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3. MÉTODO DE PESQUISA

3.2. Classificação da pesquisa

Uma pesquisa científica permite múltiplas classificações e, visando facilitar seu entendimento, torna-se interessante classificá-la segundo os critérios acadêmicos. As figuras apresentadas neste tópico se valeram de informações publicadas por Ruy (2002), Martins (1999) e Anholon (2006). Informações atreladas a critérios específicos foram utilizadas a fim de corroborar as definições e são apresentadas em momentos específicos do texto.

Em relação aos métodos amplos de pesquisa, são quatro as possibilidades de classificações, como mostra a Figura 3.1.

Figura 3.1. Métodos amplos de Classificação da pesquisa (adaptado de Ruy, 2002; Martins, 1999 e Anholon, 2006)

Segundo Lakatos & Marconi (1991), a dedução permite que o pesquisador estabeleça conclusões utilizando o raciocínio lógico a partir de premissas consideradas verdadeiras. As

Métodos Amplos de Pesquisa Método Dedutivo Método Indutivo Método Hipotético- Dedutivo Método Dialético

mesmas, entretanto, não possibilitam generalização das conclusões para outros casos diferentes dos analisados. A indução, ao contrário, após analisar uma quantidade de casos particulares suficientes, permite o estabelecimento de uma verdade geral e é muito aplicada em ciências básicas (Gil, 2010). É importante apresentar a visão de Popper (1975), que, segundo este autor, diz que o método indutivo quanto à observação e à experimentação, por si sós, não produzem conhecimento acadêmico. O método hipotético-dedutivo é aplicado “quando teorias ou leis falham na solução de um problema e, então, é proposta uma nova teoria ou lei que resolva o problema e incorpore a teoria ou lei anterior” (Martins, 1999). E, por último, o método dialético tenta solucionar problemas de uma realidade social específica baseada em seu desenvolvimento histórico.

Tomando por base as informações apresentadas anteriormente, pode-se classificar a pesquisa apresentada por essa dissertação como dedutiva, afinal o autor deduziu as conclusões a partir de premissas verdadeiras expressas por oito gerentes empresariais e nove doutores especialistas na área de manufatura. Mediante ao tamanho da amostra, não se pode generalizar as conclusões apresentadas para todo e qualquer projeto de manufatura enxuto desenvolvido.

Dentro dos procedimentos técnicos, a pesquisa pode ser classificada segundo a abordagem do problema (qualitativa ou quantitativa) e segundo sua estratégia de enfoque (pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa experimental, levantamento, estudo de caso, pesquisa ex-post-facto, pesquisa ação e pesquisa participante), como ilustra a figura 3.2.

Figura 3.2. Procedimentos técnicos para a classificação da pesquisa (adaptado de Ruy, 2002; Martins, 1999 e Anholon, 2006)

Métodos Amplos de Pesquisa Abordagem do problema Estratégia de Enfoque Qualitativo Quantitativo Pesquisa Bibliográfica Pesquisa Documental Pesquisa Experimental Levantamento Estudo de caso Pesquisa Ex-post-facto Pesquisa Ação Pesquisa Participante

Na abordagem qualitativa o pesquisador possui foco na obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares, processos, entre outros, pretendendo entender os acontecimentos ou fenômenos segundo a ótica de cada participante (Godoy, 1995). Já na abordagem quantitativa, o foco reside na definição de um plano com hipóteses e variáveis operacionais para que se possa fazer uma medição objetiva e quantificada dos resultados. Em geral, análises estatísticas são utilizadas no tratamento dos mesmos e permitem maior confiança nas conclusões obtidas. Tomando por base as informações apresentadas, a pesquisa desenvolvida nesta dissertação apresenta uma abordagem quantitativa dos dados, já que todos os dados levantados nas entrevistas com os oito gerentes empresariais e nove especialistas em manufatura foram tratados estatisticamente, a fim de se determinar os processos mais críticos na implantação de projetos de manufatura.

