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4. CASO ONG ESCRAVA ANASTÁCIA

4.3 Centro Cultural Escrava Anastácia CCEA

Segundo o programa de apoio a projetos, da ACIF Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, o CCAA, foi fundado em 1998, na região central da cidade, na comunidade do Monte Serrat, a partir do temor de mães com seus filhos que passaram a buscar alternativas para que os mesmo não ficassem a mercê da criminalidade, e de outros fatores que rondavam a região.

Tem sua base de atuação, nas comunidades da grande Florianópolis, como foco têm as comunidades empobrecidas onde existe demandas sociais referentes a população juvenil, e seus projetos são voltados em sua maioria a tal público, e segundo seu portfólio institucional, possui quatro projetos voltados ao público jovem, o rito de passagem, procurando o caminho, jovem aprendiz e o acolhimento institucional. Em virtude de o organograma original da organização conter nomes e fotos, a ONG ofereceu um organograma adaptado sendo composto por:

a) Diretoria: É composta por seis pessoas, presidente, vice-presidente, tesoureiro, sub tesoureiro, e 1º e 2º secretário. Cuidam da parte estratégica realizando reuniões quando necessário. Os mesmos são voluntários, por isso não tem uma carga horária fixa. Sua presidente está mais presente para cuidados de assuntos burocráticos e também institucionais relacionados diretamente a ONG.

b) Coordenação Geral: É composta por uma pessoa que é funcionário do CCEA, o mesmo faz a ligação entre a diretoria e às outras coordenações, repassando os assuntos deliberados a cada responsável, além de suas atividades.

c) Conselho Fiscal: Formado por três pessoas, que ficam responsáveis por aprovar as contas da ONG.

d) Coordenação administrativa e de projetos: São às coordenações existentes no CCEA, compostas por financeiro, responsável pelas rotinas de contas a pagar, e receber, cuida da questão das doações, bancos lançamentos e relatórios financeiros e contábeis. Os recursos humanos, responsável pela gestão das pessoas

dentro da organização abrangendo tanto os funcionários como os aprendizes. E a coordenação de projetos, focada no desenvolvimento dos mesmos dentro do centro.

e) Equipes de ponta: São todos aqueles que atuam diretamente com os jovens dentro do centro e nas comunidades, como os psicólogos e assistentes sociais. Esses os líderes comunitários que direcionam os jovens para o Centro Cultural, os educadores que ministram os cursos de profissionalização, os psicólogos que atendem uma vez por semana na ONG.

Figura 3: Organograma Centro Cultural Escrava Anastácia

Fonte: Pesquisa documental

Apesar de um organograma enxuto a organização consegue trabalhar de forma consistente para alcançar os resultados.

4.3.1 Projetos desenvolvidos

O projeto Procurando o caminho teve início em 2007, na comunidade do Monte Cristo, esta tida como uma das mais violentas e carentes da região continental da Grande Florianópolis tinha como objetivo tentar salvar a vida de adolescentes ameaçados de morte, segundo o portfólio institucional da ONG, naquela época 23 adolescentes estavam marcados para morrer, logo no início três foram assassinados, dois continuaram no mundo do crime e cumprindo medidas socioeducativas, e o restante (dezoito) voltaram para a salas de aula e por conta própria buscaram qualificação profissional, tornando -se agentes do bem - estar em suas

comunidades. O projeto trabalha com jovens de 10 a 29 anos em situação de vulnerabilidade social, econômica (famílias de baixa renda, abaixo de dois salários mínimos), e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. As atividades são desenvolvidas na casa do Mont Serrat, na região central de Florianópolis, também conhecido como “morro da caixa” e proporciona aos adolescentes futebol, surf, jiu jitsu, canoagem, ciclismo entre outras atividades que são realizadas no contraturno do horário escolar. Além disso o projeto proporciona acompanhamento escolar e psicossocial, suas atividades ajudam a estreitar o vínculo do adolescente/ jovem com a família, comunidade e escola.

O Centro Cultural Escrava Anastácia, também atua como uma organização formadora onde amparado pela Lei de Aprendizagem, inicia jovens no mercado de trabalho, esta lei é a maneira mais segura para a contratação dos adolescentes, e combater o trabalho infantil. No programa jovem aprendiz, após a sua contratação por uma empresa parceira, o jovem passa quatro dias na empresa e no quinto o mesmo vai para a sede da ONG no bairro Estreito, para aperfeiçoamento profissional, na ONG são oferecidas capacitações na área de rotinas administrativas com metodologias devidamente certificadas pelo MEC.

