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AUTORES Tipos de estratégia de

4.1 Classificação da micro e pequena empresa

Especificar padrões de tamanho para definir o porte das empresas é algo relativamente arbitrário, porque agências responsáveis por classificar empresas adotam padrões diferentes para múltiplos propósitos, sendo que, uma empresa pode ser

considerada pequena quando comparada com as empresas maiores, mas grande quando comparada com firmas de menor porte (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 1997; SOUZA; MAZZALI, 2008; VIEIRA, 2004).

Quanto às MPEs, há dificuldade em caracterizá-las (DIDONET et al., 2012; KRAKAUER et al., 2012), pois existem diferentes critérios de classificação, devido ao fato de que o porte está diretamente relacionado às condições gerais do país em que a empresa está situada (HEINZMANN; HOELGEBAUM, 2012; LEONE, 1991; LONGENECKER; MOORE; PETTY, 1997).

Além das condições gerais das nações, MPEs são um grupo heterogêneo de empresas, pois enquanto algumas empresas são inovadoras, dinâmicas e orientadas para o mercado, outras permanecem pequenas e administradas pelos proprietários ou pelos seus familiares (MINARELLI; RAGGI; VIAGGI, 2014; STAM; WENNBERG, 2009; TEIRLINCK; SPITHOVEN, 2013; VAN HEMERT; NIJKAMP; MASUREL, 2013).

Apesar dos diferentes modelos, classificações são úteis, mas os critérios têm sempre um certo grau de arbitrariedade, ligados a seus propósitos (SOUZA; MAZZALI, 2008). Contudo, é importante classificar as empresas pelo seu porte, porque elas desempenham comportamento econômico e social significativo, cujas análises ajudam a encontrar soluções específicas para as empresas enquadradas em um determinado tipo (LEONE, 1991) e, acima de tudo, a obtenção de créditos, os incentivos e as isenção fiscais ocorre em função dessa classificação (HEINZMANN; HOELGEBAUM, 2012).

Os três principais critérios para se classificar uma empresa são: o quantitativo e o qualitativo (FRANK; ROESSL, 2015; KOZLOWSKI; MATEJUN, 2016) e o misto (LEONE, 1991), sendo que, dentre esses parâmetros, algumas variáveis são tradicionalmente utilizadas, tais como o número de funcionários, o capital social, o faturamento e a quantidade produzida (CHER, 1990).

A medida quantitativa abrange os critérios econômicos, enquanto que a medida qualitativa corresponde a uma natureza mais social que, quase sempre, explica o comportamento econômico das empresas (FRANK; ROESSL, 2015; KOZLOWSKI; MATEJUN, 2016; LEONE, 1991). Dessa forma, têm-se que os critérios quantitativos representam as informações obtidas pela análise contábil e pelos valores econômicos das empresas, enquanto que os critérios qualitativos representam a forma de administração e o tipo de atuação no mercado (KOZLOWSKI; MATEJUN, 2016; VIEIRA, 2004).

No Brasil, a classificação quantitativa das empresas possui basicamente quatro faixas: microempresas, pequenas, médias e grandes empresas (HEINZMANN;

HOELGEBAUM, 2012). Um dos índices quantitativos mais utilizados é o faturamento anual (LEONE, 1991; VIEIRA, 2004), que indica o movimento operacional da empresa e é amplamente utilizado pelo governo e pelas agências de crédito, como forma de conceber linhas específicas de investimentos para as pequenas empresas (LEONE, 1991).

O Simples Nacional é o regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às MPEs, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Essa lei considera microempresas, para efeito do Simples Nacional, aquela com receita brutal anual igual ou inferior a R$ 240.000,00; empresa de pequeno porte aquela com receita bruta anual superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (BRASIL, 2006).

Em 2011, a Presidência da República, por meio da Lei Complementar nº 139 de 10/11/2011, modificou alguns artigos da Lei Complementar 123, dentre eles, o texto que definia a receita bruta como critério para determinação do porte das empresas. Pela nova redação, os novos valores para o faturamento, como definidor do porte organizacional, estão expressos na Tabela 1:

Tabela 1 - Classificação das empresas segundo o faturamento anual

Porte Faturamento anual

Microempresa Até R$ 240.000,00

Pequena empresa Acima de R$ 240.000,00 até 2.400.000,00

Média empresa Superior a R$ 2.400.000,00

Grande empresa Superior a R$ 3.000.000,00

Fonte - Simples Nacional: Lei Complementar Federal 123 de 14/12/06

O número de funcionário, em contrapartida, é o critério mais utilizado (BOS- BROUWERS, 2010; LEONE, 1991; SEBRAE, 2011), pois evita as dificuldades referentes a preços, a taxas, a avaliações subjetivas e a assimetria de informações, muitas vezes guardadas como segredo profissional (LEONE. 1991). Entretanto, apesar de ser um parâmetro relevante, o número de funcionários, em si, não é determinante, uma vez que existem empresas com número reduzido de funcionários, mas com características de uma grande empresa, bem como empresas contendo um número grande de funcionários, mas com características de pequena empresa (BOECHAT, 2008). A tabela 2 ilustra a classificação pelo número de funcionários.

Os critérios qualitativos, ainda que não utilizados com a mesma frequência na definição do porte das empresas, apresentam uma imagem mais real das empresas, pois enfatizam as estruturas internas e administrativas, os estilos gerenciais e as atitudes e as

percepções do ambiente externo pelos dirigentes das empresas (LEONE, 1991; LONGENECKER; MOORE; PETTY, 1997).

Tabela 2 - Classificação das empresas segundo o número de funcionários

Porte Indústria Comércio e Serviços

Microempresa Até 19 Até 9

Pequena empresa De 20 a 99 De 10 a 49

Média empresa De 100 a 499 De 50 a 99

Grande empresa 500 ou mais 100 ou mais

Fonte – SEBRAE (2015)

Os principais critérios qualitativos são encontrados em Frank e Roessl (2015) da seguinte forma:

 As MPEs podem ser menos propensas a alcançar economias de escala e de escopo. A falta de divisibilidade dos fatores potenciais resulta frequentemente numa situação em que as MPEs não conseguem produzir um nível de escala mínima de eficiência em todas as áreas da empresa;

 Devido à sua menor dimensão e, por conseguinte, a uma maior transparência, combinada com uma menor formalidade, as MPEs têm a vantagem de custos organizacionais mais baixos, o que pode compensar parcialmente os déficits resultantes da falta de economias de escala e de economias de escopo;

 O conhecimento que é exclusivo dos indivíduos cria dependências elevadas, uma vez que as situações críticas precisam ser controladas sempre que essas pessoas saem da empresa;

 Devido ao fato de que os riscos podem ser balanceados internamente apenas em uma extensão muito limitada, um erro de julgamento em uma pequena empresa pode significar a diferença entre sucesso e crise. Por conseguinte, as decisões de gestão numa PME são particularmente críticas e muitas vezes não podem basear- se na experiência de vários dirigentes;

 A dependência das MPEs em relação às forças externas é relativamente mais elevada. Mudanças nas regulamentações governamentais [...] afetam uma porcentagem maior de despesas para pequenas empresas do que para grandes corporações (WELSH; WHITE, 1981).

Muitos pesquisadores e instituições de fomento e de apoio às MPEs baseiam os seus estudos nos critérios mistos ou combinados para definir o tamanho das empresas (LEONE, 1991). Para a autora, os critérios mistos combinam indicadores econômicos

com características sociais e políticas e constituem uma aplicação conjunto dos critérios qualitativos e quantitativos.