• Nenhum resultado encontrado

As plantas, por serem imóveis, estabelecem estratégias de defesa que se baseiam em evitar a predação dos herbívoros (Figura 4.13). Entre as de- fesas físicas ou estruturais, que impedem ou dificultam a ação dos herbívo- ros, tem-se: espinhos; pêlos; dureza e textura da folha; proteção externa da semente, por invólucro resistente; sendo que a maior defesa das plantas está no seu arsenal químico. Estes compostos tóxicos, denominados de subs- tâncias secundárias, inibem ou impedem o consumo dos herbívoros sobre a planta. Os compostos secundários mais importantes são os taninos, os alcaloides (entre estes a morfina, atropina e nicotina), e os terpenoides (resi- nas vegetais, óleos essenciais e látex), sendo estes, compostos de grande im- portância para o ser humano, que os utiliza para diversos fins industriais

Henry Walter Bates

(1825 - 1892) foi entomó- logo e naturalista inglês. Realizou uma viagem à Amazônia, junto com Al- fred Russel Wallace, com o objetivo de recolher ma- terial zoológico e botânico para o Museu de Histó- ria Natural de Londres, permanecendo no Brasil durante onze anos. Cata- logou cerca de 14.712 es- pécies, as quais foram en- viados para a Inglaterra.

Bates, H. W. Fonte: www. pt.wikipedia.org

Johann Friedrich Theo- dor Müller (1822 - 1897)

foi professor de Ciências Naturais e de Matemáti- ca, sendo o pioneiro em apoiar a teoria da evo- lução apresentada por Charles Darwin.

Müller, J. F. T. Fonte: GOOGLE, 2011.

e farmacêuticos. Outra defesa muito utilizada é o baixo conteúdo nutritivo dos tecidos vegetais, pois os herbívoros selecionam seus recursos pelo seu conteúdo nutricional (Figura 4.14). Tecidos com alto conteúdo de celulose só podem ser explorados por organismos adaptados para digerir e retirar energia deste polímero.

Figura 4.13: Resposta das plantas a herbivoria.

Figura 4.14: A herbivoria pode ser benéfica para os vegetais.

Os herbívoros, em reação à adaptação das plantas, desenvolveram me- canismos de digestão e excreção de substâncias secundárias, tornando-se especialistas em plantas que são venenosas, para a maioria das espécies. O resultado do efeito desses “especialistas” sobre concentração de populações de plantas, utilizadas como recurso, é bastante conhecido pelo homem. As monoculturas são grandes áreas onde estão concentrados recursos que um

herbívoro especialista pode transformar rapidamente em novas gerações de especialistas. Boa parte das pragas agrícolas é resultado dessa binômia es- pecialização-concentração de recursos. Em uma área natural, os recursos geralmente estão em um grande espaço e muitas vezes dispersos de forma variável no tempo, sendo necessário um grande gasto energético para en- contrá-los. Além disto, as quantidades de recursos, nestes ambientes hete- rogêneos, não comportam o desenvolvimento e crescimento de uma grande prole. Através das condições ideais, criadas nas monoculturas, o inesperado seria o não surgimento do que denominamos pragas.

Amensalismo

O amensalismo, também chamado antibiose, ocorre quando os mem- bros de uma espécie eliminam substâncias que prejudicam o crescimento ou a reprodução de outras espécies com as quais convivem. Geralmente, há vantagens indiretas para o organismo que provoca inibição de outro. Diver- sas espécies de fungos presentes no solo, por exemplo, liberam substâncias antibióticas, que atacam bactérias. Dessa forma evitam a competição com as bactérias por alimento. Certas plantas, como o eucalipto, por exemplo, liberam, em suas raízes, substâncias que impedem a germinação de semen- tes ao redor, evitando-se que outras plantas venham a competir com elas pela água e outros recursos do solo.

O amensalismo é conhecido também como a interação, onde uma das espécies causa efeitos negativos em um segundo organismo. Este primeiro organismo não tem qualquer efeito (bom ou ruim) sobre o primeiro. Dife- rente de outras relações, no amensalismo, o organismo que causa o efeito negativo, em muitos casos, não tem qualquer vantagem neste fato, nem em termos de benefícios de obtenção e recursos, nem em termos competitivos. Um rebanho bovino, por exemplo, ao caminhar sobre uma pastagem piso- teia inúmeras plantas, nas quais não possui nenhum interesse alimentar. Contudo, ao serem pisoteadas estas plantas perdem, em termos de capaci- dade de sobrevivência e reprodução, em relação às não pisoteadas.

