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Paulo II em outubro de 2000" Casa de frei Galvão, Guaratinguetá

CAPÍTULO 1 – FREI GALVÃO E A IMPRENSA NO BRASIL

1.2 A canonização de Antonio de Sant’Anna Galvão

1.2.2 A cerimônia da canonização na imprensa

Dois mil padres e mais de 300 bispos concelebraram a Liturgia, que contava ainda com o Coral de Frei Galvão, composto por mais de mil vozes.

A canonização teve início com o pedido dirigido ao Santo Padre, feito pelo Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, o Cardeal José Saraiva Martins, para que proceda à Canonização de Frei Galvão. Em seguida, o cardeal leu uma breve biografia do futuro santo.

Um dos momentos mais emocionantes foi quando o jovem Enzo de Almeida, de 7 anos, recebeu sua primeira comunhão das mãos do Sumo Pontífice. Enzo recebeu, por intermédio de Frei Galvão, a última graça necessária para que o Beato fosse canonizado. (RENÓ apud ECOS..., 2008, p. 69).

O anuário Ecos Marianos é uma publicação dos missionários redentoristas de Aparecida. Como um anuário, seu propósito é retomar fatos e acontecimentos que marcaram ou foram destaque no ano anterior, mormente aquilo que diga respeito ao universo cristão- católico. No Ecos Marianos 2008, algumas notícias e alguns artigos trataram de fatos ocorridos em 2007, quando da visita do papa: a realização do V CELAM e a canonização do frei da cidade vizinha, Guaratinguetá. É ele fruto de uma visão direcionada dos missionários cristãos dessa ordem e, como tal, noticia o fato. Limita-se à descrição da sucessão dos passos no momento da canonização, sempre de maneira a destacar o papel e a relevância do fenômeno para a Igreja Católica e seus seguidores.

Assim como a beatificação, a canonização implica em um rito, em uma cerimônia. Na citação acima é possível ter uma ideia das dimensões que cercaram o evento: milhões de expectadores, um agrupamento clerical imenso, fora toda a imprensa que acompanhava e que, certamente, estava composta por todos os segmentos dos meios de comunicação. A missa e a consequente canonização ocorreram no dia 11 de maio de 2007, no campo de Marte, na capital paulista. Vale a pena explorar com maior profundidade a discussão sobre o rito que envolveu a canonização. Mister apreender uma discussão feita por Douglas ([s.d.], p. 80-81) acerca dos rituais primitivos.

Para cada um de nós, tomado individualmente, estes actos quotidianos e simbólicos, que são os ritos, têm diversas funções: permitem-nos isolar certos fenómenos e valorizá-los, fornecem-nos um método mnemônico e, por fim, um meio de dominar a nossa experiência.[...]

O ritual permite, assim, concentrar a atenção, na medida em que fornece um quadro, estimula a memória e liga o presente a um passado pertinente. Facilita, deste modo, a percepção. [...]. O rito não só exterioriza a experiência, não só a ilumina, como a modifica pela própria maneira como a exprime.

O rito, portanto, seja ele o de uma sociedade ocidentalizada ou não, refere-se à valorização de uma experiência que, por sua representatividade para um grupo ou uma comunidade, recebe destaque. Refere-se a uma memória, liga passado e presente, tem público participante, representantes que solenizam o fato, faz com que a experiência ali, naquele momento, seja percebida de outra forma pelo público, seja sentida e apreendida de modo diverso das práticas corriqueiras do cotidiano.

Todo um esquema, como ensina Douglas, é pensado, não só para diferenciar aquele momento de outros, mas porque esse quadro traz em si elementos simbólicos que geram sentimentos e percepções diferenciadas nos participantes.

Ilustração 10 – Coral de frei Galvão durante a canonização de 11 de maio de 2007. Foto: Tiago Marega.

A Folha Online, nesse dia, por volta das 12h43m, publicou uma nota eletrônica que contabilizava, com base em informações da SPTuris, 1,2 milhão de participantes (MISSA..., 2007).

Bento 16 vai quebrar a própria regra. Hoje, às 9h30, ele fará de Antonio de Sant'Anna Galvão, o frei Galvão, o primeiro santo brasileiro. Contrariando o que havia anunciado ao assumir o cargo no Vaticano, em 2005, a canonização acontece fora de Roma. [...].

