• Nenhum resultado encontrado

A metodologia deste estudo se aproxima daquela adotada nos testes realizados por Jayme Jr. (2003), Lopez e Cruz (2000), Bértola, Higachi e Porcile (2002) e León-Ledesma (2002), que testam a Lei de Thirlwall estimando diretamente a equação de crescimento compatível com equilíbrio externo, conforme a equação (8) derivada anteriormente.

Esse estudo se baseou na teoria keynesiana que considera o produto sendo determinado pelos insumos e não o contrário, ou seja, segundo Thirlwall (1979), restrições na demanda agregada apresentam-se como fator de limitação ao crescimento mais significativo. Nesse sentido, esse estudo também propõe a análise do crescimento do produto brasileiro por uma visão orientada pelo lado da demanda.

É fundamental esclarecer que a abordagem do crescimento sob restrição externa na tradição de Thirlwall, embora esteja assentada no pressuposto de que restrições na demanda agregada apresentam-se como fator de limitação mais significativo ao crescimento no longo prazo, não ignora a relevância de fatores associados à oferta agregada. Afinal, se as elasticidades-renda do comércio internacional são, por um lado, determinantes da demanda agregada, são o reflexo, por outro lado, de uma variedade de fatores em nível de oferta que condicionam a competitividade estrutural da economia.

O modelo de Thirlwall foi extendido a partir da introdução, na função de demanda por exportações e importações, pela inclusão dos dados dos setores exportadores na análise de dados em painel.

Segundo Thirlwall (2002), a equação (7) descreve algumas implicações econômicas importantes como:

- além da comprovação da condição de Marshall-Lerner12 (γ +η >1), as mais pertinentes para o nosso estudo são a dependência do crescimento de

12

A condição de Marshall-Lerner afirma que uma depreciação (apreciação) real conduz ao aumento (queda) das exportações líquidas. A soma das elasticidades-preço das exportações e importações (em

produção doméstica em virtude da demanda estrangeira (z) e o impacto inverso de uma maior penetração de importações (π ) no crescimento da produção doméstica;

- a melhoria dos termos de troca

(

pdepf

)

>0, melhora a taxa de crescimento do país de modo compatível com o equilíbrio do balanço de pagamentos. Esse é o efeito dos termos de troca sobre o crescimento da renda real captado pelo modelo;

- a alta mais rápida dos preços do país em relação a outros países reduz a taxa de crescimento compatível com o balanço de pagamentos desse país, quando a soma das elasticidades-preço (negativas) é maior que um, isto é,

(

1+γ +η

)

<0;

- a desvalorização da moeda

(

e>0

)

eleva a taxa de crescimento compatível com o equilíbrio do balanço de pagamentos quando a soma das elasticidades-preço é maior que um (em valores absolutos). Esse é o análogo dinâmico da situação estática de Marshall-Lerner para a melhora do balanço de pagamentos após a desvalorização da moeda. Observa-se, entretanto, que a depreciação ou desvalorização da moeda de uma vez por todas não pode colocar o país em uma via de crescimento permanentemente maior e compatível com o equilíbrio do balanço de pagamentos, uma vez que, no período subseqüente à desvalorização, e=0, e assim, a taxa de crescimento retornaria a seu nível anterior. Usando funções de demanda com elasticidade constante, a desvalorização da moeda tenderia a ser contínua, mas isso não tardaria a passar para os preços internos, anulando a vantagem cambial;

- a equação mostra a interdependência dos países porque o desemprego de um país em termos de crescimento (y) está ligado ao de todos os outros (z). Contudo, a rapidez com que um país pode crescer em relação a todos os demais, preservando o seu balanço de pagamentos, depende crucialmente de ε , a elasticidade-renda da demanda de exportações;

valores absolutos) devem ser maiores que 1 para que essa condição seja satisfeita. A derivação matemática da condição de Marshall-Lerner é apresentada no Apêndice E.

- a taxa de crescimento compatível com o equilíbrio do balanço de pagamentos tem relação inversa com a demanda por importações, medido por π .

Baseado em uma suposição bastante realística de que os preços relativos mensurados em uma moeda comum permaneçam inalterados no longo prazo13,

f

d e p

p − − =0, o crescimento de produção consistente com o equilíbrio do balanço de pagamentos se reduz a:

π εz ybp = (19)

A equação (19) representa o modelo de Thirlwall que estabelece que o país vai crescer mais rápido se a elasticidade-renda da demanda por exportações for maior que a elasticidade-renda da demanda por importações.

Ao objetivar maiores taxas de crescimento, esse modelo sugere a realocação de recursos para a produção de bens exportáveis com maior elasticidade-renda da demanda nos mercados internacionais. Adicionalmente, se torna necessário um maior investimento em infra-estrutura, pesquisa e na qualificação do capital humano para promover a produtividade e consequentemente, tornar as exportações mais competitivas nos mercados internacionais.

Nesse estudo, o modelo adotado para a estimação empírica da lei de Thirwall no Brasil representa as equações (5) e (6) para as exportações e importações como: t ft dt t t u P P Z a X 0 log( ) log 1 log ⎟+ ⎠ ⎞ ⎜ ⎜ ⎝ ⎛ + + = ε γ (20) t dt ft t t u P P Y b M 0 log( ) log 2 log ⎟⎟+ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎝ ⎛ + + = π η (21) 13

Isto é conhecido como paridade do poder de compra em mercados internacionais que estabelece que o papel de variação de taxa de câmbio é minimizar a diferença entre a inflação doméstica e estrangeira.

O termo Xt representa o volume de exportações, Mt representa o volume de importações, Yt representa a renda doméstica, Zt representa a renda mundial, Pd é o preço das exportações em moeda doméstica; Pf é o preço das

importações em moeda estrangeira, e η são as elasticidades-preço da demanda por exportações e importações, respectivamente, e ε e π são as elasticidades- renda da demanda por exportações e importações, respectivamente, a0 e b0 são parâmetros de intercepto e a variável ut é o erro aleatório.