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Aleksandra SLIWOWSKA BARTSCH

Senhoras e Senhores,

Disse o Beato João Paulo II no decálogo do imigrante: Lembre-se de que você é filho da nação, onde a Mãe e Rainha é Maria. Repita frequen- temente a oração presente nos corações poloneses: “Estou junto a Ti, lembro, vigio”. Além disso, João Paulo II ainda acrescentou que devemos lembrar que ter uma família-nação, é um grande privilégio do direito dos homens e que não devemos esquecer de que a Pátria constitui-se numa grande responsabi- lidade.

Desde que os poloneses escolheram a Cidade Maravilhosa para re- construírem suas vidas, o senso de responsabilidade, que se expressa através da consciência da importância em se honrar as suas raízes, esteve presente. Primeiro com a fundação da Polonia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro, há quase 123 anos e mais tarde, com o encaminhamento de um pedido ao Ar- cebispo Józef Gawlina em visita ao Rio de Janeiro para que fosse enviado um padre polonês e a posterior escolha de uma Igreja onde os poloneses pudes- sem ter a sua Casa Espiritual. Há exatos 60 anos o local escolhido foi esta Igre- ja, fato festejado tanto pela colônia polonesa de então, quanto pela sociedade brasileira que se manifestou através de uma manchete na primeira página do Jornal O Globo de 11 de julho de 1953, um dia antes da Missa de inauguração da Igreja que foi celebrada pelo bispo Dom Helder Câmara e pelo núncio apostólico, arcebispo Carlo Chiarlo. Vale lembrar que o destaque foi dado no Globo um dia antes da celebração, pois naquela época, aos domingos, não havia circulação de jornal.

Hoje nos recordamos de todo um grupo, que dentro das possibi- lidades de cada um de seus integrantes, se uniu em torno de um ideal: o que criar um ponto de referência para os poloneses e seus descendentes, que pu- dessem encontrar nestas terras distantes, de cultura e realidade tão diferentes um local onde sob o manto da Virgem Negra estivessem protegidos e tives- sem suas esperanças renovadas.

O nosso querido e eterno pároco aqui presente, Padre Zdzislaw Malczewski, em sua tese de Doutorado em História abordou a imigração po- lonesa no Rio de Janeiro, o que resultou no livro “A presença dos poloneses e da Comunidade Polônica no Rio de Janeiro” Na página 110 deste fabuloso livro, vamos encontrar, relatado pelo Padre Malczewski: “Apesar da iniciativa sair da Sociedade Polonia, toda a colônia polonesa foi envolvida, com o apoio destacado do Monsenhor Wladyslaw Slapa. Até 15 de maio de 1953, as contri- buições para o aluguel da igreja atingiram 69 mil cruzeiros (Maria Tarnowska contribuiu com 25 mil cruzeiros). A Diretoria da Sociedade Polonia, tendo um fundo tão importante, começou a negociar com a proprietária desta igreja, a Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. No dia 6 de ju- nho de 1953 foi assinado o contrato de aluguel da igreja. Do lado da Sociedade Polonia, o contrato foi assinado por Aleksander Boleslaw Sliwowski e Lucyna Haczynska”. Este contrato encontra-se arquivado, disponível para consulta na Polonia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro.

Senhoras e senhores, a Igreja que um dia servira de abrigo espiri- tual aos ingleses católicos, estava abandonada, repleta de lixo. Toda a colônia polonesa se mobilizou e preparou-a para a inauguração. Cada um daqueles grandes patriotas doou o que tinha de mais precioso, de mais belo, que foi o amor pela pátria polonesa e que se manifestou das mais diferentes formas. Um amor por uma terra, retalhada, cheirando a pólvora, mas repleta de exem- plos inspiradores para a humanidade.

