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AUTORES Tipos de estratégia de

5.4 Técnicas de coleta de dados quantitativos

O questionário de pesquisa aplicado na fase 1 (apêndice H), foi estruturado a partir de teorias oriundas do referencial teórico sobre estratégia competitiva, estratégia de inovação, capacidades dinâmicas e MPEBTs.

Segundo Gil (2008) e Prodanov e Freitas (2013), um questionário de pesquisa é uma técnica investigativa composto por um conjunto de questões que serão submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores e comportamento presente ou passado.

Elaborar um questionário de pesquisa consiste em traduzir os objetivos da pesquisa em questões específicas, sendo que, as respostas a essas indicações, podem fornecer os dados necessários para testar as hipóteses de pesquisa formuladas pelo pesquisador (GIL, 2008).

As perguntas de um questionário de pequisa pode ser fechadas – que apresentam duas alternativas para serem escolhidas –, de múltipla escolha – que apresentam uma série de alternativas possíveis – e do tipo escolada – que apresentam níveis de frequência, intensidade ou hierarquia – (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Complementarmente, a escrita das perguntas deverá ser simples e direta, para que o respondente compreenda com clareza o que está sendo perguntado, não sendo recomendado o uso de gírias, a não ser que se faça necessário, por necessidade de características de linguagem do grupo pesquisado (PRODANOV; FREITAS, 2013; SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009).

Marconi e Lakatos (2008) mostram que juntamente com o questionário deve-se enviar uma carta convite explicando-se a natureza da pesquisa, a sua importância e a necessidade de se obterem as respostas, tentando despertar o interesse do participante em preencher e devolver o questionário de pesquisa dentro de um prazo razoável. A carta convite enviada nesta fase encontra-se no apêndice J.

A coleta de dados na fase 2, qualitativa, utilizará o modelo de entrevista (GIL, 2008; YIN, 2005), conforme explicações posteriores, que é a abordagem mais utilizada no processo de trabalho de campo (MINAYO, 2010) e em trabalhos das Ciências Sociais (GIL, 2008).

Os pontos fortes e os pontos fracos encontrados em um questionário de pesquisa e em um roteiro de entrevista encontram-se expressos no Quadro 12.

Técnica de

coleta de dados Pontos fortes Pontos fracos

Questionário de pesquisa

Se preciso garante o anonimato Baixa taxa de resposta dos questionários Questões objetivas de fácil pontuação Inviabilidade de comprover ou esclarecer

as respostas Padronização das questões que garante a

uniformidade Difícil utilização de questões abertas Deixa em aberto o tempo para os participantes

responderem as questões

Respostas influenciadas pelo desejo de nivelamento social

Facilidade de conversão dos dados para análise Restrito a pessoas aptas a leitura Baixo custo para operacionalização Pode ter itens polarizados ou ambíguos

Roteiro de entrevista

Flexiblidade na aplicação Tempo elevado na aplicação Facilidade de adaptação do roteiro Não garante o anonimato Possibilita a comprovação e o esclarecimento

de respostas Sujeito à subjetividade do pesquisador Taxa elevada de respostas Requer certo nível de treinamento e

experiência

Pode ser enviado a pessoas aptas a leitura Custo considerável para operacionalização Quadro 12 - Comparativo entre questionário de pesquisa e roteiro de entrevista

Fonte – Adaptado de Chaer, Diniz e Ribeiro (2012).

5.4.1 Estudo de caso piloto

Antes de iniciar a coleta dos dados optou-se por realizar etapa preparatória, caracterizada por um estudo de caso piloto, realizada em fevereiro de 2018, cujos objetivos eram verificar, na prática, se a revisão bibliográfica desta tese fora realizada de forma satisfatória, contemplando os principais temas sobre estratégia de inovação, capacidades dinâmicas e MPEBTs e também adequar expressões inerentes à escrita acadêmica, às situações gerenciais cotidianas enfrentadas por dirigentes de MPEBTs.

Como o mote do estudo de caso piloto era obter críticas e sugestões para a realização da coleta de dados resolveu-se entrevistar, por critérios subjetivos, uma pequena empresa de base tecnológica, que atua no setor de automação industrial, devido à formação acadêmica do dirigente e sua capacidade de transformar informações acadêmicas em conhecimento operacional, conforme constatação do pesquisador, devido a pesquisas anteriores.

