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Polonicus. Revista de reflexão Brasil-Polônia. Edição semestral. Ano V 1-2/ CURITIBA - PR Publicação da Missão Católica Polonesa no Brasil

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Academic year: 2021

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Polonicus

Revista de reflexão Brasil-Polônia

Edição semestral

Ano V – 1-2/ 2014

CURITIBA - PR

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com recursos do Departamento de Diplomacia Pública e Cultural do Ministério das Relações Exteriores da

República da Polônia

Czasopismo ukazało się dzięki wsparciu Konsulatu Generalnego RP w Kurytybie, ze środków Departamentu Dyplomacji Publicznej i Kulturalnej Ministerstwa Spraw Zagranicznych RP

Doação para o fundo editorial da revista: Acir Karwowski – Uberaba – MG

Maria Neusa de M. Esquef - Campos dos Goytacazes - RJ Pe. Jan Sobieraj SChr – Rio de Janeiro – RJ

Tomasz Lychowski – Rio de Janeiro – RJ

Ficha Catalográfica:

Polonicus : revista de reflexão Brasil-Polônia / Missão Católica Polonesa no Brasil - - Ano 5, n. 9-10 (jan/dez. 2014) – Curitiba :

v.; 23cm. Semestral.

ISSN 2177 - 4730

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Mariano KAWKA Piotr KILANOWSKI Renata SIUDA-AMBROZIAK Zdzislaw MALCZEWSKI SChr

Conselho Consultivo:

Aleksandra SLIWOWSKA- BARTSCH – Universidade Candido Mendes – Rio de Janeiro Barbara HLIBOWICKA-WĘGLARZ – Universidade Maria Curie-Skłodowska –Lublin (UMCS) Benedykt GRZYMKOWSKI SChr – In memoriam

Cláudia R. KAWKA MARTINS – Colégio Militar - Curitiba Edward WALEWANDER – Universidade Católica de Lublin (KUL) Franciszek ZIEJKA – Universidade Jagiellônica de Cracóvia (UJ) Jerzy MAZUREK - Universidade de Varsóvia (UW)

José Lucio GLOMB – Ordem dos Advogados do Brasil-PR

Marcelo PAIVA de SOUZA – Universidade Federal do Paraná (UFPR) Marcin KULA – Universidade de Varsóvia (UW)

Maria Teresa TORIBIO BRITTES LEMOS – Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Regina PRZYBYCIEN - Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Tadeusz PALECZNY - Universidade Jagiellônica de Cracóvia (UJ) Thaís Janaina WENCZENOVICZ - Universidade Estadual do RS (UERS) Tito ZEGLIN – Vereador da Câmara Municipal de Curitiba

Tomasz LYCHOWSKI – Instituto Brasileiro de Cultura Polonesa – Rio de Janeiro Waldemiro GREMSKI – Universidade Federal do Paraná (UFPR), (PUC-PR) Walter Carlos COSTA – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

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tel (41) 3528 3223 ou (41) 8862 1226 E-Mail: revista@polonicus.com.br

www.polonicus.com.br

Coordenação editorial e editoração eletrônica Zdzislaw Malczewski SChr

Revisão do texto e tradução do polonês Mariano Kawka Resumo em polonês Zdzisław Malczewski SChr Projeto da capa Dulce Osinski Claudio Boczan Impressão

Corgraf Gráfica e Editora Ltda. Fone: 41 3012-5000 www.grupocorgraf.com.br

Os originais dos artigos, publicados ou não, não serão devolvidos.

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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EDITORIAL

Wstęp

POLÔNIA

Polska

Mariano KAWKA

O MESSIANISMO POLONÊS E O PAPEL POLÍTICO

SINGULAR DE SÃO JOÃO PAULO II ...23 Polski mesjanizm i nadzwyczajna rola polityczna św. Jana Pawła II

ARTIGOS

Artykuły

Papa FRANCISCO

HOMILIA DO PAPA NA SANTA MISSA EM AÇÃO DE GRAÇAS PELA CANONIZAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II,

CELEBRADA PARA A COMUNIDADE POLONESA

DE ROMA ...35 Zdzislaw MALCZEWSKI SChr

A CANONIZAÇÃO DE JOÃO PAULO II

E A COMUNIDADE POLÔNICA BRASILEIRA ...38 Kanonizacja Jana Pawła II, a wspólnota polsko-brazylijska

Marcin KULA

UM DESCRENTE TENTA EXPLICAR O FENÔMENO

“JOÃO PAULO II” ...42 Niewierzący stara się wyjaśnić fenomen „Jana Pawła II”

Wojciech NECEL SChr

JOÃO PAULO II DIANTE DOS COMPATRIOTAS

NO EXTERIOR ...47 Jan Paweł II wobec rodaków za granicą

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Brazylia w dyplomacji Jana Pawła II Regina WEBER

INSTITUIÇÕES DA ÁREA DE DOMINAÇÃO AUSTRÍACA

E SUA INFLUÊNCIA SOBRE OS IMIGRANTES POLONESES ...71 Instytucje na terenach okupanych przez Austrię i ich wpływ

na polskich imigrantów

Cecília SZENKOWICZ-HOLTMAN A NACIONALIZAÇÃO DO ENSINO

E A ESCOLA DA COLÔNIA MURICI ...81 Nacjonalizacja szkolnictwa i szkoła w Kolonii Murici

POEMAS

Wiersze

Tomasz LYCHOWSKI

POEMAS DE KAROL WOJTYLA

E TAMBÉM DO ENTÃO PAPA JOÃO PAULO II ...98 Wiersze Karola Wojtyły i także papieża Jana Pawła II

TRADUÇÕES Tłumaczenia Karol WOJTYLA PENSANDO A PÁTRIA ...108 Myśląc Ojczyzna RESENHAS Przegląd literacki Mariano KAWKA

MAZUREK, Jerzy. Piórem i czynem (Pela pena e pela ação). Warszawa: Instytut Studiów Iberyjskich

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CASIMIRO WARCHAŁOWSKI – PIONEIRO DA COLONIZAÇÃO

POLONESA NO BRASIL E NO PERU ...117 ENTREVISTAS

Wywiady

“ONDE FICA CURITIBA? QUERO VISITÁ-LA” ...126 “Gdzie znajduje się Kurytyba? Pragnę ją odwiedzić”

CRÔNICAS Wydarzenia

INSTLADO O CONSULADO HONORÁRIO

DA REPÚBLICA DA POLÔNIA EM PORTO ALEGRE ...131 Otwarcie Konsulatu Honorowego RP w Porto Alegre

Zdzislaw MALCZEWSKI SChr

O REITOR DA MCP PARTICIPA DO ENCONTRO DA PASTORAL DAS PESSOAS A CAMINHO DA CNBB ...133 Rektor Polskiej Misji Katolickiej w Brazylii uczestniczy w zebraniu

Duszpasterstw ludzi w drodze Konferencji Episkopau Brazylii Zdzislaw MALCZEWSKI SChr

UMA FESTA POLÔNICA INCOMUM

NO RIO DE JANEIRO ...137 Niecodzienne świętowanie polonijne w Rio de Janeiro

Aleksandra SLIWOWSKA-BARTSCH

60 ANOS ... CUMPRIMENTO ...144 60 lat ….. Powitanie

Tomasz LYCHOWSKI

60 ANOS DA PRIMEIRA SANTA MISSA

NA IGREJA POLONESA NO RIO DE JANEIRO (1953 – 2013) ...148 60 lat pierwszej Mszy św. w kościele polskim w Rio de Janeiro (1953-2013)

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À COLÔNIA POLONESA NO BRASIL ...150 Prymas Polski z wizytą duszpasterską wśród Polonii w Brazylii

Zdzislaw MALCZEWSKI SChr

COMEMORAÇÃO DOS 60 ANOS DA MISSÃO CATÓLICA POLONESA NO BRASIL ...152 Świętowanie 60 lat Polskiej Misji Katolickiej w Brazylii

EFEMÉRIDES Diariusz

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Com um sentimento de filial amor e gratidão diante da Pessoa do Papa João Paulo II, por ocasião da Sua canonização dedicamos-Lhe o presente número de Polonicus, no mundo polônico o único periódico de caráter cientí-fico.

- Gratos somos a S. João Paulo II pela sua decisiva influência sobre a comunidade polônica brasileira no decorrer do Seu pontificado: desde a elei-ção para a Sé de Pedro até o Seu impressionante testemunho de uma morte cristã.

- Foi Ele quem, oriundo da nação polonesa, como Sucessor de S. Pe-dro, pela Sua personalidade, pela Sua doutrina e pelo Seu exemplo, em meio aos emigrantes poloneses e aos seus descendentes das sucessivas gerações que vivem no Brasil, despertou a consciência e o orgulho das nossas raízes étnicas.

- Graças a Ele os brasileiros de origem polonesa, sem renegarem a sua brasilidade e o amor à sua Pátria Brasil, despertaram em seus corações o sentimento de um vínculo cordial com a Polônia, país dos seus antepassados.

- Com humildade pedimos a S. João Paulo II que interceda pela comu-nidade polônica brasileira, para que ela não perca a sua fé, o seu vínculo com a Igreja e a consciência da sua origem eslava!

