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Classificação dos sistemas de rega

No documento grundfospressurizacao (páginas 185-188)

11. Sistemas de rega sob pressão: eficiência, polivalência

11.2 Classificação dos sistemas de rega

11.2.1 Sistemas de rega por gravidade

Há quem considere os métodos de rega como sinónimos de sistemas de rega. Contudo, teoricamente o método diz mais respeito ao fenómeno físico predominante enquanto os sistemas têm mais que ver com o material, tipo de instalação e funcionamento. É muito complexo classificar com rigor os sistemas de rega, por haver situações híbridas e combinadas, difíceis de definir. Contudo, poderíamos dividir os sistemas de rega em sistemas de rega por GRAVIDADE (escoamento ou infiltração em superfície livre) e por PRESSÃO (escoamento em pressão), com uma subdivisão em processos de rega. Uma das classificações adoptadas em Portugal é aqui apresentada no QUADRO 1 (Sistemas de rega por gravidade) e no QUADRO 2 (Sistemas de rega sob pressão). Foi extraída da extinta disciplina de Hidráulica Geral e Agrícola, do Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa (Mayer, 1945), com algumas actualizações introduzidos principalmente por Oron & Beltrão (1993) e por Raposo (1996 b).

QUADRO 1 - SISTEMAS DE REGA POR GRAVIDADE

Método - Escorrimento Método - Submersão Método - Infiltração Processos: Regadeiras de nível Regadeiras inclinadas Planos inclinados Cavaletes Faixas Processos: Processos:

Submersão permanente: Sulcos

Rega subterrânea Canteiros Submersão Temporária: Caldeiras Simples Coroa circular

Fig. 1 - Instalação de rega por aspersão estacionária semi - fixa

Fig. 2 - Instalação de rega por aspersão estacionária completamente fixa num campo de golfe (Rosado, 2002).

As principais vantagens e inconvenientes da rega por aspersão em relação à rega por gravidade são as seguintes:

Vantagens:

1) não necessita a preparação do terreno (nivelamento e armação) necessária nos sistemas de rega por gravidade; 2) permite mais facilmente controlar a dotação de rega; A classificação em escorrimento, submersão e infiltração

diz respeito ao fenómeno físico predominante observado durante a rega.

No caso dos sistemas de rega por escorrimento, a água escorre por todo o terreno a regar, infiltrando-se no solo. Actualmente apenas tem interesse o sistema por rega por faixas pois é o único que permite a mecanização, embora a sua utilização em Portugal seja relativamente pequena. Contudo ainda se utiliza no norte de Portugal, em zonas de maiores declives, o sistema de rega por regadeiras de nível. A rega por submersão pode ser permanente e temporária. Os canteiros são utilizados em Portugal principalmente nos arrozais, sendo neste caso a submersão permanente. As caldeiras são de submersão temporária; as simples eram utilizadas antigamente para regar por submersão temporária as árvores de fruto; actualmente, nas laranjeiras, a caldeira disposta em coroa circular, como prevenção contra a gomose basal; contudo, este sistema de caldeiras é apenas hoje utilizado em pequenas explorações, tendo sido substi- tuído nas explorações intensivas por sistemas de rega loca- lizada.

Os sistemas de rega por gravidade, em que se utiliza a infil- tração como fenómeno físico predominante, incluem a rega por sulcos e a rega subterrânea. Dentro dos sistemas de rega por gravidade é o dos sulcos o mais empregado em Portugal. Este sistema é utilizado em culturas dispostas em linhas, sendo a água de rega distribuída nos sulcos, abertos entre as linhas das plantas, humedecendo o solo por infil- tração. Na rega subterrânea, utiliza-se a ascensão capilar da água, proveniente da toalha freática artificial ou através do controlo de uma toalha natural, mantendo-a a uma profun- didade conveniente.

11.2.2 Sistemas de rega sob pressão

11.2.2.1 Aspersão (instalações estacionárias e

semoventes)

Os sistemas de rega sob pressão são apresentados no QUADRO 2. Os fenómenos físicos predominantes são para a rega por aspersão e para a rega localizada, respectiva-

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Inconvenientes:

1) consumo de energia muito elevado;

2) grande problema com velocidades do vento elevadas produzem distribuições de água muito irregulares; 3) custo das instalações elevado;

4) desenvolvimento de doenças, devido à rega da parte aérea das plantas;

5) impossibilidade de aplicação de águas salinas em culturas não tolerantes à salinidade, por humedecimento da parte aérea das plantas;

6) altas perdas de água em climas muito ventosos ou áridos; 7) dificuldade (penoso para os operadores) para as mudanças de tubagens nas instalações móveis em solos de textura fina.

As instalações semoventes incluem aquelas em que os aspersores (além do movimento e rotação própria) se deslocam ao longo da superfície do solo, enquanto a água é distribuída. Raposo (1994) classifica as instalações semoventes em instalações com movimento de rotação (ex.: Center-pivot), com movimento de translação (ex.: Canhão automotor) e mistas, isto é, com movimento de rotação e de translação (ex.: Rain-move).

As principais vantagens e inconvenientes das instalações semoventes em relação às instalações estacionárias são: Vantagens:

1) Evitam as mudanças dos aspersores;

2) Mão-de-obra reduzida quando comparadas com as esta- cionárias móveis ou semi-fixas.

Inconvenientes:

1) Consumos de energia mais elevados (funcionam a pressões de serviço muito mais elevadas);

2) Só poderão ser utilizadas em áreas elevadas;

3) Não podem ser utilizadas em terrenos irregulares ou acidentados.

