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Capítulo II- Propondo formas de conhecer o fenómeno

1. Investigar em Educação

1.1 Ciência e paradigmas científicos

A investigação, enquanto processo através do qual se produz conhecimento, conduz-nos a pensar no que se concebe como conhecimento científico, e nos processos que validam a sua produção. O conceito de paradigma do filósofo estado-unidense Thomas Kuhn (1998 1962: 13), designa “as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência”. De acordo com a sua proposta conceptual, o paradigma refere-se ao conhecimento construído até ao momento, e processos convencionados à sua produção por uma comunidade científica (Kuhn, 1998

1962).

O paradigma configura a lente de observação, leitura e análise convencionada num dado tempo histórico e partilhada no interior de um campo científico específico, para a produção de conhecimento. Neste sentido, e como sugere a investigadora brasileira Roberta Chiesa Bartelmebs (2012), o paradigma estabelece os limites da Ciência.

O modelo de análise da ciência proposto por Kuhn (1998 1962) é dinâmico, pois integra os paradigmas científicos em contínuos processos de transformação, que os leva a afirmarem-se como modelo de atuação científica – a ciência normal- até ao seu declínio à subsequente emergência de um novo paradigma. Dito de outro modo, as contradições internas da ‘ciência normal’ catalisam a crise de paradigmas, da qual deriva uma nova visão do mundo, como proposta para ultrapassar os limites encontrados no paradigma vigente. De tal processo constitui-se um pré-paradigma, que ocupará o lugar do que o precedeu.

Sob tal leitura, a ciência não é estática, evoluindo a partir de “revoluções científicas”, concebidas como “complementos desintegradores da tradição à qual a atividade da ciência normal está ligada” (Kuhn, 1998 1962: 25).Neste sentido, a história da Ciência tem sido assinalada pela existência de vários paradigmas (Kuhn, 1998 1962).

No campo das Ciências Sociais e Humanas, também Boaventura de Sousa Santos (1995) identifica a existência de um paradigma dominante, afirmado na sequência da sua busca por legitimidade aquando do seu estabelecimento. Remetendo ao Positivismo, o paradigma dominante (Santos, 1995) fundamentado na conceção da realidade suscetível de ser descrita com exatidão, desde que usados os procedimentos

científicos adequados, cujo modelo são as designadas ciências exatas . Neste sentido, a produção de conhecimento científico adquire um carácter quase totalitário ao afirmar-se como modelo único e alia-se à vincada repulsa pelo senso comum (Santos, 1989; 1995).

Do ponto de vista prático, uma abordagem regida pelo paradigma dominante (Santos, 1995), ou paradigma hipotético-dedutivo, aprofundado na abordagem de Amado et al. (2013), alicerça-se na procura por confirmar uma teoria (geral), estabelecida a priori, através do “teste experimental e (ou) estatístico” (Amado et al., 2013: 33) de hipóteses num grupo de sujeitos. As hipóteses operam, neste âmbito, como charneira entre teoria e empiria, viabilizando a verificação da teoria, ou, pelo contrário, reunindo dados empíricos que permitam a sua refutação. Por conseguinte, é possível pensar o paradigma dominante (Santos, 1995) como uma abordagem dedutiva à produção de conhecimento, centrada na construção de explicações dos fenómenos sociais, passíveis de serem observadas e comparadas por intermédio da experimentação (Amado et al., 2013).

A importância atribuída à explicação reverbera um posicionamento ontológico segundo o qual ‘o’ real é concebido como previsível, na presença dos instrumentos de medição adequados. Da grelha de leitura preconizada pelo paradigma hipotético-dedutivo resulta a análise do ser humano como mero produto do contexto em que se insere (Amado et al., 2013). De acordo com as abordagens orientadas por este paradigma (Santos, 1995), ante condições ambientais, fabricadas ou naturais, idênticas, os mesmos fenómenos tenderão a verificar-se. Esta grelha de leitura e análise dos fenómenos sociais que preconiza, bem como, as metodologias a si associadas, têm sido mobilizadas no estudo dos fenómenos sociais e humanos (Santos,1989).

Émile Durkheim (2004 [1895]), um dos expoentes neste domínio, considerou facto social como “as maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresent[ando a] notável propriedade de existir fora das consciências individuais” (Durkheim, 2004 [1895]: 30), são externas ao sujeito. Na sua abordagem de cariz funcionalista, desvela-se a fundamentação nos axiomas do paradigma científico dominante (Santos, 1995), designadamente, a conceção da realidade como externa aos sujeitos, a qual resulta no reconhecimento do distanciamento entre investigador/a e objeto de análise, como condição imprescindível à produção de conhecimento científico.