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do Cruzeiro do Sul!

* * *

W poczuciu synowskiej miłości i wdzięczności wobec Osoby Papieża Jana II z okazji Jego kanonizacji dedykujemy Mu obecny numer tego jedynego w świecie – o charakterze naukowym - polonijnego periodyku „Polonicus”. - Wdzięczni jesteśmy św. Janowi Pawłowi II za Jego decydujący wpływ na brazylijską wspólnotę polonijną w ciągu całego Jego pontyfikatu: od wyboru na stolicę Piotrową, aż po przejmujące świadectwo chrze cijańskiej śmierci; - To On z polskiego rodu, jako Następca św. Piotra, swoją osobą, nauczaniem i przykładem wśród imigrantów polskich oraz ich potomków w kolejnych po-koleniach żyjących w Brazylii obudził świadomość i dumę ze swoich korzeni etnicznych.

- Dzięki Niemu Brazylijczycy polskiego pochodzenia nie wypierając się swo-jej brazylijskości i miłości do swoswo-jej Ojczyzny Brazylii wzbudzili w ich ser-cach poczucie serdecznej łączności z Polską, krajem ich przodków.

- Z pokorą prosimy św. Jana Pawła II, aby orędował za brazylijską wspólnotą polonijną, aby nie zatraciła wiary, przynależności do Kościoła i świadomości swojego słowiańskiego pochodzenia!

Święty Janie Pawle II, módl się za nami! Otocz swoją modlitwę Brazylię, Polskę i wspólnotę polonijną żyjącą, wierzącą i pracującą w Kraju Krzyża Południa!

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Ao entregarmos aos nossos prezados leitores este número duplo da nossa revista, expressamos o pesar pelo fato de que, infelizmente, por falta de suficientes recursos financeiros, não tivemos condições de editar separa-damente os dois números. As palavras que escrevi no Editorial do número anterior (7-8)/2013 deveriam ser repetidas também aqui. Mas não vamos nos queixar da falta de compreensão para o nosso periódico nas instituições polo-nesas ou do visível declínio, em meio às pessoas de origem polonesa, do sen-timento de responsabilidade pelo registro da memória do nosso grupo étnico ou pelo registro dos laços de amizade e cooperação entre o Brasil e a Polônia – país da nossa origem. Lamentamos que se esvaia, em meio aos atuais descen-dentes dos imigrantes poloneses no Brasil, a abertura do coração para apoiar financeiramente a edição deste único periódico polônico no mundo de caráter científico. A história dos quase 150 anos da comunidade polônica brasileira apresenta um grande número de jornais, periódicos (mais de cem títulos) e li-vros que têm sido publicados graças à compreensão e ao apoio financeiro dos seus leitores. Alimentamos a esperança de que os polônicos brasileiros darão conta dessa tarefa e imitarão os seus antepassados na responsabilidade pelas publicações que tratam deles e que a eles são dedicadas.

Dedicamos o presente número do periódico ao grande polonês que, cumprindo a responsável missão de Sucessor de S. Pedro e servindo a toda a Igreja e ao mundo, em todas as ocasiões que se lhe apresentavam teste-munhava a sua genealogia polonesa. Durante as suas viagens apostólicas a tantos países, em cada um deles encontrava-se com os seus compatriotas para fortalecer neles a fé e o polonismo! Essa dedicatória ao Papa João Paulo II está relacionada com a sua canonização! Trata-se de um gesto simples, mas que brota do fundo dos nossos corações...

Já que estou escrevendo de gratidão, neste lugar, em meu próprio nome e em nome de todos aqueles que lerão este número do periódico,

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ex-delicada situação, pela sua sensibilidade de coração e por sair ao encontro das pessoas envolvidas pelo idealismo polônico, mas às quais faltam meios para a realização de uma das manifestações da vitalidade desta comunidade, que é a publicação de uma revista polônica própria. Pela ajuda financeira, graças à qual pudemos publicar este número duplo de Polonicus, a nossa sincera grati-dão! Agradecemos do fundo do coração!

Numa breve síntese, gostaria de apresentar agora aos prezados leito-res o conteúdo do pleito-resente número do periódico.

Na seção Polônia, publicamos o artigo rico em seu conteúdo do Prof. Mariano Kawka – nosso fiel e testado nas dificuldades editoriais membro da equipe redacional e devotado tradutor. Em seu texto ele analisa o messianis-mo polonês e diante desse pano de fundo deseja familiarizar os leitores com o papel político que João Paulo II desempenhou na Polônia, mas também em outros países. O messianismo polonês brotou da filosofia polonesa no século XIX num período muito difícil para a nação. Foi justamente graças a esse pen-samento político que os poloneses suportaram com mais facilidade as dificul-dades e os sofrimentos no período da perda da independência nacional. Du-rante o seu pontificado, muitas vezes em seus pronunciamentos João Paulo II dirigia aos seus compatriotas pensamentos extraídos justamente dessa típica filosofia polonesa. Para melhor compreender os propósitos do autor do texto, recomendo o aprofundamento no conteúdo do mencionado artigo.

A segunda seção, intitulada Artigos, abre-se com uma homilia do papa Francisco que ele pronunciou uma semana após a canonização de S. João Paulo II na igreja polonesa de S. Estanislau em Roma e dirigiu à comuni-dade polonesa que vive na Cicomuni-dade Eterna. Os pensamentos do papa Francisco podem – com certeza – podem ser relacionados com cada um de nós que ler-mos a sua homilia.

O texto seguinte é de autoria do redator do periódico, que evoca da memória momentos históricos: a eleição do cardeal de Cracóvia Karol

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Wo-papa polonês, que ocorreu na Praça de S. Pedro no dia 22 de outubro de 1978. Lembra então a histórica primeira visita apostólica do papa João Paulo II ao Brasil, o ambiente repleto de seriedade que reinava em todo o país, as alegrias e a influência sobre os brasileiros de origem polonesa. Recorda a atmosfera reinante no Estádio Couto Pereira, em Curitiba, quando o papa João Paulo II se encontrou com representantes da colônia polonesa no Brasil, dirigindo-lhes palavras repletas de fé, fortalecimento e apelo à fidelidade à cruz, ao Evange-lho e aos valores que os seus antepassados trouxeram da longínqua Polônia. A canonização de João Paulo II permanecerá para a coletividade polônica no Brasil como um contínuo apelo a viver com aqueles valores que durante o seu longo pontificado foram corajosamente proclamados pelo grande papa oriundo da nação polonesa.

Muito interessante é o texto do Prof. Marcin Kula, que procura olhar para o fenômeno de João Paulo II do ponto de vista de uma pessoa descrente. O autor menciona a proximidade do papa João Paulo II da juventude, e não somente polonesa. Tendo em mente os seus encontros realizados em diversas partes do mundo, o autor do texto se indaga se esses encontros exerceram alguma influência sobre a vida desses jovens. Diante das diversas manifesta-ções do mundo contemporâneo, o Prof. Kula apresenta a figura de João Paulo II estabelecendo o diálogo não somente com Deus, mas também as pequenas e as grandes pessoas deste mundo. De alguma forma todos puderam aproxi-mar-se do papa, e especialmente as pessoas honestas puderam identificar-se com João Paulo II. O papa possuía a sua personalidade, a facilidade de esta-belecer contato com as pessoas e as massas humanas, mas também o mundo demonstrava necessitar dos valores por ele transmitidos.

O autor seguinte, o Pe. Prof. Wojciech Necel SChr, aborda em seu arti-go o relacionamento de João Paulo II com os compatriotas que vivem fora das fronteiras da Polônia. Analisa de forma muito sintética vinte mensagens que o papa João Paulo II dirigiu aos migrantes por ocasião do Dia Mundial do Mi-grante e do Refugiado, comemorado todos os anos na Igreja católica. O que o

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mente os congressos mundiais da pastoral dos migrantes e dos refugiados que durante o pontificado do papa polonês foram organizados em Roma. A seguir o autor escreve sobre a necessidade da integração do migrante. Trata-se de um desejo e de uma orientação da Igreja para as pessoas que por diversos motivos escolheram a vida fora da sua própria pátria, do seu país, no qual vi-viam segundo determinados valores e tradições. Na continuidade desse texto, o autor procura apresentar João Paulo II diante da necessidade eclesiástica da integração dos poloneses que vivem no exterior. Na parte final das suas reflexões, fala da pátria e do patriotismo de João Paulo II, bem como da sua influência sobre a civilização, a cultura e a fé. O texto se encerra com trechos do pronunciamento do papa à comunidade polônica brasileira em Curitiba, naquele memorável dia 5 de julho de 1980.

O nosso colaborador seguinte, que escreve pela primeira vez nas pá-ginas do nosso periódico, é o Pe. Monsenhor Tomasz Grysa, conselheiro da Nunciatura Apostólica no Brasil, que nos apresenta o papa João Paulo II no seu relacionamento diplomático com o Brasil. O autor analisa 14 pronuncia-mentos pontifícios dirigidos a políticos, presidentes e diplomatas brasileiros. Existem muitos outros documentos papais, que possuem um caráter pastoral. Por isso o autor procura apresentar ao leitor o desvelo pessoal e diplomá-tico do papa pelo bem da nação brasileira. Menciona os discursos do papa assinalando a quem foram dirigidos, onde e quando. Dos mencionados pro-nunciamentos do papa irradia-se muita bondade, respeito e solicitude pelos brasileiros, tanto na dimensão espiritual como também na social e material.

