• Nenhum resultado encontrado

Paulo II em outubro de 2000" Casa de frei Galvão, Guaratinguetá

CAPÍTULO 2 – OS MILAGRADOS POR OUTROS

2.1 Relatos de milagrados nos jornais e na internet

A canonização de frei Galvão, anunciada para o dia 11 de maio durante a visita do papa Bento 16 ao Brasil, tem um valor especial para a família de Ana Luíza, de quatro anos, que mora em Votorantim. Filha da psicóloga Regina Célia Pissinato Camargo, 37 e do vendedor técnico Alexandre Camargo, a menina nasceu de uma gestação marcada por uma série de fatos que desafiam a lógica e a ciência, mas encontram respaldo na fé. “É uma graça incrível”, comenta o padre Reinaldo Barbosa. O capelão do mosteiro da Imaculada Conceição e de Santa Clara em Sorocaba, fundado pelo Frei Galvão há 196 anos, revelou ao BOM DIA os personagens de um caso até então guardado com carinho entre a família, os amigos e a Igreja local. Regina, que tinha freqüentes hemorragias e dificuldade para engravidar, submeteu-se a uma cirurgia em 2002 para retirar um mioma, passou por um procedimento de lavagem uterina, foi anestesiada e tomou medicamentos sem sequer imaginar que Ana já estava a caminho. A intercessão do primeiro santo brasileiro foi sentida em diversas etapas de uma história com final feliz. [...]

Passados alguns meses, já casada, Regina tratava as constantes hemorragias, na tentativa de engravidar. “Na época o médico me disse que não conseguiríamos e seria necessária a cirurgia, devido ao mioma.”

O casal, membro da paróquia de São João Batista, em Votorantim, passou então pela primeira experiência que considera inexplicável. “Em março de 2002, durante a comunhão, o padre Paulo Gonzales, que sabia de nossa luta por um bebê, olhou para mim e perguntou se eu tinha tomado as pílulas de frei Galvão”. Mas, segundo Regina, o que ele não sabia é que ela tinha as pílulas em sua carteira. “Não entendemos porque disse isso, bem naquela hora, mas chegamos em casa e iniciamos a novena, movidos pela nossa fé.”

Como as hemorragias continuavam, a cirurgia aconteceu em junho, num hospital em Sorocaba. “Pela segunda vez outro fato estranho aconteceu”, conta. De acordo com a psicóloga, que diz que sempre levou à risca as prescrições médicas, após a cirurgia ela deveria tomar um medicamento chamado Ergotrat, empregado para ajudar a contrair o útero. “Tomei apenas um, senti algo estranho e não consegui seguir a receita.”

Em julho, sentindo enjôos, Regina achou pouco provável que suas dúvidas fossem se confirmar. “Fiz exames e constatou-se a gravidez. Pensei que fosse brincadeira. Não acreditava. Até que, durante o ultrassom, a médica falou em oito semanas de gestação. Confesso que ficamos apavorados. Eu surtei, comecei a ler bulas de remédios, repensei sobre a cirurgia, voltei ao médico e ele me disse que isso era um caso de congresso”. O casal pediu a preservação da identidade do médico. “Confiamos nele e fizemos o pré-natal.”

Segundo Regina, a maior aflição da família foi com relação à formação do bebê. “Mas tive uma gravidez e um parto tranqüilos e Ana Luíza nasceu perfeitamente saudável em 18 de fevereiro de 2003”, comemora.

Para ela, foi uma ação de Deus, conquistada por intermédio de frei Galvão. “É com tanta alegria e orgulho que aguardamos a sua santificação porque a nossa família pôde experimentar de uma graça, com certeza”. (BATALIM, 2007).

A professora Maria Emília de Melo Silva, 35, de uma creche em Cumari, cidade do sudeste goiano com 3.269 habitantes, tem um motivo especial para comemorar a canonização de Antônio de Sant’Anna Galvão (1739-1822), o Frei Galvão, na próxima sexta-feira, 11, durante a visita do papa Bento XVI ao Brasil. Há oito anos, Maria Emília recorreu a Frei Galvão para curar uma cólica permanente na vesícula biliar, que, segundo os médicos, seria curada apenas com a extirpação do órgão. “Eu tinha medo porque minha avó morreu após cirurgia para retirar a vesícula. Então recorri ao Frei Galvão para me ajudar. E ele me salvou”, diz a professora.

