• Nenhum resultado encontrado

O Centro de Tradições Lo Barnechea (figura 20) está localizado na cidade de Santiago, no Chile. O arquiteto chileno Gonzalo Mardones Viviani é quem assina o projeto, tendo realizado obras no Chile, países da América Latina e Estados Unidos. O Centro possui 1.425m² construídos, divididos em 4 níveis, realizado em 2014.

São motivos para escolha do projeto como estudo de caso o tamanho do terreno, bem reduzido comparado ao primeiro projeto, mostrando a possibilidade de realização de um edifício mais compacto; a temática do Centro, voltado às tradições de uma cultura, seus ensinamentos e difusão à população; e a relação com o espaço público, conversando com o entorno, e ainda tornando-o atrativo aos futuros usuários como marco na região.

Figura 20 - Centro de Tradições Lo Barnechea. Fonte: (Archdaily, 2014).

3.2.1 Aspectos contextuais

Funcionando como uma operação cultural e social, o Centro de Tradições Lo Barnechea se localiza na Avenida Lo Barnechea, principal rua do povoado de Lo Barnechea, zona pré-cordilheira da cidade de Santiago do Chile. Essa região, marcada pelo contraste econômico entre as famílias que ali vivem, recebeu o edifício pela importância dada aos temas relacionados à identidade, tradição e patrimônio cultural.

Situado em um terreno de 976,19m², o Centro se encontra nas esquinas das ruas Lo Barnechea e Cuatro Vientos (figura 21). Essa localização permitiu que o arquiteto ampliasse o espaço público do entorno – os passeios que circundam a construção, trazendo-o para dentro do edifício, em forma de uma escadaria-auditório, e integrando-o com a região. Sua cor branca contrasta com as habitações ao redor, na mesma medida que sua altura não interfere no gabarito da região; essas características conferem ao projeto uma relação de convivência pacífica com o entorno, atraindo novos usuários para a região.

51

Figura 21 - Localização do Centro de Tradições Lo Barnechea. Fonte: Google Maps (com complementações da autora).

3.2.2 Aspectos funcionais

A fim de atender às demandas da população por um espaço de cultura para a região, o projeto foi concebido pensando no proveito de mais de seis mil alunos dos colégios municipais e subsidiados e dos treze grupos folclóricos do povoado, resgatando as raízes e tradições de Lo Barnechea. Atos e manifestações culturais deveriam ser exibidos, assim criando uma grande escadaria de entrada para o edifício, que funcionaria também como anfiteatro público coberto (figuras 22 e 23).

Figura 23 - Escadaria de acesso. Fonte: (Archdaily, 2014).

Desenvolvido ao longo de quatro pavimentos (subsolo 1 e 2, primeiro pavimento e segundo pavimento), o edifício conta com salas multiuso para fins educacionais, como oficinas de teatro, artes visuais, artesanato, trabalhos manuais, música, cinema, literatura, jogos, dança, artes, cozinha tradicional, entre outros. Possui dois grandes acessos; a escadaria, em estilo anfiteatro, admite o usuário no primeiro subsolo, pavimento onde se encontram algumas salas e a cafeteria; o segundo acesso acontece por meio de uma grande rampa, ladeada por pilares, chegando ao primeiro pavimento – onde se encontram as áreas de administração (figuras 24, 25, 26 e 27). A circulação no interior da edificação pode ser realizada através de escadas e elevador (figura 28). Os demais pavimentos mantém a configuração com salas multifuncionais.

53

Figura 25 - Planta Subsolo 1. Fonte: (Archdaily, 2014), com complementações da autora.

Figura 27 - Planta segundo pavimento. Fonte: (Archdaily, 2014), com complementações da autora.

Figura 28 - Corte mostrando acessos por escadas. Fonte: (Archdaily, 2014).

3.2.3 Aspectos ambientais

Sendo um edifício de quatro pavimentos, onde dois deles são enterrados, surge a problemática de como iluminar e ventilar esses pavimentos. A solução encontrada pelo arquiteto chileno abrange alguns recursos projetuais. No segundo pavimento, uma parcela considerável do edifício é deixada para os vazios das escadas de acesso ao restante dos pavimentos. Esses vazios, que perduram até o segundo nível do subsolo, permitem a passagem de luz natural e ventilação. Há ainda entradas de luz (figura 29) nas elevações norte e oeste, que possuem seu ponto máximo no segundo pavimento e descem até o pavimento subsolo 1, auxiliando na iluminação dos

55

ambientes. Os acessos ao Centro pela escada e pela rampa, recuados da rua, também facilitam a entrada de iluminação no interior do edifício.

Figura 29 - Elevação norte indicando entradas de iluminação zenital. Fonte: (Archdaily, 2014), com complementações da autora.

3.2.4 Aspectos construtivos

A estrutura base do Centro de Tradições é feita com concreto, sendo reforçada por meio de pilares tubulares de aço. Esses pilares, dispostos de forma aparentemente aleatória, percorrem a entrada do edifício pela rampa, adentrando-o. De espessura fina, os pilares conferem leveza ao restante da construção já delicada, criando ainda um caráter lúdico para as crianças que frequentam o espaço (figura 30).

3.2.5 Aspectos plásticos

Para alcançar o objetivo de criar um espaço convidativo ao público, integrado à região, fez-se necessária a utilização de concreto armado – possibilitando a criação de grandes vãos que abrigariam os acessos da rampa e da grande escadaria “anfiteatro”. Ademais, os espaços internos também deveriam assimilar o espaço público – e vice-versa – o que provocou a escolha do arquiteto em criar uma fachada envidraçada em direção à rua. Por outro lado, a fachada oposta recebeu entradas de luz menores, a fim de respeitar o espaço dos moradores lindeiros. A cor escolhida para pintar o edifício foi o branco, característica que intensifica ainda mais a luminosidade natural em seu interior, além de torná-lo ponto de referência para a região e para a cidade.

Documentos relacionados