A desconsideração da subjetividade na investigação, e, inclusive, a repulsa pela mesma, por concebida como entrave à produção de conhecimento científico, sob o paradigma dominante da Ciência Moderna (Santos, 1995), relega o(s) sujeito(s) da

investigação ao estatuto de objeto(s), posicionamento que pode ser problematizado no âmbito das Ciências Sociais e Humanas, especialmente no que concerne à relação estabelecida entre a abordagem da investigação, que propõe e o estudo dos fenómenos sociais e humanos (Amado et al., 2013).

Nas Ciências da Educação, a ênfase atribuída pelo paradigma dominante (Santos, 1995) à medição e previsão dos fenómenos, aliada ao obscurecimento da dimensão subjetiva, cria entraves ao estudo do fenómeno educativo, obliterando a dimensão axiológica da relação entre o/a investigador/a e o campo, bem como, entre este/a e os sujeitos da pesquisa, quando perante uma investigação com outros/as participantes. Da interpelação de tais limites e seus conflitos surge a crise do paradigma dominante, (Santos, 1995; Kuhn, 1998 1962) que, segundo Santos (1995) faz nascer um novo paradigma, o qual fundamenta a produção de conhecimento científico pós-moderno: o paradigma emergente.

Embora ainda não materializado, o paradigma emergente configura-se como um paradigma científico e “também um paradigma social (o paradigma de uma vida decente)” (Santos, 1995: 37), caracterizando-se pelo contínuo questionamento (Santos, 1995), essencial para tornar inteligível um ‘real’ complexo, interpretando-o como passo necessário com vista à transformação social.

Nesta linha, o paradigma emergente deve romper com a objetificação do(s) sujeito(s) da investigação, como sucedido em investigações regidas pelo paradigma científico dominante, priorizando, em alternativa, o reconhecimento dos sujeitos como portadores de valores e normas, constitutivos da sua subjetividade. Atribui-se, aliás, à subjetividade, necessariamente considerada e interpelada, no âmbito de uma ciência reflexiva, carácter decisivo no processo de construção de conhecimento (Santos, 1995).

Comparativamente ao paradigma dominante, no qual o axioma da neutralidade da Ciência Moderna (Santos, 1995; Amado et al., 2013) surge na qualidade de refúgio de carácter bivalente, protegendo, na ótica positivista, os sujeitos da investigação da influência exercida pelo/a investigador/a e, simultaneamente, o/a investigador/a da influência exercida pela interação com o(s) sujeitos da investigação, no paradigma emergente o jogo de resguardo relativamente à dimensão axiológica da investigação é substituído por uma conceção da investigação como trabalho ao abrigo da qual, sujeito e objeto permutam permanentemente as suas posições, afetando-se reciprocamente (Santos, 1995).

Aliada à valorização da subjetividade, a Ciência a pós-moderna reconfigura, ainda, o estabelecimento de uma relação distinta entre conhecimento científico e senso comum, enfatizando o distanciamento entre o paradigma emergente (Santos, 1995) e aquele de cuja crise (Kuhn, 1998 1962) terá resultado.

Deste modo, ao passo que sob o paradigma dominante se concebe o senso comum, como obstáculo à produção de conhecimento científico, advogando-se a rutura integral com o mesmo, de acordo com a abordagem preconizada por Boaventura de Sousa Santos (1995), o paradigma emergente alicerça-se numa dupla rutura epistemológica.

Neste âmbito, enquanto a primeira resulta do distanciamento face ao senso comum, a segunda rutura, construída a partir da recusa por aprisionar o conhecimento produzido no campo científico, materializa-se através da transformação do conhecimento científico em senso comum. Este segundo momento alicerça-se, portanto, no reconhecimento da pertinência da utilização do conhecimento científico para lá do campo balizado pela Ciência, pretendendo-se que informe a vivência e se “[…] tradu[za] num saber prático”

(Santos, 1995: 55).

Considerando os pilares nos quais se alicerçaria o, ainda, não materializado paradigma emergente (Santos, 1995), estes podem ser articulados com o conceito de conhecimento situado - situated knowledge - desenvolvido pela filósofa estado-unidense Donna Haraway (1988). De acordo com Haraway (1988), o conhecimento situado, designa o conhecimento construído a partir do local, da subjetividade dos/as participantes na investigação, surgindo da necessidade de conceder vez e voz aos grupos sociais subalternizados. É, assim, possível aproximar o paradigma emergente de uma proposta epistemológica centrada no local e naqueles/as que nele interagem.

É, ainda, possível aproximar a proposta de Boaventura de Sousa Santos (1995) relativamente à emergência de um novo paradigma, e o paradigma fenomenológico-interpretativo (Amado et al., 2013), conceptualizado na abordagem de Amado et al.

(2013) como visão sobre o mundo e produção de conhecimento científico alicerçada no reconhecimento das subjetividades dos sujeitos da investigação.