Foram mais de nove meses de orações e novenas e mais a ingestão das famosas “pílulas milagrosas”, que vêm em um papelote minúsculo com a inscrição de uma frase em latim de devoção à Virgem Maria. As dores foram diminuindo e, de acordo com Maria Emília, a vesícula não precisa mais ser retirada. “Minhas cólicas sumiram. A vesícula está empedrada, mas não afeta minha saúde. Os médicos dizem que para a dor cessar, eu preciso retirá-la, mas ela não me prejudica em nada”, garante.

Maria Emília não se lembra como as dores começaram – “eram muito fortes e os médicos diziam que eu precisava tirar a vesícula” –, nem como foi que ficou sabendo das pílulas. Um dia enviou uma carta para o Mosteiro da Luz, construído por Frei Galvão em 1774, em São Paulo (SP), e pediu as pílulas. Um ano e meio depois, ela ficou grávida. “Os parentes ficaram preocupados, mas nesta época eu já não tinha mais dores. A gravidez foi tranqüila.” (LEIJOTO, 2007).

Essas manchetes de jornal são exemplos de manifestações de devotos de frei Galvão. Ambas foram trazidas a público por jornais regionais, no período da canonização. São relatos com nome. As pessoas fazem questão de se revelar, bem como sua identidade. A primeira delas, publicada no jornal local Bom Dia Sorocaba, descreve o milagre de uma psicóloga, Regina, que, com uma dificuldade de engravidar, recorre ao frei. Mas o jornal questiona: seria o relato dela o terceiro milagre do candidato a santo frei Galvão? A dúvida poderia mesmo existir, pois afirmar que é ou não milagre não é papel, por assim dizer, da imprensa. No entanto, quando o jornal põe ao leitor uma entrevista como essa, traz junto todo o sentimento

que a pessoa teve, o sofrimento e a angústia até que fosse encontrada uma solução, não apenas médica, mas religiosa também.

O segundo trata de uma professora com problemas de vesícula que tomou a mesma iniciativa da mulher da outra matéria, ou seja, apelou para a fé em busca de uma solução. Para o jornal Diário da Manhã de Goiânia, a entrevistada tinha motivos para festejar a canonização, pois teria ela sido mais uma das testemunhas do poder e da ação do frei. Também reproduz a fala da mulher, não deixando de destacar sua reserva em face disso, como, por exemplo, quando cita as pílulas de frei Galvão entre aspas, as “pílulas milagrosas”. Assim como foi muitas vezes visualizado no capítulo anterior, aqui também a imprensa expõe o fato e nem por isso assume um posicionamento. Não querem apoiar cegamente o que ali está dito, mas também não o negam, o que não faz dessas fontes jornalísticas uma opinião isenta, mas reprodutora da visão das pessoas sobre os milagres atribuídos ao Santo Antonio de Sant’Anna Galvão. E, ao reproduzir, especialmente, se reafirma o caráter de legitimação do milagre, pois alguns lerão e poderão crer, ao passo que outros, talvez, não acreditem.

Os dois testemunhos publicados envolvem situações de gravidez. Frei Galvão tanto ficou conhecido como o santo protetor das grávidas, como o santo protetor dos engenheiros e da construção civil, por sua atuação na edificação do Mosteiro da Luz.

Como já relatado no início, conta a história que as pílulas de frei Galvão se originaram diante de uma situação em que uma parturiente, não conseguindo êxito, recorreu ao frei. E ele, não podendo socorrer a mulher – e um rapaz com problemas de rins, ao mesmo tempo – escreve uma jaculatória em latim, em um pequeno pedaço de papel e pede que deem aos doentes a oração (MAIA, 2007).

Ambos fizeram uso da pílula criada pelo frei de Guaratinguetá. No entanto, há que se revelar que, obviamente, as testemunhas também foram acompanhadas por profissionais médicos e enfermeiros, fazendo uso de medicamentos ou de tratamentos convencionais da medicina.

