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4. CARACTERÍSTICAS DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS

4.1. Medidas empíricas das exportações

4.1.1. Classificação de 1 (um) dígito das exportações

O gráfico 8 ilustra as funções de distribuição cumulativa para os 10 setores da classificação de 1 (um) dígito das Nações Unidas, as funções de distribuição cumulativa foram calculadas segundo metodologia apresentada na equação 13. Os setores mais tradicionais observados, em que as curvas da função de distribuição cumulativa estão posicionadas à esquerda, foram os setores “produtos alimentares e animais vivos”, “óleos e gorduras de origem animal ou vegetal”, “artigos manufaturados diversos; bebidas e tabacos” e “artigos manufaturados, classificados principalmente segundo a matéria prima”.

Gráfico 8 – Exportações cumulativas

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 196219631964196519661967196819691970197119721973197419751976197719781979198019811982198319841985198619871988198919901991199219931994199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009

Produtos alimentares e animais vivos Bebidas e Tabacos

Materiais crus, não comestíveis, exceto combustíveis Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais conexos Óleos e gorduras de origem animal ou vegetal Elementos e componentes químicos

Artigos manufaturados, classificados principalmente segundo a matéria prima Máquinas e equipamentos de transporte

Artigos manufaturados diversos

Mercadorias e transações não classificadas Fonte: Dados da pesquisa

Esse resultado apresenta o fato de que os setores que se classificaram como mais tradicionais refletem uma maior representatividade das exportações no início do período analisado, enquanto as funções dos setores menos tradicionais deslocadas para a direita, indicando intensificação das exportações

nos anos mais recentes. De forma geral, quanto maior o crescimento das exportações de uma determinada indústria em períodos recentes, mais à direita estará a sua curva da função de distribuição cumulativa, assim como uma indústria que apresente exportações constantes ao longo do período apresentam uma curva com o formato linear.

O gráfico 8 apresenta que a exportação de setores mais tradicionais como os “produtos alimentares e animais vivos” e “óleos e gorduras de origem animal e vegetal” se destacaram como setores que mantiveram, com pequenas oscilações, suas exportações. No entanto, outros setores como o de “combustíveis minerais, lubrificantes e materiais conexos” e as “mercadorias e transações não classificadas” apresentaram crescimento das exportações em períodos mais recentes, o que provocou o deslocamento para a direita da função de distribuição cumulativa.

Para visualizar melhor as funções de distribuição cumulativa dos setores, os gráficos 9 e 10 apresentam as curvas dos 5 setores mais tradicionais e os 5 setores menos tradicionais.

Gráfico 9 – Exportações cumulativas: 5 setores mais tradicionais

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 196 2 196 3 1964 1965196 6 1967196819691970197 1 1972 1973 197 4 197 5 1976 1977197 8 1979198019811982198 3 1984 1985 198 6 198 7 1988 1989199 0 19911992 19931994199 5 1996 1997199 8 199 9 2000 2001200 2 200 3 2004 20052006200 7 20082009

Produtos alimentares e animais vivos Bebidas e Tabacos

Óleos e gorduras de origem animal ou vegetal

Artigos manufaturados, classificados principalmente segundo a matéria prima Artigos manufaturados diversos

Dentre os setores mais tradicionais, pode-se destacar o aumento da representatividade das exportações dos setores de “artigos manufaturados diversos” e “bebidas e tabacos”, principalmente a partir do início da década de 1990. Os setores de “produtos alimentares e animais vivos” e “óleos e gorduras de origem animal ou vegetal” apresentaram um comportamento mais linear em relação aos outros setores.

Dentre os setores menos tradicionais, as curvas apresentaram uma trajetória semelhante ao longo do tempo, com exceção das exportações do setor “combustíveis minerais, lubrificantes e materiais conexos”, que apresentou menor representatividade principalmente durante a década de 1990.