Apesar de um estudo de caso piloto, a entrevista seguiu critérios acadêmicos qualitativos, sendo caracterizada como uma entrevista semiestruturada (MINAYO, 2010). A entrevista foi gravada e o arquivo com o áudio da entrevista foi transportado para o computador e convertido para o formato MP3. Posteriormente, iniciou-se o processo de transcrição, respeitando-se a integralidade das falas e analisada pela técnica de Análise de Conteúdo (GRANEHEIM; LUNDMAN, 2004). O roteiro utilizado na entrevista encontra-se no apêndice G.

Antes de começar a gravação, ratificou-se com o dirigente o objetivo da entrevista sendo entregue uma cópia do roteiro de entrevista. Em seguida iniciou-se a coleta de dados, sendo permitido, a todo momento, questionamentos, críticas e sugestões do investigado aos tópicos apresentados. Ao final do processo chegou-se aos seguintes resultados:

A firma investigada é de cunho familiar, sendo fundada por dois irmãos, em 1984 e atua no setor de automação industrial. Inicialmente, o objetivo dos proprietários era desenvolver e produzir servo motores drivers, assim como seus componentes eletrônicos que, até então, não eram produzidos no Brasil. Durante a década de 1990, devido às novas oportunidades de mercado, a empresa ampliou sua gama de produtos, especializando-se em soluções sob demanda para automação de processos produtivos.

O trabalho sob demanda permite que a empresa diversifique setores de atuação, modificando seu layout produtivo, de acordo com as necessidades de cada cliente. A forma de produção sob demanda fornece abrangência e perenidade à firma, por meio da flexibilidade e adaptabilidade.

Atualmente, a empresa possui 80 funcionários e desenvolve máquinas e equipamentos para fabricação de dobras de terminais de diodo, sondagens de comportas de hidrelétricas, montagem e fabricação de componentes veiculares, sistemas de freio, direção, rodas, suspensão, chassi, travas de portas, vidros, câmbio, diferencial e fabricação de cosméticos e televisores.

Quanto à definição de inovação, o dirigente investigado cita que empresas inovam para estarem perenes e sobreviverem. Com isso, pode-se entender que perenidade e sobrevivência estão relacionadas com eficácia e vantagem competitivas. A definição de estratégia competitiva utilizada pelo dirigente, parece confirmar a definição de Pisano (2015), de que estratégia competitiva é pesquisa deliberada por um plano de ação. Contudo, enquanto Pisano (2015) considera estratégia competitiva como técnica dinâmica, para o dirigente, estratégia competitiva é estática enquanto o processo é

dinâmico. Nota-se, ainda, que a mesma dicotomia se aplica à estratégia de inovação. Enquanto Jeng e Pak (2016) e Sanches e Machado (2014) definem estratégia de inovação como sendo a capacidade de combinar fontes externas e internas de conhecimento (procedimento dinâmico), o dirigente entrevistado retoma a assunção de estratégia de inovação, como estático, e processo de inovação, como dinâmico.

Michelino et al. (2015) mostram que o processo de P&D, assim como departamento de P&D são indicadores para se medir o grau de inovação de uma empresa. Contudo, ao afirmar que MPEBTs não conseguem destinar recursos para o processo de P&D e nem manter laboratórios de P&D, o dirigente parece corroborar com Stam e Wennberg (2009). Contrariamente ao que mostram Michelino et al. (2015) sobre o uso das patentes, como indicador do nível inovador de uma firma, o dirigente afirma que condições estruturais do país não favorecem depósitos de patentes. Com isso, considerações teóricas sobre uso de patentes e P&D para se mensurar o grau de inovação parece adequar-se ao universo das empresas de grande porte e não às MPEs.

Sobre capacidades dinâmicas, mesmo que o termo não tenha sido utilizado diretamente durante a entrevista, nota-se que, quando o dirigente afirma que o trabalho sob demanda da empresa faz com que cada projeto seja diferente, nota-se necessidade de adequar os recursos para atender às diferentes demandas, o que, por sua vez, parece corroborar Jeng e Pak (2016), Kim, Song e Triche (2015) e Teece, Pisano e Schuen (1997).

As explicações do dirigente sobre os temas estratégia competitiva, estratégia de inovação e capacidades dinâmicas parecem convergir com as afirmações de alguns autores que compõem o referencial teórico desta tese. Esta constatação somada às sugestões do dirigente sobre algumas expressões teóricas facilitaram a adaptação do referencial teórico à prática gerencial dos dirigentes apoiando a elaboração do questionário de pesquisa.

5.4.2 Elaboração do questionário de pesquisa

O questionário de pesquisa (apêndice H) foi elaborado com base no referencial teórico deste trabalho sobre estratégia de inovação, capacidades dinâmicas e MPEBT para

que, ao final da fase 1, conseguisse-se realizar as análises estatísticas, para apoiar a escolha de casos para a realização da fase 2.