No entanto, na construção das narrativas, tanto a psicóloga da primeira matéria quanto a entrevistada da segunda demonstram ao jornal que a cura delas se deu sim por ação do frei santo. Constata-se nas suas falas uma sucessão de passos, mas sempre querem marcar que, para elas, se tudo terminou bem, é porque foram tocadas pela ação divina e não pelos tratamentos médicos e terapêuticos que também fizeram. Como devotas e talvez fiéis católicas, deixam aflorar que a discussão sobre o fato não tangencia como a cura se deu, mas sim por obra de quem ela aconteceu.

Uma mulher devota de Santo Antonio de Sant'Anna Galvão, ou Frei Galvão, como é conhecido usualmente, afirmou que se curou milagrosamente de uma grave enfermidade logo depois de rezar as orações que um portal dedicado ao novo santo brasileiro colocou na Internet.

O portal oficial dedicado a Frei Galvão informou que a mulher é uma brasileira de 41 anos residente no Tennessee (Estados Unidos), e que escreveu uma carta ao museu São Frei Galvão em Guaratinguetá, narrando seu caso.

Ela relatou que ao inteirar-se de sua enfermidade falou com uma amiga que vive no Brasil, quem aconselhou recorrer ao santo e ingerir as "pílulas" de papel com as quais os devotos pedem sua intercessão. Entretanto, ao ser difícil obter as "pílulas", a mulher decidiu acessar no site onde achou orações e processos para "acender velas on line".

Segundo a versão difundida, "em ausência das pílulas ela acendeu diariamente as velas, com muita fé e fez as orações. Passado alguns dias ela foi fazer mais exames (médicos). O resultado era outro, ela já não tinha a enfermidade".

Por sua parte, a agência Estado informou que o nome da beneficiada é Ana María Dykes. Do mesmo modo, citou à vice-presidenta da irmandade do santo, Thereza Maia, quem recordou que receberam a notícia "até com certo susto", mas afirmou que "sabemos que não é a vela virtual mas sim a fé na pessoa em Frei Galvão".

Por sua parte, o responsável pelo portal, Leonardo Cipoli, assinalou que até o momento "não achamos nenhuma graça conquistada por meio da tecnologia, a não ser essa de Frei Galvão. É uma graça real por um meio virtual. A verdade é certamente fé". Acrescentou que já são mais de 22 mil os paroquianos que enviaram cartas afirmando ter recebido graças (MULHER..., 2007).

Uma devota brasileira de Frei Galvão, que mora nos Estados Unidos, enviou uma carta para o Museu Frei Galvão, em Guaratinguetá, interior de São Paulo, dando o testemunho de um milagre alcançado via Internet. Ela afirma ter sido curada de um tumor maligno no seio após ter feito a novena e acendido velas virtuais no site oficial de São Frei Galvão.

Ana Maria Chiarella Dykes, 41 anos, mora em Kengsport, Estado do Tenessee, e remeteu, juntamente com sua carta, uma foto e os resultados dos exames para relatar que, mesmo não tendo a possibilidade de ter acesso às pílulas de papel de Frei Galvão, distribuídas pela Irmandade com a oração do frei, fez a novena pela Internet e acendeu diariamente as velas virtuais para alcançar a cura. Este é o primeiro milagre de São Frei Galvão alcançado pela Internet. O Museu Frei Galvão recebe cartas com testemunhos de devotos de todas as partes do mundo, relatando graças alcançadas através da fé em Frei Galvão. O santo de Guaratinguetá foi canonizado pelo Papa Bento XVI no dia 11 de maio deste ano, em São Paulo. (BRASILEIRA..., 2007).

As duas páginas eletrônicas noticiaram o fato no mesmo período, junho de 2007, e, em ambas, a ideia de milagre, no título das reportagens, vem entre aspas. As duas fontes são dedicadas a notícias e informações, pesquisa e conhecimento acerca do catolicismo no Brasil. Exploraram a mesma situação, mas cada um do seu jeito; no entanto, para ambos, apesar de serem imbuídos de uma moral cristã católica, o fato de se depararem com um suposto milagre que se deu virtualmente é visto com ressalvas e com certo cuidado até, pela novidade, talvez, que um fato como esse represente.

