• Nenhum resultado encontrado

5 AS AÇÕES DA SEME E A EDUCAÇÃO FÍSICA ENQUANTO COMPONENTE CURRICULAR

5.2 ANÁLISE DOS DADOS

5.2.2 Cidadania e Direitos

Nesse tópico buscamos analisar as concepções e ações da Seme em prol da cidadania e dos direitos, principalmente dos direitos sociais, categoria na qual se enquadra a educação. Foi possível observar durante toda a entrevista coletiva, que questões e conceitos que perpassam a cidadania foram discutidos pela equipe. A Lei 4747/98 trata em alguns trechos a cidadania como um dos objetivos da educação.

Ao ser questionada sobre a compreensão de cidadania, a Coordenação de Desportos reivindicou um posicionamento do entrevistador sobre o significado desse conceito82. Este tratou brevemente a cidadania enquanto direito a ter direitos (ARENDT,1989), especificamente os civis, políticos e sociais (MARSHALL, 1967). Como resposta a equipe pontuou que

[...] a gente opera com esse conceito que você está falando o tempo todo e não só quando você fala do direito do direito do direito. É como se o sujeito fosse um sujeito somente de direitos e aí a gente pensa que tem basicamente a ver com a emancipação. De fato uma perspectiva de uma cidadania ampla, você precisa pensar em emancipação do sujeito e aí pensar em um sujeito que seja autônomo para que ele possa gerir seus espaços/tempo de direito, de dever e de garantia do direito do outro. Então isso que eu acho que é considerada a cidadania no sentido mais amplo. Por que a gente pensa em uma perspectiva de pensar na cidadania plena desses meninos e quando a gente fala na cidadania plena não tem como não pensar no sujeito emancipado, não tem como pensar de outra forma (E.C., grifo nosso).

82

O entrevistador viu-se pressionado pelos entrevistados a dar uma opinião sobre “o que é cidadania”, pois estes últimos afirmaram que só falariam a respeito se obtivessem um posicionamento do primeiro.

Apesar de afirmarem que o grupo não realizou estudos específicos sobre a cidadania, pode-se perceber que há uma ressonância entre o conceito de cidadania discutido pela equipe e o conceito tratado a partir de pensadores educacionais tais como Ribeiro (2002) e Demo (2006). Destaca-se que nem nas Diretrizes Curriculares, nem na Lei 4747/98 a categoria “emancipação” aparece, o que demonstra um possível esforço teórico da Coordenação para dar conta de um conceito que os próprios documentos legisladores de suas ações não trazem.

O Grupo enfatiza um conceito de “cidadania ampla” baseado principalmente na emancipação e não no direito a ter direitos (ARENDT,1989), ou nos direitos civis, políticos e sociais, bem como a execução dos deveres (MARSHALL, 1967).

No capítulo 1 tratamos a emancipação política como a aquisição de independência do Estado em relação à situações/ações que o colocam como opressor em relação à sociedade. Como exemplo, citamos que no Brasil o Estado necessita se emancipar das diferentes faces da corrupção tais como o assistencialismo, o clientelismo e o paternalismo tratados por Carvalho (2008), Ottmann (2006), Scheinvar (2009), Faleiros (1991) e Nunes (2003). Também conceituamos a emancipação humana como um objetivo maior, que traz possibilidade aos indivíduos de se libertarem, tanto no campo das ideias quanto no campo das ações, de qualquer tipo de alienação e opressão, com a finalidade de que se compreendam sem um abismo entre “público” e “privado” (KANT, 1999; MARX, 2008).

Defendemos que a possibilidade da educação estar voltada para tais perspectivas emancipacionistas está na educação libertadora, num processo de ensino/aprendizagem pautado num diálogo crítico e problematizador, capaz de conduzir as relações a um elevado grau de responsabilidade política, social e reflexiva (KUNZ, 2004).

