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Władysław T. MIODUNKA *

O Prof. Dr. Jerzy Mazurek dedica-se a pesquisar a comunidade polô- nicana América Latina, especialmente a brasileira, há mais de vinte anos. Ini- cialmente ele elaborou e publicou trabalhos que tinham o caráter de estudos locais, antologias ou artigos em trabalhos coletivos, no entanto já ali surgiam com frequência cada vez maior temas que deviam depois ser os dominantes no seu trabalho científico: a emigração camponesa de terras polonesas, a his- tória do movimento popular, bem como o surgimento e a história das coleti- vidades polonesas na América Latina, especialmente no Brasil. Confirmam isso duas importantes antologias: Polonia brazylijska w piśmiennictwie polskim [A comunidade polônica brasileira na literatura polonesa) (2000) e Polonia ar- gentyńska w piśmiennictwie polskim [A comunidade polônica argentina na li- teratura polonesa] (2004), o livro Muzeum Historii Polskiego Ruchu Ludowego [Museu da História do Movimento Popular Polonês] (2004) ou a monografia Kraj a emigracja. Ruch ludowy wobec wychodźstwa chłopskiego do krajów Ameryki Łacińskiej [A Polônia e seus emigrados: o movimento popular diante da emi- gração camponesa aos países da América Latina] (2006).

Esse seu patrimônio científico ampliou-se em 2013 com a publicação de um livro muito interessante, Piórem i czynem. Kazimierz Warchałowski (1872- 1943) – pionier osadnictwa polskiego w Brazylii i Peru [Pela pena e pela ação: Ca- simiro Warchałowski (1872-1943) – Pioneiro da colonização polonesa no Brasil e no Peru]. A dissertação do Dr. J. Mazurek concentra-se na vida e na atividade

* Prof. Dr. Leciona na Cátedra de Língua Polonesa como Estrangeira da Universidade Jaguiellô-

de Casimiro Warchałowski, aqui chamado “pioneiro da colonização polone- sa no Brasil e no Peru”. Não há dúvida de que a figura de C. Warchałowski foi bem escolhida, visto que foi ele no início do século XX uma pessoa que acreditava no significado da emigração polonesa à América do Sul, especial- mente ao Brasil, e que procurou de diversas formas influenciar o destino da colonização camponesa nesse país, principalmente no Paraná. A sua atividade no Brasil e as suas publicações que surgiram na Polônia fizeram dele após a I Guerra Mundial um conhecido líder polonês, que procurou utilizar-se da experiência e da posição ocupada com o objetivo de promover diversas inicia- tivas. Na introdução da sua monografia, o autor apresenta esta caracterização geral do seu herói: “[...] atuou com variável sucesso como uma pessoa cheia de iniciativa, que não temia o risco de um empresário e ao mesmo tempo de um pioneiro que desejava abrir novas áreas para a colonização agrícola. Foi um elo entre as culturas polonesa e russa, polonesa e brasileira, polonesa e pe- ruana, mas sobretudo entre as culturas dos emigrados camponeses da Polônia e os grupos sociais nos países que recebiam os emigrantes – o Brasil e o Peru” (2013:7). É preciso reconhecer que se trata de uma apresentação positiva, ca- paz de estimular a um conhecimento mais profundo da biografia de C. War- chałowski, na realidade “herói num plano mais distante dos acontecimentos” (2013:7), mas digno de atenção e de ser lembrado.

Jerzy Mazurek localiza a sua monografia na zona fronteiriça dos estu- dos regionais e dos estudos culturais, adotando no seu trabalho a oficina das ciências históricas e da bibliografia. No que diz respeito à oficina histórica, é preciso enfatizar que o autor recorreu a muitas fontes publicadas e manuscri- tas em consequência de uma profunda pesquisa realizada em coleções arqui- vísticas polonesas e estrangeiras, graças à qual teve acesso a um material rico e detalhado. Utilizou-se desse material para apresentar a figura de C. War- chałowski e a sua atividade, mas vale a pena observar que esse personagem é apresentado diante do rico pano de fundo de toda a coletividade polonesa – tanto daquela parte que emigrou à América do Sul como daquela maioria que permaneceu na sua pátria. Ao ler essa monografia, eu voltava com a mi-