Muito se debateu, anos atrás, acerca do uso da internet em prol da fé. Houve muita discussão no meio do clero, por exemplo, quanto ao fato de alguns padres receberem confissões de fiéis via correio eletrônico ou em salas de bate-papo virtuais. Desconheço, porém, o desfecho dessa lide, mas para a Igreja a relação entre fé e devoto, Igreja e público não se conformou totalmente com a mediação que o computador promove. E essa impressão fica bem estampada no noticiário acima. O Universo Católico vê com reservas a virtualidade de um milagre. No entanto, o coloca ali, para que o público acesse; mas, diversamente de

outros relatos, esse soa com certa estranheza e esta é passada na notícia. A dúvida que parece ter suscitado ao redator foi: como um milagre acontece por meio virtual? Como uma vela virtual colabora na consecução de uma cura?

Já o segundo site, Catolicanet, inicia expondo o ocorrido, mas finaliza afirmando o acontecido: “este é o primeiro milagre de frei Galvão alcançado pela internet”. Não duvida nem questiona se é possível um milagre nessas condições. Ambas as reportagens, apesar de serem publicações da internet, mostram um outro ponto, que é o potencial que a internet tem hoje quanto à sua abrangência e alcance e até mesmo pela confiabilidade que gera. Isso tanto é evidente que foi exatamente isso que Ana Maria fez: com o auxílio da rede mundial de computadores encontrou uma solução para ao menos aliviar a tensão que vinha vivendo. Mais do que uma novena e as pílulas, ela consegue expressar com seu gesto que a internet foi, ao menos no seu caso, um instrumento a serviço da fé.

E vai além: constrói a fala no sentido de mostrar que, mesmo sem as pílulas e via computador, o santo cura. Para ela, na sua maneira de encarar o ocorrido, a sua fé nas velas, no frei e em que alcançaria uma graça são sustentáculos para acreditar que frei Galvão se compadeceu dela e a atendeu em seu pedido e súplica.

Não é de hoje que se veem profissionais da saúde que entendem a importância da luta, por parte do paciente, em obter a cura ou a melhora de um quadro clínico, ou a resignação diante de casos irreparáveis. A fé, nesse sentido, pode ser, se não a solução, ao menos uma forma de fortalecer um paciente submetido a tratamentos dolorosos e sofridos, ajuda na resignação da pessoa, na aceitação de uma doença. Seja qual for a direção da fé, católica ou não, o que se quer apontar é que o fato de a pessoa acreditar em sua melhora e recuperação ameniza o sofrimento e fortalece o paciente para um tratamento.

Como exemplo, em um artigo para uma revista da área da saúde, Teixeira e Lefèvre (2008, p. 1254) escrevem que os profissionais debatem justamente esse ponto, qual seja, a participação da fé na vida de um paciente com câncer. Fizeram um estudo com pacientes idosos, homens e mulheres, no qual puderam perceber que:

Quanto à fé religiosa, o discurso coletivo enaltece-a tendo como resultado a esperança, o equilíbrio e o fortalecimento, propiciando a luta pela vida e a serenidade para aceitar a doença. Para o sujeito coletivo, a fé e o tratamento aparecem como parceiros íntimos e a sinergia é positiva para o enfrentamento da doença.

Os pesquisadores trabalharam com pacientes em hospitais públicos de São Paulo, a fim de compreender a participação da fé no auxílio e no tratamento de doenças, como o câncer. E o que os resultados apontaram é que no grupo, tanto de homens quanto de mulheres, a fé não

implica na cura, mas é ela uma importante aliada no momento do tratamento, principalmente do câncer, o qual pode redundar em terapias dolorosas e que fragilizam o paciente.

O mesmo pode ser pensado para a Ana Maria e para qualquer outro relato de cura que envolva frei Galvão ou qualquer outro santo, ou mesmo em relatos de pessoas que não são católicas. O foco, em suma, não é o milagre em si, mas a participação da fé das pessoas no processo de melhora e recuperação.

A fé – e nesse sentido amplia-se aqui o entendimento para uma invocação, uma concentração por parte da pessoa, um direcionamento do pensamento – fortalece aquilo que o tratamento médico não afeta: uma estrutura psicológica do paciente ou de sua família dá forças diante das desventuras, dá ânimo, paciência e perseverança para que não se desista de um tratamento ou, até mesmo, é um conforto quando, mesmo depois de toda uma intervenção, o final seja a morte.