No altar montado no Campo de Marte, em frente a milhares de fiéis, o papa irá ler o decreto de santificação após a apresentação de uma biografia do religioso. Difícil será, em poucos minutos, condensar a vida do franciscano que construiu o mosteiro da Luz com as próprias mãos e criou as pílulas de papéis, milagrosas segundo seus devotos.

A missa no Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, deve durar duas horas. Para o evento, 1 milhão de pessoas são esperadas. Antes de iniciar o ato religioso, o papa Bento 16 fará um giro dentro do papamóvel entre os fiéis. (TÓFOLI, 2007).

A versão eletrônica desse jornal fez questão de apontar uma postura heterodoxa da parte do papa. A dúvida é automática, mas as pistas são evidentes: maior rebanho católico do mundo, a popularidade e a representatividade que o feito teria. Irmã Célia Cadorin já havia sublinhado na entrevista esta expectativa. O fato indica para um gesto que busca ampliar a notoriedade tanto da Igreja Católica quanto de seu chefe e a excepcionalidade do ocorrido. Uma canonização fora do centro de comando dessa instituição não foi mero acaso: foi uma atitude política, pensada e alicerçada na tentativa de dar, talvez, uma resposta que negasse qualquer questionamento à posição eurocêntrica do sumo pontífice.

Ilustração 5 – Vista do palco no Campo de Marte. Foto: Tiago Marega.

Vale a pena mencionar que o acontecimento foi visto e vivido de perto. Chegando ao campo de Marte ainda no dia 10, por volta das 23h, sob um frio de 10 ou 11 graus, as pessoas aguardavam, apertadíssimas, a abertura dos portões. Apesar de até ter previsão de chuva, a noite esteve limpa, mas muito gelada. A abertura dos portões se deu por volta das 4h e centenas de pessoas já estavam formando filas imensas. Foi um corre-corre, porque nesse momento todos que entravam queriam se dirigir para o palco, na tentativa de ficar o mais próximo possível da celebração.

Ficamos bem próximos. Era tanta gente que não havia a menor possibilidade de alguém se mexer, de sentar, de se acomodar melhor e, mesmo assim, com tanta gente em volta, fazia muito frio. As pessoas – de todos os cantos do país e de outros países latino- americanos – conversavam, cantavam, brigavam e xingavam também quando alguma pessoa tentava passar pela multidão ou quando alguém acendia um cigarro. Às seis horas da manhã, começaram alguns grupos musicais católicos a fazer uma espécie de aquecimento: entravam no palco, cantavam, animando a multidão. Logo depois, padre Marcelo Rossi também cantou para animar a multidão.

O padre Marcelo Rossi é bastante conhecido do grande público: há anos vem marcando seu sucesso como cantor – vendendo milhões de discos – como se notabilizou pelas aparições nas grandes emissoras de televisão brasileiras. Hoje ainda é presente nas missas

retransmitidas pela Rede Globo, gravadas direto do santuário do bairro do Jabaquara, na capital paulista, e por sua atuação na Rede Vida, canal católico. Desde o início, é partidário de uma fração da Igreja, denominada renovação carismática.

Não é um movimento novo, como alguns pensam. Remonta à década de 1970. Foi um movimento apoiado pelos papas desde então, pois não tinha uma proposta conflitante com o tradicionalismo do Vaticano. Ao contrário, em muito se assemelha ao culto das religiões neopentecostais, pelas animadas missas (gestos, música de exaltação e de louvor especialmente; aliás, boa parte das celebrações eucarísticas é cantada), pelos louvores exacerbados que suscita nos participantes.

A participação do padre na missa da canonização – apesar de ter estado no palco muito antes da chegada de Bento XVI – implica também no fato de que a renovação carismática continua sendo do agrado do público e da santa Sé.

