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Causas da perda da biodiversidade em florestas tropicais

A destruição cada vez mais rápida da floresta tropical é uma conse- quência direta das diferentes formas de utilização (transformação) de áreas florestais para fins não silvícolas, ou ainda, formas de exploração abusiva dos recursos naturais que de país para país ou de região para região podem assumir importância diferente (Figura 8.3). Mas, seja qual for a situação (local ou motivo), o desmatamento das florestas esta levando os ecossiste- mas, sobretudo, os tropicais, pela razão óbvia de sua grande diversidade, a perda de grande parte de sua biodiversidade. Há necessidade de grandes esforços e apoios para que, nos trópicos, também o significado ecológico de áreas florestais e naturais seja tido em conta ao nível de processos de deci- são e formas de comportamento.

Figura 8.3 Efeito do desmatamento na Amazônia. Fonte: www.jm1.com.br

Nitrobacter: bactérias

essenciais no ciclo do azoto, oxidando os nitri- tos do solo em nitratos. Esta ação é chamada de

Nitrificação, fundamen-

tal para decompo-sição do material orgânico a ser utilizado pelos vegetais.

As florestas tropicais cobrem 8% da superfície do planeta e, segundo es- timativas, cerca de 50% de toda a madeira em crescimento que existe sobre a face do planeta está nelas localizadas. Aproximadamente 40% da diversidade biológica que conhecemos para os ambientes terrestres também aí se encon- tram. Os impactos sobre as florestas existem desde épocas antigas. Todavia, as florestas modificam-se em maior intensidade e extensão à medida que as relações econômicas, sociais, culturais e tecnológicas se globalizam.

Até o surgimento da agricultura, cerca de 8 mil anos atrás, o efeito do homem sobre as florestas foi muito pequeno. Mas, é importante lembrar que, mesmo quando as populações humanas eram migratórias, em razão das necessidades de caça e coleta, já ocorriam pequenos desmatamentos em forma de clareiras (diz-se dos espaços sem árvores, ou quase, em mata ou bosque), ocasionados pelas queimadas (Figura 8.4).

Figura 8.4 Visão de uma queimada. Fonte: GOOGLE (2011).

A primeira mudança significativa no impacto humano sobre as flores- tas se deu com a expansão da agricultura e a simplificação do ecossistema para o cultivo de poucas espécies. As florestas, de modo geral, deram lugar à agricultura tornando-se sempre alvo de desmatamentos ocasionando de uma maneira ou de outra, distúrbios nos ecossistemas (Figura 8.5).

Metanogênese é a etapa

final no processo global de degradação anaeróbica de compostos orgânicos em metano e CO2, efetu- ada pelas Archaebactérias

metanogênicas.

A perca do Nilo (Lates ni-

loticus) foi introduzida no

Lago Vitória, para aumen- tar o abastecimento de peixe local, a dieta bási- ca da população nativa, e desenvolver o comércio pesqueiro regional. Tal espécie causou desequilí- brio biológico, pois o pei- xe além de ser predador, desenvol-veu-se tanto que chegou a atingir ± 1,5 a 2 m de comprimento. Como conse-quência, aproxima- damente 250 das 500 es- pécies nativas de Ciclíde- os foram dizima-das.

Figura 8.5 Distúrbios ecológicos causados pelo desmatamento. Fonte: BONILLA; PORTO (2001).

O desmatamento de florestas tropicais e a perda da biodiversidade são temas complexos (Figura 8.6). Compreender e analisar suas múltiplas cau- sas requer uma visão de conjunto da rede de casualidades, com a multifária interconexão, entre os fatos.

Figura 8.6 Registro da perda de biodiversidade desde 1600 até o ano 2000: a) no mar e ilhas oceânicas; b) nas mais importantes regiões geográficas; c) em invertebrados e d) em

A Figura 8.7, por exemplo, procura demonstrar a relação que existe entre o desmatamento e o insucesso das culturas. Quando as causas atu- am em rede, qualquer ação no seu interior pode afetar outros pontos e in- terconexões. As quatro causas imediatas são: diminuição da fertilidade do solo, infestação permanente de plantas invasoras, rápida proliferação das pragas e crescente deterioração do microclima.

Figura 8.7 Relação entre o desmatamento e o insucesso das culturas. Fonte: BONILLA; PORTO (2001).