No texto de Rabelo (1993), apresentado em um evento da área das ciências sociais, a autora trabalha com o exemplo de uma jovem que, atormentada por distúrbios mentais, foi levada pela mãe a vários terreiros de Candomblé, a igrejas evangélicas e a Centros Kardecistas para buscar uma ajuda. A mãe inicia a busca por auxílio, pois a filha é vitimizada por transtornos mentais, o que faz dela alvo de gozações na vizinhança. Primeiramente, procura o Candomblé, oito terreiros. Não obtendo êxito, recorre à Igreja Universal do Reino de Deus. Também sem grandes respostas, passa a frequentar com a filha um Centro Kardecista. A mãe acaba por optar pela explicação dada pelo Kardecismo de que a filha se via dominada por um espírito de um parente – um tio – que tinha gosto pela rua, e que seu espírito, não sendo tão evoluído, acaba por perturbar a vida da sobrinha, tirando-lhe o sossego e de sua família.

Como esse caso, outros tantos são comuns de serem vistos. Mesmo sem sair de dentro de uma religião, como no caso do Catolicismo, haverá casos de pessoas que recorrerão a diversos santos para pedir auxílio em momentos de agonia; quando não, muitos desses recorrem a mais de uma crença religiosa. E, no momento em que quiser reconstruir uma memória, a fé deles é uma base importantíssima para a compreensão de uma realidade, assim como aconteceu com a brasileira Ana Maria. Para a formação de uma narrativa pessoal, ou seja, na hora que o milagrado quer contar o que experimentou, a fé, a crença no fato de ter recebido um milagre é a estrutura que alicerça toda a explicação sobre a realidade vivida.

Há que se pensar, assim, que a relação da pessoa religiosa com a fé em milagres transcende a figura de um santo e a da Igreja Católica. A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, mantém na internet um site denominado Eu creio em milagres. A página traz

alguns depoimentos gravados em vídeo de pessoas que estavam padecendo por algum problema. O site divide os milagres em cinco categorias: milagres sentimentais, financeiros, de libertação de vícios, milagres na família e de libertação. É possível assistir aos vídeos e a procura é bastante grande: no dia do acesso, eram mais de 3 milhões e 200 mil acessos14 registrados na página. São dezenas de depoimentos de fiéis da Igreja que mantém o site, o qual é relativamente recente também; com apenas um ano no ar, alcançou um número representativo de acessos.

Já um outro portal eletrônico, denominado Panorama Espírita, é mantido pelo Grupo Educação, Ética e Cidadania, “entidade constituída de voluntários, sem fins lucrativos e sem conotação política partidária ou sectarismo religioso, localizada na cidade de Divinópolis, Minas Gerais”15. É um portal que disponibiliza à comunidade espírita reflexões e conteúdos direcionados, e tem como base os ensinamentos escritos por Alan Kardec, e dentre eles há uma explicação sobre o milagre, feita pelo próprio Kardec.

[...] Confessamos – humildemente –, que não temos o menor milagre a oferecer; dizemos mais: O Espiritismo não se apóia sobre nenhum fato miraculoso; seus adeptos nunca fizeram e não têm a pretensão de fazer nenhum milagre; não se crêem bastante dignos para que, à sua voz, Deus mude a ordem eterna das coisas. O Espiritismo constata um fato material, o da manifestação das almas ou Espíritos. Esse fato é real, sim ou não? Aí está toda a questão; ora, nesse fato, admitindo como verdadeiro, nada há de miraculoso. Como as manifestações desse gênero, tais como as visões, aparições e outras, ocorreram em todos os tempos, assim como atestam as histórias, sagradas e profanas, e os livros de todas as religiões, outrora puderam passar por sobrenaturais; mas hoje que se lhes conhece a causa, que se sabe que se produzem em virtude de certas leis, sabe-se também que lhes falta o caráter essencial dos fatos miraculosos, o de fazer exceção à lei comum. (COELHO, 2007).

É uma outra ótica completamente diversa da católica ou da evangélica. O espírita não parte do princípio de que uma cura é um milagre, por exemplo; enxerga essa cura como uma