Não havia possibilidade alguma das pessoas se mexerem. Por exemplo, quem saísse de onde estava, na frustrada tentativa de ir até aos banheiros, levava para ir do palco aos banheiros químicos (o que não distava mais de duzentos metros) uma hora, e mais uma hora para conseguir entrar nas cabines sanitárias. E, por um desvio de percurso como esse, acabei me afastando do palco logo pela manhã e, simplesmente, foi impossível retornar para o mesmo lugar, perto do palco. A minha sorte é que estava acompanhada e a pessoa fotografou o início da cerimônia, a passagem do papamóvel e o desdobramento da canonização.

Ilustração 12 – Fotografia tirada antes da abertura dos portões, em frente ao campo de Marte. A pesquisadora e o amigo Tiago Marega

E não parava de chegar gente, vendedores ambulantes, crianças, jovens, idosos, religiosos de todas as partes, muitos participantes com faixas feitas para o pontífice, outras que clamavam também pela canonização de outros beatos mundo afora.

Pouco antes das 9h30, o papamóvel adentrou no campo de Marte. Conforme esse se dirigia até o palco, foi feito pela polícia militar estadual um cordão de isolamento, para impedir arroubos por parte dos fiéis. Nesse momento, eu estava já há quase duas horas bem distante do palco, mas foi possível ver o papamóvel entrar, ver Bento XVI bem de perto. Como houve um trajeto programado para ele entrar no campo de Marte, o veículo passou na minha frente, pois eu fiquei ao lado dos policiais que faziam o cordão de isolamento entre esse e a multidão.

Seis mil policiais militares e 2,8 mil militares do Exército trabalharam no evento. Até seis blindados – quatro Cascavéis, com canhões de 90 mm, e um Urutu deram segurança à missa. Na entrada, homens do Exército distribuíram panfletos com dicas de segurança. A Polícia Civil registrou 11 casos de celulares extraviados, 3 câmeras perdidas, 1 óculos e 40 documentos achados no chão. Um ladrão que furtou o celular de um fiel foi preso e 39 CDs falsificados foram apreendidos. (IWASSO; PORTELLA; SILVA; GODOY, 2007).

O aparato de segurança realmente foi grandioso, digno de um chefe de Estado, como é de praxe acontecer: ruas foram fechadas, batedores da polícia militar acompanhando o veículo do papa; em suma, todo um plano para o trajeto dele em São Paulo foi esquematizado, a fim de isolar sua passagem, fato que interferiu fortemente no tráfego já lento por natureza da capital paulista.

Foi tanto alvoroço, tanta agitação, tanta gente correndo que mal se via o papamóvel passar por entre a multidão. Mais sorte teve, contudo, quem estava próximo ou do palco ou dos cordões de isolamento, que assim pôde ter a chance de ver, mais de perto, Bento XVI. Iniciando a missa, ainda assim, o clamor era grande, difícil ouvir a fala do papa e também houve problema no sistema de som durante a cerimônia da canonização, desde o momento em que o cantor Agnaldo Rayol se apresentou, bem antes da chegada do papamóvel.

A missa durou até por volta do meio-dia e aí houve outra grande confusão de milhares de pessoas que acompanharam a saída do papamóvel e que começaram a se dirigir para a saída do campo. Na fotografia acima é possível ter uma ideia do alvoroço que se formou no momento em que o pontífice chegou ao local da missa. Como já dito, o amigo Tiago Marega (bem alto por sinal!) foi a salvação, pois conseguiu algumas imagens do momento da chegada.

Conforme dito anteriormente, a cerimônia foi aberta com a fala do cardeal José Saraiva Martins. Logo no início também uma fala de Bento XVI abre a cerimônia. Essa foi trazida, na íntegra, pela Folha Online:

"Bendirei continuamente ao Senhor/seu louvor não deixará meus lábios" [Sl 33,2]

1. Alegremo-nos no Senhor, neste dia em que contemplamos outra das maravilhas de Deus que, por sua admirável providência, nos permite saborear um vestígio da sua presença, neste ato de entrega de amor representado no santo sacrifício do altar.

Sim, não deixemos de louvar ao nosso Deus. Louvemos todos nós, povos do Brasil e da América, cantemos ao Senhor as suas maravilhas, porque fez em nós grandes coisas. Hoje, a Divina sabedoria permite que nos encontremos ao redor do seu altar em ato de louvor e de agradecimento por nos ter concedido a graça da canonização do frei Antonio de Sant'Anna Galvão.