nha memória às aulas de história da comunidade polônica polonesa brasilei- ra, apresentadas na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, pelo Prof. Ruy Wachowicz, nos anos 1996-98, para os estudantes de pós-graduação, no âmbito dos quais dirigi dois módulos: o linguístico e o didático. O Prof. Wa- chowicz foi, como se sabe, um eminente historiador regional, um historiador do Paraná. Nas suas apresentações, falava de pessoas suas conhecidas graças à influência de seu pai, também um líder polônico, de pessoas que havia visto e que analisava no amplo contexto da história polonesa e brasileira. Das suas aulas esboçava-se a imagem do diversificado ambiente polônico, no qual riva- lizaram pela influência líderes de orientação nacional-cristã com líderes mais ou menos socialistas (a simpatia do Prof. Wachowicz estava do lado destes), e rivalizaram também pelo menos duas gerações: a geração dos pais, poloneses no Brasil – os fundadores das colônias com a geração dos filhos, que se consi- deravam como brasileiros de origem polonesa (o Prof. Wachowicz pertencia à geração dos filhos que conseguiram fazer no Brasil uma carreira científica, do que ele se orgulhava). Essas aulas voltavam à minha memória, visto que Mazurek, em sua narrativa, aborda muitas questões e conflitos a respeito dos quais eu ouvi do Prof. Wachowicz. Além disso, na monografia de Mazurek encontro muitos detalhes valiosos, para cuja análise não havia tempo durante as aulas. Isso faz com que eu aprecie muito a rica base das fontes em que se baseou todo o trabalho.

Toda a monografia é composta com base na apresentação cronológica da vida e da atividade de C. Warchałowski, que ocupa toda a primeira parte e que conta cinco capítulo e mais de 280 páginas. A segunda parte é constituída pelo capítulo sexto, no qual o autor analisa a visão que Warchałowski tinha da emigração, o seu relacionamento com os judeus e caracteriza brevemente a sua atividade de escritor (2013:309-369). O trabalho se encerra com uma sín- tese da monografia, uma árvore genealógica da família de C. Warchałowski, um resumo em inglês, português e espanhol, a bibliografia, a relação de ilus- trações e um índice onomástico.

Como já afirmei, a maior parte da monografia analisada é a biografia do seu herói, bem como uma descrição e uma análise das suas ações: des- de o início da atividade social na região de Kiev, o começo do interesse pelo Brasil sob a influência das publicações de Dmowski e o reconhecimento do Brasil na segunda metade de 1901, passando pela sua estada com a família no Paraná nos anos 1903-1919, com a atividade social, cultural e política por ele empreendida naquele período e as funções exercidas até o desencadea- mento da “febre peruana” em 1926 e a ação colonizadora ali desenvolvida, que terminou numa evidente catástrofe. Vale a pena assinalar que as ações empreendidas por Warchałowski são detalhadamente descritas no capítulo II: a instalação da serraria a vapor e da olaria a vapor, a fundação e publicação do periódico Polak w Brazylii [O polonês no Brasil], a fundação da Sociedade da Escola Popular, que devia melhorar o funcionamento das escolas polonesas no Paraná, a abertura da Livraria Polonesa em Curitiba, que era também uma editora, e finalmente a criação dos círculos agrícolas, que deviam conduzir os camponeses poloneses no Brasil a uma economia racional.

Ao apresentar a vida e a atividade de Warchałowski, o Prof. Mazu- rek parece evitar uma avaliação direta das diversas formas da sua atividade. Naturalmente, não evita a citação de pronunciamentos de pessoas contem- porâneas de Warchałowski que fazem dele uma avaliação que – como a uma pessoa pública – não lhe poupavam críticas. Graças a isso, durante o tempo todo o leitor tem a possibilidade de observar as disputas e discussões travadas em torno da emigração camponesa à América Latina e da política colonial polonesa. Por outro lado, o leitor pode ter a impressão de que o autor antes mostra que analisa e avalia as ações do herói do livro (a tarefa de um historiador é antes a reconstrução dos fatos do que a sua avaliação – afirma Mazurek na p. 381), guiando-se por uma opinião geralmente positiva da sua atividade. Confesso que eu mesmo tive várias vezes essa impressão e por isso li com especial atenção a conclusão, na qual o autor faz uma síntese de toda a atividade de Warchałowski, preservan- do um equilibrado criticismo. O período brasileiro da atividade do herói (os anos 1903-1919) é por ele avaliado positivamente, com ênfase aos seus méri-