A partir deste contributo teórico-conceptual é possível aproximar a proposta de paradigma emergente do posicionamento fenomenológico-interpretativo, centrado nos processos de construção, atribuição e interpretação de significados pelos sujeitos da investigação com vista à interpretação dos fenómenos sociais e educativos, configurando-se como berço da investigação qualitativa (Amado et al., 2013) e criado a partir do

conflito existente entre o objeto de estudo das Ciências Sociais e Humanas e os axiomas do paradigma hipotético-dedutivo.

Deste modo, ao passo que a investigação quantitativa se apoia em teorias pré-construídas, na formulação de hipóteses de correlação entre variáveis, e no estabelecimento de relações de causa-efeito, posteriormente experimentadas, a investigação qualitativa é, de acordo com o sociólogo Norman Denzin e a investigadora Yvonna Lincoln (2013 1998), fundada na premissa de estudar fenómenos não quantificáveis (Denzin e Lincoln, 2013 1998: 40).

No âmbito da sua proposta de reflexão sobre a metodologia qualitativa (Denzin e Lincoln, 2013 1998: 40) desvelam no/a(s) investigador/a(s) qualitativo/a(s) a tendência de definição da realidade como socialmente construída, destacando a relação que estabelece(m) com o terreno em estudo pela sua proximidade das subjetividades dos sujeitos que nele interagem e sensibilidade relativamente a eventuais constrangimentos e desafios que podem ser colocados à investigação.

Assim, no paradigma fenomenológico-interpretativo, igualmente designado como Construtivismo, os fenómenos sociais são analisados como produto de uma teia de interações que transcende o contexto sobre o qual incide a investigação, concebendo-se o ser humano como construído e, simultaneamente, construtor da realidade (Amado et al., 2013: 42-43).

Sob tal premissa, a realidade não pode ser entendida como única, suscetível de ser explicada com recurso a grelhas universais de medição da ocorrência de determinados fenómenos, como advogado pelo Positivismo/paradigma dominante (Santos, 1995).

Importa, em contraste, partir dos significados atribuídos aos fenómenos pelos sujeitos em interação no contexto da investigação para construir grelhas de análise que permitam interpretar esses mesmos fenómenos (Amado et al., 2013: 43).

Nesta linha, e ainda que em estreita relação com o contexto, a investigação orientada pelo referido paradigma não se aprisiona ao mesmo. Fundamenta-se, aliás, numa abordagem indutiva em relação aos fenómenos, priorizando o seu estudo a partir das suas manifestações contextuais. Deste modo, prioriza-se a interpretação dos fenómenos de forma tão próxima, quanto possível, da sua subjetivação, e, nesta linha, dos seus impactos na vida dos sujeitos da investigação. Trata-se, portanto, de uma abordagem integrada, ou holística, dos fenómenos (Amado et al., 2013: 41).

Sob a grelha de leitura e investigação preconizada por este paradigma os sujeitos são concebidos como pilares no processo de produção de conhecimento. Tal posicionamento resulta na conceção do processo de construção e atribuição de sentido como intersubjetivo, resultando da interação entre os sujeitos da investigação e o/a(s) investigador/a(s), enquanto portadores/as dos quadros de normas, valores e princípios para os quais foram socializados/as e, através da linguagem, são simultaneamente (re)produtores/as (Amado et al., 2013: 43). A este nível, destaca-se não apenas a inextrincável relação entre os processos de (re)significação e a subjetividade dos sujeitos na investigação, como se atribui à linguagem o estatuto de mediadora das interações entre sujeitos, e entre estes e o meio envolvente (Amado et al., 2013: 41).

Uma investigação regida pelo paradigma fenomenológico-interpretativo, tende, portanto, a conceber a realidade como suscetível de ser representada a partir de lentes diversas, enformadas pelas subjetividades, tanto do/a investigador/a, portador/a de valores, crenças, normas e princípios, intérprete e construtor/a de realidades, como dos sujeitos da investigação (Amado et al., 2013: 42).

Estreitando a digressão paradigmática até à comparação entre a abordagem sugerida pelo paradigma dominante (Santos, 1995) e a interpretativa, se sob a orientação do primeiro a subjetividade dos sujeitos é recusada, objetivando-se a construção de conhecimento neutro e transponível para a explicação dos fenómenos, no posicionamento fenomenológico-interpretativo, a dimensão axiológica atribui à investigação, e contexto no qual incide, carácter singular, sendo o conhecimento científico que aí se produz balizado pelas fronteiras desse mesmo contexto e interações que nele se constroem e significam (Amado et al., 2013).

