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3 O TRABALHO DOS GARIS COLETORES DE RESÍDUOS

3.2 Classificação dos resíduos sólidos

De início, é importante esclarecer que existem várias formas para classificar os resíduos, neste trabalho foi adotada a mesma linha de classificação apresentada pela NRB 10.004 da ABNT.

Dessa forma, segundo Santos (2008), os resíduos sólidos podem ser classificados segundo sua origem ou natureza. Quanto à origem podem ser urbanos, industriais, de serviços de saúde, de atividades rurais e rejeitos radioativos. Quanto à natureza, perigosos (classe I), não-inertes (classe II) e inertes (classe III).

Os resíduos sólidos urbanos, também conhecidos como lixo doméstico, são aqueles gerados nas residências, no comércio ou em outras atividades desenvolvidasnas cidades. Nesse grupo, também estão incluídos os resíduos dos logradouros públicos, como ruas e praças, denominados por lixo de varrição ou público (SANTOS, 2007).

Dentre os vários resíduos sólidos urbanos gerados, são normalmente encaminhados para disposição em aterros sob responsabilidade do poder municipal os resíduos de origem domiciliar ou aqueles com características similares, como os comerciais, e os resíduos de limpeza pública (CASTILHOS JÚNIOR et al., 2003).

Os resíduos de atividades rurais são aqueles provenientes da atividade agrosilvopastoril, inclusive os resíduos dos insumos utilizados nessas atividades, portanto, as

embalagens de adubos, de defensivos agrícolas e de ração, bem como os restos de colheita e o esterco animal enquadram-se nessa definição (SANTOS, 2007).

Os rejeitos radioativos são resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de inserção especificados de acordo com as normas da Comissão Nacional de Energia Nucelar (CNEN). Podem vir de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia (MONTEIRO et. al., 2001).

Os resíduos perigosos (classe I) são aqueles que apresentam periculosidade ou uma das características seguintes: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade ou patogenicidade (CASTILHOS JÚNIOR et al., 2003).

Os resíduos não-inertes (classe II) são aqueles que podem apresentar características de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de resíduos classe I – perigosos ou classe III – inertes (MONTEIRO et. al., 2001).

E por fim, os resíduos inertes (classe III) são aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização, não tem nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Isto significa dizer que a água permanecerá potável quando em contato com o resíduo (MONTEIRO et. al., 2001).

O serviço de coleta de lixo é classificado em duas categorias: regular e programada. A regular diz respeito aos serviços de natureza sistemática e rotineira, tais como o recolhimento dos resíduos domiciliares e comerciais, dos resíduos especiais das unidades de atenção à saúde, dos resíduos de varrição etc. A coleta programada refere-se ao atendimento a demandas específicas de outras instâncias da administração municipal, de outros órgãos públicos (estaduais e federais), de empresas privadas, de empresas concessionárias de serviços públicos e da população geral, pelo recolhimento de resíduos especiais, gerados episodicamente, que não necessitem ser removidos de imediato, tais como entulhos de construção e∕ou demolição, móveis e grandes eletrodomésticos imprestáveis, resíduos da poda da arborização pública ou privada etc. (MESQUITA JÚNIOR; VELOSO; ZVEIBIL, 2001).

A coleta de lixo domiciliar urbano refere-se ao código 5142-05 da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), “Coletor de lixo domiciliar”, e à classe 3811-4 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), “Coleta de resíduos não- perigosos”. De acordo com a CBO, são doze as competências pessoais necessárias ao bom desempenho da função, sendo elas: 1) demonstrar agilidade; 2) demonstrar destreza manual; 3) demonstrar educação no trato com as pessoas; 4) demonstrar senso de responsabilidade; 5) demonstrar controle emocional; 6) demonstrar atenção; 7) demonstrar equilíbrio físico; 8)

contornar situações adversas; 9) demonstrar espírito de equipe; 10) demonstrar preparo físico; 11) praticar ginástica laboral; e 12) demonstrar presteza.

Nunesmaia (2002) aponta que os principais entraves ao equacionamento da problemática dos resíduos urbanos, sem desconsiderar a corresponsabilidade dos demais cidadãos, são a falta de coerência na escolha das diferentes modalidades de gestão por parte dos Governos municipais e a ineficácia na articulação integrada de seus componentes, que agem de forma deficitária ou até mesmo ausente no cumprimento de suas atribuições.

Na prática, observa-se comumente nas cidades brasileiras uma política contínua de evacuação final do lixo em ambientes degradados, geralmente em áreas receptoras situadas em bolsões ou vazios da malha urbana. São exatamente esses ambientes degradados (terrenos baldios, quintais e córregos) que, em face do acúmulo progressivo de resíduos, constituem o embrião dos futuros lixões (FADINI; FADINI, 2001).

Inserindo a realidade de Fortaleza-CE, que conta com mais de 2.500.000 habitantes (SANTOS, 2008), são produzidas 3.000 toneladas/dia de resíduos sólidos urbanos (EMLURB, 2007). A cidade contabilizou 5 lixões em um período compreendido entre 1956 e 1998 (SANTOS, 2008).Atualmente, está prestes a saturar a capacidade (vida útil) do Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia (ASMOC), para onde destina seus resíduos desde 1998 (SANTOS et al., 2006).

A capital cearense conta com um Sistema de Gerenciamento de Lixo formado por coleta urbana formal (da qual participam cerca de 450 garis), usina de triagem (com 127 catadores) e aterramento sanitário, além de 15 associações de catadores, incontáveis depósitos de materiais recicláveis e aproximadamente 6.000 catadores „independentes‟ – aqueles que perambulam pelas ruas puxando “carrinhos” à procura de recicláveis (SANTOS, 2008).

Siqueira e Morais (2009) relatam que, em face ao alto índice de desemprego, a estratégia de sobrevivência encontrada pela população de excluídos é “coletar lixo”, como forma de obter renda para o próprio sustento. As autoras ainda apontam um perfil de catadores, subdivididos em três categorias: catadores de rua, catadores cooperados e catadores de lixão.

Este estudo foi direcionado para os garis coletores, os quais, conforme a descrição resumida do CBO, efetuam a limpeza das ruas, parques, jardins e outros logradouros públicos, varrendo-os e coletando os detritos ali acumulados, para manter os referidos locais em condições de higiene e trânsito. Este trabalho, porém, expõe o trabalhador a vários tipos de situações que provocam muitos danos à saúde.

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