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Categoria I: Alinhamento de EC à estratégia organizacional

4.3 Proposição do modelo de EaD integrado à educação corporativa

4.3.1 Dimensão 1: Políticas e diretrizes de sustentação para a EC

4.3.1.1 Categoria I: Alinhamento de EC à estratégia organizacional

A necessidade do alinhamento da educação corporativa à estratégia organizacional é evidente a partir dos apontamentos de Meister (1999), Eboli (2001, 2004), Goulart e Pessoa (2004), Mathias (2010), Eboli, Hourneaux Jr. e Cassimiro (2013) e Mathias e Santos (2014) que defendem que a essência da EC consiste na vinculação do processo educacional à estratégia organizacional. Desse modo, a estruturação de uma unidade de educação corporativa aumenta os resultados de alta performance contemplados no plano estratégico.

A partir da pesquisa realizada na Organização β, reconhecida nacional e internacionalmente como referência em EC, verifica-se que as ações dessa unidade alinham-se à estratégia organizacional e contribuem para a instituição concretizar a visão de futuro, atingir os objetivos estratégicos e fortalecer as crenças e valores, buscando consolidar o compromisso com os stakeholders, conforme descrito no Doc. 3.

Essa relação com a estratégia é validada na percepção dos gestores quando E1 afirma que “o papel da universidade corporativa é você conseguir desenvolver ações educacionais que estejam alinhadas à estratégia da organização, que essas ações permitam que a organização alcance os seus objetivos” e ratificada por E2 ao dizer que “as nossas ações de educação estão bastante estruturadas, porque elas têm um norteador que é o nosso planejamento estratégico”.

No FNDE verifica-se que no decorrer do tempo a instituição apresentou iniciativas isoladas na tentativa de alinhar os atores educacionais aos programas e projetos financiados pela Autarquia, sendo que o ápice das ações ocorreu em 2013, quando houve escopo de criação de uma unidade para gerir as ações no âmbito da EC, apontado no Doc. 9. A tentativa buscou unificar o processo educacional na Autarquia, na perspectiva interna e externa, mas não teve o apoio institucional para continuidade do projeto, conforme relata E7:

então o grande desafio que a gente vê hoje é de, primeiro, é restabelecer um novo rumo para a proposta de educação corporativa do FNDE, claro, pensar isso também de educação à distância, o que mais que eu vejo sobre isso aí, é de restabelecer os recursos para tais, de restabelecer uma visão de prioridade para isso, é de se buscar um padrinho político do projeto, que é o que nós tínhamos, alguém com um olhar, com uma visão estadista, com uma visão estratégica, é ter alguém, é ter os nossos dirigentes, é ter o Nº 1 com essa percepção e, portanto, uma decisão e uma definição de se dar prioridade para isso, esse para mim é um desafio imenso, é dar esse olhar, e restabelecer a importância que a proposta tem para o FNDE.

A importância do patrocínio dos dirigentes da Autarquia para a EC é percebida pela necessidade apontada por E7 de resgatar essa aproximação com a estratégia organizacional,

sendo que o impacto da retirada do apoio institucional foi confirmado pelo relato de E8, que narra a ausência de diretriz para a atuação da unidade:

até o tipo de trabalho que a gente fazia tem mudado do que ela era e do que tinha de perspectiva e do que tinha de intenção que fosse aqui a assessoria de educação corporativa, a gente vê pouquíssimo do que restou assim, não tem mais muita ligação assim do que deveria ser e do que é.

Desse modo, é possível identificar que, embora a educação corporativa conste no Planejamento Estratégico do FNDE, conforme Doc. 13, como um macroprocesso gerencial, sendo o fortalecimento da EC apontado como uma oportunidade para a instituição, o apoio do gruo gestor não foi confirmado nas falas dos entrevistados E6, E7 e E8.

Vieira e Francisco (2012) apontam que a implementação da educação corporativa como estratégia organizacional para alinhar pessoas às estratégias inicia-se com a decisão dos dirigentes da instituição, cujo patrocínio é essencial para as etapas seguintes. Assim, desde a implementação essa decisão precisa estar ancorada em políticas e diretrizes que proporcionem sustentação para a EC.