Em relação à estratégia de enfoque, Anholon (2006), tomando por base informações de Gil (1988), apresenta as seguintes definições para cada uma das vertentes:

a) pesquisa bibliográfica: praticamente todos os trabalhos científicos apresentam

uma pesquisa bibliográfica, pois é por meio dela que se forma a base conceitual necessária sobre o tema investigado e se define o estado da arte do mesmo. Para Gil (1988), ela é elaborada a partir de livros e artigos publicados resultantes de pesquisas científicas.

b) pesquisa documental: em geral neste tipo de pesquisa os materiais analisados não

receberam um tratamento analítico de acordo com os objetivos da pesquisa (Gil, 2010).

c) pesquisa experimental: neste tipo de pesquisa um objeto de estudo é submetido à

influência de certas variáveis, em condições pré-determinadas pelo investigador para verificar suas consequências (resultados). Na visão de Gil (2010), caracteriza- se como pelo melhor exemplo de pesquisa científica.

d) levantamento: o levantamento ou survey se caracteriza pelo questionamento de

indivíduos diretamente correlacionados ao tema investigado e cujo comportamento se deseja conhecer. Segundo Gil (1988) “as conclusões são obtidas por análise quantitativa das informações levantadas junto a um grupo significativo”.

e) estudo de caso: no estudo de caso o pesquisador realiza um estudo detalhado do

(2001) um estudo de caso é de grande valia quando o fenômeno a ser estudado é amplo e não pode ser analisado fora do contexto no qual está inserido.

f) pesquisa ex-post-facto: uma vez ocorrido o fato, o pesquisador procura realizar

um experimento a fim de identificar suas causas. Este fato acaba levando a um controle menos rígido das variáveis (Anholon, 2006).

g) pesquisa ação: Segundo Engel (2000), “a pesquisa-ação é um tipo de pesquisa

participante engajada, em oposição à pesquisa tradicional, que é considerada como independente, não-reativa e objetiva. Como o próprio nome já diz, a pesquisa-ação procura unir a pesquisa à ação ou prática”. Ela é uma pesquisa na qual os pesquisadores e participantes representativos da situação estão envolvidos de modo cooperativo e participativo (Thiollent, 1985).

h) pesquisa participativa: a única diferença entre a pesquisa ação e a pesquisa

participativa, segundo Gil (2010), é que a pesquisa-ação se desenvolve de uma maneira mais planejada. Do mais, também se caracteriza como uma pesquisa na qual os pesquisadores e pesquisados atuam de modo cooperativo e participativo.

Após tais explanações teóricas, é possível classificar a pesquisa apresentada por essa dissertação como pesquisa bibliográfica (no momento em que foi feita toda a revisão da literatura acerca dos conceitos de manufatura enxuta, gestão de projetos e trabalhos correlacionados) e levantamento (pelo fato de questionar oito gerentes de empresas e nove especialistas em manufatura sobre os processos mais críticos na implantação de projetos de manufatura enxuta).

Em relação à sua natureza, a pesquisa científica pode ser classificada como básica ou aplicada. Por sua vez, quando abordados os objetivos, a mesma pode assumir as vertentes exploratória, descritiva ou explicativa. A Figura 3.3 ilustra estas possibilidades.

Figura 3.3. Classificação segundo a natureza e objetivos da pesquisa (adaptado de Ruy, 2002; Martins, 1999 e Anholon, 2006)

Pesquisa Natureza Objetivos Básica Aplicada Exploratória Descritiva Explicativa

A pesquisa básica é aquela cujo principal foco reside na geração de novos conhecimentos, sem uma aplicação específica até o momento de sua realização. A pesquisa aplicada, ao contrário, procura gerar soluções para problemas do cotidiano. (Silva e Menezes, 2001).

Baseado nestas definições pode-se afirmar que a pesquisa desenvolvida por essa dissertação é aplicada, afinal não pretende desenvolver novos conhecimentos sem aplicações no cotidiano das empresas, mas sim identificar processos críticos ao longo da implantação de projetos de manufatura enxuta e possibilitar o desenvolvimento de novas técnicas que melhorem a eficiência dos referidos projetos, seja em trabalhos futuros do autor desta dissertação ou de outros pesquisadores.

