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5. OBJETIVOS

6.4. Coleta de Dados

Foram utilizados quatro instrumentos para coleta dos dados: a) Prontuários;

b) Fichas de cadastro no Programa de Hipertensão Arterial; c) Fichas de Referências;

d) Entrevistas semi-estruturadas.

As fichas dos 703 pacientes contrarreferenciados do HMCT se encontram arquivadas na Coordenação de Programas dessa unidade de saúde.

6.4.1. Estudo Piloto

Inicialmente, em Abril de 2012, fizemos um teste piloto do questionário com 10 pacientes que tinham sido contrarreferenciados antes de 2005, portanto fora do período a ser analisado por essa pesquisa.

Procurei fazer a escolha dos pacientes de forma diversificada para ampliar as possibilidades de resposta e assim ver se o questionário estava claro ou se havia necessidade de alteração nas perguntas. O grupo de 10 pacientes foi constituído por 5 homens e 5 mulheres, com idades entre 47 e 87 anos, dos seguintes bairros: Barreto, Icaraí, Ingá, Itaipu, Ititioca, Sapê, Santa Bárbara , Santa Rosa e 2 pacientes do Fonseca.

O teste piloto possibilitou a alteração das perguntas do questionário que serviu de base para as entrevistas, de tal forma, que as perguntas fossem mais elucidativas para a análise posterior. Antes da aplicação do teste piloto pensava em seguir o questionário aplicando as

perguntas fechadas e as abertas. Após a aplicação, percebi a importância da condução da entrevista de forma mais livre, usando o questionário apenas como um roteiro, pois na fase do piloto, esse modo de conduzir a entrevista propiciou respostas mais livres que trouxe muita riqueza de informação.

Após as alterações necessárias no questionário, foi feita a tentativa de contato telefônico com os pacientes com Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, contrarreferenciados no período de Agosto de 2005 a Julho de 2010, do HMCT para as Unidades Básicas, Unidades do Programa Médico de Família e Policlínicas de Niterói.

6.4.2. Entrevista semi-estruturada

No momento do contato telefônico, após a minha identificação como a médica do HMCT que fez o encaminhamento para as outras unidades de saúde, expliquei os objetivos da pesquisa de conhecer as dificuldades encontradas na busca pela continuidade do tratamento de Hipertensão Arterial e/ou Diabetes nas unidades de saúde para onde eles foram encaminhados.

Logo após, perguntei se eles concordavam em responder a algumas perguntas sobre o tratamento nas unidades para onde foram encaminhados, para a obtenção do consentimento verbal, que nessa pesquisa, substituiu a assinatura do consentimento livre e esclarecido.

Quando eu percebia que os pacientes tinham mais disponibilidade em responder as perguntas, eu perguntava se poderia gravar a entrevista. Se a pessoa concordasse, eu combinava de ligar novamente para poder gravar e procedia a ligação pelo Skype. Nessa segunda ligação, eu explicava outra vez sobre a pesquisa e perguntava novamente se a pessoa autorizava a gravação.

Assim, perguntei a 43 pacientes se poderia gravar a entrevista e somente 3 não concordaram em gravar.

Dessa forma, na ocasião do contato telefônico, foi feita uma entrevista semi- estruturada, tendo como base o roteiro de um questionário, com perguntas abertas e fechadas – sobre o acesso às unidades referenciadas e a continuidade do tratamento – elaborado, especialmente, para essa pesquisa (Apêndice 1, p. 170).

Os telefonemas foram dados no período de 25/07/2012 a 1/10/2012, sendo feitas, no máximo, 3 tentativas de contato telefônico para cada pessoa do grupo de pesquisa, em 3 períodos diferentes do dia: manhã, tarde ou noite. De modo geral, se não fosse possível o

necessidade de um terceiro contato telefônico. Caso outra pessoa atendesse o telefonema, combinávamos o melhor horário para ligar para aquela pertencente ao grupo da pesquisa.

O grupo de 444 contrarreferenciados foi subdividido em 9 subgrupos, 8 de 50 pacientes e 1 de 44 pacientes, segundo a ordem cronológica das referências dos pacientes. A 1ª referência foi a de 29/08/2005 e a última, a de 27/07/2010.

6.4.3. Análise dos dados

Considerando o acesso e a continuidade do cuidado, as variáveis de desfecho foram: marcação de 1ª consulta na unidade de saúde para onde foram contrarreferenciados ou em outras unidades da rede municipal de saúde de Niterói; agendamento de nova consulta nas unidades referenciadas; forma de acesso aos medicamentos da lista básica da Fundação Municipal de Saúde de Niterói para a HAS e DM, nas unidades de saúde para onde foram contrarreferenciados.

As variáveis independentes para o estudo foram: idade, sexo, cor/raça, escolaridade, ocupação, bairro de residência, morbidades e tipos de unidades de saúde.

Os dados coletados foram analisados por meio do Programa Microsoft Office Excel 2007.

Como se trata de estudo exploratório, não foram feitas avaliações estatísticas dos resultados.

Considerando como um dos objetivos específicos, identificar as dificuldades apresentadas pelos pacientes na marcação da primeira consulta nas unidades de saúde referenciadas, sistematizamos as respostas às perguntas abertas, separamos por categorias e procedemos a análise de conteúdo de acordo com Bardin.

Segundo essa autora, o termo “análise de conteúdo” significa:

[...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 1977, p. 42).

Além disso, das 40 entrevistas gravadas, separei algumas falas, com dados mais significativos, para a análise relacionada aos objetivos dessa pesquisa, a fim de complementar a análise qualitativa.

6.4.4. Considerações Éticas

Essa pesquisa teve como base a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, vinculado à Plataforma Brasil – Ministério da Saúde e foi aprovada, em Maio de 2012, com o nº CAAE – 01773012.0.0000.5243.

O consentimento livre e esclarecido foi substituído pelo consentimento verbal, obtido no momento do contato telefônico com os entrevistados, (Apêndice 2, p. 176).

Em relação a essa substituição, tomamos como referência a pesquisa desenvolvida anualmente, pelo Ministério da Saúde, desde 2006, sobre “Vigilância de fatores de risco para Doenças Crônicas, por inquérito telefônico”, o VIGITEL, o projeto aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para Seres Humanos do Ministério da Saúde. Segundo o documento VIGITEL 2011:

[...] por se tratar de entrevista por telefone, o consentimento livre e esclarecido foi substituído pelo consentimento verbal obtido por ocasião dos contatos telefônicos com os entrevistados (BRASIL, 2012a, p. 30).

O estudo não envolveu qualquer tipo de riscos para os pacientes que participaram da pesquisa. Embora não traga benefícios diretos aos participantes, eles foram informados de que um dos objetivos do estudo é que através da discussão sobre a linha de cuidado dos pacientes com Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, na rede municipal de saúde de Niterói, pode ser possível melhorar a atenção a outros pacientes.