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Nas últimas décadas, houve uma “intensificação da preocupação com a questão ambiental por parte de diversos grupos sociais, em virtude da visibilidade que a degradação ambiental atingiu em todas as regiões do país” (LITTLE, 2003 apud ARAÚJO, 2006, p.49)

Com a Conferência de Estocolmo, em 1972, surgiu a idéia que foi levada a efeito para a criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), subordinada ao Ministério do Interior, “considerado o primeiro estágio para a criação do ministério do Meio ambiente" (GREGO, 2006, p.229). O destaque na Conferência de Estocolmo foi o Princípio da Prevenção9, (CARVALHO, 2006, p.43).

Outro marco importante foi na década 1980, “quando surgiu a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, criada pela Lei nº. 6.938/81, e a nova Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1.988” (FONTENELLE, 2006, p.17).

Em Nairobi (África), em 1982, aconteceu um evento importante: a criação de uma Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com o objetivo de realizar,

[...]uma avaliação dos dez anos da Conferência de Estocolmo, dando como resultado, já no ano de 1987, o Relatório Nosso Futuro Comum, conhecido como Relatório Brundtland em decorrência da presidência da primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, tendo como uma das suas principais recomendações a realização de uma conferencia mundial que abordasse todos os assuntos ali levantados. Nesse documento foi definido pela primeira vez “desenvolvimento sustentável” como o desenvolvimento que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de terem suas próprias necessidades atendidas (GUERRA, 2006, p. 293).

9 O Principio da Prevenção é uma das bases do direito ambiental e está previsto no caput do

artigo 225 da CRFB/88, que assinala como deveres do Poder Público e da coletividade a defesa e a preservação do meio ambiente para as presentes e futuras gerações. CARVALHO. Michelle Aurélio, A função ambiental e licenciamento ambiental: instrumentos da tutela

preventiva do meio ambiente. In: Temas de direito ambiental. Fontenelle, M. (coordenadora).

Ao analisar a definição de desenvolvimento sustentável, Malheiro e Assunção (2000 apud MATTAR NETO et al, 2009, p. 2) tecem o seguinte comentário:

A aparente simplicidade desta definição envolve reflexões devido a interações atreladas ao desenvolvimento, demandas e oportunidades atuais e futuras, bem como os aspectos sociais, econômicos e culturais e ambientais no momento presente e também no futuro, tanto no âmbito global como nos regionais e locais.

A convite do governo brasileiro realizou-se a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominada “ECO – 92”, realizada no Rio de Janeiro em julho de 1992. Nessa ocasião, definiram-se 27 princípios, “todos fundamentados no princípio de desenvolvimento sustentável, destacando-se o então denominado ‘Princípio da Precaução’10em seu ideário, com o fim de proteger o meio ambiente [...]” (CARVALHO, 2006, p. 43).

Entretanto, Pinheiro Pedro et al (2004), enfatiza que:

O princípio da prevenção possui característica territorial, pois orienta a ação à forma de gerenciamento ambiental mais adequada ao território, controlando as atividades que nele se desenvolvem a partir de instrumentos, como o mapeamento, planejamento econômico, o licenciamento das atividades de risco ambiental.

Dessa Conferência no Rio de Janeiro, foram produzidos “a Agenda 21, a Declaração do Rio, a declaração de Princípios sobre Florestas, a convenção sobre Diversidade Biológica e a Conservação sobre Mudanças Climáticas” (GUERRA, 2006, p. 293-294). Em junho de 1997, precisamente entre os dias 23 a 27, aconteceu em Nova York a Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas, na qual se avaliou o 5º ano do programa da Agenda 21.

10 Principio da Precaução: estabelece o critério do não-afastamento diante de situações eivadas

de incerteza científica, adotando medidas eficazes para impedir a degradação do meio ambiente.

Em seu artigo intitulado “A Agenda 21 no Brasil”, (GUERRA, 2006, p.06), argumenta sobre o amplo programa de ação sobre o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, afirmando que:

As Agendas 21 Nacionais têm como objetivo elaborar os parâmetros de uma estratégia para o desenvolvimento sustentável, definindo as prioridades nacionais e viabilizando o uso sustentável dos recursos naturais. Devem levar em consideração as vantagens comparativas daquele país para produzir de forma mais eficiente os bens e serviços para a sociedade, assim como as fragilidades ambientais específicas.

Ainda em relação à política mundial para o meio ambiente, os países interessados no desenvolvimento sustentável promoveram:

Dez anos após a Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável - Rio 92, as Nações Unidas irão novamente patrocinar, em agosto, uma reunião global em Johanesburgo, África do Sul. A Cúpula Mundial deste ano, batizada de Rio+10, proporcionará aos líderes mundiais uma oportunidade histórica de um novo acordo para um mundo social, ambiental e economicamente sustentável (ATHAYDE, p.1, 2009).

As questões ambientais podem ser analisadas por meio de dois modelos científicos do nosso tempo. Segundo Birnfeld, o primeiro modelo sugere uma estreita idéia de limite, uma vez que “nossos recursos naturais são incapazes de sobreviver por muito tempo ao padrão civilizatório adotado no século XX e menos capazes ainda de sobreviver às preconizadas expansões ao longo do presente século” (BIRNFELD apud CAMPELLO 2006, p. 191).

Já o segundo modelo está relacionado ao conhecimento de Ciência Ecológica Contemporânea e se funda no fato de que “todos os seres do planeta estão de uma forma ou de outra, relacionados” (BIRNFELD apud CAMPELLO, 2006, p. 192).

Ainda, Campello apresenta dentro desse modelo contemporâneo três divisões dimensionais teorizadas por Birnfeld:

(a) problemas de escopo mundial, os quais podem comprometer todo o planeta, sendo de origem difusa (o efeito estufa e da destruição da camada de ozônio); (b) problema de escopo transnacional, visto que seus efeitos podem comprometer mais de uma nação (a poluição de mananciais aquíferos ou poluição do ar com repercussão transfronteriças); (c) problemas de escopo local, em escala interna (poluição do ar ou da água, falta de espaço para o lixo) (2006, p. 192).