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INVENTÁRIO E PARTILHA DO INVENTÁRIO

No documento Profa. Ana Flávia Borges (páginas 52-55)

juízo do que recebeu e despendeu, observando-se o disposto em lei.”

INVENTÁRIO E PARTILHA DO INVENTÁRIO

Os procedimentos de inventário e arrolamento encontram-se disciplinados no Novo CPC, nos arts. 610 a 673.

O CC/02 limitou-se a proclamar em um só artigo, no capítulo intitulado “Do Inventário”: “Desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha, a administração da herança será exercida pelo inventariante.” (art. 1991)

Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários, que recebem a herança como um todo unitário e indivisível (CC, art. 1784), malgrado os bens imóveis permaneçam ainda em nome do de cujus no Registro de Imóveis.

Os bens da herança formam uma universalidade, um condomínio sucessório. O interesse em acabar com o estado de comunhão é tão grande que há prazo para instauração do inventário.

É necessário proceder-se ao inventário, isto é, à relação, descrição e avaliação dos bens deixados, e à subsequente partilha.

CONCEITO: a palavra inventário deriva do latim inventarium, que significa achar, encontrar, e é empregada no sentido de relacionar, descrever, enumerar, catalogar o que for encontrado pertencente ao morto, para ser atribuído aos seus sucessores.

Embora os herdeiros adquiram a propriedade desde a abertura da sucessão, os seus nomes passam a figurar no Registro de Imóveis somente após o registro do formal de partilha.

- A abertura da sucessão instaura entre os herdeiros um verdadeiro condomínio sucessório, um estado de comunhão, relativamente aos bens do acervo hereditário, que só cessará com a partilha. O processo de inventário tende a pôr fim à situação de indivisão do espólio.

- No inventário apura-se o patrimônio do de cujus, cobram-se as dívidas ativas e pagam-se as passivas. Também avalia-se os bens e pagam-se os legados e o imposto causa mortis. Após, procede-se à partilha.

INVENTÁRIO, pois, em sentido estrito, é o rol de todos os bens, haveres e responsabilidades patrimoniais de um indivíduo; na acepção ampla e comum no foro, ou seja, no sentido sucessório, é o processo no qual se descrevem e avaliam os bens de pessoa falecida, e partilham entre os seus sucessores, o que sobra, depois de pagos os impostos, as despesas judiciais e as dívidas

- É o procedimento destinado a individualizar o patrimônio dos herdeiros e entregar os bens aos seus titulares. Pode processar-se judicial ou extrajudicialmente; de forma amigável ou contenciosa, pelo rito do inventário ou do arrolamento.

O inventário judicial ou administrativo é indispensável, mesmo que o falecido tenha deixado um único herdeiro. Nessa hipótese não se procede à partilha, mas apenas à adjudicação dos bens a este (faz-se o inventário pelo rito de arrolamento e adjudicam-se os bens em favor do herdeiro). 4) Abertura

A abertura do inventário deve ser requerida no prazo de 02 meses, a contar do falecimento do de cujus, ultimando-se nos 12 meses subseqüentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício o a requerimento das partes. (art. 611, CPC).

- Incumbe, prioritariamente, a quem estiver na posse e administração do espólio, requerer o inventário e a partilha no prazo legal – art. 615, CPC.

- O art. 616 enumera quem tem legitimidade concorrente para, não tendo sido requerido o inventário no prazo acima, requerer sua abertura: o cônjuge ou companheiro supérstite; o herdeiro; o legatário; o testamenteiro; o cessionário do herdeiro ou do legatário; o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; a Fazenda Pública, quando tiver interesse; o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite.

No CPC de 1973, se nenhuma das pessoas legitimadas propusesse a abertura do o inventário no prazo legal, o juiz deveria determinar que se iniciasse de ofício (art. 989, CPC). ISSO NÃO EXISTE MAIS NO NOVO CPC!

OBS: Cada Estado pode instituir multa como pena pela não observância do prazo para o inventário. A Súmula 542 do STF proclama que “não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário.”

- Para a maior parte da doutrina e jurisprudência, instaurado o processo, deve seguir até final partilha, não podendo ser extinto por abandono ou inércia do inventariante. Deve o juiz, nesse caso, determinar o regular prosseguimento do feito, se necessário com remoção do inventariante e sua substituição por outro interessado na herança ou por inventariante dativo. Só se extingue o inventário se ficar comprovada a inexistência de bens a inventariar, uma vez que nessa hipótese a ação perderá seu objeto.

