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Categoria VII: Avaliação de ações em EC

4.3 Proposição do modelo de EaD integrado à educação corporativa

4.3.2 Dimensão 2: Processamento de ações em EC

4.3.2.3 Categoria VII: Avaliação de ações em EC

Dentro da gestão das ações de EC, o processo de avaliação foi abordado pelos gestores entrevistados. Nesse sentido, para Borges-Andrade, Abbad e Mourão (2012) o processo de avaliar pode ser visto como um subsistema, que é responsável por prover informações, retroalimentar e aperfeiçoar o sistema de TD&E. Vieira e Francisco (2012) reforçam que avaliações de treinamentos podem ser utilizadas como fonte de pesquisa para a implementação de um projeto de EC.

Na Organização β observou-se, conforme falas de E1, E2, E3, E4 e E5, a existência de sistemática de avaliação de desempenho. De acordo com E1 a instituição “faz uma avaliação dessas ações educacionais, a qualidade dessas ações educacionais, e esse sistema de avaliação permite a retroalimentação do sistema para saber se está ok ou se a gente tem que promover algum ajuste”. Constatou-se ainda que são adotados os quatro níveis de avaliação do Modelo de

Avaliação do Impacto do Treinamento no Trabalho (IMPACT) de Abbad (1999): reação; aprendizagem; suporte à transferência; e impacto do treinamento no trabalho, a depender das características e objetivos do curso, conforme relata E2:

a avaliação a gente trabalha aqueles quatro níveis, depois que o funcionário conclui tem a avaliação de reação, a verificação de aprendizagem, o segundo nível, a gente trabalha não em todos, até porque alguns não têm como medir (...) tem também a avaliação de impacto na diretoria e na organização, e esse último nível bem pouco que a gente atua, 1% ou 2%, até pelo tamanho da organização às vezes sai mais caro avaliar do que o retorno que tem.

Outro ponto ressaltado por E3, E4 e E5 é a obrigatoriedade do funcionário de participar das avaliações, sendo que o cadastro da ação realizada no currículo é condicionada à conclusão dessas. Quanto à condução do processo avaliativo, conforme consta na Categoria II – Integração de EC com gestão de pessoas, na Organização β, a unidade de gestão de pessoas conduz algumas avaliações devido à expertise da área. E3 ratifica: “nós temos uma divisão aqui na diretoria de pessoas que não é da universidade, são especialistas em avaliação, aí eles fazem avaliação de impacto para a gente.” Essa premissa é concebida desde o Doc. 1 (p.24), ao estabelecer nas diretrizes para a atuação em gestão de pessoas da instituição a avaliação sistemática, na qual prevê que “os processos de avaliação (aprendizagem, reação e impacto no trabalho) devem fornecer informações para o aperfeiçoamento das ações educativas e de recrutamento e seleção, indicando os pontos fortes e os aspectos que necessitam ser aprimorados”.

No FNDE, observou-se a existência de avaliação de aprendizagem, sendo de responsabilidade do tutor o acompanhamento, conforme consta no Doc. 7. Assim, E8 descreve o processo de avaliação verticalizado:

o tutor é quem faz toda a avaliação dos trabalhos finais e foi ele que teve o contato com aquele cursista ali na ponta, então é ele que vai passar para sua coordenação estadual, para seu multiplicador e para sua coordenação estadual possíveis dúvidas, possíveis dúvidas de entendimento, ou dúvidas de gabarito, e isso chega pra gente via coordenação estadual, então muitas vezes as alterações que a gente precisa fazer nos cursos elas vem daí, os próprios cursistas detectam.

De acordo com E6, além da avaliação de aprendizagem prevista no Programa, também avalia-se em nível de reação, sendo essa realizada diretamente pela Coordenação do Formação pela Escola:

também é feito uma avaliação aqui, depois que a gente termina cada curso é mandado um questionário para o cursista para que ele faça avaliação do curso, o que ele achou do tutor, etc., e a gente recebe esse feedback aqui, se tiver alguma consistência, alguma crítica, coisa parecida a gente sempre tenta entrar em contato com o coordenador do estado para que ele resolva, veja o que está acontecendo e nos dê o feedback.

A emissão de certificados é condicionada à realização da avaliação de reação. Segundo E6 “o cursista terminou, para poder ser liberado o certificado dele, ele tem que necessariamente responder esse questionário”.

Em nível da organização, E8 relata que “teve uma avaliação do Formação pela Escola, não foi uma avaliação, assim, grandiosa, do jeito que a gente gostaria e imaginava, mas ela deu para a gente mostrar a importância do programa, sabe, e que ele dá resultado sim, que as pessoas fazem sim, que as redes são comprometidas”.

A ausência de avaliações nesse nível impacta diretamente na Categoria IV – Reconhecimento da EC, pois a disseminação dos resultados dessas contribuem para a construção da valorização da educação corporativa. Nesse sentido, Albertin e Brauer (2012) apontam que a não percepção da influência das ações de EC a distância no desempenho podem aumentar a resistência do funcionário.

De acordo com E7, ao longo dos anos, algumas avaliações do Programa foram realizadas a partir do interesse acadêmico de pessoas que atuaram na área, a exemplo de Paz (2012), Chiari (2013) e Paz e Castro (2016), mas que geraram informações importantes para gestão:

essas avaliações serviram para que a gente tomasse decisões do ponto de vista de melhorar conteúdo, melhorar atividade, melhorar o trabalho final, a gestão, isso foram pesquisas que nós fizemos que nós utilizamos os resultados para fazer mudanças, para propor alterações, ajustes e melhorias no programa.