Saudamos nas páginas do nosso periódico mais uma nova autora. Es-tou falando aqui da Profa. Regina Weber, da Universidade Federal em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A conhecida pesquisadora da história da imigra-ção no Sul do Brasil apresenta-nos a questão das instituições que existiam no território da Polônia ocupado pela Áustria. A autora fala da influência dessas instituições sobre os imigrantes poloneses estabelecidos no Sul do Brasil.

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artigo reflete sobre a influência da nacionalização das escolas e sobre as suas consequências para a coletividade polônica residente na mencionada colônia Murici.

Na seção seguinte, dedicada a Poemas, Tomasz Lychowski – há muitos anos nosso colaborador e líder polônico no Rio de Janeiro – debruça-se sobre trechos debruça-selecionados da poesia de Karol Wojtyła. Como um autor que já publicou vários volumes de poemas de sua autoria, Lychowski com certeza compreende a poesia do papa melhor que um leitor comum. Ele faz os seus próprios comentários e apresenta as suas observações sobre determi-nados poemas do papa polonês, alguns dos quais foram por ele traduzidos. Apresenta-os em seu texto, para que o nosso leitor tenha a possibilidade de conhecer melhor a riqueza da poesia de S. João Paulo II.

Na seção seguinte, intitulada Traduções, outro colaborador nosso de muitos anos e membro da equipe redacional, o Prof. Henryk Siewierski – dire-tor da cátedra de língua e literatura polonesa Cyprian Kamil Norwid na Uni-versidade de Brasília (UnB) – apresenta a tradução de um trecho do poema de Karol Wojtyła escrito em 1974, que traz o título Pensando Pátria. Espero que a reflexão poética de Karol Wojtyła sobre a pátria polonesa possa também ser útil a todos os leitores, na análise e na percepção da múltipla riqueza da sua própria pátria!

Na seção seguinte, Resenhas, publicamos duas resenhas que anali-sam o livro de autoria do Prof. Dr. Jerzy Mazurek intitulado Pela pena e pela ação. O livro apresenta a figura histórica do líder polônico e do político Ka-zimierz Warchałowski, que atuou no Brasil e no Peru. O autor da primeira resenha é o Prof. Mariano Kawka, que intitula a sua reflexão A trajetória sul-a-mericana de um líder polonês. Por sua vez o Prof. Dr. Władysław Miodunka, ao fazer a resenha da obra do Prof. Mazurek, intitula a sua reflexão A palavra e a ação na vida de Kazimierz Warchałowski – pioneiro da colonização polonesa no Brasil e no Peru. Tenhamos a esperança de que a obra apresentada será traduzida para o português e publicada no Brasil.

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cedeu ao jornal Tribuna do Paraná, e que foi publicado nas páginas desse jornal (25 de abril de 2014) na véspera da canonização do papa João Paulo II.

Na parte final deste número da revista, na seção Crônicas, publica-mos diversos textos que abordam fatos ocorridos em diversas comunidades polônicas do Brasil.

O último registro neste periódico é a seção Efemérides, na qual o lei-tor poderá tomar conhecimento de muitos eventos significativos, importantes encontros e visitas que ocorreram em 2014.

Ao apresentar ao prezado leitor o presente número do nosso perió-dico, faço votos de que a sua leitura se torne uma ocasião para obter infor-mações sobre a atividade da nossa coletividade étnica no Brasil. Espero que os textos dos diversos autores ampliem os horizontes do leitor em relação à história e aos acontecimentos relacionados com o passado, e também com o presente dessa comunidade, que foi honrada pelo encontro e pela mensagem do papa João Paulo II. Que S. João Paulo II interceda por todos aqueles que se envolverem na leitura de Polonicus e alcance junto ao Deus da História a bênção para cada um e cada uma de nós!

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Przekazując naszym Drogim Czytelnikom podwójny tegoroczny numer naszego czasopisma wyrażam ubolewanie, że niestety z braku od-powiednich środków finansowych nie byliśmy w stanie wydać oddzielnie dwóch numerów. Słowa, jakie napisałem we Wstępie w poprzednim nume-rze (7-8)/2013 należałoby powtórzyć również i w tym miejscu! Nie będziemy utyskiwać na brak zrozumienia dla naszego periodyku w instytucjach pol-skich, czy też na dostrzegalny zanik wśród osób polskiego pochodzenia po-czucia odpowiedzialności za upamiętnienie historii naszej grupy etnicznej, czy też rejestru pogłębiającej się więzi przyjaźni i współpracy Brazylii z Pol-ską – krajem naszego pochodzenia. Ubolewamy, że zanika u współczesnych potomkach polskich imigrantów w Brazylii otwartość serca na wspieranie finansowe wydawania tego jedynego w świecie polonijnym periodyku o cha-rakterze naukowym. Blisko 150. letnia historia Polonii brazylijskiej ukazuje wielość gazet, czasopism (ponad sto tytułów), książek, które były wydawane dzięki zrozumieniu i wsparciu finansowemu. Żywimy nadzieję, że Polonusi brazylijscy staną na wysokości zadania i będą naśladować swoich przodków w odpowiedzialności za wydawnictwa traktujące o nich i im poświęcone.

Obecny numer periodyku dedykujemy Wielkiemu Polakowi, który pełniąc odpowiedzialną misję Następcy św. Piotra i służąc całemu Kościołowi i światu nie unikał okazji, ale gdzie mógł tam publicznie świadczył o swoim polskim rodowodzie! Podczas swoich podróży apostolskich do tylu krajów, w każdym z nich spotykał się ze swoimi rodakami, aby umocnić w nich wiarę i polskość! Ta dedykacja Papieżowi Janowi Pawłowi II związana jest z Jego kanonizacją! Jest to gest prosty, ale płynący z głębi naszych serc….

Skoro piszę o wdzięczności to, w tym miejscu we własnym imieniu i tych wszystkich, którzy wezmą do ręki ten numer periodyku, wyrażam ser-deczne podziękowanie panu Markowi Makowskiemu – konsulowi general-nemu Rzeczypospolitej Polskiej w Kurytybie za zrozumienie naszej delikatnej

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wów żywotności tej wspólnoty, a jest nim wydawanie własnego, polonijnego czasopisma. Za pomoc finansową, dzięki której wydaliśmy ten podwójny nu-mer „Polonicusa”, nasza szczera wdzięczność! Dziękujemy z głębi serca!

Chciałbym w telegraficznym skrócie przedstawić Drogim Czytelni-kom treść obecnego numeru periodyku.

W dziale „Polska” publikujemy bogaty w treść artykuł prof. Mariana Kawki - naszego wiernego i wypróbowanego w trudnościach wydawniczych członka zespołu redakcyjnego i oddanego tłumacza. W swoim tekście omawia polski mesjanizm i na jego tle pragnie przybliżyć polityczną rolę, jaką odegrał papież Jan Paweł II w Polsce, ale także w innych krajach. Polski mesjanizm wyrósł na filozofii polskiej w XIX wieku w okresie bardzo trudnym dla naro-du. To właśnie dzięki tej myśli politycznej łatwiej było Polakom znosić trudy i cierpienia niewoli. W swoim pontyfikacie papież Jan Paweł II często w swoich wystąpieniach kierował do swoich rodaków myśli zaczerpnięte z tej właśnie typowej filozofii polskiej. By lepiej zrozumieć zamierzenia autora tego tekstu, polecam zagłębienie się w treść artykułu prof. Mariana Kawki.

Drugi rozdział zatytułowany „Artykuły” otwiera homilia papieża Franciszka, którą wygłosił tydzień po kanonizacji św. Jana Pawła II w polskim kościele św. Stanisława w Rzymie i skierował do wspólnoty polskiej żyjącej w Wiecznym Mieście. Myśli papieża Franciszka może – z pewnością - odnieść do siebie każdy z nas, czytających jego homilię. Kolejny tekst jest autorstwa redaktora periodyku. Przywołuje z pamięci historyczne momenty: wybór kardynała krakowskiego Karola Wojtyły na papieża i atmosferę panującą w owym czasie w Polsce. Następnie przywołuje historyczny moment uroczystej inauguracji pontyfikatu papieża Polaka, jaki miał miejsce na placu św. Pio-tra 22 października 1978 r. Z kolei autor przypomina historyczną, pierwszą wizytę apostolską papieża Jana Pawła II w Brazylii, panującą w całym kraju atmosferę pełną powagi, radości oraz wpływ na Brazylijczyków polskiego pochodzenia. Wspomina atmosferę panującą na stadionie „Couto Pereira”