Parasitismo

Alguns autores consideram o parasitismo como algo diferente da pre- dação, porém algumas características particulares devem ser ressaltadas. No parasitismo, o parasito (predador) é, geralmente, menor do que o hospe- deiro e apresenta uma relação de especialidade variável, podendo ser endo- parasito ou ectoparasito (Figura 4.15). Contudo, sempre consome um único espécime do hospedeiro para completar o seu ciclo biológico.

Figura 4.15 A erva-de-passarinho (Tripo-

danthus acutifolius Ruis & Pav), possui ra-

ízes sugadoras ou haustórios que penetram no tronco do hospedeiro, retirando deles

a seiva elaborada, debilitando a árvore, podendo lhe causar a morte. Fonte: www. plantasonya.com.br/plantas-parasitas/.

Diversas espécies de fun- gos presentes no solo liberam substâncias an- tibióticas que atacam bactérias. Dessa forma evitam a competição com as bactérias por alimento.

Endoparasito é o termo

dado ao parasito que vive no interior do corpo do seu hospedeiro (ex.: soli- tária, lombriga). Já o ter- mo ectoparasito é dado ao parasito que vive externo ao corpo do hospedeiro (ex.: pulga, percevejo das camas).

O parasito deve conter adaptações específicas que fazem com que tenha esta grande especialidade para com seu hospedeiro. As principais dificulda- des encontradas por um parasita, para completar seu complexo ciclo de vida, estão na localização e infecção de novos hospedeiros. Uma interessante situ- ação criada por esta associação é a que o parasita retira parte da capacidade de sobrevivência em gerações do hospedeiro, mas sua própria sobrevivência em gerações depende deste para não se extinto. A especificidade desta inte- ração é interessante para o homem quando o hospedeiro é uma praga. Esta espécie, que se desenvolve rapidamente numa monocultura, pode ter sua população controlada quando se descobre que há um parasita específico da praga. Um pequeno aumento do grau de infestação, pelo parasita, reduz con- sideravelmente a infestação pela praga (por exemplo, o controle biológico).

O modo de vida parasitário é muito mais comum na natureza do que se imagina, sendo que algumas famílias de insetos são inteiramente parasitas (por exemplo, os himenópteros da família Braconidae). Nos Quadros 4.3 e 4.4 são apresentados exemplos de algumas interações entre seres vivos.

Quadro 4.3 Relações de parasitismo entre espécies.

Parasito Hospedeiro

Vermes Jacaré-açu

Protistas Gambá

Sanguessuga Tartaruga

Fungo Ovos de tartaruga

Carrapato Gaviões de penacho

Piolho Gaviões de penacho

Pulga Rato

Quadro 4.4 Resumo das relações entre seres vivos.

Relações intra-específica

Harmônicas Colônia Sociedade

Desarmônicas Competição ultra-específica

Relações interespecíficas Harmônicas Protocooperação Inquilinismo Comensalismo Mutualismo Desarmônicas Competição Amensalismo Herbivorismo Predatismo Parasitismo Resumo descritivo das relações entre seres vivos I) Intraespecíficas harmônicas:

a) Colônia: indivíduos unidos, atuando em conjunto; às vezes repar- tem funções. Ex.: corais;

b) Sociedade: indivíduos independentes, organizados cooperativa- mente. Ex.: abelhas.

II) Intraespecífica desarmônica:

Competição intraespecífica: indivíduos concorrem pelos mesmos re- cursos do meio. Esse tipo de relação existe em praticamente todas as espécies.

Controle biológico con-

siste no emprego de um organismo (predador, pa- rasita ou patógeno) que ataca outro que esteja causando danos econômi- cos às lavouras. Essa téc- nica é muito utilizada em sistemas agroecológicos.

Os himenópteros, inse-

tos altamente evoluídos, destacam-se pela especia- lização para a vida social. Constituem uma ordem com mais de 120.000 es- pécies já reconhecidas, ocorrem em todas as fau- nas e compreendem as abelhas, vespas, formigas e outros insetos, muitos chamados microimenóp- teros. Os himenópteros se caracterizam pela me- tamorfose completa que sofrem, pelo aparelho bu- cal dotado de mandíbulas, abdome com o primeiro segmento incorporado ao tórax e quatro asas mem- branosas de nervulação reduzida, embora em al- guns casos sejam ápteros, ou seja, desprovidos de asas. Em certas espécies a nervulação das asas reduz-se tanto que desa- parece, o que pode coin- cidir com modificações na estrutura do tórax.

Fonte: www. biomania.com.br

Vespa (Trissolcus basalis).

