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5.3 ANÁLISE DE CONTEÚDO

5.3.2 Codificação dos Dados

Concluída a fase de pré-análise, já com todos os documentos e sessões organizados e selecionados, passamos para a próxima etapa da Análise de Conteúdo, a Codificação. Para Bardin (1997), esta fase é fundamental para se compreender e explicar os motivos pelos quais analisamos e assim descobrirmos a forma pela qual devemos analisar.

É nesta etapa que o pesquisador terá que definir o recorte em relação ao documento, ou seja, escolher as unidades de análise; a enumeração que determina com vai se dar a contagem das unidades e, por fim, a classificação e agregação, ao determinar quais serão as categorias. Sendo assim, buscamos estabelecer as unidades de análise, a de registro e a semântica.

Depois de preparar o material de análise, decidimos que a “fala”, mensagem escrita e enviada por cada participante das sessões de chat, seria a nossa unidade de registro a ser categorizada e contada (frequência). No entanto, entendemos que, numa conversa, a fala isolada muitas vezes não revela o contexto ou mesmo o sentido real da mensagem, dificultando a compreensão, podendo levar a erros de interpretação na análise. Por isto, escolhemos a conversa, como nossa unidade de contexto. Entendemos como conversa, o desenvolvimento de interações entre dois ou mais participantes, em torno de uma mesma situação matemática ou temática (pedagógica ou organizacional).

À medida que novas questões eram levantadas ou novas temáticas surgiam, tínhamos também novas conversas. Sendo assim, nessa fase de codificação, definimos que a fala de

cada participante das sessões de chat seria a unidade de registro e que a conversa dos participantes seria a unidade de significado. Como a classificação destas unidades foi realizada no software Nvivo 8, o próprio recurso fazia, automaticamente, a numeração de tais unidades, à medida em que eram classificadas nas dimensões, categorias e subcategorias criadas.

Para cruzar os dados coletados utilizamos o software de análise de conteúdo NVivo, versão 8 (Figura 5). Por meio desse recurso, conseguimos realizar a categorização das informações contidas nas sessões de chat selecionadas. O NVivo 8 permite trabalhar métodos de pesquisa qualitativos e mistos. Nele é possível estruturar e analisar os conteúdos de textos, entrevistas, áudio etc..

Figura 5 – Imagem da organização das sessões de chat no Nvivo 8

Fonte: print screen da interface do software Nvivo 8.

Ainda nesta etapa, dedicamo-nos à identificação das dimensões, categorias e subcategorias. Algumas surgiram com base nas teorias da Orquestração – TOI (TROUCHE, 2004); da Teoria dos Registros de Representações Semióticas – TRRS (Duval, 2003) e na Teoria da Mediação Cognitiva e Mediação Didática – TMCMD (LENOIR, 1996). Outras foram criadas a partir dos dados coletados. Cinco foram as dimensões criadas (Figura 6): Etapas da Orquestração Instrumental (TOI), Identificação dos Sujeitos, Natureza das Interações (TMCMD), Situação Matemática e Recursos.

Figura 6 – Codificação: Dimensões

Fonte: elaborada pela autora.

A primeira dimensão é a denominada Etapas da Orquestração Instrumental, na qual inserimos como categorias as etapas descritas explicitadas na TOI, por Trouche (2004) e Drijvers et al (2010), que são: Configuração Didática, Modo de Operação e Desempenho Didático. Entretanto, a última etapa não pode ser descrita e analisada por causa do tempo de conclusão da pesquisa (Figura 7). A partir da análise dos dados, sentimos necessidade de criar uma etapa intermediária entre a configuração e o modo de operação, denominada na pesquisa de Reconfiguração Didática da Tutoria Online

Figura 7 – Codificação: Primeira Dimensão

Fonte: elaborada pela autora.

A análise da Configuração Didática foi realizada a partir das salas virtuais e dos documentos disponibilizados. As unidades de análise classificadas na primeira categoria de Reconfiguração Didática apresentaram elementos que indicavam como a tutoria foi reconfigurada (situação matemática escolhida pelo estudante; recursos utilizados como fonte e para a mediação, acrescentados e alterados de função; e sujeitos). Aquelas que foram classificadas na segunda categoria indicavam o modo como estas escolhas foram operacionalizadas, por parte do tutor, durante as mediações didáticas.