Para a Coordenação, a emancipação está pautada essencialmente na autonomia individual para organização/vivência de seus espaços/tempos em prol dos direitos e deveres. Não podemos negar que tal conceito, se aproxima dos ideais que levantamos a partir de Kant (1999) e Marx (2008), entretanto esbarra numa superficialidade pautada no individualismo e no caminho oposto ao defendido por Marx (2008) e aqui reconfigurado para pensarmos a cidadania. Ora, em nossas

reflexões, a emancipação humana pode ser tratada como uma resultante da cidadania adquirida através da participação, da “guerra de posições”, etc. Para os gestores, parece que é através da emancipação que se alcança a cidadania.

Sabemos, entretanto, que como nos colocou Marx (2008) a emancipação humana é algo que ainda está num campo “maior”, pois requer a eliminação de todas as formas de opressão. Logo, caso esperemos a aquisição da emancipação humana para enfim lutarmos pela cidadania, pode ser que os direitos e deveres se esvaziem por si mesmos.

A emancipação humana, um conceito quase utópico, é possível quando o sujeito compreende de maneira crítica a trama político/social que o envolve, e mediante seus direitos ou mediante a luta por direitos, se mobiliza no intuito de se fazer sociedade civil organizada, ou seja: de participar das discussões e tomadas de decisões, representando-se como parte do Estado ampliado, reduzindo assim as distâncias entre “público” e “privado”.

Coloca-se em evidência, que apesar da Coordenação tratar a cidadania essencialmente como “emancipação do sujeito”, a importância da compreensão e da vivência da cidadania enquanto direito é o que garante que todos, mediante a lei, tenham possibilidades de se formarem, se tornarem cidadãos. E é justamente a vinculação à norma que transforma a cidadania em uma categoria de todos.

Sobre o papel da escola na formação cidadã, o grupo entrevistado destaca que

[...] cidadania tem a ver com a emancipação do sujeito. A escola lida com conhecimento, ela é espaço para produção e por meio do conhecimento esse sujeito vai se emancipar. Então a escola é um espaço em potencial...– hoje, nessa sociedade, a forma como ela está organizada, qual é um local privilegiado, principalmente da classe popular de ter acesso ao conhecimento? É a escola. Não dá para pensar em emancipação, em formação para a cidadania sem relevar esse papel hoje à escola. Como ela está organizada pode não ser o melhor formato. Pode não fazer o papel direito, mas a escola como um local privilegiado de usar o conhecimento sistematizado para a classe popular ainda hoje é o lugar mais privilegiado para a formação da cidadania. Ainda, tem outros espaços de formação? Nós temos, mas qual é o espaço hoje pensando na perspectiva da emancipação por que o sujeito só se emancipa a partir do momento que ele conhece e ele consegue intervir a partir do conhecimento que ele tem (E.C.).

Lembramos que no ideal gramsciano a educação é tratada como uma via para uma mudança social radical, assim como para Mello (1991) e Ugaya (2007). Já em Marshall (1967) a educação é considerada um direito social e um pré-requisito para a aquisição da liberdade civil. Na fala anterior, evidencia-se a importância da escola para a formação cidadã, e o discurso se aproxima em conteúdo de algumas das discussões desses autores.

No entanto, não se pode falar de escola, cidadania e emancipação, apenas com relação às classes populares, porque a educação é para todos. A educação deve sim estar comprometida com a aniquilação das desigualdades porque é um direito social, entretanto, um sistema de ensino público não deve ter como foco apenas um determinado grupo social. Então, apontamos que a Seme a as escolas devem verter suas ações para todos, e extinguirem de discursos/ações atitudes que considerem apenas um determinado público.

Sobre a possibilidade de a escola atuar na formação cidadã, os gestores explicam:

[...] nós começamos falando disso desde o início da entrevista: nós falamos da composição curricular, acontece quando a escola debate para organizar o seu currículo, o que ela considera importante, como esse currículo pode ser sistematizado na escola.. é dessa forma! [...] por que quando a gente destaca a relevância que tem a escola identificar, avaliar os procedimentos que ela tem, dos projetos que tem para poder encaminhar os processos de formação dos meninos [sic], já está demarcado ali e o nosso entendimento do quê que a gente acha que a escola tem potência para fazer. A gente tem muita clareza disso, que tem muitas deficiências, mas que ela tem grandes possibilidades, é uma potência. E é pela via do conhecimento. Como é que o menino, estamos pensando em um cidadão de direitos, como é que o menino sabe que ele tem direitos se ele não conhece os direitos? E aonde que ele pode conhecer o direito? Também na escola. Dentro da escola (E.C.).