Quero agradecer as carinhosas palavras do arcebispo de São Paulo, que foi a voz de todos vós. Agradeço a presença de cada um e de cada uma, quer sejam moradores desta grande cidade ou vindos de outras cidades e nações. Alegro-me que através dos meios de comunicação, minhas palavras e as expressões do meu afeto possam entrar em cada casa e em cada coração. Tenham certeza: o papa vos ama, e vos ama porque Jesus Cristo vos ama.

Nesta solene celebração eucarística foi proclamado o Evangelho no qual Cristo, em atitude de grande enlevo, proclama: "Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos" (Mt 11,25). Por isso, sinto-me feliz porque a elevação do Frei Galvão aos altares ficará para sempre emoldurada na liturgia que hoje a Igreja nos oferece.

Saúdo com afeto, a toda a comunidade franciscana e, de modo especial as monjas concepcionistas que, do mosteiro da Luz, da capital paulista, irradiam a espiritualidade e o carisma do primeiro brasileiro elevado à glória dos altares.

2. Demos graças a Deus pelos contínuos benefícios alcançados pelo poderoso influxo evangelizador que o Espírito Santo imprimiu em tantas almas através do frei Galvão. O carisma franciscano, evangelicamente vivido, produziu frutos significativos através do seu testemunho de fervoroso adorador da Eucaristia, de prudente e sábio orientador das almas que o procuravam e de grande devoto da Imaculada Conceição de Maria, de quem ele se considerava “filho e perpétuo escravo”. Deus vem ao nosso encontro, "procura conquistar-nos – até à Última Ceia, até ao Coração trespassado na cruz, até as aparições e as grandes obras pelas quais Ele, através da ação dos Apóstolos, guiou o caminho da igreja nascente" (Carta encl. Deus caritas est, 17). Ele se revela através da sua palavra, nos sacramentos, especialmente da eucaristia. Por isso, a vida da igreja é essencialmente eucarística. O Senhor, na sua amorosa providência deixou-nos um sinal visível da sua presença.

Quando contemplarmos na santa missa o Senhor, levantado no alto pelo sacerdote, depois da Consagração do pão e do vinho, ou o adorarmos com devoção exposto no Ostensório renovemos com profunda humildade nossa fé, como fazia frei Galvão em "laus perennis", em atitude constante de adoração. Na sagrada eucaristia está contido todo o bem espiritual da Igreja, ou seja, o mesmo Cristo, nossa Páscoa, o Pão vivo que desceu do Céu vivificado pelo Espírito Santo e vivificante porque dá Vida aos homens. Esta misteriosa e inefável manifestação do amor de Deus pela humanidade ocupa um lugar privilegiado no coração dos cristãos.

Eles devem poder conhecer a fé da igreja, através dos seus ministros ordenados, pela exemplaridade com que estes cumprem os ritos prescritos que estão sempre a indicar na liturgia eucarística o cerne de toda obra de evangelização. Por sua vez, os fiéis devem procurar receber e reverenciar o Santíssimo Sacramento com piedade e devoção, querendo acolher ao Senhor Jesus com fé e sempre, quando necessário, sabendo recorrer ao Sacramento da reconciliação para purificar a alma de todo pecado grave. (LEIA..., 2007).

Ilustração 7 – Bento XVI na celebração da canonização de frei Galvão.

No final do primeiro parágrafo da reportagem, o papa faz uma alusão à ordem ao qual o frei canonizado pertencia, saudando a congregação dos franciscanos. Ele agradece à congregação e às freiras do Mosteiro da Luz. Segue recitando alguns versículos bíblicos e agradecendo ao público espectador e à imprensa em geral.

A cada saudação ou fala de Bento XVI seguiam-se ovações que tornavam inaudível a voz do mesmo. Toda vez que Bento XVI citava o nome do santo havia uma ovação, gritos de alegria, as pessoas exaltavam ainda mais Antonio Galvão de França.