A segunda dimensão (Figura 8) foi criada com base nos dados das sessões selecionadas e foi nomeada como Identificação dos Sujeitos. As categorias que verificamos foram: Tutor, Estudante e Computador. Vale ressaltar que tais sujeitos são os participantes das

sessões de chat analisadas. Além disso, o computador foi considerado um sujeito porque algumas falas são feedback automático do sistema. Quando um participante entra ou sai do

chat, ele envia uma mensagem informando o nome do sujeito e a hora em que uma destas

movimentações ocorre na tutoria.

Figura 8 – Codificação: Identificação dos Sujeitos

Fonte: elaborada pela autora.

Na terceira dimensão, denominada Natureza das Interações, organizamos quatro categorias tomando por base a TMCMD (LENOIR, 1996). A teoria divide em classes a prática docente em que as mediações realizadas pelo professor têm relações de diversas naturezas, três destas foram identificadas no conteúdo das sessões da tutoria online, a saber: a Relação Pedagógica, a Relação Didática e a Relação Organizacional. Classificamos as unidades de análise nas três relações, segundo suas características, as unidades de contagem que são as falas dos participantes, assim como as conversas que são as unidades de contexto.

Figura 9 – Codificação - Natureza das Interações

Fonte: elaborada pela autora.

Uma quarta categoria reuniu as demais interações às quais denominamos Interferências (Figura 9). Esta é composta por Falas Simultâneas, Problemas de Ordem Técnica, dentre outros tipos de interferências às interações de tutoria.

Na categoria Relação Pedagógica classificamos todas as unidades que caracterizavam as ações que promovem a aprendizagem e buscam garantir as condições para que ela ocorra, tais como as orientações, a forma de avaliar, o incentivo à interação, entre outras ações expressas com o mesmo objetivo.

Na categoria Relação Organizacional classificamos as unidades que tratavam de regras, ordem, apresentação, saudações, etiqueta, limites de tempo, gerenciamento do espaço virtual, de materiais, entre outras ações que contribuem para gestão, organização e manutenção da sala de aula virtual.

Na categoria Relação Didática classificamos as unidades que tratavam especificamente do conteúdo matemático. A mediação de natureza didática é a ação de um indivíduo que torna o conhecimento acessível ao que busca apreendê-lo (LENOIR, 1996). É a forma como se apresenta o conteúdo, o modo como se faz uso das ferramentas disponibilizadas para explanar conceitos, assim como resolver questões pertinentes aos mesmos, entre outros.

Destas três últimas categorias, apenas a Relação Didática recebeu subdimensões (Figura 9). Uma primeira, elaborada, a priori, de acordo com a TRRS (Duval, 2003), tendo em vista que as mediações didáticas representam o trabalho matemático em torno de uma situação proposta e, segundo esta teoria, isto ocorre a partir das transformações semióticas, denominadas tratamento e conversão.

Desta forma, a primeira subdimensão criada foi chamada Transformações Semióticas e nela foram inseridas duas categorias: o tratamento, em que foram classificadas as unidades que apresentaram uma transformação de um registro semiótico, sem sair de seu sistema de representação, e a conversão. Nesta última, ficaram as que apresentaram transformação de um registro semiótico, migrando de um registro de representação para outro.

Uma segunda foi realizada no decorrer da análise, caracterizando a estratégia de mediação, classificada em sete categorias que são discutidas na análise dos dados, as quais denominamos Estratégias de Mediação.

A quinta dimensão criada foi denominada: Recursos. Esta foi elaborada com base nos dados coletados a posteriori, mas orientados quanto à relevância dada pela TOI aos instrumentos disponibilizados pelo professor no ambiente de ensino e aprendizagem para mediar às situações matemáticas propostas. Tal dimensão recebeu as seguintes categorias: Recurso Fonte e Recurso de Interação. (Figura 10)

Figura 10 – Codificação – Recursos

Fonte: elaborada pela autora.

Na categoria Recurso Fonte foram classificados todos os recursos de onde as questões apresentadas eram originadas. Já os Recursos de Interação eram utilizados pelos tutores para mediar tais questões (Figura 10). Na primeira categoria, inserimos as seguintes subcategorias, de acordo com os dados coletados: livro didático, fórum, questionário, slides, webconferência, ficha de exercícios extras e ficha de exercícios resolvidos.

Na segunda categoria inserimos os mesmos que estão classificados como Fonte, exceto a webconferência, além destes: rascunho, vídeos, software, texto complementar, instrumento de desenho e e-mail. No Apêndice C é possível verificar o quantitativo destes recursos por turma. A partir da análise dos recursos escolhidos a estratégia de reconfiguração dos recursos foi classificada em 8 categorias, as quais serão detalhadas durante o processo de análise.