A escola é um dos espaços que pode possibilitar aos meninos das classes populares algumas coisas... e infelizmente a escola não é a escola ideal, a gente vê muitos desafios hoje. Mas na minha opinião continua ainda sendo um dos espaços que pode dar para esses meninos algumas oportunidades. E pensar também na obrigação dela. O acesso ao conhecimento, a troca de conhecimento é obrigação da escola. Então conhecer sobre o que ele pode fazer, o que ele aprende na escola e o que ele pode usar na vida dele, a escola tem que fazer isso e tem que procurar fazer da melhor maneira possível (E.C.).

Destacamos então, que de acordo com os gestores entrevistados, a escola pode operacionalizar a formação cidadã a partir de algumas ações já realizadas nas Unidades de Ensino da Rede tais como: as vias de participação na organização curricular; e pela possibilidade em se conhecer os direitos, para, conscientemente reivindicar e ter acesso a eles. A Coordenação de Desportos também defende que é através do conhecimento disseminado em seu meio que os indivíduos terão a possibilidade de se tornarem cidadãos.

Lembramos que ao conceituar a cidadania, a Coordenação de Desportos tratou fundamentalmente da “emancipação do sujeito”. Mas ao falar do papel da escola na formação cidadã, a questão da emancipação foi deixada de lado, sobrepondo-se as categorias do direito, da participação e do conhecimento. Percebemos assim, uma distância entre o conceito de cidadania por parte da Coordenação, e a compreensão da mesma sobre como a escola pode agir nesse sentido.

Essa diferença entre teoria e prática nos leva a Heidemann (2009) que defende um comprometimento entre ambas na construção e implementação das políticas, estimulando a utilização de teorias e modelos por parte dos agentes. Demo (2006) também sinaliza que deve haver coerência entre discurso e prática.

A Coordenação de Desportos também foi questionada sobre como a Educação Física pode contribuir no processo de formar cidadãos, inclusive com a solicitação de exemplos. Para a mesma,

Não é como a Educação Física vai contribuir para a cidadania, é como as escolas vão. Por que a Educação Física não dá pra separar, se não a gente entra no discurso da defesa de uma área como componente como o CREF83 faz, entendeu? Passa pelo entendimento da escola de porque a Educação Física [...] é um dos componentes curriculares. Para mim, a mesma importância que é na formação desse sujeito emancipado, na mesma importância da língua portuguesa [sic] [...], por que todo conhecimento é importante pra vida desse menino pra emancipação desse menino, então nem mais nem menos que os outros componentes curriculares, é exatamente como os outros. Esse grupo que está nessa Coordenação é por causa da especificidade do conhecimento sobre a cultura corporal do movimento, isso quer não quer dizer [sic] que nós não podemos dialogar com a equipe técnica que faz o acompanhamento também nos diferentes projetos nas escolas, entende? Porque eu penso que a instituição consegue entender e fazer as articulações ali dentro, que o

83

conhecimento perfaz, que ele transite, eu não to falando de interdisciplinaridade não, eu to falando de uma coisa que vai um pouco além, que é que eu não tenho como isolar o conhecimento num componente curricular né? não tem como (R.G.F).

Detectamos que para a Coordenação, a Educação Física, por ser um componente curricular, colabora com a formação cidadã pela via do conhecimento, e que o diálogo e a articulação entre diferentes instâncias escolares cooperam nesse sentido. Entretanto, durante a entrevista coletiva, reiteramos que, por ser a Coordenação de Desportos uma equipe específica, voltada para o desporto e para a cultura corporal de movimento, nós gostaríamos de compreender através de exemplos, maneiras práticas de a Educação Física contribuir para a cidadania. Assim os gestores explicaram que

[...] o latifúndio84 é grandão, mas tem um pedacinho ali que cabe a Educação Física e aí a gente fala da emancipação pelo conhecimento, e aí quando a gente fala da contribuição da Educação Física pra esse processo todo dentro desse contexto das escolas, a gente precisa olhar pra qual é a parte do conhecimento que a Educação Física desenvolve na Unidade de Ensino e aí, a partir do conhecimento que ela desenvolve na Unidade de Ensino é que você vai conseguir identificar qual é a contribuição que ela está tendo dentro daquele contexto, mas de fato a Educação Física não tem muita coisa diferente pra poder salvar não, ela tem coisas que podem, assim, até serem mais prazerosas de serem vividas pelos estudantes por conta da relação especialmente corporal das experimentações que esses meninos fazem (E.C.).

