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3. Social compreende luz para todos, saneamento, habitação, metrô e recursos hídricos.

3.3 CRÍTICA AO PAC

O PAC (programa lançado pelo governo em 2009) é bem vindo e desejável, desde que siga os princípios Constitucionais (1988) e do Estatuto da Cidade (2001), desenvolvendo-se em um processo democrático e verdadeiramente participativo, com controle social sobre o poder do capital, servindo para a maioria da sociedade civil e ao interesse público, em observação ao princípio da justiça e urgência social urbanas.

Com o modo com que o PAC tem sido implementado, perde-se uma grande oportunidade de enfrentar e solucionar definitivamente o problema da habitação, através da alteração na definição de uma política geral para o setor habitacional.

O que levou essa população a ter como única alternativa a ocupação da área de preservação permanente foi principalmente a escassez e o alto custo da terra urbana.

―A escassez e o alto custo da terra, numa região onde 42% de área é preservação permanente, tornam proibitivos o acesso a lotes urbanizados e regularizados no mercado imobiliário formal, levando a população a ocupar áreas de mangues, dunas e encostas de morros, de domínio público e privado.‖ (Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2008, pg. 14)

Apesar de ter-se mudado o paradigma, tendo agora a regularização fundiária como base da política habitacional recente, novamente estamos diante dos problemas que dominaram a questão da habitação social durante todo o século XX, no Brasil.

As intervenções têm sido no sentido de mitigar os problemas já instalados para reduzir os impactos de possíveis acidentes, e não no sentido de atuar nas causas do problema: a falta de condições sociais e econômicas para a aquisição da moradia nas cidades brasileiras, dados os altos custos da terra.

Com relação ao PAC 2 no Morro da Cruz algumas questões devem ser levantadas:

- Se as intervenções de contenção já estão praticamente finalizadas, como informam a Secretaria de Habitação e Saneamento Ambiental e a CASAN, por que o PAC 2 disponibilizou novo montante para contenção para a mesma região?

- Neste caso, onde seria empregado o novo montante de recursos? Por que ainda não foram iniciadas até o momento a construção de novas moradias no maciço? Por que não existem regras claras para a concessão da construção através de “empresas parceiras”?

- Por que o poder público municipal de Florianópolis ainda não conseguiu equacionar os custos da estabilização da construção em altas declividades e o alto valor da terra da cidade?

Quanto às propostas que compõem o Projeto Maciço (em andamento através do PAC), a polêmica do transporte vertical funicular parece ter sido suplantada por intervenções complexas. Tais intervenções localizam-se em altas declividades com inclinações superiores a 45% como no caso da Av. Transcaieira, ver Capítulo 5.

Já o Parque Urbano proposto na Área de Preservação remanescente existente, praticamente somente nos topos do Maciço, é pressionado por uma ocupação crescente, sem área de transição ou zona de amortecimento para uma área de equilíbrio ambiental tão frágil. As residências se separam da área do parque pela Av. Transcaieira.

Não existe no Código Florestal brasileiro, nem em nenhuma outra parte da legislação ambiental brasileira a

caracterização do tipo de intervenção que a prefeitura pretende para este parque.

Quanto à participação comunitária no PAC do Maciço, em 2006, quando da comunicação dos projetos, o representante da comunidade do Morro da Mariquinha, Rui Alves, sugeriu que a comunidade acompanhasse a delimitação do parque.

Questiona-se assim por que o acompanhamento comunitário já não fez parte de todo o processo desde o planejamento e da definição da execução ou não das propostas. Os projetos não precisariam passar por aprovação de prioridades por parte das próprias comunidades?

Atualmente, a comunidade da Caieira, nem possui uma sede de Associação de moradores.

A sede do centro social será construída junto ao campo de futebol improvisado existente entre a Caieira e a Serrinha. Esta é uma das obras do PAC com a qual a comunidade espera ser contemplada, disse o Sr. Carlos, vice-presidente da Associação.

Os moradores não têm conhecimento do que está previsto para ser executado, nem mesmo de que tipos são as intervenções. Quem já teve sua residência beneficiada pelas intervenções, agora faz planos para ampliações. Existe dentro da comunidade uma clara divisão entre as áreas que receberam intervenções e as que não receberam.

Os moradores das áreas onde não foram executadas obras imaginam-se alvo de uma possível remoção futura (e portanto não fazem planos de ampliações). As áreas onde isso ocorre, não coincidentemente, são aquelas onde estão as pessoas que residem há menos tempo na comunidade, como ficou evidente nas entrevistas feitas durante a pesquisa de campo.

As condições de moradia, nesses setores também é a mais precária, seja em função do adensamento excessivo ou da inadequação construtiva de conforto ambiental, salubridade, etc.

Quanto à participação comunitária do Alto da Caieira, ressalte-se iniciativa recente: em 28 de março de 2011, foi realizado ato público das comunidades do Alto da Caieira, Nova Descoberta e Serrinha por melhor aplicação dos recursos do PAC.

As principais reivindicações referem-se principalmente ao trabalho das empreiteiras; transparência da Prefeitura quanto à

aplicação dos recursos, fiscalização, consulta popular e ampla divulgação dos projetos a serem executados e em execução.

Quanto ao acompanhamento técnico, as reivindicações referem-se à qualidade das obras; aos esclarecimentos de dúvidas dos moradores e às soluções para eventuais problemas apresentados pelas obras durante a execução.

3.3.1 A segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC 2 e a sua atuação no Morro da Cruz

Inicialmente, cabe informar que esta segunda edição do PAC pretende ter o dobro do alcance da atuação da edição anterior, atendendo com a construção de novas moradias, pelo menos 2.000.000 de famílias através do programa Minha Casa Minha Vida 2.

Das comunidades do Maciço do Morro da Cruz, o Alto da Caieira será a comunidade que poderá contar com o maior aporte de recursos do PAC.

No entanto, os recursos que estão disponibilizados são para obras de contenção de encostas e Prevenção ao risco de deslizamento. A Prefeitura de Florianópolis foi elogiada pelo Ministério das Cidades pelo trabalho realizado no Maciço. No entanto, cabe questionar qual a verdadeira prioridade no atendimento das populações em areas de encosta de risco? No PAC, deixou-se para depois a prioridade máxima de remover as pessoas em risco iminente de perda de suas casas e até de suas vidas.

Outra consideração, é a de que seria necessária uma consulta popular na transição entre a primeira edição do PAC e a segunda, para entender as reais necessidades e reivindicações dos moradores (ver a hierarquização de prioridades obtida através da pesquisa de campo elaborada pela autora, apresentada no Capítulo 6 – a percepção dos moradores), para poder atendê-las efetiva e prioritariamente.

A assessora da COHAB Kátia Ermenegildo, por ocasião da entrevista para esta pesquisa, forneceu alguns dados preliminares sobre os recursos disponibilizados pelo PAC 2 através da Secretaria Nacional de Programas Urbanos –SNPU, na ação de apoio à prevenção e erradicação de Riscos

Ambientais e Sociais do PAC 2 referentes a obras de Contenção de Encostas no Estado de Santa Catarina.

As informações constantes do documento fornecido são provenientes do Ministério das Cidades publicados no Diário Oficial da União em 11 de novembro de 2010.

O Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR) receberá 300.000,00 e as obras terão disponibilizados 9.808.550,15 a serem distribuídos em 37 obras.

Apresentaremos a seguir algumas particularidades institucionais relativas à questão da habitacao social no Brasil atualmente, para na sequencia, apresentarmos particularidades da legislação urbanística e ambiental referentes à mesma questão.