tos para a divulgação da leitura em meio aos colonos poloneses ou os seus empenhos junto às autoridades do Estado brasileiro pelo reconhecimento da Polônia renascida após a I Guerra Mundial como um Estado (2013:375-8). Por outro lado, o autor afirma que “a avaliação da maior parte das suas iniciativas e pontos de vista do período do entreguerras não pode ser positiva [...]. As conclusões da análise da sua atividade não despertam dúvidas – as iniciativas empreendidas por Warchałowski nesse período constituem uma série contí- nua de derrotas e descréditos [...]. Em suas concepções, não particularizadas com suficiente clareza, os colonos, tratados como objetos, foram apenas um instrumento em seus utópicos projetos emigratório-coloniais” (2013:381). O Prof. Mazurek afirma com justiça na página seguinte da monografia que War- chałowski é o total responsável pelo fracasso da ação colonizadora no Peru. Em síntese, portanto, constata-se que na avaliação de toda a atividade do seu herói o autor preserva a objetividade e a honestidade.

Ao ler o livro, fiquei pensando se foi bom que os pontos de vista de Warchałowski a respeito da emigração e das questões étnicas na Polônia te- nham sido destacados e localizados num capítulo separado. Com efeito, os pontos de vista constituem a base da ação e, por outro lado, as ações em- preendidas, os seus sucessos ou malogros influenciam (devem influenciar!) a correção desses pontos de vista. Na forma apresentada pela monografia as ações foram separadas dos pontos de vista, o que pode dar margem a certas restrições da parte dos leitores.

Com leitor do trabalho e pessoa interessada pela história da coloniza- ção polonesa no Brasil, devo afirmar que a monografia em análise permitiu- me compreender melhor muitas questões, em razão de ter sido introduzida nela a dimensão humana, encerrada na biografia de C. Warchałowski. Por outro lado, quero dizer que não encontrei no trabalho respostas a alguns pro- blemas que me inquietam. Uma delas é a questão do conhecimento da língua portuguesa pelos colonos poloneses e pelos seus filhos, que aqui quero rela- cionar com o herói da monografia e indagar a respeito do conhecimento do idioma português que possuía Warchałowski. Estou propenso a supor que ele

conhecia o português pelo menos num nível médio, porquanto atuava como intermediário entre os colonos e as autoridades brasileiras e mantinha contato com essas autoridades no Rio de Janeiro. Se assim era, com certeza familiari- zou-se com a língua do país no decorrer dos seus muitos anos de permanência nele. No domínio da língua portuguesa foi-lhe útil o conhecimento de outras línguas (latim, francês e – embora em menor grau – russo). Na monografia não se encontram, no entanto, afirmações claras a esse respeito. Apesar disso, podem ser encontrados nela trechos que permitem a um linguista a recons- trução do estado de coisas nessa área. Assim, na p. 62 o autor cita o trecho de uma entrevista com Warchałowski, publicada na Gazeta do Povo de 16/19 de novembro de 1901, nos seguintes termos: “Os filhos dos colonos polone- ses nascidos no Paraná falam muito bem o polonês, independentemente da sua idade, embora a maioria conheça a língua portuguesa, da qual se utili- zam com total fluência no relacionamento com os brasileiros”. Eis que esse “excelente conhecimento do polonês” era na realidade a utilização do dialeto polonês que os pais (ou avós) haviam trazido da Polônia. Se as crianças não frequentavam a escola, onde pudessem aprender a língua polonesa oficial, literária, escrita, elas tinham apenas a capacidade de falar e compreender aquele dialeto. A afirmação de que “a maioria conhecia a língua portuguesa” também deve surpreender, visto que ainda em 1955 Wilson Martins, no seu livro Um Brasil diferente, escrevia o seguinte: “Existem grandes problemas da parte dos poloneses e dos japoneses no aprendizado da língua portuguesa, maiores que entre qualquer outra etnia” (Miodunka, Bilingwizm polsko-portu- galski w Brazylii / O bilinguismo polono-português no Brasil, 2003:49). Ainda que, como escrevo no meu livro, Martins fosse indisposto diante dos polone- ses e sustentasse julgamentos estereotipados a respeito deles, mesmo assim a sua opinião, expressa mais de 50 anos depois, deve ser levada em conta. Por outro lado, em 1925 o Pe. Rzymełka afirmava: “No dia a dia a juventude po- lonesa urbana fala principalmente em português, embora também essa língua deixe nela muito a desejar” (Miodunka, 2003:97-98). Como se percebe, o Pe. Rzymełka era bem mais sensato que Warchałowski, visto que falava somente da “juventude urbana” e chamava a atenção para as falhas nesse conhecimen-