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nia do wierności krzyżowi, Ewangelii i wartościom, jakie przywieźli ze sobą ich przodkowie z dalekiej Polski. Kanonizacja Jana Pawła II pozostanie dla katolickiej społeczności polonijnej w Brazylii ciągłym wezwaniem do życia tymi wartościami, jakie z odwagą przez swój długi pontyfikat głosił Wielki Papież, z polskiego rodu. Bardzo ciekawym jest tekst prof. dr Marcina Kuli, który stara się spojrzeć na fenomen Jana Pawła II z punktu widzenia człowie-ka niewierzącego. Autor wspomina bliskość papieża Jana Pawła II młodzieży, nie tylko polskiej. Jego spotkania organizowane w różnych miejscach świata. Autor tekstu zastanawia się czy te papieskie spotkania wywarły wpływ na życie tych młodych ludzi? Profesor M. Kula na tle różnych przejawów współ-czesnego świata ukazuje postać Jana Pawła II podejmującego dialog nie tylko z Bogiem, ale również ludźmi wielkimi i maluczkimi tego świata. W jakiś sposób każdy mógł się zbliżyć do papieża, a szczególnie uczciwi mogli się utożsamiać z Janem Pawłem II. Papież posiadał swoją osobowość, łatwość kontaktu z osobą i masami ludzkimi, ale i świat wykazywał zapotrzebowanie na wartości przekazywane przez Papieża Jana Pawła II. Kolejny autor ks. prof. Wojciech Necel SChr w publikowanym artykule omawia relacje Jana Pawła II z rodakami żyjącymi poza granicami Polski. Autor omawia w sposób bardzo szkicowy 20 przesłań, jakie papież Jan Paweł II skierował do migrantów z okazji obchodzonego każdego roku w Kościele katolickim „Światowego Dnia Migranta i Uchodźcy”. To co papież pisał do migrantów w ogólności, odnosiło się również do imigrantów polskich żyjących w tylu krajach świata. Ks. prof. W. Necel przypomina również światowe kongresy duszpasterstwa migran-tów i uchodźców, jakie za pontyfikatu papieża Polaka były organizowane w Rzymie. Z kolei autor pisze o potrzebie integracji migranta. Jest to życzenie i wskazanie Kościoła dla ludzi, którzy z różnych powodów wybrali życie poza własnym środowiskiem, krajem, w którym żyli pewnymi wartościami i tra-dycjami. W kolejnym punkcie swojego tekstu autor stara się przedstawić Jana Pawła II wobec potrzeby kościelnej integracji Polaków żyjących na obczyźnie. W końcowej części swoich rozważań autor wspomina o ojczyźnie i

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patrio-do Polonii brazylijskiej w Kurytybie w owym pamiętnym dniu 5 lipca 1980 r. Nasz kolejny współpracownik - publikujący po raz pierwszy na łamach na-szego periodyku – ks. prałat Tomasz Grysa, radca Nuncjatury Apostolskiej w Brasílii przybliża nam papieża Jana Pawła II w Jego dyplomatycznych re-lacjach z Brazylią. Autor omawia 14 przemówień papieskich skierowanych do brazylijskich polityków: prezydentów, dyplomatów. Istnieje o wiele więcej dokumentów papieskich, ale one mają charakter duszpasterski. Dlatego też autor stara się przybliżyć czytelnikowi zatroskanie osobiste i dyplomatycz-ne papieża o dobro narodu brazylijskiego. Autor wymienia przemówienia papieskie z zaznaczeniem do kogo były skierowane, w jakim miejscu i kie-dy. Ze wspomnianych przemówień papieskich przebija wiele serdeczności, szacunku i zatroskania o Brazylijczyków. Tak w wymiarze duchowym, jak też społecznym i materialnym. Witamy na łamach naszego periodyku ko-lejnego nowego autora. Piszę tutaj o prof. dr Reginie Weber z Uniwersytetu Federalnego w Porto Alegre, w stanie Rio Grande do Sul. Znana badaczka dziejów imigracji na południu Brazylii przybliża nam kwestię instytucji ist-niejących na terenach Polski okupowanych przez Austrię. Autorka przybliża nam kwestię wpływów tych instytucji na imigrantów polskich osiadłych na południu Brazylii. Kolejna nowa autorka, podejmująca współpracę z naszym periodykiem Cecília Szenkowicz-Holtman w swoim studium podjęła tematy-kę szkolnictwa polskiego w Kolonii Murici usytuowanej w pobliżu Kurytyby. Autorka w swoim artykule zastanawia się nad wpływem nacjonalizacji szkol-nictwa i jego konsekwencjami dla społeczności polonijnej zamieszkującej we wspomnianej kolonii Murici.

W następnym dziale poświęconemu „Poezji” Tomasz Łychowski - nasz wieloletni współpracownik i lider polonijny w Rio de Janeiro – pochyla się nad wybranymi fragmentami poezji Karola Wojtyły. Tomasz Łychowski jako poeta mający na swoim koncie wydanych kilka tomików poezji z pew-nością lepiej rozumie poezję Karola Wojtyły niż przeciętny zjadacz chleba codziennego. Autor dokonuje własnych komentarzy, spostrzeżeń nad

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wybra-ście, aby nasz Czytelnik miał możliwość zetknięcia się bliżej z bogactwem poezji św. Jana Pawła II.

W następnym dziale, zatytułowanym „Tłumaczenia”, kolejny nasz wieloletni współpracownik i członek zespołu redakcyjnego, prof. Henryk Siewierski – dyrektor katedry języka i literatury polskiej Cypriana Kamila Norwida na Uniwersytecie w Brasílii (UnB) - przetłumaczył fragment poezji Karola Wojtyły napisany w 1974 r., a noszący tytuł „Myśląc Ojczyzna”. Mam nadzieję, że poetycka refleksja Karola Wojtyły o polskiej Ojczyźnie może tak-że pomóc każdemu naszemu Czytelnikowi nad zamyśleniem się i dostrzetak-że- dostrzeże-niem wielorakiego bogactwa własnej ojczyzny!

W kolejnym dziale „Przegląd literacki” zamieszczamy dwie recen-zje omawiające książkę autorstwa Jerzego Mazurka pt.: „Piórem i czynem”. Prezentowana książka przybliża historyczną postać lidera polonijnego, poli-tyka Kazimierza Warchałowskiego działającego w Peru i Brazylii. Autorem pierwszej recenzji jest prof. Mariano Kawka, który swoją refleksję zatytułował „Trajektoria południowoamerykańska polskiego lidera”. Natomiast prof. dr Władysław Miodunka dokonując recenzji dzieła Jerzego Mazurka zatytuło-wał swoją refleksję „Słowo i czyn w życiu Kazimierza Warchałowskiego – pio-niera kolonizacji polskiej w Brazylii i Peru”. Miejmy nadzieję, że omawiane dzieło zostanie przetłumaczone na język portugalski i ukaże się w Brazylii.

W dziale „Wywiady” zamieszczamy przedruk wywiadu, jakiego udzielił ks. Zdzisław Malczewski SChr – rektor Polskiej Misji Katolickiej w Brazylii kurytybskiemu dziennikowi „Tribuna do Paraná”, jaki ukazał się na łamach tej gazety (25 kwietnia 2014) w przeddzień kanonizacji papieża Jana Pawła II.

W końcowej części tego numeru czasopisma w dziale „Wydarzenia” zamieszczamy kilka tekstów opisujących znaczące fakty, jakie miały miejsce w wielu brazylijskich wspólnotach polonijnych. Ostatnim zapisem w tym pe-riodyku jest „Diariusz” , w którym Drogi Czytelnik będzie mógł dowiedzieć się o wielu znaczących wydarzeniach, ważnych spotkaniach, wizytach, jakie

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riodyku życzę, aby jego lektura stała się okazją do pozyskania informacji o aktywności naszej polskiej społeczności etnicznej w Brazylii. Mam nadzieję, że zamieszczone teksty wielu autorów poszerzą horyzonty Czytelnika odno-śnie historii i wydarzeń związanych z przeszłością, jak też teraźniejszością tej wspólnoty, która została zaszczycona spotkaniem i przesłaniem papieża Janem Pawłem II! Niech św. papież Jan Paweł II oręduje za każdym, kto weź-mie do ręki nasze czasopismo „Polonicus” i wyprasza u Boga Pana Historii błogosławieństwo dla każdego i każdej z Was!

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O MESSIANISMO POLONÊS E O PAPEL POLÍTICO SINGULAR

DE SÃO JOÃO PAULO II

Mariano KAWKA *

O messianismo, na religião judaica, diz respeito à crença na vinda de um Messias, redentor eleito por Deus para redimir toda a humanidade por in-termédio de Israel. Por extensão, significa a crença na vinda de um libertador ou salvador (um messias) que substituirá a ordem do presente, considerada má, por nova ordem baseada na justiça e na felicidade.

O messianismo romântico manifestou-se na filosofia, na política e na literatura. Utilizaram-se de concepções messiânicas os primeiros utopistas-socialistas, tais como o francês Claude Saint-Simon (1760-1825), que defendeu um socialismo planificador e tecnocrático, fundamentado sobre a racionalida-de e a constituição racionalida-de uma nova classe racionalida-de industriais. No entanto, esse mes-sianismo desenvolveu-se de maneira especial na literatura polonesa, sob a in-fluência da situação específica da Polônia, que no final do século XVIII perdeu a sua condição de Estado independente, tendo seu território partilhado entre as potências vizinhas (Áustria, Prússia e Rússia).

