• Nenhum resultado encontrado

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.2 A PESQUISA-AÇÃO

3.2.5 Categorias de análise do gênero Relato Pessoal

Conforme os objetivos propostos para esta pesquisa, apresentamos as categorias de análise do corpus (RPs), as quais serviram de base analítica para a obtenção dos resultados da pesquisa. Entendemos, assim, que os objetivos da pesquisa devem estar em consonância com as categorias de análise dos dados empíricos.

Antes de especificar cada categoria de análise, trazemos o percurso teórico que fizemos para fundamentar nossas análises. Assim, para sermos mais claros, segue abaixo o esquema 4 de Adam (2011), que expõe os níveis ou planos da análise do discurso e do texto:

Figura 06: Níveis ou planos da análise do discurso e do texto

Fonte: Esquema 4 de Adam (2011, p. 61)

Como aponta Adam (2011), para a análise do discurso ou do texto, existem níveis ou planos que orientam o percurso a ser seguido. Por esse estudo ser focado no texto, fundamentamos nossas análises no nível 5, assim estudando o texto a partir da Estrutura Composicional (sequências e planos de textos). Quando focamos as análises no texto, não queremos dizer que os estudos sejam apenas no texto, excluindo os estudos no discurso. O próprio Adam (2011) destaca que o discurso e o texto, em um dado momento, por mais que tenham conceitos diferentes, se cruzam. Desse modo, sem excluir e sem desconsiderar a relevância dos estudos do discurso, analisamos os textos,

seus elementos linguístico-textuais e as ocorrências gramaticais a partir dos níveis da análise dos textos, conforme apresentamos no esquema acima.

Sendo assim, iniciamos descrevendo as categorias de análise da sequência narrativa e em seguida as categorias do plano de texto, baseado na estrutura do gênero Relato Pessoal (o plano de texto atrelado à estrutura do gênero), seguindo o entendimento de Adam (2011). Desse modo, iniciamos pela sequência narrativa, a qual, com base nos estudos de Adam (2011), propomos a seguinte estrutura:

a) situação inicial – momento inicial de descrição e contextualização da história no tempo;

b) nó desencadeador – momento de desenvolvimento, problematização da história (desencadeia um problema/conflito);

c) re-ação ou avaliação – momento propício ao clímax – momento de maior tensão da história;

d) desenlace/resolução – momento de equilíbrio da tensão;

e) situação final – momento de conclusão após o processo de problematização – aumento de tensão – equilíbrio.

Além dessa estrutura de base, elegemos as microcategorias de análise dessa sequência, as quais estão distribuídas em elementos gramaticais (para o RP). Para cada proposição (momento) da narrativa, descrevemos os elementos gramaticais de sua identificação, conforme elencamos no quadro abaixo:

Quadro 10: Narrativa: proposições, características e elementos gramaticais

Proposições Características Elementos gramaticais

Situação inicial Momento de descrição e contextualização da história.

Substantivos (nomes de personagens, pessoas e objetos); Adjetivos (qualidades e características das personagens, pessoas e objetos); Pronomes pessoais (Singular: Eu – Plural:

Nós); Advérbios (tempo e lugar).

Nó desencadeador Momento inicial de desenvolvimento do problema/conflito da história.

Conjunções ou expressões (indicação de um novo momento das ações);

Verbos no pretérito perfeito e/ou no presente (indicador de tempo das ações).

Reação ou avaliação Momento de maior tensão da história vivenciado pelas personagens/pessoas (Clímax).

Conjunções ou expressões (indicação de mudança das ações da história); Verbos no pretérito

perfeito e/ou no presente. Desenlace ou resolução Momento em que os

acontecimentos voltam ao equilíbrio.

Conjunções e/ou verbos atenuadores de tensão (atenua o que foi dito).

Situação final Momento de conclusão dos acontecimentos, após o conflito, a tensão (clímax), e o equilíbrio da história.

Conjunções ou expressões (conclusivas e/ou de reflexão).

Fonte: Proposta nossa, com base nas definições e explicações de Adam (2011)

Esses elementos gramaticais, não necessariamente, devem vir nessa sequência lógica, podendo, dependendo do plano de texto para a produção de cada gênero, mudar sua distribuição ao longo do texto. Os elementos gramaticais podem seguir uma distribuição diferente da sequência apresentada nesse quadro, assim como as proposições de base podem ter extensões variadas e uniões com outras sequências ou segmentos textuais diferentes de sua função corriqueira, mas que converge para um mesmo propósito.

Dando seguimento às categorias de análise da pesquisa, adentramos às categorias de análise do plano de texto (fixo e ocasional), de modo que fizemos esse estudo a partir da estrutura composicional do gênero Relato Pessoal. Assim, a estrutura do RP servirá de base para o estudo do plano de texto (fixo e ocasional), já que os dois planos existem entrelaçados; estrutura do gênero e as ideias empreendidas pelo produtor – o gênero une os planos fixo e ocasional.

Como fizemos com o estudo da sequência narrativa, dividindo sua estrutura em cinco proposições de base, do mesmo modo fizemos com a estrutura do RP. Dividimos a sua estrutura em quatro proposições, as quais serviram de orientação estrutural para a leitura e produção desse gênero (cf. sequência didática).

Assim, descrevemos abaixo:

a) Referenciação temporal do acontecimento (advérbios ou expressões adverbiais de tempo);

b) Contextualização do assunto, das pessoas envolvidas (inclusive quem relata) e o lugar do acontecimento (pronomes pessoais – Eu/Nós –, verbos em primeira pessoa e advérbios de localização);

c) Desenvolvimento das ações relatadas, atribuindo-lhe identidade própria a quem relata (uso de pronomes pessoais, verbos em primeira pessoa, indicando o tempo pretérito ou o presente histórico);

d) Reflexão sobre o acontecimento relatado – autor(a) imprime um comentário pessoal à vivência ou observação do acontecimento, concluindo-o.

Conforme a estrutura de base do RP exposta acima, apresentamos, também, seus elementos gramaticais de identificação. Dessa forma, descrevemos tanto sua estrutura de base (macrocategorias de análise) quanto os elementos gramaticais de identificação (microcategorias de análise).

Diferentemente do plano fixo, o plano ocasional de um gênero não possui uma estrutura convencional de sua identificação, podendo ser reconhecido juntamente com o gênero, ou seja, o reconhecimento se dar por meio das ideias empreendidas e distribuídas ao longo do texto, visando cumprir uma função interacional desejada pelo seu produtor.

Sendo assim, no que se refere ao plano ocasional, focamos nossa análise nas ideias e nas formas textuais que estão distribuídas ao longo do texto – a sequência lógica das ideias. Para o estudo desse plano de texto, nos baseamos nas expressões ou elementos textuais de abertura dos parágrafos e/ou sequências, mudanças de sentido e formas textuais empreendidas.