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Assinam o projeto do Centro Cultural Arauco (figura 31), localizado na cidade de Arauco (Chile), os arquitetos chilenos Mirene Elton e Mauricio Léniz, do escritório Elton Léniz. Trabalhando com uma equipe diversa, de arquitetos, designers e artistas, o escritório produz trabalhos em diferentes escalas – como mobiliário, montagem de exposições, espaços comerciais, interiores, habitações residenciais e coletivas, projetos urbanos, entre outros. Entregue em 2016, o projeto do Centro Cultural de Arauco, de 2012 possui 1.400m² construídos.

O projeto foi escolhido como exemplo de estudo de correlato principalmente por sua característica primeira de Centro de Cultura, fomentando a difusão da cultura e de suas manifestações para a população local. Suas dimensões mais reduzidas em relação ao primeiro projeto estudado, seu espaço de convivência aberto ao público e relacionando-se com o espaço público, e a possibilidade de usos diferenciados em seu interior também foram motivos de grande importância para a escolha do projeto.

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Figura 31 - Centro Cultural Arauco. Fonte: (Elton Léniz).

3.3.1 Aspectos contextuais

Em 27 de fevereiro de 2010, a cidade de Arauco, região de Bío Bío, no Chile, sofreu um terremoto responsável por danos estruturais em importantes edifícios da cidade, como o Teatro Luis Yuri Yuri e a Biblioteca Municipal Luis Aguirre Mercado. A fim de proporcionar à população um novo espaço cultural que substituísse os edifícios destruídos, realizou-se uma parceria público-privada entre a empresa Arauco, o município local e a Fundação La Fuente. Encarregado do projeto, o escritório Elton_Léniz havia participado anteriormente da restauração das antigas edificações do Teatro e da Biblioteca. Garantindo que o novo Centro responderia às necessidades da população local, foram realizadas consultas na cidade de Arauco, tornando o edifício compatível com seus clientes, a partir de seu programa, capacidade, espaços e funcionamento.

Com 34.600 habitantes, a cidade de Arauco se encontra entre o litoral e as montanhas, gerando vistas excepcionais. Localizado em um terreno de esquina (figura 32), entre as ruas Carlos Condell e Arturo Prat, o Centro permite, com sua arquitetura

de integração, uma permeabilidade da via pública para o interior do edifício, tornando o espaço democrático.

Figura 32 - Localização do Centro Cultural Arauco. Fonte: (Plataforma Arquitectura, 2017).

3.3.2 Aspectos funcionais

Concebido desde suas ideias como um projeto voltado para a população, fazendo parte do espaço público, desenhou-se um espaço aberto no ponto central do edifício, como uma praça em seu interior, gerando curiosidade aos que ali passam, permitindo o acesso do pedestre desde o passeio.

No pavimento térreo (figura 33), o acesso se realiza pelo pátio central coberto, que encaminha os usuários para os demais espaços do Centro Cultural. A “praça” funciona também como ponto de encontro e de eventos para a comunidade local. As demais atividades públicas também se desenvolvem nesse nível: o Centro conta com

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um auditório para 250 pessoas, com assentos retráteis, possibilitando que o espaço seja utilizado para outras funções; uma cafeteria; uma loja; o foyer de exposições; e salas multiuso.

Figura 33 - Planta pavimento térreo. Fonte: (Plataforma Arquitectura, 2017), com complementações da autora.

O primeiro pavimento (figura 34), ao contrário do térreo, é mais restrito, pois é onde se desenvolvem as atividades de caráter mais controlado e silencioso. Uma grande biblioteca se encontra sobre pilares, formando a marquise de entrada do Centro. O espaço ocupa quase todo o perímetro do primeiro pavimento e das fachadas do edifício. O acesso a esse pavimento acontece por rampas, onde ainda se encontra a administração.

Figura 34 - Planta primeiro pavimento. Fonte: (Plataforma Arquitectura, 2017) com complementações da autora.

3.3.3 Aspectos ambientais

A fim de ressaltar as características físicas da região, o projeto contou com algumas características especiais. Sua orientação foi realizada com o intuito de priorizar as vistas da cidade, ao norte para o litoral (Costa de Arauco) e ao sul para as montanhas (Cerro Colo Colo). Ademais, brises de madeira (figura 35) foram instalados na biblioteca, filtrando o sol oeste e dirigindo as vistas para o Cerro Colo Colo, considerado sagrado para o povo Mapuche.

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Figura 35 - Brises de madeira na biblioteca. Fonte: (Plataforma Arquitectura, 2017).

3.3.4 Aspectos construtivos

Como medida de segurança contra fenômenos naturais, tais como os anteriormente ocorridos terremoto e tsunami, além do fato da cidade estar quase no nível do mar, foi definido que o pavimento térreo seria de concreto armado. O auditório, as salas multiuso e as circulações verticais ajudam a suportar o segundo pavimento, mais leve, formado por estrutura metálica e vidro. A madeira é um importante material presente no edifício, estando nos brises internos da biblioteca, no elemento que configura a circulação em rampas para o primeiro pavimento, no elementos vazados que “fecham” a circulação do primeiro pavimento, e na estrutura do teto que cobre o pátio (figura 36). A madeira laminada que faz parte dessa estrutura segue as geometrias usadas no restante do edifício, formando uma cobertura translucida, permitindo a entrada de luz no ambiente, mas ainda protegido das intempéries.

Figura 36 - Elementos em madeira no projeto. Fonte: (Ambientes Digital).

3.3.5 Aspectos plásticos

O Centro Cultural Arauco compõe-se de dois grandes volumes que se conectam através de um espaço coberto (figura 37). O primeiro volume, da biblioteca, levanta-se sobre o passeio, liberando o caminho do usuário para o interior do edifício; também torna-o mais leve, com a ajuda dos materiais escolhidos, como vidro e estrutura metálica. Seus pilares duplos em formato de “V” conferem um aspecto diferenciado ao projeto, combinado ao formato quase orgânico desse volume. Por sua vez, o auditório mantém suas características formais regulares, servindo de apoio para a cobertura de vidro e madeira. Conectando esses dois volumes, o teto inclinado ergue-se no pátio, tornando-se característica marcante desse espaço multiuso.

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Figura 37 - Aspectos plásticos do projeto. Fonte: (Plataforma Arquitectura, 2017).

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