Mediante o relato descrito acima, notamos que para a Coordenação de Desportos é o conhecimento das especificidades da Educação Física que possibilitará uma formação cidadã. Exemplos não nos foram dados, o que aponta para uma dificuldade em visualizar na prática, ações de Educação Física que contribuam especificamente com a cidadania. Faltaram explicações sobre, por exemplo, que tipo de conhecimento, que tipo de vivência, qual a forma do diálogo,

84

Em alguns trechos da entrevista coletiva a expressão “parte do latifúndio que cabe a...” se fez presente. Parece uma alusão ao livro “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto publicado em 1955. O livro apresenta um poema que relata a trajetória de um migrante nordestino ao litoral. Chico Buarque musicou o poema para uma peça teatral que tem como trecho a frase: “É parte que te cabe deste latifúndio”.

qual o trato do professor com a atividade e com o aluno, que viabilizem ações cidadãs.

Será possível que um jogo de basquete, ou uma apresentação de dança, ou um beach soccer em um local público forneçam elementos suficientes para contribuir com uma formação cidadã? Como a partir de práticas como essas, ou outras diversas, o indivíduo pode construir conhecimentos sobre seus direitos e deveres, podendo assim mobilizar elementos que possibilitem a emancipação humana? Se dependermos do discurso dos gestores, essas perguntas se mostram sem respostas.

Sobre a cidadania, consideramos que os gestores entrevistados defendem um conceito que abarca o estímulo à emancipação do sujeito através do conhecimento, sendo que na escola, a participação da comunidade escolar na organização curricular e a possibilidade em alcançar conhecimento sobre os direitos são as expressões visíveis de formação cidadã. Já a Educação Física contribui através de sua especificidade enquanto componente curricular.

Porém, quase não foi possível levantar, a partir do relato dos gestores, informações sobre como ocorrem as ações do setor administrativo da Seme em direção a uma formação cidadã. Tais ações parecem se restringir à abertura da Secretaria para que os professores participem de algumas decisões pontuais e à participação da comunidade escolar na organização curricular de Educação Física No que diz respeito aos direitos, também observamos a difusão dessa categoria ao longo de toda entrevista. Evidenciamos que a Lei 4747/98 trata a educação enquanto um direito de todos e dever da família e do Estado, enfatizamos entretanto, que no referido documento não encontramos explicitamente a categoria “direito social”.

Na entrevista com os gestores, pudemos identificar diferentes colocações acerca do direito, tornando-o um conceito presente ao longo de todo o discurso da Coordenação de Desportos. Citemos alguns:

Trabalhar com classe popular é um desafio muito grande por que você se opõe à lógica de um sistema quando você busca intensamente com muitos embates qualificar os recursos, as ações pela questão do direito. Ninguém é bonzinho, ninguém está fazendo isso por que é legal, a gente tá fazendo

isso por que é a nossa profissão, o nosso espaço que a gente escolheu atuar implica também em você trabalhar no sentido de que o outro tenha direito garantido (E.C., grifo nosso).

[...] é um processo de aprendizagem, porque a experiência que eu tinha, era experiência de professores de Educação Física que sempre inclui a dança no currículo, por entender que é direito dos alunos, tem acesso à dança, à música (E.C.).

O aluno também tem direito de estar em outros espaços (E.C., grifo nosso).