Quando é aberta uma clareira na floresta, a fertilidade do solo entra em declínio, a qual se vai acelerando na medida em que decresce o volume total de transpiração. Quanto menor a quantidade de água pura, liberada pela transpiração dos vegetais, maior será o volume de água contendo subs- tancias nutritivas que se escoa para os rios. Subsequentemente, os raios do sol, atingindo um solo até então protegido pelas copas das árvores, fazem secar e oxidar os detritos e o húmus, primeiro acelerando a decomposi- ção, em seguida destruindo os microorganismos, para no final, interromper grande parte dos processos vitais. Com isso fica reduzido o fluxo das subs- tâncias nutrientes que vão dos detritos para as raízes.

As chuvas precipitando-se em clareira mais ou menos aberta, carreiam para os cursos de água, certas substâncias nutritivas que talvez constituam o único sustento de algumas partes do ecossistema. Ademais, com a retirada da cobertura florestal, a superfície do solo fica exposta à ação da chuva (agora as gotas chocam-se diretamente com a superfície do solo, desagregando-o) e dos raios solares, e com isto o circuito vital é rompido.

Estimativas a nível mundial chegaram à conclusão que, na maioria dos casos, a destruição das florestas se deve:

a) Em 60% das ocorrências, às queimadas, levadas a cabo por agricul- tores (população local e colonos vindos de outras partes).

b) Em 30% dos casos, a projetos agropecuários (sobretudo) e de de- senvolvimento em grande escala (projetos de assentamento e colo- nização, represas, grandes plantações de cultivo industrializado, pastagens, projetos industriais etc.).

c) Os 10% restantes, às formas inadequadas de extração de madeiras. A despeito de representar, a menor cifra (10%,), a extração de madeira merece um cuidado especial e uma abordagem em destaque. Assim o é, por constituir uma forma insidiosa de degradação. Isto é, o madeireiro (pessoa física) ou a madeireira (empresa), adentra na mata e colhe espécimes no- bres. Em uma situação como esta o dano pode passar despercebido, mas a tendência geral é de empobrecimento, uma vez que as espécies colhidas restam com uma probabilidade muito baixa ou nula de se restabelecerem. A mata remanescente impede, por sombreamento, o desenvolvimento das plantinhas jovens das espécies removidas. Há formas de se fazer a explora- ção e aproveitamento dos espécimes nobres antes mencionados, mas a sua descrição foge ao escopo deste livro. Contudo, é de todo importante que a legislação florestal leve isto em consideração com o devido rigor.

As queimadas têm por efeito concentrar as substâncias nutritivas existentes nas madeiras e folhagens, tornando-as solúveis e depositando-as sob forma de cinza na superfície do solo. Dois elementos essenciais, o nitro- gênio e o enxofre se volatilizam com a ação do fogo e se perdem. Juntamente com outras substâncias nutrientes que evolam com a fumaça e a poeira, o nitrogênio e o enxofre são levados para longe daquele determinado pedaço de terra, embora novamente, possam tornar-se úteis se recaírem ao solo em outra parte. A maioria dos elementos nutritivos carreados para os rios torna-se irremediavelmente perdidos para o ecossistema da floresta.

A primeira queima libera a maior parte dos elementos nutritivos ar- mazenados, diminuindo bastante a sua quantidade nos anos subsequentes, uma vez que, os nutrientes que não forem aproveitados pelas plantas são prontamente lavados pelas primeiras chuvas, que extraem os seus últimos vestígios do folhedo ou serrapilheira (camada de folhas, galhos etc., de mis- tura com terra, que cobre o solo da mata) e do húmus, os quais, a partir daí, ficam totalmente expostos aos rigores do tempo, restando pouca fertilidade residual no trecho desmatado.

Os desmatamentos e queimadas exterminam muitos animais, tanto diretamente como indiretamente, ao destruírem seus habitats.

O fogo destrói inevitavelmente a rica fauna do solo da floresta, e o aumento da luminosidade, juntamente com a áspera secura do ambiente, é prejudicial a uma enorme variedade de bichos da floresta. É de máxima importância o papel representado pelos animais, principalmente os inver- tebrados que vivem na serrapilheira e nas camadas superficiais do solo, no que se refere à ciclagem de nutrientes para as plantas e para a manu- tenção da fertilidade.