Registra-se que, conforme consta nos documentos 10 e 11, desde 2011 a Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas no FNDE prevê a realização de avaliação das capacitações, tendo como base o Modelo IMPACT de Abbad (1999) para os cursos presencias voltados para servidores. Assim faz-se necessária a aproximação das duas áreas para compartilhamento das experiências acerca desse processo.

Quadro 22: Categoria VII - Avaliação de ações em EC

Dimensão 2: Processamento das ações de EC Categoria VII: Avaliação de ações em EC

Definição: Consiste no processo sistemático de verificar a efetividade de capacitações promovidas no âmbito da

educação corporativa, em nível da organização e do indivíduo, com o objetivo de retroalimentar as etapas de planejamento e desenvolvimento das ações e gerar informações para disseminação e reconhecimento da ações em uma organização.

Síntese das verbalizações Referências indicadas pela literatura Relação de documentos

- Os resultados das avaliações permitem a retroalimentação do sistema;

- Avaliação de treinamentos nos quatro níveis, de acordo com as características da ação;

- Obrigatoriedade do participante do curso realizar a avaliação; - A unidade de gestão de pessoas faz a avaliação para a EC.

- A não percepção da influência das ações de EC a distância no desempenho podem aumentar a resistência do funcionário (ALBERTIN; BRAUER, 2012);

- As avaliações de treinamentos podem ser utilizadas como fonte de pesquisa (VIEIRA; FRANCISCO, 2012);

- O subsistema de avaliação é responsável por prover informações, retroalimentar e aperfeiçoar o sistema de TD&E (BORGES- ANDRADE; ABBAD; MOURÃO, 2012);

- Proposta Político-Pedagógica para Atuação em Gestão de Pessoas (DOC. 1);

- Resolução MEC nº 12/2008 (DOC. 6);

- Resolução MEC nº 12/2010 (DOC. 7);

- Plano Anual de Capacitação por Competências – PACC (DOCs. 10 e 11).

Unidades de registro das verbalizações na Organização β:

E1:“a gente faz uma avaliação dessas ações educacionais, a qualidade dessas ações educacionais, e esse sistema de

avaliação permite a retroalimentação do sistema para saber se está ok ou se a gente tem que promover algum ajuste.”;

E2:“a avaliação a gente trabalha aqueles quatro níveis, depois que o funcionário conclui tem a avaliação de

reação, né.”;

E2: “a verificação de aprendizagem, o segundo nível, a gente trabalha não em todos, até porque alguns não têm

como medir.”;

E2: “tem também a avaliação de impacto na diretoria e na organização, e esse último nível bem pouco que a gente

atua, 1% ou 2%, até pelo tamanho da organização às vezes sai mais caro avaliar do que o retorno que tem.”

E3: “os nossos cursos normalmente eles tem no final uma avaliação de aprendizagem.”

E3: “no (...) nós trabalhamos com a figura do educador, nós formamos os nossos próprios professores.” E3:“na maioria dos nossos cursos a gente também prevê uma avaliação de aprendizagem.”

E3:“o funcionário tem que cumprir, se ele não fizer a avaliação de aprendizagem e de reação o curso não é

cadastrado”;

E3:“nós temos uma divisão aqui na diretoria de pessoas que não é da universidade, são especialistas em avaliação,

aí eles fazem avaliação de impacto para a gente.”

E4: “todos os nossos treinamentos sejam eles presenciais ou a distância é obrigatório ao final o funcionário fazer uma avaliação”;

E4: “dentro do processo de aprendizagem e do processo de educação corporativa existe também outros tipos de

avaliação que a gente consegue capturar o resultado desse trabalho e retroalimentar o sistema”

E5: “a gente analisa a avaliação de reação dos funcionários, faz mais algumas avaliações que a gente julgar

necessário para aquele momento”;

Unidades de registro das verbalizações no FNDE:

E6: “o cursista terminou, para poder ser liberado o certificado dele, ele tem que necessariamente responder esse questionário”;

E6: “se tiver alguma inconsistência, alguma crítica, coisa parecida a gente sempre tenta entrar em contato com o coordenador do estado para que ele resolva.”;

E6: “essa parte de alimentação e avaliação é sempre com pesquisa, é sempre um questionário”.

E7: “essas avaliações serviram para que a gente tomasse decisões do ponto de vista de melhorar conteúdo,

melhorar atividade, melhorar o trabalho final, a gestão (...)”. Fonte: elaborado pela autora.

Tendo como base o Quadro 22 verifica-se que na Organização β há sistemática de avaliação das ações desenvolvidas pela EC, cujos resultados retroalimentam o sistema, sendo que a unidade de gestão de pessoas atua como parceira no processo. No FNDE constatou-se que a avaliação de aprendizagem está contemplada desde a formulação do Programa Formação pela Escola, sendo de responsabilidade do tutor acompanhar, ficando a Coordenação responsável pela avaliação de reação. Registra-se ainda que, mesmo havendo indícios que a unidade de gestão de pessoas da Autarquia realiza avaliações em outros níveis, conforme documentos 10 e 11, não há compartilhamento desse conhecimento com a educação corporativa.

Desse modo, infere-se que avaliação de ações em EC compreende o processo de verificar a efetividade das capacitações promovidas, em nível da organização e do indivíduo, a depender dos objetivos, conteúdo, público-alvo ou outras variáveis, com o propósito de retroalimentar o planejamento e o desenvolvimento das ações, sendo que a condução do processo de avaliação pode ser compartilhado com a unidade de gestão de pessoas em virtude da experiência da área.