to. Pode-se, então, concluir que o Pe. Rzymełka falava (bem) em português, e Warchałowski em 1901 ainda não falava nada, donde a sua admiração diante daqueles que falavam pelo menos um pouco nessa língua. A conclusão geral dessa análise linguística do trecho da entrevista de Warchałowski é a seguin- te: Warchałowski não via a realidade tal como ela se apresentava, mas tal

como ele queria vê-la. Além disso, expressava julgamentos claramente exa- gerados a respeito (“falam muito bem o polonês”, a maioria se utiliza “com

fluência” da língua portuguesa). Essa é uma habilidade útil e importante para um político, mas prejudicial – no meu entender – para alguém que queira agir em prol de qualquer coletividade, a fim de transformá-la. Além disso, um linguista pode afirmar que Warchałowski via o conhecimento do português como uma ameaça ao conhecimento do polonês, o que se comprova pela utili- zação da conjunção “embora” (“os filhos falam muito bem o polonês, embora a maioria conheça a língua portuguesa”).

Por ocasião da análise da monografia sobre C. Warchałowski, vale a pena fazer uma breve apresentação do seu autor. Jerzy Mazurek é formado pela Faculdade de História da Universidade de Varsóvia, na qual concluiu duas direções de estudos: primeiramente a biblioteconomia e informação científica (mestrado em 1988), e depois – a história (mestrado em 1991). Após os estudos, estabeleceu vínculos com a imprensa aldeã, trabalhado como re- dator-chefe de Gazeta Rolnicza (Jornal Agrícola) e publicando artigos em di- versos jornais e revistas. Desde 1988 trabalha no Museu da História do Movi- mento Popular Polonês em Varsóvia, onde é vice-diretor e empreende muitas iniciativas relacionadas com os seus interesses científicos. Como a mais im- portante e a mais visível delas deve ser reconhecida a redação da “Biblioteca Ibérica”, uma série publicada desde 2006 pelo Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos da Universidade de Varsóvia e pelo Museu da História do Movimento Popular Polonês. Ele iniciou a colaboração com o Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos da Universidade de Varsóvia em 2004, onde dá aulas sobre a história da comunidade polônica na América Latina. Como o momento crucial para o seu envolvimento no trabalho científico pode

ser reconhecido o ano 2006, no qual obteve na Universidade de Szczecin o doutorado pelo trabalho O movimento popular diante da emigração camponesa aos países da América Latina (até 1939). O doutorado pode ser reconhecido como o momento crucial no seu desenvolvimento científico, visto que, por um lado, permitiu-lhe uma colaboração científica e didática cada vez mais estreita com o Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos da Universidade de Var- sóvia e – por outro – o desenvolvimento dos seus interesses científicos, cujo coroamento é a sua monografia publicada em 2013, objeto da análise do pre- sente artigo. Em síntese, certamente se pode dizer a respeito do Prof. Mazurek que desde a conclusão dos estudos ele foi um aficionado da pena, tendo-se tornado um pesquisador e trabalhador científico no decorrer dos anos mais recentes.