Nesse sentido, eis julgado do TJMG:

INVENTÁRIO - ARROLAMENTO - EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO POR ABANDONO DA CAUSA - EXTINÇÃO DO FEITO - INADMISSIBILIDADE - RECURSO PROVIDO. Conforme a melhor doutrina e a mais estável jurisprudência a respeito da matéria específica, tem-se que, uma vez instaurado o processo de inventário, havendo bens a inventariar, seguirá este até final partilha. Por sua natureza especial, não se admite a extinção do processo, mesmo diante de eventual abandono ou inércia do inventariante. A sua indevida paralisação traz o imediato efeito de ordem judicial, de ofício, para o regular prosseguimento; se necessário, com remoção do inventariante e sua substituição por outro interessado na herança ou por inventariante dativo. (TJ-MG - AC: 10024981178734001 MG, Relator: Geraldo Augusto, Data de Julgamento: 30/07/2013, Câmaras Cíveis / 1ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 07/08/2013)

valor da causa (valor dos bens a serem partilhados) já excluída a meação do cônjuge sobrevivente ( se houver) e citar a ementa do REsp 898294/RS:

DIREITO CIVIL E TRIBUTÁRIO. INVENTÁRIO. TAXA JUDICIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. HERANÇA. EXCLUSÃO DA MEAÇÃO DO CÔNJUGE SUPÉRSTITE. 1. Taxa judiciária e custas judiciais são, na jurisprudência sólida do STF, espécies tributárias resultantes "da prestação de serviço público específico e divisível e que têm como base de cálculo o valor da atividade estatal referida diretamente ao contribuinte" (ADI 1772 MC, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 15/04/1998, DJ 08-09-2000 PP-00004 EMENT VOL-02003-01 PP-00166). 2. Em processo de inventário, a toda evidência, a meação do cônjuge supérstite não é abarcada pelo serviço público prestado, destinado essencialmente a partilhar a herança deixada pelo de cujus. Tampouco pode ser considerada proveito econômico, porquanto pertencente, por direito próprio e não sucessório, ao cônjuge viúvo. Precedentes. 3. Assim, deve ser afastada da base de cálculo da taxa judiciária a meação do cônjuge supérstite. 4. Recurso especial provido. (REsp 898.294/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 02/06/2011, DJe 20/06/2011)

5) ESPÉCIES DE INVENTÁRIO

O CPC prevê três espécies de inventário judicial, de ritos distintos: o inventário pelo rito tradicional; o arrolamento sumário e o arrolamento comum.

Prevê ainda o inventário extrajudicial ou administrativo, introduzido pela Lei 11.441/07.

Novo CPC.

Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. § 1o Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem

como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras.

§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.”

Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem

de outras provas.

OBS: - O inventário negativo não é previsto na legislação pátria. Entretanto, tem sido admitido pelos juízes em situações excepcionais, em que há necessidade de comprovar a inexistência de bens a inventariar, especialmente, para evitar a imposição de certas sanções previstas no Código Civil.

Na maioria das vezes, sua finalidade é evitar a incidência da causa suspensiva prevista no art. 1523, I, do CC, que exige que o viúvo ou viúva que pretenda casar-se novamente faça o inventário e partilha dos bens aos herdeiros, sob pena ser imposto ao novo casamento o regime da separação obrigatória de bens. Assim, deverá requerer a abertura de inventário negativo para comprovar que não está sujeito à referida causa suspensiva.

Pode haver, ainda, interesse do sucessor na realização do inventário negativo para comprovar que o falecido não deixou bens, nem numerário suficiente para responder por suas dívidas. Essa demonstração se mostra relevante pelo fato de o herdeiro somente responder pelas dívidas até os limites das forças da herança (art. 1792. CC).

O pedido será instruído com certidões negativas em nome do falecido, ouvindo-se a Fazenda Pública e, eventualmente, o Ministério Público. Não havendo impugnação, o inventário será julgado por sentença.

2.1. INVENTÁRIO PELO RITO TRADICIONAL - Nomeação do inventariante

Nomeação segundo a ordem preferencial do art. 617 do CPC. Essa ordem não é absoluta,

podendo ser alterada se houver motivos que aconselhem a sua inobservância. Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem:

I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste;

II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados;

III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio; IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;

V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados;

VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VII - o inventariante judicial, se houver;

VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.

Parágrafo único. O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função.

Art. 618. Incumbe ao inventariante:

I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, observando-se, quanto ao dativo, o disposto no art. 75, § 1o;

II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se seus fossem; III - prestar as primeiras e as últimas declarações pessoalmente ou por procurador com poderes especiais;

IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos ao espólio;

V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver;

VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído; VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar; VIII - requerer a declaração de insolvência.

Art. 619. Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do juiz: I - alienar bens de qualquer espécie;

II - transigir em juízo ou fora dele; III - pagar dívidas do espólio;

IV - fazer as despesas necessárias para a conservação e o melhoramento dos bens do espólio.

Compromisso – depois de nomeado, o inventariante será intimado e prestará, dentro de cinco

dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo.

Art. 620. Dentro de 20 (vinte) dias contados da data em que prestou o compromisso, o inventariante fará as primeiras declarações

§ 2º. As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada por procurador com poderes especiais, à qual o termo se reportará.

Art. 621. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar.

No documento Profa. Ana Flávia Borges (páginas 52-55)