Fonte: http://www.wes- ternsare.org/

III) Interespecíficas harmônicas:

a) Protocooperação: indivíduos associados se beneficiam e a associa- ção não é obrigatória. Ex.: caranguejo-eremita e anêmona-do-mar;

b) Inquilinismo: indivíduo usa outro, como moradia, sem prejudicá-lo. Ex.: plantas epífitas sobre árvores;

c) Comensalismo: indivíduo usa restos da alimentação de outro, sem prejudicá-lo. Ex.: hienas, que aproveitam restos das presas dos leões;

d) Mutualismo: indivíduos associados se beneficiam e a associação é fundamental à sobrevivência de ambos. Ex.: algas e fungos que formam liquens.

IV) Interespecíficas desarmônicas:

a) Competição interespecífica: indivíduos com nichos ecológicos similares competem por recursos do meio. Ex.: animais que se ali- mentam do mesmo tipo de planta;

b) Amensalismo: relacionamento na qual os indivíduos liberam subs- tâncias que inibem o crescimento de outro. Ex.: fungos que liberam antibióticos contra bactérias;

c) Herbivorismo: animais (herbívoros) devoram outros animais. Ex.: gado, que se alimenta de capim;

d) Predatismo: animais (carnívoros) matam de devoram outros ani- mais. Ex.: gavião, que devora outros pássaros e roedores;

e) Parasitismo: indivíduo vive à custa de outro, causando prejuízos, geralmente sem levar à morte. Ex.: lombrigas que parasitam o in- testino humano.

Protocooperação

Surge quando algumas espécies formam associação que não é indis- pensável, pois cada uma pode viver isoladamente. São os casos de simbio- ses, por exemplo, entre o caranguejo-eremita e as anêmonas-do-mar (Fi- gura 4.17); as plantas e seus polinizadores ou seus agentes dispersores; a acácia e suas formigas; os pássaros que comem piolhos em ruminantes; e, as formigas e alguns ectoparasitos em vegetais, tal como as cochonilhas.

Figura 4.17 Relação cooperativa entre o caranguejo-eremita e as anêmonas-do-mar. Fonte: GOOGLE (2011).

O conhecimento de todas as interações pode auxi- liar na hora da tomada de decisões quanto à escolha de áreas a serem protegi- das através de Unidades de Conservação ou na elaboração dos planos de manejo dessas unidades, protegendo principalmen- te espécies endêmicas ou aquelas ameaçadas ou em risco de extinção.

A interação mantida en- tre a anêmona-do-mar (cnidário) e o caranguejo- -eremita (crustáceo) não é obrigatória, ou seja, eles podem viver inde- pendentemente, porém a associação traz benefícios maiores aos dois. Esse caranguejo vive no inte- rior de conchas vazias de gastrópodes, permitindo a existência de anêmo- nas sobre a estrutura das conchas. Neste caso a anêmona-do-mar propor- ciona, ao caranguejo-ere- mita, proteção contra pre- dação, devido à presença de substâncias urticantes contidas em seus tentá- culos. Já o caranguejo- -eremita, ao se deslocar no substrato marinho, possibilita à anêmona- -do-mar maior chance de obtenção de alimento e propagação, mesmo que através da reprodução, o desenvolvimento indireto da forma larval de vida livre, proporciona maior dispersão.

Mutualismo

Tipo de associação entre organismos de espécies diferentes e na qual há benefícios para uns e outros, (ex.: algas e fungos que formam liquens; os cupins e sua fauna intestinal de protozoários - Figura 4.18); a rêmora e o tubarão; e as micorrizas. As associações podem variar de duas ou várias espécies. A interação obrigatória ou facultativa entre duas espécies com be- nefícios mútuos, proporciona uma maior aptidão dos indivíduos de ambas as espécies (vespas e pássaros alfaiates; besouros em ninhos de insetos sociais, peixes limpadores, aves limpadores etc.).

Um tipo de mutualismo muito importante é a polinização. Entre o polinizador e a planta são utilizados inúmeros sinais químicos atrativos e estímulos visuais. Para o polinizador ocorre a recompensa em termos de obtenção de energia, através do pólen. Para as plantas esse é um método eficiente de manter e aumentar a variabilidade genética das populações e realizar a fecundação dos óvulos.

Figura 4.18 Representação do protozoário que habita o intestino do cupim (associação mutualística). Os cupins abrigam, em seu intestino, protozoários flagelados ou bactérias (em algumas espécies) que lhes permitem digerir a celulose e, em troca, fornecem abrigo

aos microorganismos, sem o qual estes não podem sobreviver. Fonte: GOOGLE (2011).