Em relação aos objetivos, Gil (2010) define como pesquisa exploratória aquela que busca maior familiaridade com a questão investigada. Para tal, o mesmo autor recomenda a realização de levantamentos bibliográficos e documentais, análise de exemplos, estudos de caso, entrevistas etc., tudo objetivando uma maior compreensão do fato. Na pesquisa descritiva, o foco é na descrição das características de um determinado fenômeno e, para tal, buscam-se constantemente relações entre variáveis que possam ter influenciado o ocorrido. Por último, na pesquisa explicativa busca identificar os fatores que contribuem para a ocorrência de um determinado fato (Gil, 2010).

Após esta explanação, torna-se evidente que a pesquisa desenvolvida por essa dissertação apresenta características exploratórias, uma vez que o objetivo principal é justamente obter maior familiaridade com os projetos de manufatura enxuta, identificando seus processos mais críticos.

Por fim, a metodologia de pesquisa apresenta classificações para a técnica utilizada para a coleta de dados, podendo a mesma ocorrer por meio de entrevistas (estruturada, semiestruturada ou desestruturada), questionários, documentos, observação direta ou observação participante). Outra possibilidade estaria associada não à coleta de dados, mas sim à simulação. A Figura 3.4 ilustra estas possibilidades.

Figura 3.4. Classificação segundo coleta de dados e simulação (adaptado de Ruy, 2002; Martins, 1999 e Anholon, 2006)

Marconi (1990) vê a entrevista estruturada como uma técnica por meio da qual o pesquisador realiza uma série de perguntas ao entrevistado se valendo de um roteiro pré- estabelecido. Na visão de Anholon (2006), esse roteiro pode se caracterizar por um formulário aplicado de forma padronizada a todos os entrevistados. À medida que se proporcionar maior grau liberdade nas respostas dos questionados, parte-se para a entrevista semiestruturada e quando esta liberdade é plena, dentro da temática abordada, tem-se a pesquisa desestruturada. Neste último caso, o tema é exposto e o entrevistado possui liberdade para falar sobre o que desejar (Gil, 2010).

O questionário pode ser entendido como uma série de perguntas que devem ser respondidas pelo entrevistado por escrito e sem a presença do pesquisador. Para Lakatos e Marconi (1991) e Andrade (1999), quando o preenchimento é feito com a presença do pesquisador e os dados são preenchidos por ele, tem-se a caracterização de formulário e não de um questionário. Quando a coleta de dados ocorre por meio de documentos, recomenda-se que a mesma siga uma lógica pré-estabelecida.

Para a coleta de dados por observação são duas as possibilidades: direta ou participante. Ruy (2002) apud Anholon (2006) argumenta que, na primeira a observação se dá de forma passiva, ao passo que na segunda, o pesquisador se torna parte dos eventos estudados.

Por fim, Kleiboer (1997) define a simulação como um modelo que reflete características centrais de um determinado sistema, processo ou ambiente, sendo ele real ou proposto. Para Gil (2010), a simulação caracteriza por uma tentativa de modelar a realidade.

Pesquisa Coleta de Dados Simulação Entrevista Questionário Documentos Observação Estruturada Semiestruturada Desestruturada Direta Participante

Após a explanação realizada, pode-se realizar a classificação da pesquisa apresentada por essa dissertação segundo a coleta de dados. A mesma se valerá de entrevistas estruturadas com o respaldo de um formulário utilizado para a coleta de dados, uma vez que indagará oito gerentes empresariais e noves especialistas em manufatura enxuta acerca dos processos críticos na implantação de projetos de manufatura enxuta tomando por base as diretrizes da quinta edição do PMBOK (PMI, 2013).

Em suma, a presente pesquisa apresenta a seguinte classificação global: dedutiva, quantitativa, pesquisa bibliográfica, levantamento auxiliado por formulário, aplicada, exploratória e entrevistas estruturadas.