E prossegue, conforme a mesma reportagem, fazendo alusões ao quase santo, frei Galvão. 3. Significativo é o exemplo do frei Galvão pela sua disponibilidade para servir o povo sempre quando era solicitado. Conselheiro de fama, pacificador das almas e das famílias, dispensador da caridade especialmente dos pobres e dos enfermos. Muito procurado para as confissões, pois era zeloso, sábio e prudente. Uma característica de quem ama de verdade é não querer que o Amado seja ofendido, por isso a conversão dos pecadores era a grande paixão do nosso santo. A irmã Helena Maria, que foi a primeira "recolhida" destinada a dar início ao "Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição", testemunhou aquilo que frei Galvão disse: "Rezai para que Deus Nosso Senhor levante os pecadores com o seu potente braço do abismo miserável das culpas em que se encontram". Possa essa delicada advertência servir-nos de estímulo para reconhecer na misericórdia divina o caminho para a reconciliação com Deus e com o próximo e para a paz das nossas consciências.

4. Unidos em comunhão suprema com o Senhor na Eucaristia e reconciliados com Deus e com o nosso próximo, seremos portadores daquela paz que o mundo não pode dar. Poderão os homens e as mulheres deste mundo encontrar a paz se não se conscientizarem acerca da necessidade de se reconciliarem com Deus, com o próximo e consigo mesmos? De elevado significado foi, neste sentido, aquilo que a Câmara do Senado de São Paulo escreveu ao Ministro Provincial dos Franciscanos no final do século, definindo frei Galvão como "homem de paz e de caridade". Que nos pede o Senhor?: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amo". Mas logo a seguir acrescenta: que "deis fruto e o vosso fruto permaneça" (cf. Jo 15,12.16). E que fruto nos pede Ele, senão que saibamos amar, inspirando-nos no exemplo do Santo de Guaratinguetá?

A fama da sua imensa caridade não tinha limites. Pessoas de toda a geografia nacional iam ver Frei Galvão que a todos acolhia paternalmente. Eram pobres, doentes no corpo e no espírito que lhe imploravam ajuda. Jesus abre o seu coração e nos revela o fulcro de toda a sua mensagem redentora: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (ib.v.13). Ele mesmo amou até entregar sua vida por nós sobre a Cruz. Também a ação da Igreja e dos cristãos na sociedade deve possuir esta mesma inspiração. As pastorais sociais se forem orientadas para o bem dos pobres e dos enfermos, levam em si mesmas este sigilo divino. O Senhor conta conosco e nos chama amigos, pois só aos que se ama desta maneira, se é capaz de dar a vida proporcionada por Jesus com sua graça.

Como sabemos a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano terá como tema básico: "Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida". Como não ver então a necessidade de acudir com renovado ardor à chamada, a fim de responder generosamente aos desafios que a Igreja no Brasil e na América Latina está chamada a enfrentar? 5. "Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei", diz o Senhor no Evangelho (Mt 11,28). Esta é a recomendação final que o Senhor nos dirige. Como não ver aqui este sentimento paterno e, ao mesmo tempo materno, de Deus por todos os seus filhos? Maria, a Mãe de Deus e Mãe nossa, se encontra particularmente ligada a nós neste momento. Frei Galvão, assumiu com voz profética a verdade da Imaculada Conceição. Ela, a Tota Pulchra, a Virgem Puríssima, que concebeu em seu seio o Redentor dos homens e foi preservada de toda mancha original, quer ser o sigilo definitivo do nosso encontro com Deus, nosso Salvador.

Não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora.

De fato, este nosso Santo entregou-se de modo irrevocável à mãe de Jesus desde a sua juventude, querendo pertencer-lhe para sempre e escolhendo a Virgem Maria como Mãe e Protetora das suas filhas espirituais.

Queridos amigos e amigas, que belo exemplo a seguir deixou-nos frei Galvão! Como soam atuais para nós, que vivemos numa época tão cheia de hedonismo, as palavras que aparecem na Cédula de consagração da sua castidade: "tirai-me antes a vida que ofender o vosso bendito Filho, meu Senhor". São palavras fortes, de uma alma apaixonada, que deveriam fazer parte da vida normal de cada cristão, seja ele consagrado ou não, e que despertam desejos de fidelidade a Deus dentro ou fora do matrimônio.