Para que os métodos estatísticos propostos pelo pesquisador pudessem ser confirmados no trabalho de campo, optou-se por enviar uma cópia do questionário para três estatísticos para que analisassem a formulação do questionário, composto por questões abertas e fechadas, para, com isso, opinarem sobre os possíveis modos de se analisar os resultados.

As questões fechadas foram elaboradas a partir da escala Likert de 1 a 7, em que 1 indica totalmente sem importância e 7 indica totalmente importante, de acordo com o modelo apresentado por Curado, Muñoz-Pascual e Galende (2018), Jensen e Clausen (2017), Mu (2017), Nieves, Quintana e Osorio (2016) e Sheng (2017).

A questão de número 15, que aborda as principais variáveis para empresas de base tecnológica, foi elaborada a partir do referencial teórico desta tese com destaque para as parcerias com clientes e fornecedores (VAN HEMERT; NIJKAMP; MASUREL, 2013; WANG; HSU, 2010), dinamismo e incerteza ambientais (HERRMANN; SANGALLI; TEECE, 2017; KOZLOWSKI; MATEJUN, 2016; SOK; O’CASS; MILES, 2016), relação com concorrentes (ADAM; STRÄHLE; FREISE, 2018; HAAPANEN; HURMELINNA-LAUKKANEN; HERMES, 2018; HSIAO; HSU, 2018; TURULJA; BAJGORIC, 2019), necessidade de inovação e obsolescência tecnológica (HAAPANEN; HURMELINNA-LAUKKANEN; HERMES, 2018; HSIAO; HSU, 2018; SHENG, 2017) e oportunidades de mercado e pressão sobre preços (BRAMMER; HOEJMOSE; MARCHANT, 2012; DE MASSIS et al., 2018; JENG; PAK, 2016; KOZLOWSKI; MATEJUN, 2016).

Nota-se que as questões de números 18, 19, 20 e 21 do questionário de pesquisa (apêndice H) basearam-se no quadro 3 do referencial teórico desta tese, que elencou os tipos de inovação. Contudo, como o objetivo da fase é realizar análise quantitativa obtendo informações preliminares sobre as MPEBTs investigadas resolveu-se reduzir a amostra para 3 variáveis (produto, processo e serviço). Da mesma maneira, visando facilitar a interpretação das questões pelos dirigentes resolveu-se não abordar, diretamente, as inovações do tipo incremental e radical que, conforme indicado em Ishizaka e Lizarelli (2016) referem-se a conceitos complexos para um survey, pois abordagem o grau de mudança, o risco envolvido e a atuação em novos mercados. Em substituição às inovações acima citadas utilizou-se o lançamento e o aperfeiçoamento de processos, produtos e serviços.

A questão 21 do questionário de pesquisa baseou-se no quadro 5 do referencial teórico desta tese que elencou os recursos organizacionais. Salienta-se que, na fase 2, relativa à etapa qualitativa, a investigação será aprofundada, podendo contemplar variáveis que não foram utilizadas na fase anterior, visando elaborar um modelo que explique estratégias de inovação adotadas por MPEBTs e como tais estratégias são constituídas por capacidades dinâmicas e por processos de formação de capacidades dinâmicas.

O questionário de pesquisa foi estruturado em cinco blocos da seguinte forma, conforme apêndice H:

 O primeiro bloco abrange breves informações cadastrais sobre o dirigente;  O segundo bloco utiliza questões mais amplas para caracterizar tanto a empresa

quanto o seu setor de atuação;

 O terceiro bloco baseado no capítulo 2 utiliza questões para descobrir se a empresa possui uma estratégia competitiva e as principais variáveis, dos ambientes externo e interno, que caracterizam o seu setor de atuação;

 O quarto bloco, também baseado no capítulo 2 refere-se ao processo de inovação e visa descobrir se a empresa possui um departamento de P&D, se possui uma estratégia de inovação definida e se realizou inovações incrementais ou radicais, em produtos, serviços ou processos nos últimos 3 anos;

 O quinto bloco baseado no capítulo 3 visa conhecer os recursos utilizados pela empresa para realizar inovações de processos, produtos e/ou serviços. Nota-se, contudo, que as capacidades dinâmicas não foram diretamente abordadas no questionário de pesquisa. Dessa forma, resolveu-se aproveitar a etapa qualitativa para conhecer os tipos de capacidades dinâmicas utilizados pelas MPEBTs investigadas.