Ainda nas pesquisas do Pe. Malczewski, vamos encontrar que a colônia polonesa celebrava suas missas no altar lateral da antiga Catedral e

depois na Igreja da Imaculada Conceição, em Botafogo. A conquista desta Igreja abriu caminho para que em 1970, graças ao trabalho do Pe. Benedykt Grzymkowski fosse fundada a Paróquia Pessoal dos Poloneses de Nossa Se- nhora de Monte Claro. Cabe ressaltar que nossa história, ao longo desses 60 anos foi ainda mais fortalecida, pois tivemos o apoio inestimável da Ordem Sociedade de Cristo como responsável por esta paróquia, cuja padroeira cele- bramos no dia de hoje. Queridos párocos, Zdzislaw Malczewski e Jan Sobie- raj, recebam o nosso muito obrigada por tantos anos, onde tivemos na Ordem que os senhores representam o alicerce que torna as dificuldades bem mais fáceis de serem superadas e permite trilhar o caminho da paz e da oração, nos tornando mais dignos de sermos chamados de católicos. Estejam certos que os senhores com sua dedicação e competência tornam realidade os valores do saudoso Padre Benedykt Grzymkowski.

No dia de hoje, a recordação da estória de uma imigração se faz presente através de uma exposição de fotos e convido a todos para que após da Missa se dirijam ao salão paroquial, onde haverá uma confraternização oferecida pela Polonia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro e os senhores poderão encontrar 28 fotografias que retratam diferentes momentos desta tra- jetória. Estão ali registrados: o encontro com o Arcebispo Gawlina, quando foi encaminhado o pedido para o envio do Padre Polonês; o nosso primeiro padre Monsenhor Slapa; as visitas ilustres como de Dom Jaime de Barros Câ- mara, do Cardeal Primaz da Polônia Józef Glemp, do Presidente da Polônia e Nobel da Paz Lech Walesa, entre outros, bem como de diferentes momentos vividos pelos paroquianos poloneses como Primeiras-comunhões, celebrações patrióticas, Missas solenes em memória do Soldado Polonês por iniciativa da Associação dos Ex-Combatentes Poloneses, Jornada Mundial da Juventude, além da relíquia de João Paulo II que foi presentada pelo Cardeal Stanislaw Dziwisz, na época da JMJ. O Cardeal Dziwisz foi o secretário pessoal do Beato João Paulo II. Os senhores também poderão ver a reprodução da matéria de capa do Globo, mencionada anteriormente. Agradeço imensamente às senho- ras Jadwiga Matic e Jadwiga Sliwowska que cederam seus arquivos pessoais,

que deram origem a esta exposição. Agradeço também profundamente a cinco pessoas que trabalharam muito para que esta comemoração se tornasse pos- sível: Pe. Jan Sobieraj, Irmã Stanislawa, Marilene Greziak Stofel, Genowewa Szczepura e Jaroslaw Rogowski. Agradeço profundamente pelas presenças ao Consul Geral da Polônia Sr. Jacek Such, ao Reitor da Missão Polonesa no Brasil, nosso querido pároco Pe. Zdzislaw Malczewski, bem como a todas as senhoras e senhores presentes nesta Celebração. Cada um dos senhores, as- sim como nossos antepassados com muito carinho e patriotismo contribuiu para que este dia se tornasse realidade. Muito, muito obrigada.

Senhoras e senhores, nossa trajetória não termina agora. Está em nossas mãos não nos esquecermos dos valores de nossos antepassados, bem como da responsabilidade de continuar a propagar um país que em 2016 com- pletará 1050 anos como estado soberano e em função disso, será o destino de milhões de jovens peregrinos que buscarão na terra de Copérnico, Chopin, Lech Walesa e João Paulo II renovar sua fé. Que Nossa Padroeira Nossa Se- nhora de Monte Claro, nos ilumine para que continuemos trilhando esta traje- tória, que nossa bandeira, verde amarela – branco-vermelha, seja a referência de paz, união e respeito ao próximo, aos valores de nossos pais e avós e nossa inspiração para a continuidade deste trabalho.

Muito obrigada.

RESUMO – STRESZCZENIE

25 sierpnia 2013 r w Rio de Janeiro odbywały się uroczystości związa- ne z 60-leciem sprawowania Mszy św. w kościele polskim. Pod koniec Mszy św. przemówiła prof. dr. Aleksan dra Sliwowska-Bartsch - przeds- tawicielka młodszej generalcji polonijnej. Tekst jej przemówiernia za- mieściliśmy powyżej.

60 ANOS DA PRIMEIRA SANTA MISSA