O messianismo polonês

O messianismo polonês é uma corrente na filosofia polonesa cujo florescimento máximo ocorreu no século XIX, entre os Levantes de 1830 e 1963. Trata-se de uma filosofia especificamente polonesa, com a tendência, por um lado, de criar sistemas metafísicos especulativos e, por outro, de reformar o mundo pela filosofia. Essa corrente propagava também a visão geral de que os poloneses, como Nação, possuem alguns traços de persona-lidade que de maneira especial os distinguem entre as nações do mundo.

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Em território polonês esse ideal teve uma popularidade especial. Nos séculos XVII e XVIII, em meio à população judia têm surgido seitas que se baseavam num líder carismático, proclamado pelos seus seguidores como um messias. Talvez em razão do contato permanente com a cultura judaica, ou talvez em razão da profunda religiosidade, já no período do Barroco (séculos XVII e XVIII) começaram a surgir na filosofia do romantismo os primeiros elementos do messianismo. A Nação polonesa, que seria originária do antigo povo dos sármatas1, teria a cumprir um papel especial na história do mundo.

A República das Duas Nações2 devia ser o baluarte da cristandade, o asilo da

liberdade e o celeiro da Europa. Esses ideais foram expressos por Wespazjan Kochowski (1633-1700), poeta, historiador da corte do rei João III Sobieski, representante do chamado barroco sármata.

O messianismo romântico originou-se das tradições judaico-cristãs, mas reportava-se à visão do martirizado Jesus-Messias (os eslavos, a Polônia), que devia salvar e unir os pecadores (as outras nações da Europa).

As principais características da filosofia messiânica, comuns à maio-ria dos seus representantes conhecidos, são:

- a convicção a respeito da existência de um Deus pessoal; - a fé na existência eterna da alma;

- a ênfase ao predomínio das forças espirituais sobre as físicas; - a visão da filosofia e/ou da nação como o instrumento para a reforma de vida e a salvação da humanidade;

- a ênfase ao significado eminentemente metafísico da categoria de nação;

- a afirmação de que o homem pode realizar-se plenamente apenas no 1 Povo nômade e pastoril de origem iraniana. Os sármatas invadiram a região habitada pelos citas e alcançaram o Danúbio (séc. I). No século V foram subjugados pelos godos e pelos hunos. Desapareceram, misturados com outros povos. Na literatura polonesa dos séculos XV-XIX eram tidos como os antepassados da nobreza polonesa ou dos poloneses.

2 Estado composto da Coroa do Reino da Polônia e do Grão-Ducado da Lituânia, nos anos 1569-1795, por força da União de Lublin (1569).

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âmbito da nação, numa comunhão de espíritos;

- o historicismo manifestado na afirmação de que são as nações que determinam o desenvolvimento da humanidade.

Para Józef Hoene-Wroński3, que introduziu o conceito do

messianis-mo na filosofia polonesa, o messias que devia introduzir a humanidade num período de felicidade era a filosofia. Para o principal divulgador do messianis-mo na consciência de uma audiência mais ampla, o poeta Adam Mickiewicz4,

esse papel caberia à Polônia.

Além dos citados Wroński e Mickiewicz, os mais importantes messia-nistas poloneses foram: August Cieczkowski, Józef Bohdan Dziekoński, Jó-zef Gołuchowski, JóJó-zef Kremer, Ludwik Królikowski, Karol Libelt, Wincenty Lutosławski, Andrzej Towiański, Bronisław Trentowski, Jan Paweł Woronicz.

O messianismo polonês tinha um caráter especulativo-metafísico e antinaturalista. Não era a ideia geral, como em Hegel5, mas a alma

huma-na individual que constituía a urdidura da realidade. Tinha por objetivo não apenas o conhecimento da verdade, mas a realização de uma reforma de vida e a salvação da humanidade. O agente da salvação, o “messias”, devia ser a própria filosofia, que revelaria a verdade, como julgava Wroński, ou ainda a nação polonesa, que conduziria a humanidade à verdade, como acreditava Mickiewicz.

Contrariamente ao idealismo alemão, o messianismo polonês era teís-ta e personalisteís-ta, além de ser irracionalisteís-ta, visto que colocava a vonteís-tade e a ação acima do pensamento.

Como corrente filosófica, o idealismo polonês perdeu o seu significa-3 Józef Hoene-Wronski (1776-185significa-3) − filósofo, matemático, astrônomo, físico, jurista, economista; principal representante do messianismo polonês; na matemática, introduziu o wronskiano (determinante chave na teoria das equações diferenciais).

4 Adam Mickiewicz (1798-1855) − poeta polonês, principal representante do Romantismo em seu país.

5 Friedrich Hegel (1770-1831) − filósofo alemão. Sua filosofia identifica o ser e o pensamento como um princípio único, a ideia, que se desenvolve em três fases: tese, antítese, síntese.

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do após a queda do Levante de Janeiro (de 1863), mas foi continuado por al-guns filósofos, tais como Wincenty Lutosławski (1963-1954), o qual acreditava que o messianismo é o degrau mais elevado do pensamento filosófico e o mais próximo da verdade.

O messianismo na literatura polonesa

Na literatura polonesa, o messianismo se identifica de maneira espe-cial com o período romântico, mas elementos messiânicos surgem já nos seus primórdios, por exemplo na obra do padre Piotr Skarga6, no qual o

messianis-mo se relaciona com as advertências contra a queda da nação, que ao mesmessianis-mo tempo era apresentada como permanecendo em união especial com Deus − o seu protetor.

No início do século XIX surgiu na literatura polonesa como uma rea-ção às partilhas do país. Na literatura romântica, o messianismo se manifesta após a queda do Levante de Novembro (de 1830).

O messianismo é uma crença ou, antes, um conjunto de crenças rela-cionadas com o papel salvador de um mediador-messias que, sacrificando-se por todos, resgata a culpa de todos. Esse mediador pode ser um indivíduo ou um grupo, por exemplo uma nação ou uma classe social. O messianismo pode ter um caráter religioso ou social.

O messianismo se relaciona com as tendências milenaristas, signifi-cando qualquer movimento de natureza política ou religiosa que se caracte-riza pela espera da salvação iminente e coletiva deste mundo, surgindo, em geral, como resposta a uma situação de conflito. As raízes do messianismo remontam à religião judaica, tendo surgido mais tarde no âmbito de muitas culturas, por exemplo na França do século XIX. É geralmente a religião de nações fracas, ameaçadas, embora exista também um típico messianismo da dominação, relacionado com tendências nacionalistas, por exemplo na Rússia do século XIX.

6 Piotr Skarga (1536-1612) − jesuíta, escritor polonês, pregador na corte do rei Sigismundo III Waza, eminente orador.

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Na literatura polonesa, o messianismo se manifesta de forma mais visível no período do Romantismo, especialmente na pessoa do poeta Adam Mickiewicz. O messianismo de Mickiewicz, no começo individual, evolui com o tempo para coletivo, baseado na convicção sobre o papel salvador da nação. Relaciona-se também com o missionismo − a convicção a respeito da missão moral da nação polonesa, que devia fazer renascer a Europa. Convém, igual-mente, registrar a antinomia do messianismo de Mickiewicz. Por um lado o poeta salienta o papel salvador do sofrimento e a necessidade de submeter-se a ele; por outro lado, especialmente nos anos 40, ordena uma mudança ativa do mundo.

O Romantismo chamava a atenção para as nações e os povos como sujeitos da História. Em toda a literatura polonesa, não encontraremos o fenô-meno do messianismo tão detalhadamente descrito como aquele que ocorre em Mickiewicz, na “Visão do Padre Pedro”, na cena V da III parte dos An-tepassados. O Padre Pedro vivenciou uma visão que é uma resposta de Deus − um enlevo místico em que lhe é dado ver a história da Polônia e o seu futu-ro. Essa visão é uma realização romântica do lema do messianismo nacional, visto que o Padre Pedro vê a história da Polônia estruturada a exemplo da história de Cristo − o martírio da nação polonesa deve salvar os outros povos que lutam pela liberdade. Dessa forma, o sacrifício polonês possui igualmente um sentido universal, é como que a renovação do caráter universalmente re-dentor de Cristo. Esse sacrifício é feito pela liberdade e deve salvar o mundo do atual momento histórico. Deus escolheu a Polônia não apenas em razão dos seus antigos méritos em prol da fé e da liberdade, mas também em razão do caráter inocente dos sofrimentos por que havia passado.

A visão do padre é como que uma resposta à catástrofe da história, que foi para os poloneses a derrota no Levante de Novembro (de 1830). Todas as visões são interpretadas numa perspectiva bíblica. Por exemplo, o motivo da ressurreição de Cristo é o prenúncio da recuperação, pela Polônia, da lon-gamente esperada independência.

As imagens da “Visão do Padre Pedro” são obscuras, repletas de sím-bolos, reticências e enigmas. O conjunto se assemelha às revelações bíblicas,

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por exemplo ao Apocalipse de São João. O destino da nação polonesa é apre-sentado nitidamente de conformidade com a história de Cristo. Os diversos acontecimentos têm as suas analogias e, por isso, toda a visão é uma realiza-ção literária da conceprealiza-ção “Polônia − Cristo das Nações”, o que de forma ideal se relaciona com o messianismo.