O efeito mais desastroso trazido pelo rompimento do equilíbrio da fauna é a proliferação anormal de certas espécies animais, por falta de controle biológico. Com os predadores mortos ou afugentados, os insetos fitófagos aumentam rapidamente, principalmente se encontram a sua dis-

A Unha-do-cão (Cryptos- tegia madagascariensis) é uma planta invasora ori- ginária da ilha de Mada- gascara na Africa. Foi in- troduzida no Nordeste do Brasil e hoje está compro- metendo os bosques nati- vos da Carnaúba (Coper- nicia prunifera), palmeira nativa, da qual dependem cerca de 40 mil famílias, só no estado do Ceará.

posição os brotos tenros das plantas. Esses insetos são geralmente nu- merosos nos vários níveis do dossel das árvores, mas sua proliferação é mantida sob controle, por seus inimigos naturais, representados em sua maior parte por morcegos, pássaros, anfíbios, répteis e insetos entomó- fagos. Com o desaparecimento de seus maiores predadores, e devido à rapidez dos seus ciclos de desenvolvimento, esses insetos se propagam espantosamente em curto lapso de tempo.

Em muitos casos, e no devido tempo, as plantas invasoras ou exó- ticas, se encarregam de apressar o empobrecimento do solo, fazendo com que o trecho cultivado seja abandonado em prazo mais curto ainda. Es- sas plantas são altamente especializadas em explorar condições fortuitas e transitórias, e seus mecanismos de disseminação são tão eficientes que as suas sementes já se encontram no local antes de ser aberta a clareira, ou aparecem logo depois. Seu crescimento é às vezes mais rápido do que o das plantas cultivadas, e seu ciclo de vida mais breve. Essas plantas não des- viam grandes quantidades de energia e de recursos para a manufatura de reservas alimentares, como ocorre nas plantas cultivadas. Sua especialida- de é a reprodução precoce, produzindo em pouco tempo, vastas quantidades de sementes. Do ponto de vista da nutrição, muitas plantas invasoras são oligotróficas e conseguem desenvolver-se em solo de baixa fertilidade, tendo menos a oferecer aos fitófagos, em matéria de alimento. Outras são dota- das de estratégicos recursos nutricionais, como, por exemplo, a fixação do nitrogênio, por meio das micorrizas (diz-se da associação simbiôntica entre raízes de uma planta superior e micélio de um fungo especializado, com benefícios para ambos os organismos), e dessa maneira se tornam menos dependentes da fertilidade do solo do que as plantas cultivadas.

Os instrumentos mecânicos de aço tornam possível ao agricultor abrir clareiras muitos maiores do que seria necessário para manter sua família. Uma vez que o desmatamento destrói os habitats dos animais e afugenta os predadores, os roedores proliferam livremente, causando prejuízos às colheitas e às propriedades e ao mesmo tempo fornecendo mais alimento aos insetos hematófagos. O afastamento das aves contribui também para aumento dos insetos (Figura 8.8).

As agressões e sulcos das rodas dos veículos nas estradas, além das valetas de drenagem ao longo delas, constituem locais ideais de procriação de insetos. O lixo doméstico, as latas e cascas de coco também servem para isso, enquanto que as próprias habitações oferecem ótimas oportunidades para a proliferação de vermes. Os homens, gatos, cães, galinhas, pássaros engaiolados e o gado são as suas vítimas. Isso leva a habitual observação dos que viajam pelos trópicos, segundo a qual a floresta virgem é relati- vamente livre de insetos pestilentos e pragas, ao passo que as habitações humanas são comumente infestadas por eles.

Espécies exóticas

Quando o homem intro- duz uma espécie exótica num ecossistema, ela tal- vez ocupe nichos ecológi- cos que eram ocupados por outras espécies. Às vezes, a espécie exótica indiretamente muda tanto o ecossistema que supera espécies nativas, ou então traz doenças contra as quais as espécies nativas não têm defesa imunológi- ca. Em especial em ilhas, onde as espécies ficaram isoladas por muito tempo e não tiveram de dispu- tar o espaço com recém chegados, os habitantes originais talvez sejam in- capazes de se adaptar e sobreviver. Um exemplo típico é uma alga “assas- sina”, a Caulerpa taxifolia, que está acabando com outras espécies marinhas no mar Mediterrâneo. In- troduzida acidentalmente ao largo da costa de Mô- naco, ela já começou a se espalhar pelo leito oceâni- co. É tóxica e não tem pre- dadores conhecidos.

