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5. Definir o arranjo institucional mais adequado à realidade do estado;

3.4.3 CASAN Companhia Catarinense de Águas e Saneamento

No início da década de 70 foi criado o PLANASA, órgão estadual operacionalizador para o abastecimento de água.

Segundo Marta Arretche, cientista política da Unicamp, o Plano Nacional de Saneamento (PLANASA), instituído em 1969, só começou a funcionar dois anos depois, quando passou a destinar recursos para os estados criarem suas próprias companhias de saneamento. Para isso, instituiu o Sistema Financeiro de Saneamento (SFS), gerido pelo Banco Nacional da Habitação (BNH). Para obter o financiamento, cada estado da federação deveria criar, com base em seus recursos orçamentários, um Fundo de Financiamento para Águas e Esgotos (FAE) e uma companhia estadual de saneamento.

O PLANASA exigia ainda que o estado investisse pelo menos 50% do montante global de recursos de seu respectivo FAE. O BNH, por sua vez, utilizando recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), oferecia empréstimos, em condições facilitadas de crédito, para compor os 50% restantes. Em 1990, a estrutura do PLANASA foi abandonada na prática (Arretche, 2011).

O engenheiro civil gerente de construção da CASAN há oito anos, Fábio César F. Krieger, em entrevista concedida à autora desta pesquisa em 01 de junho de 2011, fez um breve apanhado sobre a atuação da CASAN no estado de Santa Catarina.

Ele informou que a CASAN - Companhia Catarinense de Águas e Saneamento - sociedade de economia mista, foi criada em 1970 através da Lei Estadual n.º 4.547 com o objetivo de coordenar o planejamento e executar e operar os serviços públicos de esgotos e abastecimento de água potável, além de executar obras de saneamento básico, em convênio com os municípios.

A companhia trabalhava em regime de concessão feita pelos municípios.

O representante, durante entrevista, acrescentou que entre 1980-1990 o poder público passou a investir mais em esgotamento sanitário, priorizando-o.

A CASAN, atualmente, possui o papel de órgão do governo estadual responsável pela implementação da política estadual de saneamento em regime de concessão de obras de saneamento básico, feito por convênio e, no caso do PAC, por disponibilização dos recursos do governo federal.

A CASAN, depois da CELESC – Companhia de Energia Elétrica, foi a segunda empresa a dar início às intervenções realizadas pelo PAC no Maciço do Morro da Cruz.

Diretamente, a CASAN não guarda relação institucional nenhuma com os setores que tratam da questão habitacional, a não ser pelo fato de que a demanda de suas operações, no caso de Florianópolis, é dada pela Secretaria de Habitação e Saneamento Ambiental.

A partir de 2007, com o advento da Lei Federal 11.445 - Esta Lei estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico.

Desse modo, para a adequação à lei, sai o contrato de concessão e passa a vigorar o contrato de programa. É outra estrutura que está se reformulando.

Alguns municípios tais como Itapema, Balneário Camboriú e Blumenau privatizaram a coleta de esgoto recentemente.

Esse marco legal que regulamenta o saneamento definiu como necessária a adequação até dezembro de 2013 (enquanto valem as concessões a título precário). Até lá, os municípios deverão elaborar seus Planos Municipais de Saneamento, realizando assim, o planejamento do saneamento no município, regularizando isso, senão a prefeitura terá que licitar o sistema. A lei de 2007 estabelece que a partir de 2013 a concessão não deverá continuar a ser do município, por meio da aplicação da mesma, a Prefeitura não poderá mais fazer contrato direto passado à CASAN.

Não existem parcerias da CASAN com qualquer órgão público estadual de infra-estrutura, tão pouco com instituições do setor de construção civil. Existem apenas comissões em parceria com o setor público municipal.

Em relação à COHAB/SC, o que pode haver, é a solicitação por parte daquela para a aprovação de viabilidade de intervenção de saneamento à CASAN, em determinados casos.

Normalmente, quanto à aprovação de projetos, as ações partem de uma necessidade de solicitação do município (poder concedente) aos órgãos públicos estaduais, no caso à CASAN.

Não há órgão público, responsável pelo planejamento dos setores de habitação e saneamento, outros órgãos estaduais COHAB, infra-estruturas.

Não há um órgão ou setor que estruture conjuntamente uma determinada intervenção no município.

Seria importante existir um órgão ou um setor que congregasse os responsáveis pelo planejamento, meio ambiente e saneamento, e pensasse a habitação de interesse social. Como está atualmente, existe uma tendência à desarticulação estrutural, como fica evidente nesta análise.

O gerente de construção representante da CASAN informou na entrevista à autora desta pesquisa, em 01.06.2011, que a empresa entrou como parceira da prefeitura nas obras de intervenção do PAC. Antes do PAC, aquela era uma área não regularizada. A CASAN, em observância à legislação municipal, não pôde dotar de fornecimento de água nem de coleta de esgoto locais onde houvesse “invasões” de área. Esse modo só a parte urbanizada tinha abastecimento de água.

Segundo Fábio Krieger, a partir do momento em que foi criado o PAC da Prefeitura (2007) através da Secretaria de Habitação e Saneamento Ambiental, foram realizadas obras de drenagem, infra-estrutura de contenção de encostas e abastecimento de água e coleta de esgoto no Maciço do Morro da Cruz.

A CASAN entrou como terceiro interveniente nesse processo, tendo ficado responsável pela contrapartida em saneamento: fornecimento água e esgoto. Os outros dois órgãos intervenientes foram a Prefeitura de Florianópolis, e a CELESC - responsável pelo fornecimento de energia elétrica.

Todo o processo foi comandado pela Prefeitura através da Secretaria de Habitação e Saneamento Ambiental, por quem as áreas de intervenção foram definidas. Depois de fornecer essa informação o representante salientou que o processo foi definido pela secretaria juntamente com o comitê gestor do PAC.

Acrescentou que tal procedimento participativo era ―ainda mais por envolver liberação de recurso federal”.

Ao ser questionado sobre a disponibilização de dados dos projetos executados e quantidade de recursos aportados, o representante da CASAN informou que a obra já estava concluída em março de 2010.

Apesar de ter sido solicitado a enviar complementação de dados posteriormente à entrevista, o representante não respondeu à solicitação, apresentando valores gerais e estimados no momento da entrevista.

Foi feito até aqui um breve apanhado da estrutura do saneamento no estado de Santa Catarina, em Florianópolis e sua relevância nas intervenções recentes do PAC no Maciço.

A seguir, apresentaremos parte da estrutura institucional existente em âmbito municipal atualmente.

3.4.4 Secretaria de Habitação e Saneamento Ambiental