Outra obra de Mickiewicz em que se manifesta o seu ideal messiânico são os Livros da nação e da peregrinação polonesa (1832), que se transformaram numa espécie de catecismo dos emigrantes poloneses. Aliás, o título primitivo dessa obra era Catecismo da peregrinação polonesa. A obra é estilizada segundo a Bíblia e os Evangelhos (a começar pelo título, porque “Livros” é o correspon-dente do termo grego “bíblia”) e aborda as questões políticas parcialmente em forma de parábolas. Os Livros operam com uma ética anti-individualista, estranha ao heroísmo individual. Essa obra não apenas se dirige a um herói coletivo − os Irmãos, a Fé, os Soldados − e ensina verdades que se relacionam com toda a comunidade dos emigrantes, mas é até tratada como uma obra coletiva, cujo autor reduz o seu papel ao mínimo, vendo em si o transmis-sor de pensamentos “recolhidos da história da Polônia, e dos escritos, e dos relatos, e dos ensinamentos dos poloneses, pessoas piedosas e dedicadas à Pátria, mártires, confessores e peregrinos e, algumas coisas, da graça divina”7.

De acordo com essa intenção, a obra foi publicada anonimamente e lhe foi conferido o formato poligráfico de um manual de oração. Os Livros deviam sobretudo educar e instruir. Educar a multidão dos emigrados poloneses e ensinar a religião da liberdade e da fé na sua vitória. No entanto a obra não se concentra no sentido salvador do próprio sofrimento, mas na mudança e na renovação espiritual do mundo, que devem ser conquistadas pelo esforço humano. Não apregoam a passiva expectativa do pagamento divino pelo san-gue e pelo sofrimento. O seu messianismo exige a ação e convoca os leitores a um múltiplo esforço.

Os exilados, aos quais se dirigem os ensinamentos morais dos Livros daperegrinação, não são simples emigrantes, mas cavaleiros da liberdade uni-7 Adam MICKIEWICZ. Księgi narodu i pielgrzymstwa polskiego. In: Pisma prozą, część II. Kraków: Czytelnik, 1952, p. 55.

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versal, escolhidos por um destino superior. Por isso Mickiewicz os chama de peregrinos, ou seja, pessoas que peregrinam em busca do objetivo messiânico de uma dupla liberdade: do seu próprio país e dos povos da Europa, além de apóstolos. Esse apostolado, assentado no modelo bíblico, devia basear-se em posturas de devotamento, sacrifício amor e humildade.

O autor dos Livros da peregrinação é ao mesmo tempo profeta e políti-co, que engajou a historiosofia e a ética da sua obra na luta pelo presente revo-lucionário da Europa. Em grande medida graças à potente inflexão libertária, a obra conquistou uma enorme popularidade não apenas entre os emigrantes poloneses − três edições no decorrer de três meses − mas também numa es-cala mais ampla, uma vez que rapidamente foi traduzida para as principais línguas europeias.

O Romantismo não apenas se interessava por fatos históricos concre-tos, mas também criava sistemas que deviam esclarecer a regularidade do desenvolvimento da História, ou seja, os chamados sistemas historiosóficos.

A visão romântica da História moldava-se em relação com as convic-ções milenaristas, com a expectativa de uma grande mudança e renovação da História. Generalizando essa visão, pode-se dizer que o esquema romântico da História consiste na sua apresentação como uma caminhada do paraíso perdido ao paraíso reconquistado. Essa visão possuía uma dimensão otimista no messianismo de Mickiewicz.

Outro nome de destaque no messianismo romântico é o dramaturgo e poeta polonês Zygmunt Krasiński (1812-1859). Como outros filósofos polo-neses com quem colaborava, foi afetado pela chamada filosofia idealista de Hegel e dos seus discípulos. Ele, porém, transformou esse idealismo à luz da doutrina católica, com a qual se identificou. Dessa forma foi capaz de inserir o destino da Polônia no plano geral da Providência, profundamente conven-cido de que toda nação individual − instrumento da Vontade Divina − tinha a sua própria missão a realizar no harmonioso conjunto desse plano, em bene-fício de todas as outras.

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na-ções. A sua tarefa era estimular os poloneses a se envolverem na causa da sociedade internacional, buscando uma paz duradoura, baseada na justiça, liberdade e caridade. Em união com todos os românticos e messianistas po-loneses, ele acreditava firmemente que essa causa, que para ele significava o advento do reino de Deus na terra, triunfaria com a ressurreição da Polônia, inaugurando uma nova era na história da humanidade.

Dentro do Romantismo polonês, insere-se também no messianismo o poeta e dramaturgo polonês Juliusz Słowacki (1809-1849). De certa forma Słowacki tinha uma rivalidade com Mickiewicz e diferenças com Krasiński a respeito das suas opiniões políticas. Questionando o martírio e o sofrimento passivo da Polônia, ele adota uma postura eminentemente ativa, ou seja, con-clama à luta e à ação (por exemplo no seu drama político Kordian). Procon-clamava o progresso social compreendido como a revolta do espírito, “eterno revolu-cionário” (como no poema historiosófico e místico O Rei-Espírito).

A Polônia daquele período histórico turbulento era um símbolo da Europa. Representava todas as grandes ideias que se revoltavam em vão con-tra uma ordem estabelecida unicamente pela força. Esse país estava perfeita-mente qualificado a representar o ideal da liberdade, que havia sido o ideal condutor de toda a sua história, e cujo aparente malogro, ainda que temporá-rio, lhe era mais penoso do que a qualquer outra nação. E a Polônia não estava menos qualificada para representar o ideal da nacionalidade, porque, pelo próprio fato da sua existência, era uma testemunha de quão falso e artificial é identificar a nação8 com o todo-poderoso estado, já que a nação podia

sobre-viver à destruição do estado e recusar-se a ser amalgamada com as potências vitoriosas que a dominavam politicamente. A Polônia estava também qualifi-cada para representar o ideal de uma nova ordem internacional baseada em princípios morais, não porque ela mesma estivesse acima de qualquer cen-sura, como às vezes os messianistas pareciam proclamar, mas porque estava expiando da forma mais terrível todas as faltas que havia cometido.

8 O que é a “nação”? − Responde o papa São João Paulo II: “é a grande comunidade dos homens que estão unidos por várias ligações, mas sobretudo, precisamente, pela cultura”.

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O grande papel político do papa São João Paulo II

São João Paulo II surge para a Polônia num momento histórico que guarda certas analogias com a Polônia repartida do século XIX e início do século XX. O ressurgimento do Estado polonês9 após o término da

Primei-ra GuerPrimei-ra Mundial (1918) − por obPrimei-ra de Józef Piłsudski (1867-1935), Ignacy Paderewski (1860-1941), Roman Dmowski (1964-1939) e muitos outros gran-des poloneses − veio certamente atender aos ideais pregados pelos ideólogos messiânicos e sonhados por todos os membros da nação polonesa, que por mais de um século havia sido reprimida, mas não inteiramente dominada por potências estrangeiras. A independência recuperada deu início a um período de esforços pelo progresso econômico e cultural e pela consolidação política, mas que − infelizmente − durou apenas duas décadas.

Já em 1399, a Segunda Guerra Mundial trouxe um novo tempo de martírio, sofrimento e lutas pela preservação da nacionalidade e da autono-mia política, que durante os anos da guerra provocaram milhões de mortes10 e

a destruição material quase total do país. Esse foi um período em que a Polô-nia sofreu novamente uma dupla agressão e uma dupla ocupação − por parte da Alemanha e da União Soviética.

O ressurgimento da Polônia após a guerra não foi exatamente aquele pelo qual seus filhos haviam lutado, dentro e fora das fronteiras da pátria. Em fevereiro de 1945, na Conferência de Yalta, as três potências − os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a União Soviética − haviam realizado a divisão das influências na Europa. Nessa nova “partilha”, a Polônia permaneceu na órbita da influência soviética. Embora formalmente livre, passou então a ter a sua autonomia política seriamente controlada e manipulada pela União Soviética − que estendia a sua total influência à chamada República Popular da Polônia e a outros países da Europa Central e Oriental que se encontravam nas mes-9 A Polônia, como Estado, surge em mes-966, quando Mieszko I (? - mes-9mes-92) aceitou o batismo cristão e deu início à organização eclesiástica em seu país, tendo fundado em Poznań, a capital do Estado, o primeiro bispado polonês (968).

10 Em 1939, a Polônia tinha uma população total de cerca de 35 milhões de habitantes, dos quais durante a guerra pereceram cerca de 6 milhões (sendo cerca de 3 milhões deles judeus).

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mas condições. Essa situação se estendeu por quatro décadas e meia, até 1989. A luta contra o regime imposto tornou-se inevitável e começou a in-tensificar-se sobretudo a partir dos anos oitenta do século passado, com o surgimento do Sindicato Solidariedade, liderado por Lech Wałęsa. Na época do comunismo a influência da Igreja católica sempre foi profunda, e era prin-cipalmente nela − quase como se fosse um partido político − que em razão das circunstâncias se concentrava a resistência da sociedade polonesa.