Caulerpa taxifolia.

Figura 8.8 Relação entre ambiente e doenças. Fonte: BONILLA; PORTO (2001).

Uma pesquisa realizada na década dos 70 na Região Amazônica sobre as principais doenças transmissíveis revelou que doenças como a tubercu- lose, lepra e as de origem venérea costumam ocorrer na região, mas não se supõe que sua iniciativa venha a aumentar criticamente devido às rodovias. A malária é endêmica em toda a região e parece intensificar-se com o au- mento da presença humana. Os pássaros e os morcegos, predadores natu- rais dos mosquitos, tendem a se retirar com a presença do homem, ao passo que os insetos e seus locais de proliferação aumentam dramaticamente.

Um dos maiores empecilhos para a disseminação da esquistossomose na Amazônia era constituído pelas condições limnológicas adversas das águas dos rios da região, quase todas ácidas e oligotróficas. O foco de es- quistossomíase mais conhecido na área é de Fordlândia, onde no ano de 1953 verificou-se que a água era quase neutra, o que levou a concluir que havia pouca possibilidade de disseminação da doença.

Essa situação, entretanto, já não existe mais, uma vez que os colonos se vêem incentivados pelo INCRA, em toda a Amazônia, a colocar calcário, e também fertilizantes em suas culturas. As chuvas pesadas logo carreiam essas substâncias para os poços criados pelas rodovias e as valetas de drenagem, acelerando a eutrofização e elevando o seu pH. À medida que cresce a população nas colônias agrícolas, seus moradores vão criando, de um modo geral, condições propícias ao aparecimento dos caramujos vetores da doença, ao ponto que, na atualidade muitos moradores das margens das rodovias já se acham infectados pelo mal.

O Pacu (Piaractus mesopo-

tamicus) peixe comum nos

rios da bacia amazônica. É uma espécie onívora com tendência a herbivo- ria; alimenta-se de frutos/ sementes, folhas, algas e, mais raramente, de pei- xes, crustáceos e molus- cos. É comum capturá-lo debaixo de árvores quan- do os frutos/sementes caem na água. Fica nos rios durante a época seca e entra nos lagos/lagoas e matas inundadas durante as cheias. É considerado peixe bastante esportivo, principalmente o pacu do Pantanal, além de ser muito importante comer- cialmente.

Fonte: GOOGLE, 2011.

Eutrofização (ou eutro-

ficação): é um processo normalmente de origem antrópica ou raramente de ordem natural, tendo como princípio básico a gradativa concentração de matéria orgânica acumu- lada nos ambientes aquá- ticos.

Entre os fatores impac- tantes, contribuindo com a crescente taxa de po- luição neste ecossistema, estão: os dejetos domés- ticos (esgoto), fertilizan- tes agrícolas e efluentes industriais, diretamente despejados ou percolados em direção aos cursos hídricos (rios e lagos, por exemplo).

O muito conhecido pardal doméstico (Passer domesticus) espalhou-se pela rodovia Belém-Brasília numa extensão de 1.500 km e já alcançou Ma- rabá. Esses prolíficos pássaros já se acham implicados na propagação dos vetores da doença de Chagas na região Norte.

A raposa Cerdocyon tende a aumentar de número onde há a presença do homem e já está sendo também responsabilizada pela disseminação da leishmaniose.

As verminoses, causadas por parasitas fecais e orais em geral, acham- -se associadas a condições primitivas de vida e a falta de higiene, caracte- rísticas em toda a Amazônia, sendo, portanto comuns em toda a região. A estrongiloidíase e a amebíase são igualmente comuns. Todas essas doenças mostram-se mais exacerbadas em pessoas debilitadas ou mal nutridas.

Nas regiões que são cortadas por rodovias na Amazônia, há presu- mivelmente muitas doenças ainda não registradas ou pouco conhecidas, particularmente micoses e viroses. A febre hemorrágica, por exemplo, que ocorre em Roraima e na região compreendida entre os rios Purus e Juruá, pode ser uma hepatite, altamente letal, mas de etiologia completamente desconhecida, sendo tidas como suspeitas até mesmo as plantas usadas pelos indígenas para atordoar peixes.