[...] a gente toma cuidado com todos esses elementos pra que esses meninos possam ser o mais bem cuidado possível, pra que eles possam se sentir o mais bem acolhido possível naquela atividade, pra que eles possam entender que é possível se relacionar com os espaços de outra forma, para além daquilo que eles já vivem. E isso é extremamente formador, porque isso garante para esses meninos o direito de ter acesso a um espaço público com muita dignidade, e o princípio da dignidade é base para você garantir e pensar a formação desse cidadão que daqui a pouco vai estar aí usufruindo desses diferentes espaços na sociedade (E.C., grifo nosso).

Observam-se elementos importantes nas colocações acima. Primeiramente consideramos que para a Coordenação é por meio do direito que as “classes populares” têm a possibilidade de serem atendidas através de ações de qualidade, e que os atos da equipe voltados para essa finalidade são baseados nos direitos dos indivíduos por eles atendidos. Relembramos a questão tratada anteriormente sobre o discurso “focal” dos gestores, que parecem priorizar uma classe em detrimento da outra, e reafirmamos que como a educação é um direito de todos, qualquer tipo de sistema de ensino público deve estar voltado a ações para todos, mesmo tendo como foco ir de encontro às desigualdades.

Ainda sobre as falas acima, observa-se que os colaboradores vinculam os direitos a conteúdos curriculares, mas principalmente à acessos à espaços. Trataremos essa última questão mais adiante.

Ao serem questionados especificamente sobre o significado de “direito”, percebe-se que os gestores vinculam o direito à Constituição:

Por que qual é a lógica que a gente trabalha quando a gente fala do princípio da garantia do direito? Aí a gente vai beber na constituição [sic]. Qual é o direito desses meninos? Estão todos transcritos lá, saúde, educação, lazer, bla bla bla [sic]... um “catatau” de coisas. Mas nesse “catatau” de coisas, qual é a parte do latifúndio que nos cabe? Trabalhar com as questões relacionadas ao desporto educacional. E quando a gente diz isso a gente tenta trabalhar a partir das diferentes nuances que a gente pode desenvolver nesse esporte educacional. Então no que diz respeito à

garantia do direito ao lazer, ao esporte e ao bem estar, a parte que cabe a essa Coordenação... Porque a gente tem que ter muito pé no chão em saber que a gente não vai salvar o mundo, mas o que a gente pode fazer se for feito com muita qualidade vai ter uma interferência significativa pra vida desses meninos, e esse cuidado todo a gente tem, a gente toma muito cuidado para que essas intervenções sejam mais qualificadas possível para esses meninos para que os direitos dele ao lazer, ao esporte, a uma série de outras questões, inclusive para que ele possa usar isso para melhoria da sua própria condição de saúde: isso é potencializado por essa Coordenação (E.C.).

Embora seja possível observar na concepção dos gestores o direito atrelado à Constituição, não foi possível constatar a mesma coerência com os autores da área sobre o direito social, apesar de em vários trechos da entrevista o direito social ter sido tratado de maneira difusa, ao se falar por exemplo em “direito ao esporte, ao lazer e à educação”. A resposta obtida ao questionarmos os gestores sobre a concepção da Seme sobre direito social foi a seguinte:

Se você for pegar uma definição de direito social, tem um “catatau” de coisas, mas o foco claro hoje, objetivamente, essa Coordenação aponta para isso, de pensar em ações que garantam esses que meninos sejam tratados e tenham a possibilidade de que ao ser tratados possam pensar formas de viver dignamente nos diferentes espaços-tempos nesse Município, no seu espaço, no seu contexto de atuação mas que ele possa de fato vislumbrar que ele tem potencial para poder sobreviver em diferentes ambientes com dignidade (E.C.).

Para a Coordenação de Desportos, o direito social tem a ver com o “viver dignamente”. Entretanto lembramos que na concepção de Marshall (1967), o direito social é um conceito que possibilita aos indivíduos participarem por completo na herança social, e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade. A ideia contemporânea está atrelada às políticas sociais, que enquanto políticas setoriais (HEIDEMANN, 2009; BEHRING e BOSCHETT, 2001) devem estar atreladas à diminuição das desigualdades (DEMO, 2006).

Ou seja, de acordo com os autores citados, o conceito de direito social e de suas políticas vai além do proclamado pelos gestores, até porque não foi possível