Alinhando-se com a abordagem de Ciência preconizada por Kuhn (1998 1962:

25), e subsequente processo de transformação de paradigmas, perto do fim do século XX, emerge outro posicionamento ontológico e epistemológico preocupado com a historicização do conhecimento científico produzido e sua relação política e social com o mundo (Amado et al., 2013: 51). Condicionado pelo período designado por Denzin e Lincoln (2013 1998) como crise de representação, prendeu-se, especialmente, com a crítica pós-moderna/pós-estruturalista ao conceito de verdade e sua relação com a Ciência, na preocupação pela permeabilidade do campo científico a relações de poder social e culturalmente enraizadas.

Foucault (1998 [1979]), por exemplo, robusteceu algumas das principais reflexões neste âmbito, ao aprofundar a relação entre verdade e poder no campo científico,

e entre este e o mundo político e social. Conceptualizando o poder como resultante (e constitutivo) das relações sociais, concebe-o como suscetível de ser exercido pelos vários grupos e classes sociais, atribuindo-lhe um carácter bicéfalo, de acordo com o qual, submissão e resistência além de constitutivas da sua essência, se encontram em contínua e complementar tensão. Neste sentido, além de desmistificar a eventual atribuição de um carácter inelutável ao poder, concede espaço à resistência dos grupos e classes sociais em desfavorável relação com o exercício do poder.

Propondo uma conceção de verdade como "conjunto das regras segundo as quais se distingue o verdadeiro do falso e se atribui ao verdadeiro efeitos específicos de poder”

(Foucault, 1998 [1979]:13), a proposta de Foucault posiciona-se como pertinente contributo no âmbito da desconstrução da abordagem positivista de verdade enquanto descrição exata da realidade, axiologicamente inconspurcada, logo, universal (Amado et al., 2013: 34).

A partir do contributo teórico-conceptual e filosófico de Foucault, verdade surge na qualidade de dispositivo (Foucault, 1998 [1979]: 13) constituído a partir de contínuas disputas políticas, logo, inextrincável do poder, nas suas dimensões complementares de submissão-resistência. Deste modo, mais do que pensar na verdade, importa pensar em regimes de verdade, e, portanto, nas políticas que permitem o estabelecimento de uma verdade – da visão de alguns grupos e classes sociais - em detrimento de outras.

Não obstante a complexa teia de interações políticas, sociais e económicas vinculadas à instituição de verdade(s), Foucault (1998 [1979]) sustenta ser possível aos grupos sociais subalternizados exercer poder de resistência contra a submissão social e culturalmente imposta pelos grupos sociais que se estabeleceram como dominantes, tendo em vista subverter os regimes de verdade, e políticas nas quais se fundamentam.

Nesta linha de pensamento, embora a visibilização do poder exercido pelos grupos e classes sociais dominantes com vista ao fortalecimento das suas visões do mundo, ou seja, das suas verdades, e política da verdade à qual se encontram vinculadas, possa ser pertinente, de acordo com Foucault (1998 [1979]), a transformação do regime de verdade da contemporaneidade requer, do ponto de vista científico, ir para além da visibilização das dinâmicas de poder (entre e no seio dos vários grupos e classes sociais), e, inclusive, de análise crítica sob critérios de justiça social, interpelando a virtual constituição de uma política de verdade distinta da conhecida até então (Foucault, 1998 [1979]: 14).

Assim, para que a transformação social se materialize, revela-se necessário construir análises que mais do que segmentar poder e verdade, revelem a pertinência do exercício intencional do poder em prol da transformação do regime de verdade contemporâneo e ocidental, bem como, das condições que têm permitido a sua (re)produção e legitimação (Foucault, 1998 [1979]: 14).

O paradigma pós-moderno ou sócio-crítico (Amado et al., 2013), destaca-se, portanto, por ir além do reconhecimento das subjetividades implicadas no processo de produção de conhecimento científico, atribuindo à visibilização e análise das relações de poder socialmente enraizadas, o viés das perspetivas dos grupos dominantes que as (re)produzem, bem como à importância central da intervenção pela transformação dessas mesmas relações.

Deste modo, embora acolha os contributos do paradigma que o precede, enquanto marco do enfraquecimento da supremacia do paradigma hipotético-dedutivo, e procura pela adequação dos processos convencionados à produção de conhecimento científico às especificidades do objeto de estudo das Ciências Sociais e Humanas, o posicionamento sócio-crítico perfilha na conscientização (Freire, 2018 1968), condição sine qua non da transformação do status quo, identificado como excludente para os grupos e classes sociais distanciados da norma instituída. Na sua proposta, a Ciência não pode ser concebida como neutra, conforme defendido pelo paradigma positivista, sendo a visibilização das subjetividades, na qual se alicerça o Construtivismo, também insuficiente em sociedades desiguais e violentas. Deste modo, analisa a necessidade de (re)configuração dos modos de fazer Ciência conhecidos até então, impelindo à reflexão sobre o papel social e político do conhecimento científico, e respetivas formas de construir, com vista ao empoderamento dos grupos sociais na luta contra a dominação a que foram submetidos (Amado et al., 2013).