhecimentos de novas fronteiras, quando eram

elaborados os registros geográficos e os itinerários dos levantamentos cartográficos destinados a novas viagens exploratórias. Além disso, a potência dominante incorporaria à sua cultura os conhecimentos científicos dos dominados (PALSKY, 1984 apud MARTINELLI, 2006, p. 9).

Em reforço à argumentação de Palsky, sobre o avanço do imperialismo e a necessidade de registro em cartas dos eventos realizados, Martinelli (2006, p. 8) revelou que a utilização desse novo método:

Contribuiu também para isso o florescimento e a sistematização dos diferentes ramos de estudos operados com a divisão do trabalho cientifico, no fim do século XVIII e inicio do século XIX, fazendo com que se desenvolvesse mediante acréscimo sucessivo, outro tipo de cartografia: a Cartografia Temática – o domínio dos mapas temáticos.

Lacoste (1976) citado por Martinelli (2006, p.22), define mapa temático como: “[...] certo número de conjuntos espaciais resultantes da classificação dos fenômenos que integram o objeto de estudo de determinado ramo especifico, fruto da divisão de trabalho científico.”

Um produto cartográfico hoje muito utilizado em estudo do terreno é o mapa de uso e ocupação do solo, geralmente ancorado em imagem de sensoriamento remoto, atualmente muito difundido em trabalhos de análise temporal. Conforme afirma Santos (2007, p.1):

Os mapas de ocupação do solo podem resultar de dados recolhidos no terreno, de fotografia aérea ou de imagens obtidas de satélites. Muitos países preferem usar a fotografia aérea como base temática a ocupação do solo, porque permite uma elevada precisão temática e espacial.

Outra técnica muito utilizada em trabalhos cartográficos são os programas computacionais, existindo no mercado uma série deles, oferecido conforme a habilidade e necessidades dos usuários.

Neste contexto, Delalibera et al (2006, p. 35) ressaltam que o tratamento realizado em computadores, substituindo as visitas em áreas inacessíveis, [...] muitas vezes impedido pela dificuldade de acesso aos locais de interesse, pode-se utilizar programas computacionais

específicos do tipo Sistema de Informações Georreferenciadas (SIGs), os quais otimizam o sensoriamento remoto.

Para Silva (1999), citado por Delalibera et al (2006, p. 35), os “SIGs são descritos como uma tecnologia capaz de automatizar tarefas e facilitar a realização de análises, através da integração de dados de diversas fontes e da criação de um banco de dados geo-codificado.”

Felgueiras e Câmara (1993) citado por Delalibera et al (2006, p. 35), afirmam que o “desenvolvimento desses sistemas computacionais para aplicações gráficas vem influenciando de maneira crescente as áreas de cartografia, mapeamento para a análise de recursos naturais e planejamento urbano.”

Em termos de trabalho a campo, David et al, afirma que para: Mapear os biomas, ou lugares onde vida e ambiente interagem, nós precisamos combinar dois tipos de mapas: mapas de condições existentes dos conjuntos de animais e vegetais que mudam prontamente com o tempo, e mapas de condições potenciais de ambientes que são relativamente estáveis (DAVID et al, 2008).

Quanto às atividades de produções cartográficas em território nacional, Archela (2008, p.109) afirma que “Apesar de muita discussão teórica realizada a partir da pesquisa, disseminada nos eventos à cartografia, sobretudo relacionada ao mapeamento do território brasileiro, ainda há muitos problemas a serem resolvidos.”

De Biase (1990) em pesquisa sobre cartografia, afirma que “[...] gráficos são importantes em todas as fases de um projeto de pesquisa”. E enfatiza que a “Visualização é uma atividade integrante entre as várias disciplinas de ciência da terra, e pode emergir logo como um foco de pesquisa interdisciplinar distinto na Faculdade de Ciências da Terra e Mineral.”

Assim, a escala assume importante papel na execução dos trabalhos em razão de sua necessidade. De acordo com Brito (2006), a escala deve ser adotada caso a caso, e estar em função da capacidade de gestão e das condições socioeconômicas da região. Esse autor propõe emprego de escalas nos mapas conforme o nível de planejamento (QUADRO 04).

QUADRO 04 – Escalas Adotadas para Trabalho de Pesquisa Ambiental

Abrangência Escala do mapa planejamento Nível de Indicador

Corredor ecológico CE – Nacional 1: 10.000 000 1: 1.100 000 Binacional Nacional Biorreginal Recursos florestais, Fauna silvestre,

Habitat, Corpos d’água CE – Ecorregião 1:1.000 000

1:500 000

Regional Estadual

Recursos florestais, Fauna silvestre, Habitat, água CE – Distrital 1:500 000 1:100 000 Estadual Distrito federal Municipal Representatividade dos ecossistemas em âmbitos estadual e municipal CE – Municipal 1:250.000 1:50.000 Municipal Comunidade

Matas galerias e Fauna silvestre local

Fonte: adaptação de Ironside, 1991; Wiken, 1980, 1986 citado por Brito (2006, p.125).

Uma das maiores dificuldades em trabalhos ambientais é a da aplicação da escala para a representação dos atributos, com o minimo de perda para a sua visualização, causada pela generalidade dos dados que posteriomente serão transformados em informações.

Recomenda-se que as escalas sejam utilizadas segundo sua área de abrangência, enfatizando que para o nível de planejamento que tem como objetivo a gestão ambiental de comunidade seja utilizada a escala média, que vai de 1:50 000 a 1: 500 000, conforme Duarte, 2002, p.118. No planejamento e gestão ambiental, o trabalho cartográfico representa a comunicação visual da paisagem.

3 MÉTODO PROPOSTO