Diante do exposto é possível constatar que na Organização β o alinhamento da EC à estratégia é realidade, ao passo que na Autarquia não houve confirmação desse aspecto, conforme demonstrado na Categoria I constante no Quadro 16:

Quadro 16: Categoria I: Alinhamento de EC à estratégia organizacional

Dimensão 1: Políticas e diretrizes de sustentação para a EC

Categoria I: Alinhamento de educação corporativa à estratégia organizacional

Definição: Consiste na vinculação de ações de aprendizagem no âmbito de educação corporativa aos objetivos e

resultados estratégicos; em inserção no plano estratégico apoiado pela alta administração, e disseminação de ações e resultados pela instituição.

Síntese das verbalizações Referências indicadas pela literatura Relação de documentos

- Contribuição das ações da EC para o alcance dos seus objetivos organizacionais; - Desenvolvimento de ações educacionais que estejam alinhadas à estratégia da organização;

- Evolução da EC em sintonia com a visão da instituição; - As ações da unidade de EC são norteadas pelo planejamento estratégico; - Importância da EC para a estratégia da organização; - Necessidade de diretrizes para a EC;

- Ausência de apoio da alta direção.

- Promoção de processo de aprendizagem vinculado às metas e resultados estratégicos (MEISTER, 1999); - EC como ferramenta para alinhar pessoas às estratégias (EBOLI, 2001);

- A EC possibilita desenvolver um sistema de educação voltado para os objetivos organizacionais (GOULART; PESSOA, 2004);

- Sistema de aprendizado contínuo vinculado às metas e estratégias organizacionais (EBOLI, 2004); - Desenvolvimento das competências necessárias para a estratégia organizacional (MATHIAS, 2010); - O patrocínio dos dirigentes da organização é essencial para a implementação de EC (VIEIRA; FRANCISCO, 2012);

- Institucionalização de uma cultura de aprendizagem alinhada às principais estratégias da instituição (EBOLI; HOURNEAUX JR.; CASSIMIRO, 2013); - Promoção de ações de aprendizagem vinculadas à estratégia da organização (MATHIAS; SANTOS, 2014).

- Proposta Político- Pedagógica para Atuação em Gestão de Pessoas (DOC. 1); - Relatório 2015 (DOC. 3); - Plano Estratégico 2013 – 2017 (DOC. 13).

Unidades de registro das verbalizações na Organização β:

E1: “porque o papel da universidade corporativa é você conseguir desenvolver ações educacionais que estejam alinhadas à estratégia da organização, que essas ações permitam que a organização alcance os seus objetivos.” E1: “entender como vai ser o futuro do (...) e saber como que a educação corporativa tem que evoluir para ajudar o (...) nesse futuro.”

E2: “as nossas ações de educação estão bastante estruturadas, porque elas têm um norteador que é o nosso planejamento estratégico.”

E3 : “então eu acho que para a estratégia, estrategicamente, eu acho que ela é muito importante.” Unidades de registro das verbalizações no FNDE:

E7: “o grande desafio que a gente vê hoje é de, primeiro, é restabelecer um novo rumo para a proposta de educação corporativa do FNDE.”

E7: “o que mais que eu vejo sobre isso aí, é de restabelecer os recursos para tais, de restabelecer uma visão de

prioridade para isso, é de se buscar um padrinho político do projeto, que é o que nós tínhamos, alguém com uma

visão estratégica (...) é ter o Nº 1 com essa percepção”.

Fonte: elaborado pela autora

Assim, diante da experiência da Organização β, apontada pelos documentos 1 e 3 e falas dos gestores E1, E2 e E3, e do caso de enfraquecimento das ações no FNDE constatado nos relatos dos entrevistados E7 e E8, ainda que conste no plano estratégico (DOC. 13), infere-se que para ocorrer o alinhamento da EC à estratégia organizacional deve vincular as ações de

aprendizagem aos objetivos e resultados estratégicos, comtemplar no plano estratégico com o apoio da alta direção, e disseminar as ações e resultados pela instituição.