Gráfico 10 – Exportações cumulativas: 5 setores menos tradicionais

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 196219631964196519661967196819691970197119721973197419751976197719781979198019811982198319841985198619871988198919901991199219931994199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009

Materiais crus, não comestíveis, exceto combustíveis Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais conexos Elementos e componentes químicos Máquinas e equipamentos de transporte

Mercadorias e transações não classificadas Fonte: Dados da pesquisa

Mesmo ao separar as funções entre os setores mais e menos tradicionais, alguns setores apresentam grande semelhança no formato de suas curvas. A hipótese de que duas ou mais indústrias apresentem funções cumulativas da

experiência de exportações idênticas foi testada contra a alternativa de que uma das indústrias seja mais tradicional pelo índice de tradicionalidade19, onde as indústrias mais tradicionais apresentam maiores valores para esse índice. Os resultados são apresentados no Quadro 2.

Além disso, a condição da representatividade do quantum das exportações ao longo do período analisado não está necessariamente associada ao índice de tradicionalidade. Para exemplificar, o setor de “máquinas e equipamentos de transporte” foi responsável por 21,19% dos recursos oriundos das exportações para o Brasil e representa o quarto setor menos tradicional dentre os analisados. Esse resultado pode ser justificado pelo aumento da participação desse setor nas exportações totais em períodos mais recentes.

Quadro 2 – Índice de tradicionalidade e representatividade das indústrias exportadoras – Classificação 1(um) dígito das Nações Unidas

Rank Código Indústria Índice de tradicionalidade Variância do índice de tradicionalidade Total de Exportações US$ % 1 S1-3

Combustíveis minerais, lubrificantes e

materiais conexos 0,149924 0,031543 94648843418 5,03%

2 S1-9

Mercadorias e transações não

classificadas 0,18442 0,044937 32156347896 1,71%

3 S1-5 Elementos e componentes químicos 0,197538 0,053553 122126151578 6,49%

4 S1-7 Máquinas e equipamentos de transporte 0,204503 0,058753 398717552747 21,19%

5 S1-2

Materiais crus, não comestíveis, exceto

combustíveis 0,220204 0,049121 299018111247 15,89%

6 S1-6

Artigos manufaturados, classificados principalmente segundo a matéria

prima 0,233733 0,06945 351403689384 18,68%

7 S1-1 Bebidas e Tabacos 0,248803 0,070002 35763032762 1,90%

8 S1-8 Artigos manufaturados diversos 0,262656 0,081028 89309202639 4,75%

9 S1-0 Produtos alimentares e animais vivos 0,284816 0,061211 427563740285 22,73%

10 S1-4

Óleos e gorduras de origem animal ou

vegetal 0,298515 0,070561 30727443604 1,63%

Fonte: Dados da pesquisa.

Um ponto importante a ser destacado sobre o padrão identificado no Quadro 2 é a determinação da maior tradicionalidade para as indústrias de produtos primários em relação aos manufaturados. Segundo os argumentos dos

19

estruturalistas Raul Prebisch (1950) e Hans Singer (1950), esse quadro de tradicionalidade pode apresentar problemas para o Brasil caso exista uma tendência geral de declínio dos termos de troca dos produtos primários.

Cabe destacar que, apesar dos dois setores mais tradicionais representarem, em sua maioria, produtos primários, as exportações brasileiras apresentaram também dentre os setores mais tradicionais indústrias de produtos manufaturados como os artigos manufaturados diversos e segundo a matéria prima, o que está ligado a um movimento de diversificação vertical, com o aumento da participação da indústria de produtos manufaturados nas exportações totais.

Como os dados do total das exportações foram apresentados para todo o período de análise se verificou uma distribuição entre os setores de maior representatividade na classificação entre os mais tradicionais. Enquanto o setor de “Produtos Alimentares e Animais Vivos” tem a maior representatividade do período e foi considerado o segundo setor mais tradicional, por outro lado o setor de “Máquinas e equipamentos de transporte” apresentou uma alta contribuição às exportações totais e se situou como o quarto setor menos tradicional, o que indica que o crescimento das exportações desse setor ocorreu em períodos mais recentes.