• Nenhum resultado encontrado

Os organismos também são afetados pela salinidade do meio. A con- centração de sais no solo faz com que diminua a resistência osmótica de perda de água para o meio, o que leva à incapacidade de manter a concen- tração necessária de água para as atividades metabólicas.

Várias plantas possuem adaptações para viver em ambientes com alta salinidade, principalmente aquelas que vivem sob influência do Cloreto de Sódio (NaCl) e são conhecidas como halófitas (Figura 3.13). Esta figura mos- tra o crescimento relativo de três plantas que crescem em solos salinos, cultivadas em solos com diferentes concentrações de NaCl. Estas plantas compensam o excesso de sal do meio com mecanismos necessários aos pro- cessos de osmoregulação. Alguns animais, como aves e iguanas marinhas, apresentam glândulas de sal, por onde eliminam os excessos. Alguns orga- nismos como a Artemia estão tão adaptados a viver em ambientes salinos que conseguem sobreviver à concentração de sais próxima à cristalização (cerca de 300g por litro).

Confira agora neste site: www.cricketdesign.com. br/abril/ciclodaagua uma animação sobre o ciclo da água.

Salicornia e Suaeda são

halófitas genuínas. As espécies halófitas não

desenvolvem o seu cresci- mento, sem a presença de algum tipo de sal, princi- palmente, o cloreto de só- dio (NaCl).

A vegetação do manguezal desenvolveu uma adapta- ção foliar para excretar o excesso de sal que é ab- sorvido pelas raízes. A es- trutura é denominada de

glândulas de sal.

Glândulas de sal localiza- das na folha da espécie La-

guncularia racemosa. Fon-

te: www.projetomanguezal. ufsc.br

Figura 3.13 Crescimento de três plantas em solo salino. Fonte: BONILLA; PORTO (2001).

O NaCl é de difícil metabolização, no entanto, há vegetais como “bredo- -da-praia” (Sersuvium portulacastrum) e “pirrixiu” (Batis maritima), comuns no Nordeste brasileiro, que têm essa capacidade e conseguem viver bem na- queles ambientes, e só neles onde um vegetal normal não teria capacidade de fazer penetrar no seu corpo a água de que necessita (Figura 3.14).

Sendo elevada a concentração do sal no solo, precisaria que este ve- getal tivesse em suas células uma concentração ainda maior, para que, através da osmose, houvesse penetração da água nos seus tecidos. Podem ser observados, então, dois casos: com um maior volume de água no solo, durante a época das chuvas, diminui a concentração da solução salina: nesse momento é possível que haja penetração de certa quantidade de solu- ção nutritiva para o vegetal.

Figura 3.14 Sersuvium portulacastrum. A) Disposição sobre o solo; B) Imagem macro. Fonte: A) www.botany.hawaii.edu e B) www.hear.org

No entanto, no período de menor pluviosidade, o aumento pronuncia- do da concentração da solução do solo vai impedir que o vegetal se beneficie dessa solução. Então, para que o vegetal não morra precisaria ter armaze- nado água na época das chuvas, que fica então, num estado de “seca fisio- lógica”. Para aquele armazenamento o vegetal precisa ter uma estrutura es- pecial tal como folhas e caules carnosos, semelhantes aos daqueles vegetais que vivem em ambientes realmente secos.

Nos dois exemplos anteriormente citados (Sersuvium e Batis) bem como em outros correspondentes, as espécies submetidas a condicionamen- to idêntico apresentam bastante semelhança morfológica, embora, perten- çam a grupos botânicos diversos.

Nessas condições, a cobertura vegetal vai assumir uma fisionomia bem diferente daquelas de áreas com água sem excesso de NaCl. O número de espécies que pode atender aquela condição é muito pequeno, ocorren-

O bredo-de-porco ou bre- do-salgado (S. portulacas-

trum L.) é uma halófita

típica de solos salinos, no Nordeste semiárido.

do então, comunidades uniespecíficas. Esses vegetais podem, assim, servir como indicadores de solos salinos.

pH do solo

Dentre os fatores do solo deve, ainda, ser referido o pH (concentração de íons Hidrogênio). O pH da água e do solo pode ser um fator que exerce uma poderosa influência na distribuição dos organismos. O protoplasma de plantas é afetado drasticamente por altas concentrações de íons OH- e H+,

que se tornam tóxicas em um pH abaixo de 3 (ácidos) e de um pH acima de 9 (básico). Além disto, efeitos indiretos do pH afetam a concentração dos nutrientes disponíveis e/ou a formação e concentração de toxinas.

Em pH’s abaixo de 4.0 a 4.5, por exemplo, os solos apresentam geral- mente uma alta concentração de íons de Alumínio (Al+3), que pode ser muito

tóxico para a maior parte das plantas. Alguns nutrientes essenciais para as plantas, como Manganês (Mn+2) e Ferro (Fe+3) podem ser tóxicos em baixos

níveis de pH. O aumento da acidez pode afetar os organismos de três manei- ras: (i) diretamente, alterando a osmoregulação, a atividade enzimática e a trocas gasosas. (ii) indiretamente, pelo aumento da concentração de íons tó- xicos (iii) indiretamente, reduzindo a qualidade e distribuição dos recursos. Embora se tenha atribuído grande importância a esse fator, chegando- -se a admitir que a simples leitura do pH seria suficiente para orientar sobre as características ecológicas de uma determinada área, principalmente por sua importância nos processos de respiração e de ação enzimática nos ve- getais, no entanto, essa fase já está superada e se reconhece que respostas ao pH só se fazem sentir intensamente quando aquele fator atinge valores extremos: pH muito elevado e pH muito baixo.

A maioria das espécies parece ter uma ampla tolerância para as va- riações de pH que normalmente ocorrem. Certas espécies mais tolerantes a pH elevado são chamadas espécies basófilas; de certos ambientes ricos em gipsita (gypsum, sulfato de cálcio).

Organismos com alta tolerância ao cálcio são denominados calcífilos ou calcícolas. Solos com pH baixo, geralmente tem carência de nutrientes, resultando em baixa produtividade.