Em tais condições, a eleição do cardeal Karol Wojtyła para o trono pontifício, no dia 16 de outubro de 1978, teve nessa luta e nessa resistência um reforço incalculável. Não se tratava certamente do poderio temporal do papa, mas da sua força moral, que incutiu nos poloneses um novo alento e novas atitudes. Os poloneses se conscientizaram da sua força. Foi o cristianismo, presente na alma dos poloneses desde a constituição do Estado polonês há mais de mil anos, que trouxe essa força capaz de transformar a História. Foi assim que ocorreu a libertação da Polônia e de outros países europeus do co-munismo, em que o papa polonês desempenhou um papel de primeiro plano. Para João Paulo II, o cristianismo era um elemento decisivo na configuração da unidade da Europa e da sua missão no mundo. Ele estava convencido de que a “genealogia espiritual” da Europa é a premissa da sua unidade. O papa polonês sentia que a Polônia, ao libertar-se em 1989, teve um papel na liber-tação de outros povos da região e pode tê-lo na recuperação das raízes cristãs comuns ao continente. “A nação ressurgirá − tinha escrito Mickiewicz nos Li-vros da peregrinação − e libertará todos os povos da Europa da escravidão”. A entrada da Polônia na União Europeia foi por isso definida por Wojtyła como um “ato de justiça histórica”.

As forças de resistência contra o comunismo tiveram como o seu grande ponto de referência o Solidariedade, que foi antes um Movimento que um Sindicato, e foram galvanizadas sobretudo pela pessoa de João Paulo II, tendo levado finalmente ao colapso do sistema comunista não só na Polônia, mas também em outros países na Europa Centro-Oriental. Com certeza, as reformas políticas e econômicas promovidas por Mikhail Gorbachev11, assim

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Comu-como a política dos presidentes Carter12 e Reagan13, também contribuíram

para impulsionar esse movimento e para provocar o histórico outono dos povos, quando até o final de 1989 os sistemas comunistas caíram em toda a Europa Centro-Leste.

Não obstante, a ação de São João Paulo II nesse sentido teve um peso preponderante. Especialmente as viagens do Papa à Polônia em 1979, em 1983 e em 1987 (para mencionar apenas as anteriores à queda do comunismo) cons-tituíram uma ação muito significativa para alargar os espaços e defender a liberdade dos concidadãos. Esse papel do pontífice polonês foi reconhecido por eminentes representantes da política internacional. Para Zbigniew Brze-zinski14: “Sem o Papa, sem a sua tenacidade, sem aquele conjunto de

modera-ção e de obstinamodera-ção que são o seu estilo, muitas das coisas que se realizaram diante dos nossos olhos nunca teriam começado a acontecer”15. Helmut Kohl-16também foi um grande admirador do papel político do papa polonês para a

queda do comunismo. Basta lembrar a sua visita à Berlim unificada e a passa-gem simbólica do papa e do chanceler sob a porta de Brandeburgo.

O significativo papel político que o Papa João Paulo II desempenhou para o bem da Polônia e do mundo é um aspecto da sua biografia que o enalte-ce entre as grandes personalidades que marcaram presença na História mun-nista soviético (3/1985-8/1991), presidente do Soviete Supremo (10/1988-3/1990), instaurou um programa de reformas políticas e econômicas (perestroika, reorganização) e adotou posições es-pecialmente inovadoras na política internacional (tratado de desarmamento de Washington, 1987). Eleito presidente da URSS pelo Congresso (3/1990), mas incapaz de impedir a desagregação so-viética depois do golpe de estado que tentou derrubá-lo (8/1991), entregou o cargo em 31/12/1991. 12 Jimmy Carter (James Earl C., dito) − n. em 1924, foi presidente dos Estados Unidos no período 1977-1981. Mostrou-se um fervoroso defensor da paz, dos direitos humanos e da democracia. 13 Ronald Wilson Reagan (1911-2004) − político americano, presidente dos Estados Unidos no período 1981-1989. Em 1987 assinou com M. Gorbachev um acordo para a destruição dos mísseis de médio alcance na Europa.

14 Zbigniew Kazimierz Brzezinski (n. 1928) − cientista político polono-americano, geoestrate-gista e estadista que serviu como conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos do presi-dente Jimmy Carter de 1977 a 1981.

15 Apud: RICCARDI, Andrea. João Paulo II − A biografia. São Paulo: Paulus, 2011, p. 369. 16 Helmut Kohl (n. 1930) − político alemão. Foi chanceler da República Federal da Alemanha (1982-1998) e teve papel importante na reunificação do país (1990).

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dial. É um grato dever recordar essa sua atuação no ano da sua canonização e no ano em que a Polônia comemora os 25 anos da recuperação da sua plena soberania e os 10 anos da sua presença na União Europeia.

Bibliografia

HALECKI, Oskar. A History of Poland. New York: Barnes &Noble Books, 1992. MALCZEWSKI, Zdzislaw (org.). Polônia e Polono-Brasileiros − História e Identidades. Cu-ritiba: Vicentina, 2007.

PRZYBYLSKI, Ryszard; WITKOWSKA, Anna. Romantym. Warszawa: Wydawnictwo Naukowe PWN, 1997.

RICCARDI, Andrea. João Paulo II − A biografia (trad.: António Maia da Rocha). São Paulo: Paulus, 2011.

www.pl.wikipedia.org/wiki/Mesjanizm_polski

RESUMO − STRESZCZENIE

Artykuł omawia koncepcję historiozoficzną zwaną mesjanizmem, która się roz-winęła w Polsce zwłaszcza po powstaniu listopadowym. Koncepcja ta przy-pisywała narodowi polskiemu posłannictwo „zbawiciela” ludzkości i została rozpowszechniona przez filozofów polskich i pisarzy okresu Romantyzmu (prze-ważnie A. Mickiewicza), głównie w pierwszej połowie XIX w. Nawiązując do tych idei i do momentu historycznego, w którym żył i sprawował swoją misję papież a obecnie święty Jan Paweł II, autor komentuje ważną rolę polskiego papieża w zmianach politycznych, jakie zaszły w Europie po obaleniu systemu politycznego narzuconego Polsce i innym krajom Europy Środkowo-Wschod-niej po zakończeniu II wojny światowej.

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HOMILIA DO PAPA NA SANTA MISSA EM AÇÃODE GRAÇAS PELA CANONIZAÇÃO

DO PAPA JOÃO PAULO II,

CELEBRADA PARA A COMUNIDADE POLONESA DE ROMA São João Paulo II ajude-nos a sermos caminhantes ressuscitados No trecho dos Atos dos Apóstolos escutamos a voz de Pedro, que anuncia com força a ressurreição de Jesus. Pedro é testemunha da esperança que está em Cristo. E na segunda leitura é ainda Pedro que confirma os fiéis na fé em Cristo, escrevendo: “Por ele é que alcançastes a fé em Deus. Deus o ressus-citou dos mortos e lhe deu a glória, e assim, a vossa fé e esperança estão em Deus” (1, 21).

Pedro foi o ponto de referência da comunidade porque foi fundado na Rocha que é Cristo.

Assim foi João Paulo II, verdadeira pedra ancorada na grande Rocha.

Uma semana depois da canonização de João XXIII e de João Paulo II, reuni-mo-nos aqui nesta igreja dos poloneses em Roma, para agradecer ao Senhor pelo dom do santo Bispo de Roma filho da vossa nação. Nesta igreja, onde ele veio mais de 80 vezes! Sempre veio aqui, nos diversos momentos da sua vida e da vida da Polônia.

Nos momentos de tristeza e de desânimo, quando tudo parecia perdido, ele não perdia a esperança, porque a sua fé e a sua esperança eram fixas em Deus (cfr 1 Ped 1, 21). E assim era pedra, rocha para esta comunidade, que aqui reza, que aqui escuta a Palavra, prepara os Sacramentos e os administra, aco-lhe quem tem necessidade, canta e faz festa, e daqui parte novamente para as periferias de Roma…

Vocês, irmãos e irmãs, fazem parte de um povo que foi muito provado em sua história. O povo polonês sabe bem que para entrar na glória é preciso passar pela paixão e a cruz (cfr Lc 24, 26). E o sabem não porque estudaram isso, mas

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sabem porque viveram isso. São João Paulo II, como digno filho da sua pátria terrena, seguiu este caminho. Ele o seguiu de modo exemplar, recebendo de Deus um despojamento total. Por isto “a sua carne repousa na esperança” (cfr At 2, 26; Sal 16, 9).

E nós? Estamos dispostos a seguir este caminho?

Vocês, queridos irmãos, que formam hoje a comunidade cristã dos poloneses em Roma, querem seguir este caminho?

São Pedro, também com a voz de São João Paulo II, diz a vocês: “Vivei com te-mor durante o tempo da vossa peregrinação” (1 Ped 1, 17). É verdade, somos caminhantes, mas não errantes! Em caminho, mas sabemos para onde vamos! Os errantes não o sabem. Somos peregrinos, mas não errantes – como dizia São João Paulo II.