O Rito de passagem, visa a inserção do jovem no mercado de trabalho, as atividades são realizadas na sede da ONG no bairro Estreito, na região continental de Florianópolis, o jovem desenvolve as atividades durante quatro dias por quatro horas. Segundo seu portfólio institucional, o projeto consiste em atividades pedagógicas como: ética e cidadania, informática básica marketing, atendimento ao cliente, comunicação, convívio social, como se vestir e se comportar para entrevistas de emprego, noções de higiene pessoal entre outros. O rito de passagem é pioneiro no Estado com essa estrutura. Hoje conta com sessenta voluntários e empresas parceiras, inserindo nos últimos anos mais de duzentos jovens no mercado de trabalho. Atende jovens a partir dos quinze anos. O rito de passagem é destinado a jovens de baixa renda em situação de vulnerabilidade social, esses jovens chegam ao Escrava Anastácia por três vias, através das outras ONG’S ligadas ao IVG, através da divulgação do projeto “boca a boca” feita por pais que tem seus filhos matriculados no projeto, e por líderes comunitários que atuam nas comunidades carentes da cidade. O passo seguinte ao Rito de Passagem é o programa Jovem Aprendiz, onde o adolescente vai para a empresa quatro dias, e no quinto vai para a sede da ONG onde recebe capacitação.

A casa de acolhimento está localizada na comunidade do Monte Serrat sendo denominada “Casa de Acolhimento Darcy Vitória de Brito” e acolhe crianças e adolescentes de acordo com as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Seu objetivo é acolher e proteger crianças e adolescentes encontrados em situação de negligência e violência ou

ruptura de vínculos familiares. Estas crianças são enviadas para a casa de acolhimento através do conselho tutelar, e aguardam os trâmites legais. O local oferece alimentação, lugar para dormir e são matriculadas no colégio. A casa de acolhimento recebe recursos municipais para sua manutenção, sendo que estes recursos fazem parte do projeto de políticas públicas da prefeitura, onde os valores são transferidos para a ONG.

Quadro 1: Resumo dos projetos realizados pelo Centro Cultural Escrava Anastácia

● Procurando o caminho ● Início em 2007, na comunidade do Mont

Serrat

● Jovens entre 10 a 29 anos

● Com o objetivo de salvar a vida de jovens ameaçados de morte

● Suas atividades são desenvolvidas no Mont Serrat, proporcionando aos jovens, futebol, jiu jitsu, canoagem e ciclismo

● Rito de Passagem

● Seu objetivo é a formação profissional do jovem

● Jovens a partir de 15 anos

● Atividades pedagógicas desenvolvidas: ética, cidadania, informática básica, marketing, atendimento ao cliente, comunicação, convívio social, como se vestir e se portar em uma entrevista de emprego e noções de higiene pessoal

● Jovem Aprendiz ● Passo seguinte ao Rito de passagem

● O jovem trabalha quatro dias, e no quinto vai para a ONG, onde realiza cursos de capacitação.

● Casa de acolhimento Darcy Vitória de Brito ● Acolhe crianças e adolescentes, em situação de negligência e violência

Fonte: Elaborada pela autora.

4.3.2 Formas de captação de recursos – Escrava Anastácia

A ONG Centro Cultural Escrava Anastácia, capta recursos por meio de: editais de convocação, ações na instituição, deduções de impostos e empresas privadas.

Para captar recursos, a ONG promove suas próprias ações, esta realiza brechós, rifas e almoços, todo o montante arrecadado é destinado a cobrir despesas de outras ações realizadas pela ONG. Analisando os demonstrativos financeiros referente a essas receitas verificou se que em 2017 o total arrecadado com tais recursos foi de 12,86%, e em 2018 foi de 10,83%.

de suas atividades pesquisar por instituições governamentais e fundações, que oferecem essa modalidade. A captação do recurso ocorre após a submissão de um projeto. Cada instituição traz suas regras e o valor a ser financiado, mas em geral os contratos de editais são de um período de um ano.

Os recursos captados através de deduções do imposto de renda, são disponibilizados para a ONG, através do FIA – Fundo da Infância e da Adolescência, por meio de edital. Nesse processo, pessoas físicas e jurídicas podem fazer doações, porém não é possível escolher qual projeto receberá o fundo, mas é permitido em alguns casos que o doador indique pelos projetos pré-aprovados (através do edital), aquele que gostaria de destinar seu recurso. Essa forma de captação na hora de destinar o recurso, acaba sendo ineficiente, pois devido a burocracia, os recursos que foram destinados ao Centro Cultural Escrava Anastácia em 2016, foram liberados apenas em 2019.

A captação por meio das empresas privadas custeia o programa jovem aprendiz. Após ser contratado por uma instituição conveniada ao Centro Cultural Escrava Anastácia, o jovem fica quatro dias na empresa, e no quinto vai para a ONG, onde tem atividades de formação profissional e pessoal. As taxas e valores que são repassados ao Escrava Anastácia são fixas, e servem para cobrir o custo do dia do menor aprendiz na ONG, esses valores cobrem também as despesas com alimentação onde um lanche é oferecido, compra e manutenção de computadores pagamento dos professores envolvidos no projeto. Em 2017 os recursos recebidos para o programa jovem aprendiz representaram cerca de 13, 70% do total arrecadado pela ONG, e em 2018 o montante chegou a representar 18.37%.

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