Muito se tem debatido em torno dessas questões. Dentro das desigual- dades sociais e das dificuldades estruturais, as políticas de planejamento ambiental, podem ser uma ferramenta para governos e sociedades começa- rem a resolver seus problemas ambientais. O planejamento ambiental deve cumprir metas sociais, ser democrático, justo e indiscriminatório e, do pon- to de vista técnico, carece partir de problemas locais e regionais.

O valor da fauna amazônica é incalculável, devido às propriedades e hábitos que os animais possuem, embora a maior parte dessas qualidades seja ainda desconhecida. Por exemplo, provavelmente existe na Amazônia um animal capaz de manter sob controle o aguapé (Eichhornia crassipes), que atualmente causa enormes prejuízos financeiros em várias regiões do mundo.

A fundamental importância dos animais nas florestas está no papel que eles representam dentro do ecossistema. A vegetação e a fauna cria- ram um mutualismo inseparável; uma não pode existir sem a outra. Essa dependência mútua é essencial para o equilíbrio das florestas. Algumas árvores, por exemplo, na Amazônia, são protegidas pelos animais, e se não fosse isso seriam rapidamente exterminadas pelas pragas. Além do mais, a fauna é essencial para a manutenção dos ciclos de nutrição, tão precário no ecossistema amazônico quanto no da Mata Atlântica brasileira.

É possível encontrar mais espécies de peixes num lago amazônico me- nor do que uma quadra de tênis do que em todos os rios da Europa juntos. O Amazonas possui a fauna ictiológica mais rica do mundo, provavel- mente mais de 3.500 espécies. Ao passo que, a que mais se aproxima disso, a do Rio Congo, conta com cerca de 1.000 espécies de peixes. E no Rio Mis- sissipi só é possível observar 250 espécies.

O desmatamento (Figura 8.9) irá inevitavelmente diminuir a quanti- dade de alimentos para os peixes. A pesca irá a aumentar drasticamente com a elevação da densidade populacional, mas se ficar restrita ao uso de anzóis, redes de malha, estupefacientes vegetais e arpão não irá, provavel- mente, causar danos à fauna ictiológica.

Figura 8.9 Mudanças na floresta e suas repercussões sobre os peixes. Fonte: BONILLA; PORTO (2001).

Os peixes desempenham um papel primordial no ecossistema amazô- nico, por exemplo, e reside nisso a sua grande importância. Para a sua sub- sistência eles dependem, em última instância, de dois elementos: matéria ve- getal, tais como folhas e frutos que caem no rio, e; substâncias nutrientes do solo, principalmente as provenientes da erosão andina, trazidas pela água.

Nos locais onde os elementos nutritivos e a luz são abundantes, a fotossíntese combina esses fatores para manter o desenvolvimento do plâncton e algas, fornecendo uma base permanente para o sustento de grandes quantidades de peixes. Isso ocorre, até certo grau, na maior par- te dos rios da Amazônia.

Os cursos de água no interior da floresta ativam o crescimento de uma exuberante vegetação ciliar, a qual é beneficiada por substâncias nutrientes fornecidas pela água e por maior quantidade de luz solar. Essa vegetação é uma verdadeira fábrica de elementos nutritivos sob a forma de folhas, flores e frutos, que se acumulam no solo ou são varridos para a água. Esse pro- cesso ajuda a sustentar um grande número de peixes.

Muitos insetos passam parte de seu período de vida na água, forne- cendo uma rica fonte de alimentos para os peixes. Moluscos, crustáceos e outros artrópodes, bem como anelídeos, nematoides e platelmintos são en- contrados em grande quantidade nas águas dos rios da Amazônia e outros rios das regiões tropicais e propiciam uma enorme variedade de alimentos para a fauna ictiológica. A maior parte desses alimentos se localiza no fun- do dos rios, sob a forma de lodo orgânico, ou em árvores submersas.

Há evidências marcantes que demonstram ser baixa a produtividade dos rios amazônicos, mesmo nas partes mais férteis da bacia. Já ficou pro- vado que a enorme biomassa de peixes e invertebrados depende, para sua subsistência, das matérias orgânicas e nutrientes trazidas da floresta pelas enchentes. O extermínio da floresta irá diminuir esse suprimento.

Crescimento da população humana. Em meados do

século 19, a família hu- mana tinha uma popula- ção de um bilhão. Um sé- culo e meio depois e tendo a população da Terra al- cançado os seis bilhões,