Os dois discípulos de Emaús na ida eram errantes, não sabiam para onde iriam no final, mas no retorno não! No retorno eram testemunhas da esperan-ça que é Cristo! Porque tinham encontrado Ele, o Caminhante Ressuscitado. Este Jesus é o Caminhante Ressuscitado que caminha conosco. Jesus está aqui hoje, está aqui entre nós. Está aqui na sua Palavra, está aqui no altar, caminha conosco, é o Caminhante Ressuscitado.

Também nós podemos nos tornar “caminhantes ressuscitados”, se a sua Pa-lavra aquece o nosso coração e a sua Eucaristia abre nossos olhos para a fé e nos alimenta com a esperança e a caridade. Também nós podemos caminhar próximo aos irmãos e às irmãs que estão tristes e desesperados, e aquecer o seu coração com o Evangelho, e partir com eles o pão da fraternidade.

São João Paulo II ajude-nos a sermos “caminhantes ressuscitados”. Amém. Roma, 4 de maio de 2014.

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RESUMO – STRESZCZENIE

Papież Franciszek podczas sprawowania w kościele polskim w Rzymie Mszy św. dziękczynnej za kanonizację papieża Jana Pawła II wygłosił specjalną ho-milię. Zachęcał w niej Polaków do naśladowamnia ich Rodaka!

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A CANONIZAÇÃO DE JOÃO PAULO II E A COMUNIDADE POLÔNICA BRASILEIRA

Zdzislaw MALCZEWSKI SChr *

Em relação com a canonização do papa João Paulo II, surge a neces-sidade − pessoal e interior minha − de recordar o grande acontecimento que foi a eleição do cardeal Karol Wojtyła, metropolita de Cracóvia, para a Sé de Pedro, o qual escolheu o nome João Paulo II. Eu gostaria de partilhar esses meus pensamentos pessoais justamente no contexto da minha então espera pelo visto de permanência no Brasil. Após receber a ordenação sacerdotal no dia 11 de maio de 1976 na catedral de Poznań, solicitei ao Pe. Dr. Czesław Kamiński SChr − superior geral da Sociedade de Cristo para os Poloneses Emigrados − que me fosse dada a possibilidade de realizar o carisma da Con-gregação justamente no seio da comunidade polônica brasileira. Após dois anos de prática pastoral em Stargard Szczeciński, eu tinha sido dispensado das funções pastorais.

No dia 16 de outubro de 1978 eu me encontrava na casa da Congrega-ção em Poznań, onde residia, esperando que me fosse concedido o visto para entrar no Brasil. Nas últimas horas daquele dia, pelo nosso convento, como um relâmpago, espalhou-se a notícia de que durante o conclave havia sido nomeado novo sucessor de Pedro o cardeal Karol Wojtyła. Surpresa, alegria, desconfiança − são os sentimentos de que me recordo daquele dia histórico. Dia histórico não somente para a Igreja, mas também para a Polônia e para os católicos que viviam num país escravizado por um sistema desumano que nos tinha sido trazido nos tanques do Exército Vermelho no final da Segunda Guerra Mundial. A notícia, confirmada pela Rádio Vaticano, provocou entre os religiosos a espontânea vontade de dirigirem os seus passos à capela, a fim de, numa oração de ação de graças, expressar a alegria pela escolha do Papa

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como sucessor de São Pedro e de confiá-lo à Providência Divina e à proteção d’Aquela que nos foi dada como ajuda e defesa − a nossa Mãe Maria, que ocupa um lugar especial na vivência da fé da nossa nação polonesa. À noite reunimo-nos diante do único televisor que tínhamos no refeitório. Estávamos curiosos de ver como a televisão polonesa transmitiria essa extraordinária no-tícia: a escolha de um cardeal polonês para papa! A televisão estatal daquele tempo, da mesma forma que a rádio polonesa, praticamente não transmitia quaisquer informações sobre a Igreja. Se algumas informações eram trans-mitidas, era unicamente nas categorias da difamação, de falar mal da Igreja católica e dos seus pastores. Podia sentir-se o embaraço, o nervosismo, a per-plexidade do jornalista do regime transmitindo a notícia de que o conclave havia escolhido o cardeal Karol Wojtyła, de Cracóvia, como o novo papa da Igreja! Pelas janelas do convento ouvia-se o som dos sinos das igrejas que con-firmavam em Poznań a alegria nacional dos poloneses. Pela primeira vez na História, um compatriota nosso se tornara papa! Após alguns séculos de inin-terrupta história de que era um italiano que se tornava papa, de repente essa tradição havia sido interrompida. Pela primeira vez, era escolhido papa um cardeal proveniente da Cortina de Ferro. Naquela tarde tornamo-nos teste-munhas do sinal de que estava começando a acontecer algo novo não somente para a Igreja, mas também para a nossa nação e para os nossos vizinhos − os povos eslavos!

No domingo, 22 de outubro de 1978, aconteceu a solene inauguração do pontificado de João Paulo II. Pela primeira vez na história da Polônia do pós-guerra a televisão pública, dirigida e controlada pelos comunistas, trans-mitiu diretamente do Vaticano a santa missa que inaugurava o pontificado do papa João Paulo II. Permanecíamos sentados diante do aparelho de tele-visão em recolhimento e silêncio, como fiéis presentes num santuário, parti-cipando do Mistério da Eucaristia que estava sendo celebrado. Cada gesto, cada palavra, cada imagem − transmitidos por intermédio do sinal televisivo da Praça de São Pedro − era por nós espontaneamente absorvido como uma realidade de que nós poloneses nos sentíamos participantes diretos. Muitas

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reflexões, muitas emoções. Recordando após tantos anos aqueles momentos, tenho diante do olhar da imaginação a homenagem prestada pelo cardeal Ste-fan Wyszyński ao novo papa. Esse gesto especial de João Paulo II gravou-se profundamente no meu coração e na minha memória. O papa faz levantar-se o cardeal que estava de joelhos e ambos, por alguns instantes, permanecem num fraternal abraço. Diria depois João Paulo II, durante uma das suas pri-meiras peregrinações à Polônia, que não teria havido um papa polonês se não fosse a firme, profunda fé do cardeal Stefan Wyszyński!

No dia 30 de junho de 1980 o papa João Paulo II inicia a sua primei-ra visita apostólica no Bprimei-rasil. A primeiprimei-ra cidade a receber o sucessor de São Pedro é a capital − Brasília. Naquele tempo, havia alguns meses eu me en-contrava na paróquia da montanhosa vila de Carlos Gomes, na região norte do estado do Rio Grande do Sul. Quando o avião do papa estava pousando em terra brasileira, o modesto e pequeno sino da torre paroquial batia ale-gremente para saudar o peregrino polonês. A localidade, habitada na maior parte por descendentes dos colonos poloneses, parecia morta. Todos os seus habitantes se haviam sentado diante dos aparelhos de televisão, querendo dessa forma participar desse singular acontecimento: pela primeira vez na História do país, vinha visitá-lo um papa, e ainda polonês! Na vila, como em toda a paróquia, mais de noventa por cento da população é constituída de descendentes de colonos poloneses. Quando escrevo estas palavras, surge diante de mim neste momento a imagem de uma das mais idosas brasileiras de origem polonesa, chorando de felicidade e profunda emoção − da senhora Wietrzykowska. Após termos assistido à transmissão da saudação do papa no Brasil, encontramo-nos por acaso numa estrada de terra batida. Naquela oca-sião pudemos partilhar as nossas vivências! No decorrer da visita oficial de João Paulo II ao Brasil, o clima de felicidade em meio aos meus paroquianos − descendentes dos nossos colonos − crescia cada vez mais! Eu percebia como em meio àquelas pessoas, que não conheciam a Polônia, mas que confessavam ser poloneses, só que nascidos no Brasil, intensificava-se a cada dia o orgulho de que em suas veias, como nas veias do papa, corria o sangue polonês!

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Da mesma forma que a escolha do cardeal Karol Wojtyła para papa influenciou a nação polonesa, esse histórico acontecimento também não per-maneceu indiferente no ambiente polônico brasileiro! A eleição do papa João Paulo II despertou a consciência do polonismo em brasileiros de raízes po-loneses muitas vezes já para isso adormecidos. O encontro do papa com a colônia polonesa em Curitiba, no dia 5 de julho de 1980, no Estádio Couto Pereira, e o seu discurso influenciaram a comunidade polônica de então e até o dia de hoje sentimos entre os brasileiros de origem polonesa o orgulho do seu polonismo, ainda que muitas vezes eles já desconheçam a língua dos antepassados.

Após a canonização de João Paulo II, o seu culto no seio da comuni-dade polônica local transformou-se em mais um estímulo não apenas para expressar a fé católica, mas também para enfatizar o polonismo de todos que fazem parte da nossa comunidade polônica − irmanada com outros grupos étnicos, que juntos formam o belo mosaico étnico no Brasil!

RESUMO – STRESZCZENIE

Autor wspomina atmosferę panującą w Polsce po wyborze papieża Jana Pawłą II. Przybliża także pierwszą wizytę papieża w Brazylii, Jego spotkanie z Polonią tego kraju w Kurytybie. Kanonizacja pa-pieża Jana Pawła II wpływa także na brazylijską wspólnotę polo-nijną.

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