Em relação aos sistemas de rega supracitados, os sistemas de rega sob pressão seriam os que teriam maior interesse para aplicação nas regiões mais áridas durante o Verão. Destes, a escolha dos sistemas de rega de maior interesse para aplicação está dependente da região e da cultura a regar. Assim, destinando-se ao Sul de Portugal, região de clima árido durante o Verão os sistemas de rega mais interessantes seria a rega por aspersão (Milho-grão, forra- gens, espaços verdes e campos de golfe, culturas industriais e culturas hortícolas ao ar livre) e a rega localizada (pomares, vinhas, e culturas hortícolas principalmente em estufas). No caso de grandes superfícies regadas por aspersão (áreas superiores a 50 ha), aplicam-se geralmente insta- lações semoventes center-pivot; para pequenas superfícies utilizam-se as instalações estacionárias. As instalações semoventes tipo canhões auto-motrizes têm tendência para diminuir, devido ao seu elevado consumo de energia (QUADRO 7).

11.2.2.2 Localizada (rega por miniaspersão e gota a

gota - superficial e subterrânea)

A rega localizada pode ser dividida em rega gota a gota e por miniaspersão (Quadro 2). A rega gota a gota pode ser subdividida em a) superficial e b) subterrânea, sendo a subterrânea enterrada. A rega por miniaspersão subdivi- de-se em a) miniaspersão dinâmica quando o miniaspersor possui movimento de rotação similar a um aspersor rotativo em miniatura, e em b) miniaspersão estática ou microas- persão em que os miniaspersores não possuem movimento de rotação.

As principais vantagens e inconvenientes das instalações de rega gota a gota em relação às instalações de rega por aspersão são (Dasberg & Bresler, 1985):

Vantagens:

1) grande economia de água, devido ao facto de apenas uma parte do solo ser regado (rega localizada);

2) manutenção da tensão de agua dos solos (ou do seu teor em água) aos valores desejados pela planta; alto controlo da aplicação de rega (que poderá ser feito por ex. através de tensiómetros);

3) superfície do solo parcialmente humedecida (menor evaporação, menos infestantes, utilização de máquinas nas entrelinhas mesmo quando a rega estiver a funcionar);

4) manutenção da parte aérea das plantas seca, não permi- tindo tão facilmente o desenvolvimento de doenças; 5) custo de manutenção mais baixo (possibilidade de rega

24 horas por dia, menor caudal e menor pressão de serviço, traduzindo-se em menor consumo de energia e menos material);

6) maior eficiência da fertirrega e pestirrega; 7) utilização em solos marginais.

QUADRO 2 - SISTEMAS DE REGA SOB PRESSÃO Aspersão Método - Aspersão Processos: Aspersão - Estacionárias Fixas Semi-fixas Móveis Aspersão - Semoventes Rotação Translação Mistas Localizada Método - Infiltração Processos: Gota a gota superficial subterrânea Miniaspersão dinâmica estática ou micro-aspersão

namento das fertilizações, momento e época da fertili- zação, de acordo com as necessidades do estado fenológico da cultura e contribuindo para a diminuição da pressão osmótica do solo. Outras vantagens dizem respeito à economia de mão-de-obra, melhora a uniformidade de distribuição dos fertilizantes, evita o calcamento do solo e permite a adubação mais fácil das culturas de porte baixo. Relativamente aos macronientes aplicados, o azoto pode ser aplicado em todos os casos sem quaisquer dificuldades técnicas - usa-se muito a ureia, os nitratos, o amónio; por vezes também é utilizado o ácido nítrico (em concentrações muito baixas) que tem também a função de desobstruir os gotejadores. O potássio também pode ser utilizado sem dificuldade, podendo-se usar o nitrato de potássio ou o sulfato de potássio. Se a água é ácida não há qualquer problema na aplicação do fosfato mono ou biamónio, sendo no entanto o ácido ortofosfórico menos sujeito a problemas de entupimento e de insolubilização, contribuindo também para a desobstrução dos gotejadores. Há no mercado adubos líquidos para aplicação na fertirrega para várias diluições de macro e micronutrientes, mas o seu custo é mais elevado do que o custo dos adubos sólidos solúveis. Caso as águas sejam alcalinas, não se deve utilizar o fósforo na fertirrega.

É necessário que, quando se pratica a fertirrega mineral, que seja assegurada uma drenagem perfeita do solo, devendo-se determinar a condutividade do solo e o seu pH, para se proceder à sua lavagem sempre que necessário. Três instalações-tipo de fertirrega mineral poderão ser apli- cadas nos sistemas de rega sob pressão:

1) simples depósito, que se inclui no circuito de água, quando se procede à fertirrega, colocado após a instalação de bombeamento e sendo precedido um filtro de malha; este sistema tem a vantagem de ser de baixo custo, e o inconveniente de mais difícil controlo das concentrações dos fertilizantes, sendo as mesmas altas e mal distribuídas; 2) depósito aplicado à saída da bomba, em que se faz a

mistura adubo+água, sendo a saída da mistura para a O maior inconveniente diz respeito a grandes problemas

com entupimentos, que se poderá verificar principalmente quando se trata da rega gota a gota. A rega por miniasper- são é utilizada principalmente em pomares, sempre que problemas com a filtração da água não permitirem a rega gota a gota, ou quando os elevados compassos e a / ou os movimentos laterais da água do solo a partir das rampas gota a gota sejam insuficientes para que o volume radicular fique convenientemente regado.

Com a rega gota a gota subterrânea consegue-se pratica- mente anular as perdas por evaporação, sendo a água consumida apenas por transpiração, sendo a superior a longevidade da tubagem devido à diminuição de choques térmicos e mecânicos e não haver problemas com radiações ultra-violetas.

Fig. 3 - Instalação de rega gota a gota em vinha (Pedras, 2003)

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