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2.2. Aglomerações produtivas especializadas: clusters industriais

2.2.1. Clusters industriais, caracterização e principais abordagens

Clusters industriais são concentrações geográficas de atividades produtivas pertencentes a um mesmo setor industrial ou setores conexos. Quando exibem “eficiência

coletiva”, quer dizer, economias externas e ação conjunta voluntária entre os agentes – ou

Portanto, distritos industriais ou clusters virtuosos apresentam economias internas e externas que se traduzem em ações coletivas, tudo contribuindo para o desenvolvimento regional.

“[…] the agglomeration of firms engaged in similar or related activities generated a range of localized external economies that lowered costs for clustered producers. Such advantages included a pool of specialized workers, easy access to suppliers of specialized inputs and services and the quick dissemination of new knowledge”. (SCHMITZ; NADVI, 1999, p.1504).

A caracterização de um cluster compreende quatro pontos centrais que norteiam o seu nascimento e atuação no espaço geográfico-econômico regional. O primeiro é relativo à disposição física que ocupa no espaço geográfico, tratando-se especificamente de concentração geográfica de firmas pertencentes ao mesmo segmento setorial. O segundo compreende a gestão da produção, onde há a desverticalização produtiva que compreende uma divisão dos trabalhos entre as firmas a tal ponto que possibilite a especialização de cada empresa em uma etapa do processo de produção. Já o terceiro refere-se às relações cooperativas mantidas entre as empresas, que por meio dessas se desenvolve um processo de troca de informações, experiências produtivas e um uso comum de uma estrutura física e logística a fim de terem baixos custos operacionais. O quarto é relativo a um processo de inovação que se desenvolve no interior do complexo industrial a partir dos vínculos de cooperação entre as empresas. As trocas de experiências administrativo-produtivas e cooperação econômica possibilitam aos seus integrantes comprar ou desenvolver tecnologias em conjunto e aplicarem novas técnicas na produção e gestão do complexo (Porter, 1990).

Lins (2000) destaca que como pano de fundo, destes quatro pontos estabelecidos por Porter, o espaço geográfico onde se desenvolvem assume um papel importante. Pois via de regra, deve apresentar características ambientais favoráveis a instalação e desenvolvimento de um cluster, estes ambientes devem compreender não só uma estrutura física adequada, mas também todo um contexto socioeconômico favorável. Em suas palavras diz “Isso quer dizer

que os entornos são tanto mais favoráveis às firmas na medida em que estimulam e sustentam relações cooperativas [...]” (Lins, 2000, p.239). Assim a materialização e sucesso desta

estrutura, implica de imediato num ambiente sócio-cultural ex-ante, para que a inserção do cluster neste ambiente encontre caminhos para desenvolver os processo descrito por Porter.

Comerlatto (2008) se apoiando em Lins, coloca que o ambiente onde os Clusters se instalam e se desenvolvem, apresentam uma trama política, econômica e geográfica com as

quais interagem. Assim trazendo á tona a importância do cenário socioeconômico ex-ante, que Linz coloca como complementar as quatro características elencadas por Porter (1990). Neste sentido, Comerlatto destaca:

“[...] preciso a superposição [...] de uma proximidade geográfica, uma proximidade organizacional (ligada a complementaridades técnico-produtivas) [...] e uma proximidade institucional (ligada a comportamentos cognitivos coletivos de busca de soluções para problemas produtivos). A proximidade institucional repousa em lógicas de ações coletivas baseadas em convenções e instituições locais criadas, adaptadas e/ou compartilhadas pelos atores.” (GILLY; PECQUER, 1995, p.

307, apud LINS, 2006a, p.158 apud Comerlatto).

Este destaque, que Comerlatto (2008) e Lins (2006) colocam sobre o ambiente em que os Clusters se instalam, encontra na literatura disponível concordância, pois que, no entendimento de Humphrey & Schmitz (1996) para um bom funcionamento, os Clusters necessitam do apoio de instituições locais que devem estabelecer um ambiente político estável e confiável, criando um ambiente que estimule inovações e avanços técnicos. Para Humphrey & Schmitz (1996):

“The objective of policy intervention at the micro level should be to develop the capability of groups of firms to generate processes of improvement deriving from interfirm linkages and contact with the market. Thus, public support for a given purpose gradually becomes unnecessary and can shift to new challenges”. (HUMPHREY; SCHMITZ,1996, p.1.860).

Desta forma a ação do Estado nesses ambientes deve ser dirigida com o fim de desenvolverem uma estrutura logística regional que possibilite a comunicação do Cluster com o interior e exterior do espaço geográfico. Em outras palavras o Cluster deve se desenvolver tendo uma forte presença tanto no mercado interno como externo.

Através desta configuração e atuação no espaço geográfico e social que ocupam, os clusters tendem a influenciar no adensamento das relações dos tecidos sócio-produtivos locais. Tendem, através do aumento do trabalho e renda locais, melhorar os índices produtivos e socioeconômicos nos seus arredores. Esta dinamização decorrente manifesta-se em parte pela reprodução dos agentes locais, das técnicas e estruturas produtivas adotadas pelo Cluster, sobretudo pela cooperação, que pode ser vertical ou multilateral, tal como descrito por Lins (2000) onde em ambas, o envolvimento de produtores locais acaba sendo o caminho para a difusão de conhecimento e aprendizado coletivo para região. Sendo fundamental a participação dos agentes privados locais no processo produtivo para o bom desempenho dos

Clusters, pois através deles se fará a comunicação do Cluster com a sociedade local. A partir dessa comunicação, as difusões de novas técnicas produtivas e organizacionais passam ser mais facilmente assimiladas ao ponto de se enraizarem na cultura coletiva local. Comerllato (2007) coloca que:

“[...] a contatos pessoais diretos, especialmente entre fornecedores e as empresas operadoras do sistema local, o que favorece a difusão dos melhoramentos técnicos e organizacionais; e também à flexibilidade produtiva dentro do sistema”.

(COMERLLATO,Lairton, 2007).

A eficiência dos Clusters será sentida na estrutura que os cerca em função da dinamização do tecido socioeconômico que provoca via efeitos fluentes e multiplicadores de renda, se materializando como aumento dos postos de empregos, renda e do consumo local.

2.2.2 Experiências internacionais de arranjos produtivos na forma