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Atendimento às Categorias de Deficiências

CATEGORIA RELATO

Sentimentos - Sentimento de medo, dó;

Práticas de socialização - orientação para não chegar perto do portador de deficiência mental pois a baba poderia transmitir “o mesmo mal” (sic);

- quando criança tinha medo de um adulto com deficiência mental, os pais transmitiam esse medo para os filhos;

- pessoas com deficiência, moradores de rua, serviam de chacota e reagiam com agressividade;

- década de 50-60 na família o deficiente era tratado isolado, podia machucar as pessoas;

- quando criança não os conhecia, acho que viviam escondidos; - o assunto deficiência era evitado;

Emoções - impotência diante de um aluno DA, não saber o que fazer;

- diante de um caso próximo, desespero, aflição, aceitação, reconhecimento das possibilidades;

- medo de ataques, desconhecimento da situação, vontade de chorar, arrepio;

- a convivência muda o olhar;

- pena do D.V. por ele não conhecer seus filhos e netos;

- admiração pela deficiência visual não tirar sua alegria de viver;

Atitudes - ao me deparar com um deficiente, tento me colocar mentalmente em

seu lugar;

- tentativa de distanciamento da pessoa para não pensar no problema; -como não tive contatos, hoje não sei lidar com deficiências.

Trabalho - o trabalho com alunos com N.E.E., mesmo sem preparação trazia

satisfação pessoal e moral por estar vencendo preconceitos e quebrando tabus;

- como profissional, sentimento de desafio e responsabilidade; - o medo de não saber lidar com a situação assusta;

- trabalhar com alunos com N.E.E. traz uma sensação de solidão, de estar no fundo do poço;

- sentimento de insegurança em relação às ações que devem ser tomadas;

- sempre que possível evitava o contato com uma DA, pois me sentia mal em não entendê-la;

Família - quando se tem um filho, é necessário aceitar, ter paciência, respeitar

suas limitações, buscar recursos, a luta é árdua;

- quando a família é boa, a pessoa com deficiência tende a apresentar menos problemas;

Sociedade - sociedade hipócrita, sem colaboração, discriminatória, setores

públicos não adequados, setores médicos sem interesse em acompanhar e dar apoio;

Desconhecimento - não conhecimento de causas de deficiência;

- curiosidade em relação aos porquês das deficiências;

Formação - ausência de informações sobre N.E.E. nos cursos de formação de

professores;

História - quando criança convivência sem preconceitos;

Posicionamento - a convivência com o aluno com deficiência é boa para toda a escola;

Concepção - a deficiência não precisa ser um empecilho para uma vida

profissional e social ativa e feliz;

Reação do deficiente - agressividade por parte do deficiente que não aceitava sua condição;

- eles demonstram carência;

Outros - super proteção dos adultos por pena da condição de deficiente;

A análise das narrativas pessoais nos permite observar o quanto o assunto deficiência esteve longe do conhecimento da sociedade por muito tempo.

Em relação ao relatado frente à deficiência predominaram os temas “dó”, “pena” e “medo” o que demonstra uma concepção ainda ligada à idéia de incapacidade do deficiente, como alguém que necessariamente tinha uma vida dependente, infeliz e digna de piedade.

O medo de aproximação do deficiente também aparece tanto por desconhecimento de suas reações, como por idéias preconceituosas da deficiência tais como por exemplo, de que seja algo transmissível pelo contato.

Alguns relatos demonstraram consciência do isolamento que muitas pessoas com deficiência vivenciaram no passado uma vez que não eram vistos em público ou nas escolas, e até eram escondidos pelos próprios familiares, ou residiam em outras casas longe de suas famílias.

O descaso da sociedade em tempos passados para com pessoas com deficiência também pôde ser visto em relatos em que os participantes os reconheciam entre mendigos de rua e sujeitos a gozações e repúdio em suas comunidades.

Esteve bastante presente ainda o reconhecimento da própria falta de informação sobre as deficiências, suas causas, características, o que dificultou em muito o contato quando este foi preciso. Apesar de serem profissionais da educação, atuantes na rede de ensino por mais de cinco anos, uma condição necessária para ser diretor no município de Bauru, houve quase que unanimidade nos relatos a cerca da falta de conhecimento sobre a área da educação especial. Eles reconheceram que tal situação reverteu em ansiedade, medo, sentimento de isolamento, quando era preciso uma atuação específica. Entre outros, este parece ser um motivo mais que legítimo para demandar que a formação em serviço dos profissionais da educação seja rotina nos sistemas de ensino.

No entanto, tivemos também relatos em que ficou evidenciado que a convivência com pessoas com deficiência ajudou muito a desfazer medos e mitos, mostrando-nos que o ingresso desta clientela na escola poderá produzir mudança de concepção da equipe escolar e das novas gerações, que convivendo mais de perto com pessoas com deficiência, possivelmente terão concepções, atitudes e narrativas diferentes em suas vidas adultas.

5.2. Resolução de situações problema

Durante a elaboração do programa de formação foram montados 12 casos fictícios de situações problema relacionados a ingresso e permanência de alunos com necessidades educacionais especiais em escolas comuns de educação infantil. Os casos foram montados a partir de dados de experiência particular. No primeiro dia do curso os participantes foram divididos em grupos de três pessoas para analisarem os casos e colocarem suas opiniões em relação ao encaminhamento dos mesmos. Após a exposição a todo o programa de formação, no último dia do curso, os grupos foram refeitos, com os mesmos participantes, para fazerem a re- análise do caso. Tal estratégia tinha o objetivo de comparar as opiniões, antes e depois do programa de formação, de forma a avaliar a efetividade de tal tipo de intervenção.

Por motivo de falta de identificação de três grupos durante a primeira apresentação das situações problema foram trocados os casos 9, 10 e 12 durante a segunda apresentação, o que inviabilizou a utilização de tais dados.

Apresentaremos a seguir as duas versões da análise antes e depois do programa de formação.