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O propósito dessa seção é apresentar medidas de mudança estrutural e diversificação das exportações. Como primeiro passo, assim com especificado

por Piñeres e Ferrantino (2000), calcula-se uma função cumulativa da experiência das exportações que é obtida pela fórmula:

= = = 1 0 0 t t i it t t i it it k k c (13)

onde kit representa as exportações do setor i no período t (t0 representa o período

inicial e t1 representa o período final da amostra). A variável cit possui

propriedades semelhantes de uma função de distribuição cumulativa, ou seja, essa tem o valor de 0 (zero) no início do período e cresce até 1 (um) no período final. Assim, uma indústria cuja experiência de exportações esteve concentrada no início do período de análise pode ser diferenciada da indústria com concentração das exportações no final do período.

As indústrias com concentração das exportações no início do período são denominadas indústrias “tradicionais”, enquanto que a concentração das exportações no final do período classifica as indústrias como “não tradicionais”. As indústrias mais “tradicionais” teriam suas curvas da função de distribuição cumulativa posicionadas à esquerda em relação as curvas das outras indústrias, indicando exportações representativas no início do período e permanecem constantes ou diminuem com o passar do tempo, enquanto que as indústrias “não tradicionais” têm suas curvas posicionadas à direita, indicando maior intensidade das exportações desses produtos no final do período. De forma geral, quanto mais rápido for o recente crescimento das exportações de uma indústria, mais à direita estará a curva da função de distribuição cumulativa dessa.

Por esse método, é possível que as indústrias apresentem funções cumulativas da experiência de exportações semelhantes, o que pode dificultar a análise dos resultados. Uma das formas de ordenação das exportações é pela tradicionalidade com a construção de um índice que representa a média da experiência de exportações cumulativa para cada indústria.

1 0 1 1 0 + − =

= t t c T t t i it i (14)

onde indústrias mais tradicionais apresentam um maior valor para Ti. Através desse índice pode-se ordenar as exportações segundo o critério de tradicionalidade evitando dificuldades na classificação de setores exportadores que apresentam padrões de crescimento semelhantes ao longo do tempo.

Neste trabalho foram calculadas três medidas para capturar a mudança estrutural no médio prazo, no curto prazo e na diversificação da composição das exportações.

A primeira medida é denominada como TRAD5 e representa a variância do índice de tradicionalidade entre as indústrias, esta medida é construída utilizando intervalos de cinco anos para todo o período analisado. Por exemplo, o valor para o TRAD5 de 1997 será igual a variância dos valores de Ti obtidos para todas as indústrias analisadas usando o período entre 1995 e 1999. O resultado foi interpretado de forma que maiores valores de TRAD5 implicam que as indústrias experimentaram um padrão relativamente divergente de crescimento das exportações durante o período analisado. Assim, uma maior variância será interpretada como um episódio de mudança estrutural centrada no período de análise. Uma variância baixa implicará em uma composição das exportações relativamente estável para o intervalo de 5 anos analisado.

A segunda medida analisa a mudança na composição das exportações para o período de 1 (um) ano. Essa medida será denominada como CSX e representada pela fórmula: min( , , 1) 1 , − =

= it N i t i s s CSX (15)

Onde N é o número de indústrias exportadoras e si,t é a parcela das exportações

da indústria i nas exportações nacionais para o ano t:

( )

∈ = N i it t i t i k k s , 1 , , , (16)

A medida CSX possui o valor máximo de 1 (um), quando não existe mudança na composição das exportações e o valor mínimo de 0 (zero) se o país exporta um conjunto de produtos sendo que, desses, muito pouco ou nenhum era exportado no ano anterior. Valores elevados para a medida CSX indicam estabilidade da composição das exportações no curto prazo.

E, finalmente, a terceira medida representa uma medida estática da especialização, denominada SPECL e calculada como:

∑( )

= = N i t i s SPECL 1 2 , (17)

onde N é o número de indústrias exportadoras e si,t é a parcela das exportações da indústria i nas exportações nacionais para o ano t, assim como no cálculo de

CSX.

A medida de SPECL é uma medida similar análoga ao índice de Herfindal-Hirschman usado para medir a concentração industrial. O resultado próximo de 1 (um) implica no foco das exportações em poucos bens (alto grau de especialização) e o próximo de 0 (zero) representa um alto grau de diversificação das exportações do país para o período de análise.

Herzer e Nowak-Lehmann (2004) distinguiram dois tipos de diversificação, a vertical e a horizontal. A diversificação horizontal no modelo refere-se ao número de setores ou produtos comercializáveis. Assim, quanto maior o número de setores/produtos comercializáveis, maior a diversificação das exportações. Para captar o efeito da diversificação horizontal no crescimento

econômico foi utilizado o índice SPECL, conforme apresentado por Piñeres e Ferrantino (2000).

Quanto à diversificação vertical, a definição apresentada por Herzer e Nowak-Lehmann (2004) diz respeito à participação de produtos manufaturados no total das exportações. O parâmetro que foi utilizado para captar esse efeito é o PMAN que foi calculado da seguinte forma:

it it EXtot EXman PMAN= (18)

em que a participação dos produtos manufaturados é, para cada período, o resultado da razão entre as exportações de manufaturados do país e as exportações totais.

Com essas variáveis é possível obter a dinâmica da mudança estrutural das exportações fazendo a análise em conjunto com variáveis como o crescimento do PIB do país, do crescimento das exportações do país, do crescimento do PIB mundial, o saldo da balança comercial e da taxa de câmbio. Esta última variável foi incluída no sentido de capturar possíveis efeitos da curva J.

Uma depreciação cambial inicialmente significa exportações mais baratas e importações mais caras, fazendo com que o saldo da balança comercial piore. Depois de um tempo, o volume das exportações aumenta por causa de seus preços mais baixos e compradores estrangeiros e consumidores domésticos comprariam menos produtos importados, agora mais caros. Assim, a balança comercial melhoraria. Esses efeitos dão origem a uma curva no formato de J, conhecida na literatura como J-Curve, onde o primeiro estágio, período da depreciação, ocorre a piora da balança comercial e, logo após, inicia-se um processo de recuperação até que ultrapassa o ponto inicial.