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COLAÇÃO 1 Conceito

No documento Profa. Ana Flávia Borges (páginas 66-68)

O novo CPC trouxe a possibilidade de homologação/julgamento da partilha mesmo sem ter havido ainda a quitação das dívidas fazendárias, desde que haja garantia pagamento,

COLAÇÃO 1 Conceito

É o ato pelo qual os herdeiros descendentes que concorrem à sucessão do ascendente comum declaram no inventário as doações que dele receberam em vida, sob pena de sonegados, para que sejam conferidas e igualadas as legítimas.

Art. 2.002,CC. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são

obrigados, para igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de sonegação.

Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte indisponível, sem aumentar a disponível.

Colacionar é conferir, confrontar, comparar. É a obrigação de conferir as doações recebidas. É dever imposto ao herdeiro, pois a doação de ascendente a descendentes “importa adiantamento do que lhes cabe por herança”, nos termos do art. 544, CC.

2. Pessoas sujeitas à colação

- descendentes – art. 2002 e art. 2003(cônjuge).

O cônjuge é obrigado a colacionar, com base no art. 544 do CC. Mas este dever se restringir à hipótese em que concorra com descendentes (e isso só acontece em determinados regimes de bens – art. 1829,I – e observado o art. 1832 do CC).

* ascendentes, colaterais e estranhos não estão sujeitos à colação

* netos devem colacionar quando representarem seus pais na herança do avô – art. 2009, CC. * quem renunciou à herança ou dela foi excluído também está obrigado a trazer à colação as doações recebidas, para o fim de repor o que exceder à parte disponível – art. 2008, CC.

- art. 2005, p. u. – não estão sujeitas à colação as doações feitas a descendente que não era

herdeiro necessário na data em que foram feitas.

É o momento da liberalidade e não o da abertura da sucessão que identifica a qualidade de herdeiro necessário em relação ao seu dever de colacionar. Não importa o fato de ter se tornado herdeiro necessário após a doação.

- A doação feita a qualquer herdeiro ou a pessoa estranha não pode exceder ao que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento – art. 549, 1967 e 2007, CC.

3. Dispensa da colação

- Art. 2005, caput: “São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da parte disponível, contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação”. Art. 2.006. A dispensa da colação pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou no

próprio título de liberalidade (escritura, contrato de doação).

a dispensa da colação, desde que o faça expressamente no próprio título constitutivo da liberalidade ou por testamento .

Art. 2.007. São sujeitas à redução as doações em que se apurar excesso quanto ao que o doador poderia dispor, no momento da liberalidade.

Se a liberalidade exceder à porção disponível, deverá ser reduzida aos limites da quota disponível.

- art. 2010 – o CC dispensa de colação certos gastos: “Não virão à colação os gastos ordinários do ascendente com o descendente, enquanto menor, na sua educação, estudos, sustento, vestuário, tratamento nas enfermidades, enxoval, assim como as despesas de casamento, ou as feitas no interesse de sua defesa em processo-crime”

.

- art. 2011- As doações remuneratórias de serviços feitos ao ascendente também não estão sujeitas a colação

.

– doações remuneratórias também são dispensadas por se tratarem na verdade de contraprestações fornecidas pelo doador em troca de favores, serviços prestados pelo donatário.

4. Colação no Novo CPC:

Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627 (15 dias), o herdeiro obrigado à colação conferirá por termo nos autos ou por petição à qual o termo se reportará os bens que recebeu ou, se já não os possuir, trar-lhes-á o valor.

Parágrafo único. Os bens a serem conferidos na partilha, assim como as acessões e as benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura

da sucessão.

Art. 640. O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi excluído não se exime, pelo fato da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte inoficiosa, as liberalidades que obteve do doador.

§ 1o É lícito ao donatário escolher, dentre os bens doados, tantos quantos bastem para perfazer a

legítima e a metade disponível, entrando na partilha o excedente para ser dividido entre os demais herdeiros.

§ 2o Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel que não comporte divisão cômoda, o

juiz determinará que sobre ela se proceda a licitação entre os herdeiros.

§ 3o O donatário poderá concorrer na licitação referida no § 2o e, em igualdade de condições, terá

preferência sobre os herdeiros.

Art. 641. Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obrigação de os conferir, o juiz, ouvidas as partes no prazo comum de 15 (quinze) dias, decidirá à vista das alegações e das provas produzidas.

§ 1o Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no prazo improrrogável de 15 (quinze)

dias, não proceder à conferência, o juiz mandará sequestrar-lhe, para serem inventariados e partilhados, os bens sujeitos à colação ou imputar ao seu quinhão hereditário o valor deles, se já não os possuir.

§ 2o Se a matéria exigir dilação probatória diversa da documental, o juiz remeterá as partes às vias ordinárias, não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto pender a demanda, sem prestar caução correspondente ao valor dos bens sobre os quais versar a conferência.

O NCPC, na mesma linha do CPC de 1973, adota o critério do valor do tempo da abertura da sucessão, ou seja, do evento morte.

“Art. 2.004 do CC. O valor de colação dos bens doados será aquele, certo ou estimativo, que lhes atribuir o ato de liberalidade.”

No mesmo artigo, o legislador dispõe que não são sujeitos à colação as benfeitorias acrescidas, rendimentos e lucros, bem como eventuais danos e perdas. Assim, na lógica trazida pelo Código Civil, fica evidente que eventual valorização do bem não deve ser considerada, pois lucros e perdas correm por conta do beneficiado. Assim, o valor a ser considerado deveria ser o do

tempo da liberalidade corrigido.

Mesmo que as disposições legais sejam de certa forma contrárias uma à outra, parecem ser conciliáveis para a jurisprudência e para a doutrina, conforme Enunciado 119 das Jornadas de Direito Civil:

“Enunciado 119. Para evitar o enriquecimento sem causa, a colação será efetuada com base no valor da época da doação, nos termos do caput do art. 2.004, exclusivamente na hipótese em que o bem doado não mais pertença ao patrimônio do donatário. Se, ao contrário, o bem ainda integrar seu patrimônio, a colação se fará com base no valor do bem na época da abertura da sucessão, nos termos do art. 1.014 do CPC, de modo a preservar a quantia que efetivamente integrará a legítima quando esta se constituiu, ou seja, na data do óbito (resultado da interpretação sistemática do art. 2.004 e seus parágrafos, juntamente com os arts. 1.832 e 884 do Código Civil).”

Assim, para fins de cálculo da legítima, salvo se houve dispensa da colação, se o bem ainda está com o herdeiro donatário, o cálculo da legítima é feito pelo valor do momento da abertura da sucessão; mas se o bem não mais existe em seu patrimônio, o cálculo da legítima é feito pelo valor da doação no momento do ato de liberalidade. O Enunciado 119 harmoniza o artigo 1.014, parágrafo único, do CPC/73 e consequentemente o art. 639 do NCPC e o artigo 2.004, parágrafo 2º, do CC.

DA PARTILHA

No documento Profa. Ana Flávia Borges (páginas 66-68)