Merecem uma atenção especial os seus méritos organizacionais, que certamente devem ser divididos em duas partes: aquele relacionado com o trabalho na direção do Museu da História do Movimento Popular Polonês em Varsóvia e o relacionado com a redação da “Biblioteca Ibérica”. A respeito do primeiro deles podem falar de preferência os habitantes de Varsóvia. Eu direi apenas que desperta a minha admiração o fato de que o Prof. Mazurek traba- lhe na função de diretor do Museu há 15 anos. Isso é muito para uma cidade onde a cada período de alguns anos tudo vira de pernas para o ar!

A respeito da “Biblioteca Ibérica”, que o Prof. Mazurek redige desde 2006, não se pode falar senão com reconhecimento e admiração. Com reco- nhecimento, porque os trabalhos são publicados na “Biblioteca Ibérica” inde- pendentemente das crises econômicas que sempre ocorrem na Polônia e na União Europeia. Com admiração, porque na “Biblioteca” já foram publicados 41 livros, o que, segundo quaisquer critérios, deve ser reconhecido como um número incrivelmente grande. Além disso, é preciso dizer que na “Biblioteca” são publicados trabalhos que seria muito difícil publicar numa outra editora, em razão do conteúdo e do estilo (preponderam os livros científicos que, na opinião dos editores na Polônia, quase não se vendem). Na realidade desco- nheço a fundo a realidade de Varsóvia, mas fico pensando se, ao falar dos

méritos do Dr. Mazurek no caso da “Biblioteca Ibérica”, o verbo “redige” não deveria ser substituído pelo verbo “edita”.

Sintetizando as minhas observações, quero ainda afirmar que a sua monografia Pela pena e pela ação: Casimiro Warchałowski (1872-1943) – pioneiro da colonização polonesa no Brasil e no Peru é um trabalho importante, baseado numa imponente base de fontes, que permite ao autor não apenas fazer uma apresentação multilateral da figura do protagonista, mas também apresentá-la diante do pano de fundo dos líderes poloneses que na primeira metade do século XX atuaram no Sul do Brasil. Visto que a maior parte da produção dos historiadores tem sido relacionada com a história da colonização, isto é, dos colonos provenientes do povo, não havia até agora um trabalho que apresentasse a trajetória e a atividade de um indivíduo que sobressai à média, e tal personagem é sem dúvida Casimiro Warchałowski. É nisso que consiste o valor desse trabalho para os estudos polônicos em geral, e para a história da comunidade polônica no Brasil em particular.

“ONDE FICA CURITIBA? QUERO VISITÁ-LA” ∗

No próximo domingo, os papas João Paulo II e João XXIII serão ca- nonizados pelo papa Francisco e a partir de então passam a ser considerados santos. Quem conviveu com o futuro São João II garante que sua santidade se fez presente por toda sua trajetória e a canonização é apenas uma confirmação daquilo que foi feito durante 27 anos de papado e 84 anos de vida.

O momento é visto com grande importância para a Igreja Católica e fiéis de todo mundo que pediram pela canonização de Karol Wojtyla quando ele morreu em 2005. Para a comunidade polonesa no Brasil, a canonização também é de grande expectativa, principalmente pela importância de João Paulo II na história do país. “João Paulo II está sendo considerado herói, o maior polonês da história da Polônia. Com seu ensinamento não exclusiva- mente religioso, mas também a sua atuação social, sua intervenção um pou- quinho política que ajudou para que a Polônia se libertasse”, avalia o Padre Zdzislaw Malczewski, reitor da Missão Católica Polonesa no Brasil, que faz uma análise de todo o papado de João Paulo II.

TRIBUNA- Que avaliação o senhor faz do papado de João Paulo II?

Padre Zdzislaw Malczewski: Fazer uma avaliação do pontificado de

João Paulo II é muito complicado por várias razões. A primeira é que depois de 400 anos de pontificado dos italianos foi eleito um papa do bloco comunista sob influência soviética. Por outro lado o Karol Wojtyla era diferente dos seus veneráveis antecessores, os papas italianos, porque ele não tinha nenhum co- nhecimento da Cúria Romana. Então veio alguém de fora, com outras visões da igreja com assuntos internos, como também do relacionamento da igreja com os estados, os países, as nações.

Quando olhamos os 27 anos de pontificado de João Paulo II obser- vamos que entrou muita coisa nova no relacionamento entre a igreja com os