• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.4 Metodologia de Ensino

3.4.3. Cenário Férias nos Açores

Na construção do cenário utilizado nesta investigação, teve-se em conta o que dizem diversos especialistas (Tan, 2002; Lambros, 2002, 2004; Hmelo-Silver, 2004; Chin & Chia, 2006; Barell, 2007; Azer, 2008; Dabbagha & Dass, 2013) relativamente às caraterísticas que um problema ou que um cenário devem assumir no EOABRP. Assim, descrevem-se as caraterísticas que foram tidas em atenção, no processo de construção do nosso cenário.

Em primeiro lugar, o cenário deve estar relacionado com situações da vida real (Lambros, 2002, 2004; Barell, 2007; Azer, 2008b), devendo envolver temas multidisciplinares (Hmelo-Silver, 2004; Azer, 2008b) e conduzir a problemas suscetíveis de múltiplas abordagens de resolução (Lambros, 2002; Tan, 2002) e, se possível, a mais do que uma solução (Lambros, 2002). Já no que diz respeito aos formatos de apresentação dos cenários, estes podem ser variados, incluindo imagens, sons, ou texto (Dahlgren & Öberg, 2001; Lambros, 2002). No caso do EOABRP iniciado com um cenário, salienta-se que, segundo Dahlgren & Öberg (2001), cenários com formatos diferentes conduzem à formulação de diferentes problemas, podendo estimular mais ou menos a aprendizagem.

Na perspetiva de construir um cenário que satisfizesse todas estas caraterísticas, baseámo-nos na atividade proposta por Vasconcelos & Almeida (2012) para construir o cenário utilizado nesta investigação. Em primeiro lugar, esta opção deveu-se ao facto de se pretender utilizar um cenário que ajudasse a contextualizar as aprendizagens deste tema numa realidade conhecida pelos alunos portugueses. A verdade é que a maioria destes fenómenos naturais (ex.: sismos e erupções vulcânicas)

é dada a conhecer através das notícias transmitidas pelos Media e, normalmente, ocorrem em sítios

distantes ao nosso país. No entanto, fenómenos naturais de atividade sísmica também ocorrem em Portugal continental e nos Arquipélagos dos Açores e da Madeira. Apesar de serem sentidos com maior frequência no Arquipélago dos Açores, também têm sido sentidos, nos últimos 25 anos, em Portugal continental. Já no que concerne a atividade vulcânica no nosso país, segundo o Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores e Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (2013), nas diversas ilhas dos Açores existem 26 sistemas vulcânicos ativos, sendo oito deles submarinos. A última erupção vulcânica que afetou a população deste Arquipélago ocorreu há pouco mais de cinquenta anos, em 1957 junto à ilha do Faial (vulcão dos Capelinhos).

86

conforme argumentam diferentes autores (ex.: Hmelo-Silver, 2004; Lambros, 2004), devem ser utilizados cenários ou problemas que vão ao encontro dos interesses e da realidade dos alunos para que seja despertada a curiosidade e motivação dos mesmos pela aprendizagem.

No que concerne à escolha do formato do cenário, esta teve em conta que, como referem alguns autores (Savin-Baden, 2007; Douvers et al, 2010; Barrett, et al, 2011), os ambientes virtuais podem ajudar a inovar o tipo de cenários utilizados no EOABRP. De entre os vários formatos possíveis (ex.:

texto, banda desenhada, vídeo, PowerPoint, WebQuest, jogos, imagens, fotografias, notícias de jornal,

etc.) optou-se por construir o cenário em formato de animação em vídeo. Esta decisão foi tomada com o intuito de construir um cenário que ajudasse a despertar o interesse e curiosidade dos alunos, conforme também é sugerido por Azer (2007), pois, geralmente, os alunos apreciam a visualização de vídeos e de banda desenhada.

De seguida, procedeu-se à construção do guião da animação, adaptando-se o texto da atividade proposta por Vasconcelos & Almeida (2012) para um discurso direto, incluindo diálogos entre duas personagens. Após um primeiro processo de validação, por parte da orientadora desta dissertação, optou-se por reconstruir esses diálogos incluindo três personagens, reduzindo-se a extensão dos diálogos. Seguiram-se duas novas versões e respetivos processos de validação, por parte de três especialistas na área da educação em Ciências e com experiência em EOABRP. Nesses processos de validação foram sugeridas pequenas alterações no tipo de discurso utilizado, que foram consideradas, surgindo, assim, a versão final desse guião do vídeo (anexo 4).

Para a construção da animação em vídeo, após alguma procura na Internet de programas de

computador que permitissem a montagem e produção de animações em vídeo, selecionou-se o programa GoAnimate (disponível em www.goanimate.com). Esta opção deveu-se ao facto de, para além de este programa ser de fácil utilização, também permitir a inserção de áudio em sincronia com as imagens, e permitir a criação de personagens associadas a movimentos e a expressões corporais.

Depois, foi necessário selecionar um outro que permitisse a gravação de ficheiros áudio para ser adicionada a cada personagem da animação a respetiva fala. Seguindo-se a sugestão de uma colega

com alguma prática na construção de pod-casts, optou-se pelo programa informático Audacity,

disponível para download gratuito na Internet. Este programa, de fácil utilização, satisfez o objetivo

pretendido.

87

respetivos diálogos das personagens em cada cena antes de se iniciar a próxima. Quando terminado, foi editado e guardado em formato MP4, que é suportado por grande parte dos programas de visualização de vídeos disponíveis nos computadores de hoje em dia. Infelizmente, devido ao seu formato, não é possível apresentar o cenário em papel. Por isso, selecionou-se uma imagem desse vídeo (figura 4) para dar uma ideia do seu aspeto.

Figura 4: Cenário Férias nos Açores

Assim, resumidamente, descreve-se, de seguida, o cenário construído, intitulado Férias nos Açores. A animação inicia-se com a entrada de três jovens em cena (o Pedro, a Carla e o Rui), num local que pretende ser uma zona de convívio da escola, frequentada durante o intervalo das aulas. Embora não seja explicitado o local onde decorre a cena, foram escolhidos objetos que se assemelhavam a essa zona, a fim de o referido local poder ser identificado, pelos alunos. Depois de entrarem em cena, dois dos jovens (o Rui e a Carla) sentam-se, enquanto o Pedro mantem-se de pé. Este inicia a conversa afirmando que vai de férias para os Açores. Os outros dois colegas ficam muito entusiasmados e vão dialogando sobre os fenómenos de atividade vulcânica do Arquipélago, nomeadamente sobre as erupções vulcânicas que ocorreram na ilha do Pico, durante a colonização desta ilha, no século XV. Entretanto, ao compreender que no Arquipélago dos Açores ainda existe atividade vulcânica, o Pedro pondera sobre a possibilidade de, afinal, não querer ir aos Açores. Os colegas continuam, relembrando a erupção vulcânica do vulcão dos Capelinhos, em 1957. Ao ouvir o que os colegas disseram, o Pedro diz imaginar que a população e o local devem ter sido bastante afetados por esse fenómeno, afirmando, por fim, não entender as razões pelas quais alguém opta por viver perto de um vulcão. A animação termina com os três jovens a sair de cena.

Com este diálogo pretendia-se que o cenário suscitasse questões sobre a atividade vulcânica, a atividade sísmica, e sobre as implicações destas atividades naturais para a população local.

88